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Mensagem por Vitor mango Sáb Out 30, 2010 10:21 am

Luísa

Os pais da Luísa tinham uma grande fazenda de café na província do Uíge, mesmo junto à fronteira com o Congo.
Partiram da aldeia onde tinham nascido e casado, saturados de beijar a mão ao Padre que governava todas as vidas com o apoio do Chefe do Posto da Guarda Nacional Republicana.
Os primeiros meses naquelas terras desertas foram bem difíceis de passar, debaixo de uns panos de lona e rodeados de bicharada e negros que só entendiam o que lhes convinha.
Rapidamente se habituaram ao cheiro a catinga, mas o pior era quando os pretos falavam entre eles uma linguagem estranha e riam muito.
Só podiam estar a gozar os brancos…
Até os sipaios ao serviço da Administração da Circunscrição pareciam dançar quando marchavam…
No dia em que a casa ficou pronta, o pôr do sol veio dar com eles sentados no alpendre à sombra das acácias.
Muito ao longe, atrás de árvores frondosas, conseguiam ver as pequenas cubatas dos sipaios, com as suas muitas mulheres a tagarelarem todo o dia, e os grandes telheiros onde se abrigavam os negros contratados para os trabalhos públicos.
O destino dos negros tinha mudado. Os brancos eram agora os donos das terras, e os comerciantes já nem sequer pagavam aos sobas para exercer o comércio…
Os sipaios apareciam nas sanzalas, de farda e espingarda, a falar em nome das autoridades.
- É branco do Governo que manda! - diziam eles invadindo as cubatas para levar negros para irem trabalhar para os brancos.
Agora, eram os pais da Luísa que governavam com o apoio do Administrador da Circunscrição…

----------------
Luísa nunca mais esqueceria aquele clima húmido, a época das chuvas, os meses secos e o cacimbo a que chamavam o tempo frio.
Com o ínicio das movimentações nacionalistas em Angola, os pais enviaram-na para um colégio de freiras em Luanda para ficarem mais descansados.
Aproximavam-se as férias da Páscoa e aguardava ansiosa que os pais a mandassem buscar.
A 15 de Março começa a loucura.
Os guerrilheiros da UPA aos gritos “UPA, UPA, mata, mata” espalham o terror a uma velocidade vertiginosa. Homens degolados, cabeças espetadas em estacas, mulheres esventradas com paus aguçados cravados no sexo, crianças esquartejadas ainda nos berços, num cenário cruel.
Ao cheiro do sangue acudiam os porcos, que se lambuzavam nas vísceras das vítimas. Num dia, a UPA ocupa mais de cem mil quilómetros quadrados.
Nas vilas, depois das primeiras investidas, a população organiza-se, e usa as armas de caça para se defender. O rasto de sangue estendeu quase até Luanda.
Quando o Exército Português se organiza e começa a reocupar as zona tomadas, não sabe para onde se virar.
As povoações estavam em ruínas, as fazendas queimadas e as colheitas destruídas.
Nesse dia, os pais de Luísa estavam ainda na cama, com as portas encostadas no trinco e as janelas escancaradas para se aliviarem do bafo quente e húmido da noite, quando foram avisados pelos trabalhadores Bailundos - povo do sul que vinha trabalhar por contrato.
Mal tiveram tempo de se vestir e fugir para o mato. Chovia muito, as terras estavam alagadas e os riachos transbordavam. Sobrevivem vários dias alimentando-se de goiabas, bananas e frutos silvestres até serem encontrados pelo Exército.
Os quinhentos anos de civilização, paz e abundância, como dizia Salazar, tinham sido pagos com cerca de oito mil mortos…


Última edição por Vitor mango em Qua Nov 17, 2010 1:56 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Vitor mango Sáb Out 30, 2010 10:26 am

Quando o Exército consegue controlar a situação, regressam à fazenda com novas idéias.
A miúda ia para a Metrópole, e eles quando reunissem um pé de meia suficiente iam também de vez.
Mas em Angola circulavam os Escudos Angolanos - Angolares - e todas as exportações, incluindo o café eram pagos em Angolares.
Os colonos fugiam dos Angolares e queriam Escudos Metropolitanos cuja procura se acentuou com a insegurança causada pela guerra. O mercado negro do Escudo florescia em Angola.
Mas afinal a guerra nem era tão má como parecia...
Usando o mercado negro do Escudo e as vendas directas de café a importadores estrangeiros, os pais de Luísa foram comprando prédios na Metrópole.
Luísa podia ir para o melhor e, em Lisboa, o melhor era o Colégio de Freiras que a esposa do Governador tinha frequentado.
Muito pediu Luísa para ficar antes com a tia Maria do Amparo de que tanto gostava...
- Pede tudo menos isso... Pelo amor de Deus !... - respondiam sempre os pais, com medo que o tio Alfredo entrasse de repente.
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Alfredo - tio da Luísa - saíra do Alentejo sem um centavo quando decidiu tentar a sorte em Angola.
Trabalhou como um louco até ter helicóptero, casas em Luanda, vivenda no Mussulo, e uma fortuna tal que lhe permitiu oferecer ao irmão a maior fazenda de café do Uíje.
Quando tem tudo, casa por procuração com Maria do Amparo, que embarca no Niassa e se junta a ele passado um mês. Vinha curiosa por novos mundos, mas o ar quente e húmido, e o cheiro adocicado de manga foram a sua perdição…

