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Mitos e labirintos

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Mensagem por Viriato Seg Out 04, 2010 5:39 am

Mitos e labirintos

Três mitos correntes e um labirinto. O governo teria agido tarde e tal se reflectiria na dureza das medidas tomadas na semana transacta.

Não, o Governo controlou sempre o ‘timing', não se sangrou em saúde, pois sabia quanto custariam as medidas, e quão difícil era encontrar um esboço de consenso social. Tivesse o PSD adoptado outra atitude sobre os impostos, tudo teria sido mais fácil e rápido. Deixou-se ir a reboque de declarações peremptórias, irreflectidas e irrealistas, atou a si a pedra ideológica da sua proposta constitucional, atrasou-se no consenso. Quando verificou o pânico que estava a causar nos mercados, quando o Presidente repetidamente o chamou à razão, só então descobriu a fórmula salvadora da abstenção no OE de 2011. Quem duvide, leia a imprensa internacional dos dias seguintes às medidas, para perceber a importância negativa da falta de acordo político, na subida do ‘spread' da dívida soberana.

O segundo mito, que circulou em editoriais foi o de o Governo ter "roubado ao Presidente o protagonismo de uma mediação". Pura fantasia, que ignora o calendário político. A Comissão fez sair a 29 o pacote de medidas financeiras e 29 foi o último dia possível para o anúncio chegar aos mercados. Terminadas as audiências presidenciais e certamente beneficiando delas. Pretender dividir o Presidente e o Governo nesta crise é pretensioso e falso. O Presidente agiu como lhe cumpria.

O Governo cumpriu como devia. A reunião do Eurogupo de 30 de Setembro acolheu com visível alívio "as ambiciosas medidas adicionais de consolidação, para 2010 e 2011, adoptadas pelo Governo Português".

O terceiro mito é o da "ausência de uma política real para sair da crise". Pois é. Bem gostaríamos que o prazo do ajustamento orçamental fosse alargado até 2015; que o Fundo Monetário Europeu já estivesse a ser criado e não apenas a ser objecto de recomendação para estudo; que as sanções fossem mais incentivos que penalidades para maldição da vítima. Aqui se dividem socialistas e direita europeia maioritária. Estreitando os graus de liberdade dos governos ditos periféricos. Retirando-lhes margem política. Ainda por cima com o principal partido da direita nacional a congregar tropas para uma revisão constitucional, cuja urgência ninguém entende e cuja demarcação ideológica não revela utilidade para a "saída da crise". Com este acidente de percurso, qual é então a "política real" do PSD para sair da crise? A sua melhor política será, agora, a que acalme os mercados.

Finalmente o labirinto e os seus construtores, Bloco e PCP, neles perdidos. Manifestações, protestos, "luta de classes", toda a velha parafernália retórica sem ideias, ruidosa sem harmonia. Se o velho partido não surpreende, o novo parece ter perdido a frescura. Se assim continua, mais contará o principal que o sucedâneo.
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António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu
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