Gasolina está 5% mais cara do que devia estar
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Gasolina está 5% mais cara do que devia estar
Gasolina está 5% mais cara do que devia estar
Ministro da Economia exigiu que preços dos combustíveis desçam "o mais rapidamente possível", apesar dos argumentos apresentados pelas empresas petrolíferas
00h30m
JOÃO PAULO MADEIRA
Os preços dos combustíveis não estão a descer com a mesma rapidez com que subiram, face à evolução do barril de petróleo. Em Agosto, a gasolina esteve 5% mais cara do que em Maio, quando devia ter estado mais barata.
Ontem, o preço do petróleo Brent, referência para Portugal, desceu mais uma vez, chegando a negociar abaixo de 90 dólares. Contudo, a queda do crude para valores abaixo dos cem dólares, que se verifica de forma sistemática há uma semana, não está a reflectir-se, para já, no bolso dos consumidores.
O presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, já veio a público explicar que a relação entre o preço do petróleo e o dos combustíveis "não é directa nem óbvia, embora haja uma ligação entre ambas". Mas, ontem, foi o próprio ministro da Economia, Manuel Pinho, a defender que "é desejável que o preço dos combustíveis baixe o mais rapidamente possível".
Para comparar a evolução dos preços, o exercício mais simples é pôr lado a lado os preços actuais com aqueles que se registavam antes de o petróleo superar os cem dólares, há nove meses atrás. Em Janeiro, mês em que foi quebrada pela primeira vez aquela barreira, os preços médios da gasolina sem chumbo 95, registados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), oscilavam entre 1,369 e 1,396 euros. No gasóleo, iam de 1,178 a 1,205 euros.
Agora, novamente com o petróleo abaixo de cem dólares, não voltaram a esse patamar. Na segunda semana de Setembro, estiveram a 1,455 euros (gasolina sem chumbo 95) e a 1,305 (gasóleo). Ou seja, pelo menos 4% e 8% mais caros do que há nove meses, respectivamente.
Esta análise, contudo, deve ser aprofundada. O preço do petróleo geralmente indicado nos mercado internacionais é aquele que resulta da negociação financeira de futuros, e não aquele a que as petrolíferas transaccionam a matéria-prima. Além disso, houve vários meses em que o euro se valorizou face ao dólar e nos últimos tempos foi a moeda americana a apreciar-se, pelo que a componente cambial tem impacto considerável nas contas.
Tentando conter estas distorções, o JN fez uma análise apenas ao período entre Maio e Agosto, os quatro meses em que se deu o pico de preços e em que o câmbio do euro esteve sempre no patamar de 1,5 dólares (excepto na última quinzena de Agosto, em que andou próximo, mas já na casa de 1,4 dólares). Foram usados unicamente os preços médios da DGEG, em euros.
Em primeiro lugar, a comparação directa entre Maio e Agosto, nos quais há semelhanças no preço do Brent: em Maio, o barril estava a 78,89 euros e em Agosto a 75,51, o que significa que os combustíveis deviam ter estado mais baratos no último mês. Mas tal não aconteceu na gasolina, que até esteve 5% mais cara do que em Maio.
Em segundo lugar, a evolução: de Maio até Julho, o Brent subiu 7%. Nesse período, a gasolina e gasóleo aumentaram na casa dos 4%, uma diferença de três pontos percentuais. Em Agosto, quando o Brent desceu 11%, a gasolina baixou apenas 4% e o gasóleo 6%. A divergência aumentou para cinco e sete pontos percentuais. Conclusão: as gasolineiras são mais rápidas a reflectir subidas do que descidas.
Fontes da indústria contactadas pelo JN recordam que o petróleo representa apenas um terço da estrutura de custos das empresas. Há ainda a refinação, o transporte ou o armazenamento, que também influenciam a evolução dos preços e que podem não ter descido, entretanto.
JN
Ministro da Economia exigiu que preços dos combustíveis desçam "o mais rapidamente possível", apesar dos argumentos apresentados pelas empresas petrolíferas
00h30m
JOÃO PAULO MADEIRA
Os preços dos combustíveis não estão a descer com a mesma rapidez com que subiram, face à evolução do barril de petróleo. Em Agosto, a gasolina esteve 5% mais cara do que em Maio, quando devia ter estado mais barata.
Ontem, o preço do petróleo Brent, referência para Portugal, desceu mais uma vez, chegando a negociar abaixo de 90 dólares. Contudo, a queda do crude para valores abaixo dos cem dólares, que se verifica de forma sistemática há uma semana, não está a reflectir-se, para já, no bolso dos consumidores.
O presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, já veio a público explicar que a relação entre o preço do petróleo e o dos combustíveis "não é directa nem óbvia, embora haja uma ligação entre ambas". Mas, ontem, foi o próprio ministro da Economia, Manuel Pinho, a defender que "é desejável que o preço dos combustíveis baixe o mais rapidamente possível".
