O toque diletante de Mourinho
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O toque diletante de Mourinho
O toque diletante de Mourinho
por SANTIAGO SEGUROLA
Mourinho é um daqueles homens que se aborrece se nada acontece em seu redor. Move-se muito melhor no conflito do que no comodismo, até ao ponto de criar uma "guerra" pelo prazer de se divertir. Para Mourinho, a polémica é um motor. Mantém-no alerta, produz-lhe inimigos. Não há uma polémica que o desgoste. E se não existe, ele inventa-a.
Não é uma invenção o seu frustrado objectivo de orientar a selecção portuguesa nos dois próximos encontros, mas, é sim, um caso que explica o carácter do treinador do Real Madrid. Teve a oportunidade de encerrar discretamente o assunto e de impedir o estado de sítio que se apoderou do madridismo, que não entende a necessidade de tanto alvoroço.
Mourinho - 10 milhões de euros, livres de impostos, por cada uma das quatro temporadas - é o treinador mais bem pago do mundo, em grande medida pelo seu extraordinário palmarés, mas também pela urgência do Real Madrid, que naturalmente deseja tê-lo em regime de exclusividade. O técnico português sabe-o perfeitamente, mas não teve qualquer inconveniente em manifestar o seu desejo em comandar Portugal nos próximos dois jogos.
Tudo começou com a reunião que manteve com Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Foi a menos discreta das reuniões. Metade dos jornalistas espanhóis estava nos arredores do restaurante. A proposta de Madaíl diz muito (mal) da sua gestão à frente do futebol português. Antes e durante o Mundial estava claro que havia um conflito com Queiroz. Nem se resolveu nem foram tomadas decisões adequadas. Pelo que é dado ver, a Federação Portuguesa não tem um plano, nem nada que se pareça.
Tão estranho como o interesse - não concretizado através de um pedido oficial - da federação em solicitar os préstimos do treinador do Real Madrid, foi a colaboração de Mourinho nesta encenação. Não se trata de uma questão sentimental, da chamada do sangue ou do interesse da Pátria, trata-se de actuar com o mesmo nível de exigência profissional que pede aos seus jogadores.
Mourinho não só participou na intriga, como ainda reabriu o caso quando este estava encerrado. O que parecia o jogo de um incompetente - o presidente da Federação Portuguesa - e de um diletante - o treinador do Real Madrid - transformou-se num assunto feio para o Real Madrid, obrigado a dar mais explicações do que as necessárias. Por isso surpreenderam as declarações de Mourinho depois da difícil vitória frente à Real Sociedad. "Não entendo porque o Real Madrid não me deixa comandar Portugal durante dez dias em que vou estar de férias", disse.
O madridismo entrou em combustão, e as posteriores declarações de Mourinho não apagaram o fogo, quando Jorge Valdano, director-geral do Real Madrid, afirmou que o clube não havia recebido qualquer pedido oficial dos dirigentes portugueses. "O que eu não entendo é porque não se realizou nenhuma reunião entre as duas partes", manifestou. Era evidente a sua vontade de orientar a selecção portuguesa.
Os adeptos do Real Madrid reagiram com desagrado às palavras de Mourinho. Consideram que há algo de menosprezo ao clube que tão generosamente lhe paga e que a atitude do técnico teve uma pitada de imprudência e até de provocação que não beneficia o delicado momento que o Real Madrid tem atravessado nos últimos tempos. É verdade que Mourinho se move bem nos conflitos, mas também é certo que não há adeptos que tolerem pior ataques egocêntricos que os do Real Madrid.
por SANTIAGO SEGUROLA
Mourinho é um daqueles homens que se aborrece se nada acontece em seu redor. Move-se muito melhor no conflito do que no comodismo, até ao ponto de criar uma "guerra" pelo prazer de se divertir. Para Mourinho, a polémica é um motor. Mantém-no alerta, produz-lhe inimigos. Não há uma polémica que o desgoste. E se não existe, ele inventa-a.
Não é uma invenção o seu frustrado objectivo de orientar a selecção portuguesa nos dois próximos encontros, mas, é sim, um caso que explica o carácter do treinador do Real Madrid. Teve a oportunidade de encerrar discretamente o assunto e de impedir o estado de sítio que se apoderou do madridismo, que não entende a necessidade de tanto alvoroço.
Mourinho - 10 milhões de euros, livres de impostos, por cada uma das quatro temporadas - é o treinador mais bem pago do mundo, em grande medida pelo seu extraordinário palmarés, mas também pela urgência do Real Madrid, que naturalmente deseja tê-lo em regime de exclusividade. O técnico português sabe-o perfeitamente, mas não teve qualquer inconveniente em manifestar o seu desejo em comandar Portugal nos próximos dois jogos.
Tudo começou com a reunião que manteve com Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol. Foi a menos discreta das reuniões. Metade dos jornalistas espanhóis estava nos arredores do restaurante. A proposta de Madaíl diz muito (mal) da sua gestão à frente do futebol português. Antes e durante o Mundial estava claro que havia um conflito com Queiroz. Nem se resolveu nem foram tomadas decisões adequadas. Pelo que é dado ver, a Federação Portuguesa não tem um plano, nem nada que se pareça.
Tão estranho como o interesse - não concretizado através de um pedido oficial - da federação em solicitar os préstimos do treinador do Real Madrid, foi a colaboração de Mourinho nesta encenação. Não se trata de uma questão sentimental, da chamada do sangue ou do interesse da Pátria, trata-se de actuar com o mesmo nível de exigência profissional que pede aos seus jogadores.
Mourinho não só participou na intriga, como ainda reabriu o caso quando este estava encerrado. O que parecia o jogo de um incompetente - o presidente da Federação Portuguesa - e de um diletante - o treinador do Real Madrid - transformou-se num assunto feio para o Real Madrid, obrigado a dar mais explicações do que as necessárias. Por isso surpreenderam as declarações de Mourinho depois da difícil vitória frente à Real Sociedad. "Não entendo porque o Real Madrid não me deixa comandar Portugal durante dez dias em que vou estar de férias", disse.
O madridismo entrou em combustão, e as posteriores declarações de Mourinho não apagaram o fogo, quando Jorge Valdano, director-geral do Real Madrid, afirmou que o clube não havia recebido qualquer pedido oficial dos dirigentes portugueses. "O que eu não entendo é porque não se realizou nenhuma reunião entre as duas partes", manifestou. Era evidente a sua vontade de orientar a selecção portuguesa.
Os adeptos do Real Madrid reagiram com desagrado às palavras de Mourinho. Consideram que há algo de menosprezo ao clube que tão generosamente lhe paga e que a atitude do técnico teve uma pitada de imprudência e até de provocação que não beneficia o delicado momento que o Real Madrid tem atravessado nos últimos tempos. É verdade que Mourinho se move bem nos conflitos, mas também é certo que não há adeptos que tolerem pior ataques egocêntricos que os do Real Madrid.
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