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O que é ser de Esquerda?

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Mensagem por Vitor mango Qui Ago 05, 2010 9:18 am

O que é ser de Esquerda?

Por: Isabel Faria

Esta manhã, o Daniel falava da dicotomia Esquerda / Direita. Sou um bocado maluca por estas coisas. Não lhes resisto. Gosto da discussão pela discussão. E este tema fascina-me. Sobretudo quando os meus amigos de Direita (tenho, poucos, mas bons) teimam em convencer-me que essa diferença já não faz sentido...mas que eles são de Direita, ou melhor, que não são de Esquerda...
Claro que cada um de nós, tem uma opinião e, penso, nada melhor que um Blog como o Troll, para as confrontarmos.
Este post não pretende ser um Post. Depois, no fim, vou desafiar o Daniel para fazermos um apanhado e, aí, um post conjunto (sim, amigo, que isto dá trabalho, espero...) sobre as conclusões. Para já, é um desafio. Fazer aqui um pequeno (ok, era muito giro que fosse grande...) espaço de discussão sobre o tema.
A pergunta é:
O que é ser de Esquerda, hoje? Ou, se preferirem, o que é a Esquerda, hoje?
O desafio está lançado. Não se acanhem. Façam de conta que estão em vossa casa.
Ah, é verdade, se isto for um espaçozinho muito pequenininho, não desesperem. Mesmo se não soubermos muito bem porquê, a gente continua a ser de Esquerda.

Publicado por Troll Urbano às setembro 7, 2005 03:10 PM
Comentários

Olha, agora também não me dá para ficar aqui à conversa que tenho outros planos para esta tarde, mas para já um ponto interessante é esse que referes: a malta de direita ( com raras excepções, tipo P.Portas) diz que não o é porque isso não faz sentido. A maioria da malta de esquerda diz orgulhosamente que o é.
Porque será? Dá que pensar, porque muitas vezes a teoria de que essa "treta-dos-valores-esquerda-ou-direita-só-lá-para-a-Revolução-Francesa-e-o-famoso-hemiciclo" quando vamos ver bem de onde sai é de uma espécie de direita envergonhada.
Pronto, pronto, pronto ! Há excepções, eu sei!!! Não é sempre, mas lá que acontece, acontece.
É certo que há valores como o anti-racismo, anti-xenofobia, luta contra a pena de morte, às tantas são valores humanos, tenham embora nascido como valores de esquerda. Mas a questão é interessante e lá para a noite ainda cá volto...

Publicado por: L.G. às setembro 7, 2005 03:24 PM

Isabel, parece-me boa ideia, sem dúvida, ainda mais porque temos algumas diferenças nessa matéria sendo que a maior é que continuas a considerar o PS como um partido de esquerda e eu nem por isso.

Gostei da forma de depois de eu te passar a bola, conseguiste devolvê-la de uma forma subtil.

Eu acho que ainda há diferenças até porque acredito na política como uma coisa que tem como base mais ideologia que pessoas. Não concordo com o culto da personalidade que a política vive actualmente. E como qualquer ideologia que se preze ela é de direita ou de esquerda. Um democrata cristão não defende o mesmo que um Marxista. A confusão tem-se instalado devido ao encosto dos dois maiores partidos a essa coisa nebulosa chamada centro.

Publicado por: Daniel Arruda às setembro 7, 2005 04:40 PM

Hoje só entro aqui de fugida, mas queria devolver a questão do Daniel: Olha lá o que é o PS?
Se pensas nos estatutos, programa, etc, é um partido de esquerda.
Se pensas em parte dos seus dirigentes é de centro.
Se pensas em quem ele quer representar, é de esquerda.
Se pensas no seu líder, é centro/direita liberal.
Se pensas na maioria dos seus eleitores, é de esquerda.
Olha, eu por mim não te sei responder...
Mas os valores que ele diz defender, são valores de esquerda. Lá a prática é outra questão.

Publicado por: L.G. às setembro 7, 2005 06:31 PM

Ser de esquerda hoje é o mesmo que ser de esquerda há 10 ou 30 anos. Os valores são os mesmos e continuam longe de ser atingido.
Aqueles que dizem que ser de esquerda hoje não faz sentido não fazem ideia do que ´+e ser de esquerda.
Outra coisa diferente é perguntar se este ou aquele partido( sem nomear nenhum) é de esquerda.
Ainda diferente é avaliar o partido por este ou aquele militante ou dirigente.
Indo à questão concreta do PS eu diria que o partido, no seu todo,é de esquerda. Alguns militantes ou dirigentes talvez nem tanto, mas isso é outra coisa.

