Eles montam aviões em casa - e voam (vídeo)

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Eles montam aviões em casa - e voam (vídeo)

21-10-2010

Por André Barbosa e imagem de Gonçalo Baptista

Os kits vêm dos EUA e as aeronaves são construídas em casa, garagens ou hangares. Ao todo, os construtores amadores de aviões serão perto de 20, entre arquitectos, agentes imobiliários, ex-pilotos e construtores civis.

Constroem-nos de duas formas: por planos, em que os materiais são comprados em bruto e depois moldados, ou por kit. As peças do Cassutt M III, um avião de corrida, chegaram dos EUA em 2002. Carlos Gorjão, 62 anos, começou pelo esqueleto. Asas, motores e sistema eléctrico são os últimos passos. Só a escolha do esquema de cores demorou um ano. No total, foram mais de mil horas de trabalho, em dois anos.

José Barnabé ainda está a construir o seu, um ultraleve Courier S7. Mas já montou outro, um Loehle Sport, num terceiro andar em Beja. Depois, foi retirado pela janela, com cordas. Para já, o Courier é apenas um esqueleto. Com um ferro de engomar, José enrijece a tela de uma das portas. Em cima da mesa de trabalho estão os três manuais, um teórico e dois práticos. Num cavalete, a asa de doze nervuras está parcialmente coberta com uma folha de alumínio. Já vai em quatro meses de trabalho, mas ainda falta ano e meio. No final, ter-lhe-á custado 45 mil euros.

O RV – 9 de Carlos Trigo, 55 anos, já está montado, depois de sete anos de trabalho na garagem da sua casa. Custou mais de 80 mil euros.

“Depois de tudo pronto, meti as asas num camião, a fuselagem num atrelado e no hangar do aeródromo fiz a montagem final”, recorda. O painel do avião do engenheiro civil de 55 anos tem GPS, piloto automático e até um leitor de CD e DVD e um painel solar para carregar as baterias. O kit veio da Florida, mas o motor é de um automóvel Subaru, adaptado para o seu avião.
Henrique Gonçalves, 57 anos, juntou-se à SÁBADO, no aeródromo de Santa Cruz, por ar. Demorou 15 minutos entre Cascais e Torres Vedras, a bordo do seu RV9, semelhante ao de Carlos Trigo. Ao contrário dos outros, a família não foi compreensiva.

“Costumo dizer que os aviões custaram o preço do kit e um casamento. Valeu-me um divórcio”, conta. Demora 1h40 até Bragança, de onde é natural. Os conterrâneos não estranharam quando viram o agente imobiliário chegar por ar:

“Eles sabiam que sou apanhado por aviões e um dia ia aparecer numa máquina voadora”.