Para comparar a evolução dos preços, o exercício mais simples é pôr lado a lado os preços actuais com aqueles que se registavam antes de o petróleo superar os cem dólares, há nove meses atrás. Em Janeiro, mês em que foi quebrada pela primeira vez aquela barreira, os preços médios da gasolina sem chumbo 95, registados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), oscilavam entre 1,369 e 1,396 euros. No gasóleo, iam de 1,178 a 1,205 euros.
Agora, novamente com o petróleo abaixo de cem dólares, não voltaram a esse patamar. Na segunda semana de Setembro, estiveram a 1,455 euros (gasolina sem chumbo 95) e a 1,305 (gasóleo). Ou seja, pelo menos 4% e 8% mais caros do que há nove meses, respectivamente.
Esta análise, contudo, deve ser aprofundada. O preço do petróleo geralmente indicado nos mercado internacionais é aquele que resulta da negociação financeira de futuros, e não aquele a que as petrolíferas transaccionam a matéria-prima. Além disso, houve vários meses em que o euro se valorizou face ao dólar e nos últimos tempos foi a moeda americana a apreciar-se, pelo que a componente cambial tem impacto considerável nas contas.
Tentando conter estas distorções, o JN fez uma análise apenas ao período entre Maio e Agosto, os quatro meses em que se deu o pico de preços e em que o câmbio do euro esteve sempre no patamar de 1,5 dólares (excepto na última quinzena de Agosto, em que andou próximo, mas já na casa de 1,4 dólares). Foram usados unicamente os preços médios da DGEG, em euros.
Em primeiro lugar, a comparação directa entre Maio e Agosto, nos quais há semelhanças no preço do Brent: em Maio, o barril estava a 78,89 euros e em Agosto a 75,51, o que significa que os combustíveis deviam ter estado mais baratos no último mês. Mas tal não aconteceu na gasolina, que até esteve 5% mais cara do que em Maio.
Em segundo lugar, a evolução: de Maio até Julho, o Brent subiu 7%. Nesse período, a gasolina e gasóleo aumentaram na casa dos 4%, uma diferença de três pontos percentuais. Em Agosto, quando o Brent desceu 11%, a gasolina baixou apenas 4% e o gasóleo 6%. A divergência aumentou para cinco e sete pontos percentuais. Conclusão: as gasolineiras são mais rápidas a reflectir subidas do que descidas.
Fontes da indústria contactadas pelo JN recordam que o petróleo representa apenas um terço da estrutura de custos das empresas. Há ainda a refinação, o transporte ou o armazenamento, que também influenciam a evolução dos preços e que podem não ter descido, entretanto.
JN
Sith Happens- Pontos : 0
Re: Gasolina está 5% mais cara do que devia estar
O presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, já veio a público explicar que a relação entre o preço do petróleo e o dos combustíveis "não é directa nem óbvia, embora haja uma ligação entre ambas".
Que deve haver uma ligação entre ambos, eu já desconfiava. Mas quando o petróleo estava em subida, a ligação parecia muito mais directa do que óbvia.
É bom que se decidam, para sabermos se nos andam a enganar, ou se andamos a ser enganados.
Sith Happens- Pontos : 0
Re: Gasolina está 5% mais cara do que devia estar
É claro que os preços dos combustíveis não dependem exclusivamente do preço do petróleo. Dependem do preço dos refinados nos mercados mundiais. Estou de acordo.
Mas estes não podem deixar de depender, entre outras coisas, do preço do petróleo, que é a matéria prima.
Enquanto o petróleo esteve a aumentar, houve muito boa gente, que hoje explica isso mesmo, que na altura se esqueceu de explicar esses mesmos factos, e que argumentava a subida dos preços dos combustíveis somente com a subida do petróleo, dizendo inclusivamente que sempre que este sobe, o preço dos combustíveis sobe na mesma proporção.
No entanto, essas mesmas pessoas diziam que o preço do petróleo num dado instante não é o preço ao qual as refinarias o compram para vender os refinados "no dia seguinte", uma vez que os negócios são feitos a dois ou três meses. Ora, se assim é, e se na altura se esqueceram de justificar a subida de preços com os preços dos refinados, então porque motivo sempre que o petróleo aumentava, aumentavam os combustíveis, refinados a partir de crude comprado a preços muito inferiores? Mais ainda, porque motivo essas pessoas acham normal que comece a haver uma tendência de descida nos preços dos combustíveis quando os preços do petróleo começam a descer?
Não deveria ser assim. Talvez hoje fosse natural que os preços fossem os mais elevados, porque o petróleo utilizado para produzir os refinados foi comprado em alta. Talvez daqui a um ou dois meses, fosse natural que os preços descessem, significativamente.
