Pais afectivos da menina russa continuam de "braços abertos"

Pais afectivos da menina russa continuam de "braços abertos"



Emília Monteiro


Alexandra, a menina russa que um casal de Barcelos criou durante cinco
anos, está preparada para entrar na escola pela primeira vez. O
primeiro ano de vida na Rússia com a mãe biológica ficou marcado pela
perda de familiaridade com a língua portuguesa.

foto José Milhazes/Lusa

Alexandra está a adaptar-se à vida na Rússia e vai entrar para a escola no próximo ano lectivo

A Embaixada da Rússia em Portugal recusou, pela quinta vez, passar os vistos de entrada de João e Florinda Pinheiro. A
convite de uma estação privada de televisão, o casal de Barcelos que
criou a menina agora com sete anos, pretendia ir até Pretchistoe, a 350
quilómetros de Moscovo, visitar Alexandra. “Não vamos à Rússia,
mas continuamos de braços abertos para receber a menina que criámos
durante cinco anos, bem como a restante família”, afirmou ao JN João
Pinheiro.Nos últimos dias a imprensa russa voltou a falar do
assunto que continua a ‘apaixonar’ a opinião pública. Em Maio de 2009, o
Tribunal da Relação de Guimarães decidiu entregar a menina à mãe,
Natália Zarubina, para que a levasse para Rússia. No primeiro dia
de Setembro, Alexandra vai, pela primeira vez, para a escola primária.
Os jornais russos, citados pela Lusa, garantem que Alexandra (ou Sandra,
diminutivo com que a família a trata) já não sabe falar português e que
não quer voltar para Barcelos.“Ela gosta de estar aqui, de viver
com a sua família natural e não fala português. Esqueceu-se da língua e
agora só fala russo”, disse Natália Zarubina.Em Barcelos, a
família que acolheu a menina mantém aberta uma conta bancária em nome da
criança. “Todo o dinheiro que pomos lá é para pagar os estudos da
Alexandra”, salientou João Pinheiro. O empresário barcelense garante que
todas semanas a família telefona para a menina de quem cuidaram e a
quem continuam a chamar filha. “Falamos cada vez menos com ela porque a
Natália não lhe passa o telefone”, lamentou. “Continuamos com uma
casa para receber a Natália, o marido e as filhas, um negócio para ela
gerir e vamos ajudar a família em tudo o que estiver ao nosso alcance”,
finalizou João Pinheiro.A agência russa de notícias Ria-Novosti
chama a atenção para o facto da situação financeira da família continuar
a ser difícil, valendo a reforma da avó da menina.