Publicado por: João Norte às setembro 7, 2005 06:39 PM

L.G., como ex militante do PS acho que posso dizer com alguma probabilidade de acertar que a maioria dos eleitores do PS não são de esquerda nem de direita. Sãode quem tem mais hipóteses de ganhar.
Infelizmente o voto ideológico é algo que já não existe na maioria das pessoas. Estava capaz de dizer que esse tipo de voto só existe nos pequenos partidos como o CDS, PCP, MRPP ou o BE. Se calhar existem alguns quantos eleitores do PS ou PSD que acreditam na social democracia e nos liberais e votam por convicção mas a esmagadora maioria, vota porque é inevitável que um deles seja governo e como tal escolhe apenas entre aqueles dois sem sequer se questionar sobre programas ou ideias.

Quanto ao resto concordo contigo com exepção dos estatutos que já não são o que eram apó os dois últimos congressos.

Publicado por: Daniel Arruda às setembro 7, 2005 07:06 PM

João Norte, Eu iria mais longe. A esquerda defendida por Marx ou pelos anarco sindicalistas de Nova Yorque nunca fez tanto sentido como hoje.

Essa foi a grande virtude da Europa Social do Pós Guerra. Conseguiu esvaziar o conceito de esquerda ao abrigo de um liberalismo social, com ares de esquerda, para poder fazer contraponto com o socialismo real da URSS. O liberalismo humanizado como chamam alguns estudiosos.
Uma vez caído o muro foi-se o liberalismo social e entrou-se em força na fase do neo liberalismo.

A minha entidade patronal já não discute aumentos. Discute reduções de ordenado e aumentos de carga horária.

Publicado por: Daniel Arruda às setembro 7, 2005 07:12 PM

Eu continuo a achar que há questões que nos diferenciam. E que são as questões fracturantes de qualquer sociedade.
O papel da segurança social. A escola pública. O direito à saúde.
A nossa posição sobre a pena de morte.
A nossa posição sobre o conceito de justiça social.
A busca da origem dos problemas, por exemplo, a tentativa de actuar sobre essa origem é um conceito e uma forma de estar de Esquerda.
A maneira como vimos a imigração, como vimos a segurança ainda nos divide. Como dizia a LG, o racismo ainda nos distingue.
O problema do aborto ainda nos divide.
O conceito de serviço público e da não mercantilização do serviço público ainda nos divide.
E depois de uma forma mais lata, a importância do social no comportamenteo humano ainda nos divide.
Creio que as diferenças como dizia o João Norte, ainda fazem todo o sentido.
Claro que, depois, a questão eleitoral é outra. Mas não podemos achar que o ser de esquerda é um conceito que se esgota no voto.
A forma como educo o meu filho, acredito que me distingue. A forma como estou na empresa, acredito que me distingue. Ou estarei a ser muito idealista? E ligeiramente ingénua?
Como dizia o João,e o Daniel confirmava, os valores são os mesmos de há 30 anos. E esses distinguem-nos. A necessidade de os adaptar não é uma negação de conceitos e de príncipios é uma prova de inteligência e de capacidade de análise.

Publicado por: isabel faria às setembro 7, 2005 07:41 PM

ser de esquerda é preocupação, angustia, inquietação, luta, irreverência, arrebatamento, inconformismo, sei lá, por um mundo onde TODOS vivam com dignidade e vivam bem. Um planeta em que a riqueza ou a pobreza é equilibrada por todos. Utopia? que seja.

Publicado por: Charago Esquerdo às setembro 7, 2005 08:09 PM

Charago Esquerdo, que seja...mas a gente tem orgulho em ser utópico, não tem?

Publicado por: isabel faria às setembro 7, 2005 09:05 PM

Charago Esquerdo "Utopia? que seja".

Que seja mesmo, por isso sou de esquerda, porque acredito que ser de esquerda é isso mesmo. Ousar sonhar.

Publicado por: Daniel Arruda às setembro 7, 2005 09:05 PM

Ora bem, o tema é tão vasto que é difícil dizer-se o principal num comentário…
Na verdade o que torna as pessoas desconfiadas é misturar-se o conceito em si mesmo com os “praticantes” digamos assim. Porque a verdade é que, afinal, o que por vezes descredibiliza a imagem de “esquerda” são pessoas que apesar de se identificarem com o conceito depois, na prática, tem comportamentos ou dizem coisas que “não são de esquerda”. Daí dizer-se agressivamente que “é tudo o mesmo”. Mas não é. Enquanto a Direita, mesmo quando está bem intencionada e se sinta generosa, é conservadora na sua essência, e os seus valores são os do passado, o respeito pela autoridade, pelas hierarquias, acreditando na força individual, a Esquerda acredita no colectivo, e respeita o Homem em si mesmo, tudo o que acredita serem valores humanos. Crê nos valores sociais, que a força está no colectivo. Respeitando-se a individualidade de cada um, crê-se que há certos bens que são sociais, e que os mais básicos como saúde e educação devem ser garantidos pela sociedade. O que agora se chama neo-liberalismo, um capitalismo moderno, é criticado por uma visão de esquerda e aceite na perspectiva da direita.
Isto para além das bandeiras de partidos, que por vezes podem flutuar um pouco. Seria importante não confundir “partidos” por mais respeitáveis que sejam, com as noções mais fortes de esquerda ou de direita.

Publicado por: L.G. às setembro 7, 2005 10:40 PM

tu "ex militante" do PS :S
Jesus, jesus help me, i`m alone in this world and a fuck orld it is too Smile)

Publicado por: Golfinho às setembro 8, 2005 03:56 AM

Ser de esquerda é desafiar todas as teorias não é?!!! Smile)

Ser de esquerda é não ser de direita não é?!!!

Ser de esquerda é ver o mundo com ambos os olhos bem abertos não é?!!!

Ser de esquerda é ser "diferente", ou será que estou enganado?

Publicado por: The Wolf às setembro 8, 2005 09:51 AM

Eu acredito num Estado como entidade reguladora, que não tenha complexos em intervir na economia quando necessário.

Eu acredito, e exigo, um Estado honesto e competente, que funcione orientado para a Comunidade, e não para aparelhos e clientelas partidárias.

É fundamental que o Estado possa garantir o acesso a todos os cidadãos a Educação, Saúde, Cultura e Protecção Social. É crucial que os cidadãos tenham todos as mesmas ferramentas, qu tenham todos oportunidades para melhorar a sua condição de vida. Não aceito que o sofrimento seja comercializado, nem que a Educação possa ser orientada de acordo com interesses corporativos.

Faço questão de pagar impostos. Não me incomoda ter que pagar mais impostos se isso contribuir para o bem-estar geral. Desde que não seja utilizado para fazer rotundas. O que incomoda é pagar impostos em Portugal. E quando sabemos que a Noruega tem de TGV e auto-estradas ZERO kms...

Acredito numa Sociedade solidária e progressista.

Publicado por: Explícito às setembro 8, 2005 03:28 PM

Explícito. Levantas aqui uma questão que esteve até agora arredada desta conversa. A questão dos impostos.
Eu, tal como tu, não me importaria nada de pagar 51,7% de impostos sobre o rendimento bruto, como acontece na Finlandia se tivesse as regalias que eles têm. Um estado social. Saúde e educação gratuitos, Pleno emprego, "and so one.

Aliás a questão fiscal é das que mais divide esquerda e direita. Talvez por isso a importância que se deveria estar a dar ao ataque á função pública que está a ser feito. É para a esquerda inconcebível que vingue a tese "Quanto menos estado, melhor estado", pois a esquerda acredita num estado moderador e também regulador do mercado nos sectores capitais.
O Estado não poderá entregar-se á iniciativa privada, lavando as mãos como pilatos da sua responsabilidade.

Publicado por: Daniel Arruda às setembro 8, 2005 04:26 PM

Daniel,

Enquanto que para os Nórdicos é um dever cívico plenamente assumido o pagamento d impostos, por cá quem não foge é visto como alguém estúpido. A título de exemplo a célebre entrevista do Bibi do Benfica a uma revista masculina, onde a sua masculinidade (?) era mostrada pelo vangloriar da fuga e fraude fiscal. E essa personagem não foi tida como herói? E quanto a isso, sem Educação não vamos lá...

Lembro-me de uma cadeira de Fiscalidade, onde o professor afirmou que era um dever de cidadania pagar Impostos, e qu pagar impostos «é bom». Julgo que 98% da turma deu gargalhadas. Isso mostra como as coisas estão.

Sou algo pessimista quanto à Educação, pois temos a maior taxa de abandono escolar, a menor taxa de licenciados na Europa, e as nossas "elites" políticas e económicas dizem que temos licenciados em demasia... Afinal, como é? Como pode um país ignorar o seu activo mais valioso, deixando no desemprego milhares de jovens formados?