No entanto, ainda hoje de manhã me pareceu ouvir uma notícia na RTP sobre a evolução dos preços dos refinados nos mercados internacionais e dos combustíveis em Portugal, na qual se dizia que, mesmo corrigindo da desvalorização do dollar, o preço dos combustíveis em Portugal está cerca de 8 cêntimos por litro mais caro do que deveria. E só se analisavam os preços dos refinados nos mercados internacionais, e dos combustíveis em Portugal.
O que me parece é que, enquanto o crude subiu até aos $140 por barril, não se ganhou tanto dinheiro com a venda de combustíveis em Portugal como seria desejável. Se não estou em erro, o presidente da Galp referiu, há pouco tempo, perdas no sector dos refinados, compensadas com ganhos noutras áreas. Será que não se está a aproveitar o facto de já estarmos todos habituados a estes preços, para entretanto se aproveitar para se obterem mais uns largos milhões de lucros? (se não estou em erro, foram números da ordem de 1 milhão de euros de lucro a mais por dia, que ouvi esta manhã na RTP, graças ao facto de os combustíveis estarem cerca de 8 cêntimos por litro mais caros do que deviam).
Resumindo, o que me parece é que nunca quiseram dizer a verdade toda, para que esta fosse dita conforme fosse necessário, para justificar estratégias. Tirando quem está muito por dentro do assunto, o comum dos mortais vai recebendo a informação aos poucos, conforme convém.
Por isso é que eu disse
Mas estes não podem deixar de depender, entre outras coisas, do preço do petróleo, que é a matéria prima.
Enquanto o petróleo esteve a aumentar, houve muito boa gente, que hoje explica isso mesmo, que na altura se esqueceu de explicar esses mesmos factos, e que argumentava a subida dos preços dos combustíveis somente com a subida do petróleo, dizendo inclusivamente que sempre que este sobe, o preço dos combustíveis sobe na mesma proporção.
No entanto, essas mesmas pessoas diziam que o preço do petróleo num dado instante não é o preço ao qual as refinarias o compram para vender os refinados "no dia seguinte", uma vez que os negócios são feitos a dois ou três meses. Ora, se assim é, e se na altura se esqueceram de justificar a subida de preços com os preços dos refinados, então porque motivo sempre que o petróleo aumentava, aumentavam os combustíveis, refinados a partir de crude comprado a preços muito inferiores? Mais ainda, porque motivo essas pessoas acham normal que comece a haver uma tendência de descida nos preços dos combustíveis quando os preços do petróleo começam a descer?
Não deveria ser assim. Talvez hoje fosse natural que os preços fossem os mais elevados, porque o petróleo utilizado para produzir os refinados foi comprado em alta. Talvez daqui a um ou dois meses, fosse natural que os preços descessem, significativamente.
No entanto, ainda hoje de manhã me pareceu ouvir uma notícia na RTP sobre a evolução dos preços dos refinados nos mercados internacionais e dos combustíveis em Portugal, na qual se dizia que, mesmo corrigindo da desvalorização do dollar, o preço dos combustíveis em Portugal está cerca de 8 cêntimos por litro mais caro do que deveria. E só se analisavam os preços dos refinados nos mercados internacionais, e dos combustíveis em Portugal.
O que me parece é que, enquanto o crude subiu até aos $140 por barril, não se ganhou tanto dinheiro com a venda de combustíveis em Portugal como seria desejável. Se não estou em erro, o presidente da Galp referiu, há pouco tempo, perdas no sector dos refinados, compensadas com ganhos noutras áreas. Será que não se está a aproveitar o facto de já estarmos todos habituados a estes preços, para entretanto se aproveitar para se obterem mais uns largos milhões de lucros? (se não estou em erro, foram números da ordem de 1 milhão de euros de lucro a mais por dia, que ouvi esta manhã na RTP, graças ao facto de os combustíveis estarem cerca de 8 cêntimos por litro mais caros do que deviam).
Resumindo, o que me parece é que nunca quiseram dizer a verdade toda, para que esta fosse dita conforme fosse necessário, para justificar estratégias. Tirando quem está muito por dentro do assunto, o comum dos mortais vai recebendo a informação aos poucos, conforme convém.
Por isso é que eu disse
É bom que se decidam, para sabermos se nos andam a enganar, ou se andamos a ser enganados.
Sith Happens- Pontos : 0
Re: Gasolina está 5% mais cara do que devia estar
Anarca escreveu:A questão é essa mesmo...
Ninguém diz a verdade, porque andam todos a roubar - Estado e Petrolíferas - e não podem "descobrir a careca" uns aos outros...
Vitor mango- Pontos : 118184
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