Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Língua: Cortes de despesa nos Estados Unidos dificultam expansão do português

Ir para baixo

Língua: Cortes de despesa nos Estados Unidos dificultam expansão do português Empty Língua: Cortes de despesa nos Estados Unidos dificultam expansão do português

Mensagem por Kllüx Sáb Ago 28, 2010 7:01 am

Língua: Cortes de despesa nos Estados Unidos dificultam expansão do português



Nova Iorque, Estados Unidos 28/08/2010 (LUSA)


A política de cortes orçamentais que muitos estados norte-americanos implementaram na sequência da recente crise económica está a dificultar a expansão do português nos Estados Unidos, afirma a professora universitária Deolinda Adão.

“Neste momento de cortes [o ensino de línguas estrangeiras] é uma daquelas áreas para as quais as administrações olham para fazer cortes nos orçamentos”, disse à Lusa a diretora do programa de português na Universidade de San Jose na Califórnia.

Deolinda Adão foi uma das intervenientes na Conferência sobre o Ensino do Português e Culturas Lusófonas, que decorreu sexta feira em Fall River, nordeste dos Estados Unidos, marcando o centésimo aniversário do ensino oficial do português na América do Norte.

O programa de San Jose foi viabilizado pela comunidade portuguesa local, que sustentou 80 por cento dos custos”-

“É uma oferta que eles estão a fazer a universidade, se não [o programa] não existiria”, disse à Lusa.

Outro dos seus programas de ensino do português, na Universidade Comunitária de Berkeley, está a ter dificuldades em afirmar-se, porque em vez de duas aulas de primeiro nível foi apenas autorizada a dar uma, e a percentagem de alunos que normalmente passa ao segundo nível (30 por cento) não é suficiente para formar uma turma.

“É o mesmo que acontece ao espanhol, mas que tem seis turmas e portanto não tem problemas em encher dois níveis. Tem a ver com isso, não quer dizer que não haja interesse”, afirma a professora universitária, que dirige também um programa de pesquisa na universidade de Berkeley, na Califórnia.

Segundo os últimos dados da Modern Language Association, que estuda as matrículas nas línguas estrangeiras em universidades norte-americanas, a oferta de aulas de português tem vindo a aumentar nos últimos anos, na ordem 20 por cento até 2006, aponta o subdiretor da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

À data do estudo, eram 270 a 280 as universidades a ensinar a língua, além de 110 a 120 liceus, sem contar com as escolas comunitárias.

A Conferência em Fall Rivers foi acompanhada de uma exposição sobre a cultura portuguesa e do lançamento de livros sobre o centenário do ensino da língua nos EUA.

O evento envolveu a Universidade dos Açores, Instituto Mundial da Língua Portuguesa, Bristol Community College as Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra.

Para hoje, está marcada uma marcha etnográfica, com a participação de diversas escolas e universidades, além de eventos gastronómicos e concertos com bandas filarmónicas.

No domingo haverá missa na Igreja de Saint Anne e uma procissão da Coroação do Espírito Santo, estando previsto para segunda feira um banquete de homenagem aos melhores alunos da língua portuguesa.

As comemorações encerram apenas a 19 de setembro, com uma celebração religiosa na Escola do Espírito Santo, em Fall River, que completa cem anos naquela data.

Foi nesta instituição de ensino que arrancou o ensino de português integrado com o sistema público de educação do estado do Massachussetts.
Kllüx
Kllüx

Pontos : 11225

Ir para o topo Ir para baixo

Língua: Cortes de despesa nos Estados Unidos dificultam expansão do português Empty Re: Língua: Cortes de despesa nos Estados Unidos dificultam expansão do português

Mensagem por Kllüx Sáb Ago 28, 2010 7:11 am

Quase todos os professores de português nos Estados Unidos dão conta de uma crescente procura no ensino da língua e das culturas lusófonas, mas igualmente da incapacidade de resposta da estrutura existente.

“O que existe é uma autêntica brincadeira”, disse à Lusa Graça Castanho, professora de didática e metodologia do ensino do português na Universidade Açores, e ex-conselheira para o ensino junto da Embaixada de Portugal em Washington.

Para a académica, uma das organizadoras da Conferência sobre o Ensino do Português e Culturas Lusófonas, que decorreu sexta feira em Fall River, nordeste dos Estados Unidos, marcando o centésimo aniversário do ensino oficial do português na América do Norte, a estrutura existente vive um “paradoxo”.

“Por um lado, a procura é cada vez maior, o número de alunos, professores, escolas e universidades onde se ensina português. Por outro lado, assiste-se ainda a um abandono muito grande por parte das instituições em Portugal que têm a responsabilidade de apoiar esse ensino”, disse à Lusa.

Se nos Estados Unidos o português está identificado como língua prioritária, do lado de Portugal falta “investimento” na promoção, formação de professores e apoio material.

Ao nível da coordenação, são precisas “pessoas habilitadas ao nível de mestrados e doutoramentos” que tragam mais dinâmica.

“Temos perdido muito pelo mundo fora com essa falta de política da língua”, afirma, enquanto outras línguas têm investido na criação de estruturas profissionais.

“Nós não temos nada disso, nem sequer temos equipas de professores ao serviço das necessidades, das comunidades e de todas as pessoas interessadas em aprender português, por causa de Portugal, mas também do Brasil e dos países africanos lusófonos”, afirmou.

O crescente interesse no português foi nota dominante nas intervenções no congresso de Fall River, que decorreu na Universidade Comunitária de Bristol.

Há mais de 30 anos ligada ao ensino da língua, e atualmente diretora do programa de português na Universidade de San Jose na Califórnia, Deolinda Adão defende um maior envolvimento da comunidade, junto do sistema de ensino norte-americano, para reforçar cursos e meios.

“Precisamos de fazer perceber as entidades americanas e das universidades que a língua e culturas são de interesse público e uma mais valia”, disse à Lusa a professora, que dirige um programa semelhante na universidade californiana de Berkeley.

“Temos culpa porque desenvolvemos uma comunidade fortíssima, bem sucedida, mas somos muito reservados e estamos a pagar por isso. Temos de ser mais lutadores e envolvidos na política local”, afirmou.

“O Governo tem dado muito apoio ao ensino, a nível primário para as crianças comunitárias ou a nível universitário, através dos leitores do Instituto Camões, e esse apoio tem sido esplêndido. Sem ele não teríamos os programas que temos hoje”, prosseguiu,

Também para António Luís Vicente, subdiretor da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, o melhor caminho é “criar incentivos para que a própria comunidade tenha maior capacidade de exigir do sistema público norte-americano”.

“Estamos a falar do país mais rico da atualidade. Não faz muito sentido ser o Governo português a financiar 100 por cento o ensino da língua neste país”, disse à Lusa.

“A situação não é tão pessimista como por vezes é retratada, mas há um grande espaço para crescer”, adiantou.

Kllüx
Kllüx

Pontos : 11225

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos