A promessa de Angola
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A promessa de Angola
A promessa de Angola
00h30m
A dívida angolana a Portugal é cerca de um terço do que a Telefónica espanhola pagaria à PT pela Vivo. O anúncio de que será satisfeita rapidamente é uma lança em África. Na verdade, a limpeza da imagem angolana, no exterior, é uma parte do caminho que Luanda terá de trilhar. Mas só uma parte.
Angola precisa de se transformar numa grande potência. E isso não existe sem transparência económico-financeira, sem boas práticas no desempenho da Administração Pública, de garantias de responsabilização e fiscalização independentes.
Angola tem de sair do discurso "cosi van tutte", ou "corrupção existe em toda parte", para um diário combate ao tráfico de influências, ao nepotismo, ao enriquecimento ilícito, à confusão entre bem público e bem privado.
Angola precisa de desenvolvimento. Não pode aspirar a ele com empréstimos externos obscuros, obscuramente geridos, obscuramente gastos, nem com contraentes internacionais que roubam sob a capa da ajuda.
Angola carece de justiça. As suas populações ainda abaixo do limiar da pobreza, sem água corrente nem electricidade, com casa precária e sem apoio na saúde, educação e emprego, comunidades vítimas e comunidades isoladas, precisam, antes de mais, de acesso ao bem comum. E aos bens que deveriam ser comuns. Angola precisa de paz. Viveu quase 30 anos em guerra civil, mesclada de guerra convencional, com campos devastados, economia obliterada, infra-estruturas rasgadas do mapa, cidades esventradas, legiões de mortos, feridos e estropiados permanentes.
Angola precisa de pluralismo adulto e responsável, uma "sociedade civil" vibrante, políticos sem medo e sem mácula, direitos civis e tribunais credíveis.
Angola precisa de forças armadas profissionais, e Polícia eficaz.
O peso do passado é enorme. Mas vão acabando as desculpas para não transformar o paraíso potencial em paraíso real.
Portugal tem aqui uma palavra a dizer. Realisticamente, sem complexos, Lisboa devia abrir um sério plano para identificar, encaminhar e proteger milhares de portugueses, qualificados e desempregados, que queiram trabalhar em Angola, e lá sejam precisos.
Mas há muito mais.
P.S.: O insuspeito TIJ declarou, retroactivamente, a legalidade da independência do Kosovo. Não há o direito de, a coberto da "soberania", oprimir os que querem ser livres. É bom lembrá-lo.
00h30m
A dívida angolana a Portugal é cerca de um terço do que a Telefónica espanhola pagaria à PT pela Vivo. O anúncio de que será satisfeita rapidamente é uma lança em África. Na verdade, a limpeza da imagem angolana, no exterior, é uma parte do caminho que Luanda terá de trilhar. Mas só uma parte.
Angola precisa de se transformar numa grande potência. E isso não existe sem transparência económico-financeira, sem boas práticas no desempenho da Administração Pública, de garantias de responsabilização e fiscalização independentes.
Angola tem de sair do discurso "cosi van tutte", ou "corrupção existe em toda parte", para um diário combate ao tráfico de influências, ao nepotismo, ao enriquecimento ilícito, à confusão entre bem público e bem privado.
Angola precisa de desenvolvimento. Não pode aspirar a ele com empréstimos externos obscuros, obscuramente geridos, obscuramente gastos, nem com contraentes internacionais que roubam sob a capa da ajuda.
Angola carece de justiça. As suas populações ainda abaixo do limiar da pobreza, sem água corrente nem electricidade, com casa precária e sem apoio na saúde, educação e emprego, comunidades vítimas e comunidades isoladas, precisam, antes de mais, de acesso ao bem comum. E aos bens que deveriam ser comuns. Angola precisa de paz. Viveu quase 30 anos em guerra civil, mesclada de guerra convencional, com campos devastados, economia obliterada, infra-estruturas rasgadas do mapa, cidades esventradas, legiões de mortos, feridos e estropiados permanentes.
Angola precisa de pluralismo adulto e responsável, uma "sociedade civil" vibrante, políticos sem medo e sem mácula, direitos civis e tribunais credíveis.
Angola precisa de forças armadas profissionais, e Polícia eficaz.
O peso do passado é enorme. Mas vão acabando as desculpas para não transformar o paraíso potencial em paraíso real.
Portugal tem aqui uma palavra a dizer. Realisticamente, sem complexos, Lisboa devia abrir um sério plano para identificar, encaminhar e proteger milhares de portugueses, qualificados e desempregados, que queiram trabalhar em Angola, e lá sejam precisos.
Mas há muito mais.
P.S.: O insuspeito TIJ declarou, retroactivamente, a legalidade da independência do Kosovo. Não há o direito de, a coberto da "soberania", oprimir os que querem ser livres. É bom lembrá-lo.
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