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Europa à mesa

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Mensagem por Viriato Ter Set 21, 2010 5:46 am

Europa à mesa

Há uns meses, falei aqui da "franqueza" (*) que, por vezes, marca as reuniões cimeiras dos chefes de Estado e governo da União Europeia. Quando as coisas "aquecem", a linguagem pode subir a níveis inesperados. Recordo bem duas cenas de quase confrontação física a que assisti, num intervalo de trabalhos, envolvendo grandes líderes políticos europeus.


Por essa razão, não me surpreende nada a descrição que o "Le Monde" de hoje faz do almoço "de trabalho" que reuniu os chefes de Estado e governo dos 27, em Bruxelas, no dia 16 de Setembro. Sob o significativo título "Déjeuner de fiel à Bruxelles", o jornal relata, com citações que a sua credibilidade não permite pôr em causa, as trocas de palavras entre alguns responsáveis pela condução política do continente. Infelizmente, o texto não parece acessível por link. A julgar pelo que foi dito, a chanceler alemã, Angela Merkel, teve plena razão quando avaliou a refeição: "o almoço correu bem, pelo menos no tocante à qualidade da comida..."

Postado por Francisco Seixas da Costa

(*)


Franqueza

A linguagem diplomática internacional tem alguns códigos que importa conhecer, para melhor se entender o que pode estar por detrás de algumas declarações públicas.


Uma dos conceitos-chave em que convém atentar é a eufemismo "franqueza". Se acaso se depararem em algum comunicado, relatando um encontro internacional, a nota de que, durante uma reunião, houve um "debate franco" ou uma "franca exposição de posições", podem ficar cientes de que o ambiente foi tenso, confrontacional, muito duro e sem cedência de posições.


Não se pense que esta realidade se restringe a negociações a níveis técnicos. Muitas vezes, em discussões políticas a nível ministerial, ou mesmo primo-ministerial, as tensões sobem a patamares impensáveis. Mesmo entre aliados. Por exemplo, dentro da União Europeia, para quem não saiba.


Uma noite, no auge de um processo negocial complexo, estava com o meu amigo e deputado europeu Elmar Brok, democrata-cristão alemão, algures num bar de hotel, quando vimos passar um responsável político europeu, saído de um jantar "informal" com os seus pares. A nossa curiosidade sobre esse jantar era grande, porque, do resultado da discussão que nele deveria ter lugar, poderiam depender algumas importantes decisões no dia seguinte.


Pela cara carregada dessa figura política, depreendemos que o debate havia sido tenso. Não imaginávamos, contudo, quanto o fora. Convidámo-lo a sentar-se, desejosos de saciar a nossa curiosidade. Disse-nos que necessitava de um bom "Armagnac" duplo, para se recompor. Nunca lhe fora dado assistir a uma discussão tão divisiva dentro da União Europeia. Ao que nos contou, e perante um comentário que ele próprio fizera, recebera de um seu par, de uma grande potência europeia, a "elegante" reação: "A tua opinião sobre isso não interessa. Se voltasse a haver uma guerra na Europa, o teu país quase não teria tamanho para sepultar todos os mortos dessa guerra". Não recordo a resposta que ele teria dado a essa provocação, talvez porque eu me tivesse fixado obsessivamente nesta chocante frase.


Lembrei-me ontem da questão da "franqueza", ao ler a dura e justa resposta dada pelo primeiro-ministro grego, Georgios Papandreou, perante os bem lamentáveis comentários surgidos na imprensa alemã, a propósito da corrupção no seu país, realidade que não enjeita mas que se recusa - e muito bem! - a assumir como identitária do seu país: "os gregos não têm a corrupção nos seus genes, da mesma maneira que os alemães não têm o nazismo nos seus".

Postado por Francisco Seixas da Costa



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Mensagem por Vitor mango Ter Set 21, 2010 6:43 am

Recordo bem duas cenas de quase confrontação física a que assisti, num intervalo de trabalhos, envolvendo grandes líderes políticos europeus.
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Mensagem por Vitor mango Ter Set 21, 2010 6:44 am

"os gregos não têm a corrupção nos seus genes, da mesma maneira que os alemães não têm o nazismo nos seus".


ganda malha
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