Ainda em relação á distinção Esquerda e Direita, concedo espaço á iniciativa privada, que essa desenvolva a sua actividade e busque o lucro que pretende. O que não posso aceitar é a privatização de sectores estratégicos, e onde não é possível existir concorrência. São esses o caso da Água e luz (até nas Comunicações no nosso país a Concorrência limita-se a uma figura retórica, actuando 3 grupos em cartel. Uma economia sã - e até liberal - nunca teria aceite o fim da OniWay pago pelos concorrentes).

Não aceito que se privatizem empresas, que mesmo não estando na primeira linha de relevância para a Sociedade, que dão lucro ao Estado. Normalmente foi o que sucedeu nesta pátria: o dava lucro foi vendido a preço de amigo aos... amigos!

Publicado por: Explícito às setembro 8, 2005 06:27 PM

Concordo contigo com duas ressalva. O estado deve ter em sectores chave empresas que regulem o mercado oferecendo a preço de custo serviços que nos privados visam o lucro. Falo da Banca e das Seguradoras. A outra ressalva é que em sectores de bens comuns o estado deve ser monopolista ou então não concorrencional. O que quero dizer com isto e dando um exemplo é: A Galp deveria ser uma empresa pública dirigida ao bem estar da população. Ora, a Galp é gerida como outra qualquer empresa no mercado (acionistas obrigam), não abdicando das suas taxas de lucro. O que se pretenderia de uma empresa estatal é que esta regulasse a concorrencia e obrigando o mercado a baixar o valor do preço. Como ese exemplo há vários outros que nos levam á conclusão que se as empresas estatais existissem e se fizessem o que é dever num estado socialista ou mesmo social, a iniciativa privada teria forçosamente de baixar as suas margens de lucro. Isto conjugado com a questão educacional que referias faria com que os bnossos impostos fossem aplicados de uma forma indirecta no nosso bem estar.

Sei que é uma forma simplista de dizer isto mas penso que entendas onde quero chegar.

Publicado por: Daniel Arruda às setembro 8, 2005 06:54 PM

Que bom....vocês continuam aqui!!!!
Ser de esquerda é ser presistente, não é?

A questão dos impostos é,afinal, mais uma achega.Todos temos consciência da necessidade dos impostos. Comprendêmo-los e aceitamo-los cada vez menos, à medida que o Estado vai abdicando de todas as suas responsabilidades. E depois é a injustiça fiscal que a Esquerda combate. È a fuga fiscal por quem pode fugir, que torna mais longincua, ainda, qualquer ideia de justiça fiscal.É a sensação de que as receitas fiscais não são aplicadas no nosso bem estar, no desenvolvimento do Pais e no nosso futuro, que nos faz rir, quando nos dizem que temos que pagar impostos. E que é bom pagar impostos.

Publicado por: isabel faria às setembro 8, 2005 07:20 PM

Julgo que muita da estratégia da Direita e da Direita Neoliberal passa por isso mesmo: suscitar desconforto e dúvidas sobre a justeza do pagamento de impostos.

Começam por esvaziar o Estado, o que implicará serviços/apoio d menor qualidade/cuidado. Nesse instante, da parte do cidadão naturalmente surgirá a questão «então se deixo ter acesso a X e Y, para que serve estar a pagar impostos?» Segue-se uma pressão para que os impostos sobre empresas e rendimentos especulativos sejam reduzidos para "estimular" a economia. Claro que o imposto sobre o redimento do Trabalho na melhor das hipóteses sofrerá uma redução irrisória, pois há que alimentar as empresas privadas. Sim, porque neste país a maioria dos liberais vive à custa do Estado. Quem sabe onde foram parar 20 anos de verbas da UE?

Depois alimentam guerras entre trabalhadores privados e funcionários públicos, numa evidente estratégia de dividir para reinar. Oiçam o que disse hoje o inenarrável Ludgero Marques. Como sabe que este é um país de invejosos e de gente egoísta, lançam essas atordoadas que sabem que será ouvida. Mas essa gente esquece que é a Func. Pública que serve de referência. O caminho da sangria fica aberto...

Sobre a Concorrência: para mim o problema não passa pela existência de uma empresa estatal em cada sector fulcral para o país. Isto porque neste país impera a lógica do amigismo partidário que dá péssimo resultado. O problema é a inexistência de Entidades reguladoras activas, com poder e efectivamente actuantes. Actualmente não passam de organismos para reuniões de amigos... de mesmo partido.

Publicado por: Explícito às setembro 9, 2005 08:30 PM
Vitor mango
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