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O Martinho tinha chegado ao Uíje, terra de montanhas onde na sombra das grandes árvores crescia o arbusto do café, riqueza para os colonos e escravidão para muitos.
Começou como capataz da roça, mas em breve se tornou o homem de confiança de Alfredo, chegando a administrar a justiça às centenas de Bailundos que por ali andavam a contrato.
Martinho vinha habituado de em Portugal só ter gente acima dele e ainda não conseguira aceitar ter ali tanta gente abaixo dele…
Talvez por isso, tratava os trabalhadores da roça como seres humanos, mas Maria do Amparo ficou deslumbrada com tanta bondade.
O mato do Uíje era o refúgio de todas as cobras, desde a terrível Surucucu à pequena mas fulminante Buta, cuja picada matava num minuto.
Uma tarde, um trabalhador apareceu com um braço decepado, a sangrar.
Estava na colheita do café, quando a Buta, escondida entre as folhas e parecendo um raminho seco, mordera a mão que procurava os bagos.
O negro só teve tempo de cortar o braço com a catana, antes que o veneno começasse a circular no sangue.
A violência do acontecimento deixou Maria do Amparo tão transtornada, que só os carinhos de Martinho a conseguiram acalmar…
A partir dessa altura, quando o marido saía por uns dias, Maria do Amparo partilhava a cama com Martinho, sem disfarces nem cuidados.
Os meses foram passando até que um dia Martinho desapareceu e Maria do Amparo foi mandada para Lisboa com marcas de chicote nos braços e nas mãos.
Luísa tinha oito anos de idade, mas gostava tanto da tia que chorou durante muitos dias depois da sua partida...
Vitor mango
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Mensagem por Vitor mango Sáb Out 30, 2010 10:36 am

O Colégio funcionava em regime de internato feminino e externato misto.
Os pais tinham vindo com Luísa a Lisboa, para conhecer o Colégio e tratar do futuro...
A abertura de uma conta colectiva tinha sido um acontecimento excitante, mesmo sabendo que só a poderia movimentar após os 18 anos.
Esperavam já havia dez minutos, quando uma irmã anunciou que seriam atendidos imediatamente.
Luísa sentia cada vez mais a tristeza que parecia transbordar daquelas paredes taciturnas e escuras.
A espera já tinha consumido toda a alegria que os pais lhe tentavam incutir desde a entrada naquele edifício que se assemelhava a uma prisão.
Finalmente, um homem alto e magro, de saias compridas - o Padre Director - entrou na sala, com uma mansidão displicente.
Sem grandes rodeios, quis saber dos costumes da família, da educação da menina e principalmente da instrução religiosa.
- Sr. Padre, estamos longe de tudo... - justificava o pai.
- Deus está em todo o lado... - corrigia o Director. - Bem, mas ainda está em idade de encontrar o bom caminho. . .
Algo transpareceu no semblante do pai de Luísa que fez o Padre Director temer pela mensalidade que se adivinhava generosa...
- Mas está muito educadinha, nem parece que viveu na selva...
O Director não estava mesmo nos seus melhores dias...
A partida dos pais pareceu-lhe um sonho mau que passou a pesadelo ao conhecer o interior do colégio.
Da capela vinha uma música monótona e nostálgica que aumentava a tranquilidade dos pátios desertos.
- Luísa, sabe rezar ?...
Não sabia o que dizer.
- A mãe não lhe ensinou?...
- Não... - balbuciou.
- Jesus gosta de ti na mesma...
Chegaram à sala de estudo onde a deixou com a freira. As paredes nuas censuravam todos os sonhos proibidos.
Quando Luísa voltou a ver o Padre director do Colégio, já sabia que ele era conhecido por Pirata - tinha um olho de vidro sobre o qual nada se sabia.
Era um professor que na sala de aula gostava de se ouvir. Tinha tanta coisa importante para dizer que falava, falava, falava...
Misturava a filosofia com histórias de santos e experiências pessoais. Luísa após a primeira aula deixou de dar atenção ao homem.
Um dia o Colégio recebeu a visita de um Bispo, uma Excelência Reverendíssima.
O Auditório estava repleto de alunos, professores, pais, autoridades locais e convidados. O ambiente era de gala e de grande solenidade de acordo com aquela grande cerimónia.
Para preparar a audiência, falaram vários oradores menores, até que chegou a vez do Pirata.
No meio dum silêncio sepulcral, lá começou a debitar o seu arrazoado desajeitado. As frases saíam a saca-rolhas, numa sequência penosa, até que embatucou de todo.
Naqueles momentos de agonia, Sua Excelência Reverendíssima ia afagando carinhosamente uma criança que tinha no colo.
O Pirata sofria e, ao fim de alguns segundos que pareceram séculos, lá conseguiu voltar a falar.
- É ... é ... tenho dito. - e abandonou o palco às arrecuas.
A partir daquele dia, as redacções acabavam quase sempre com “tenho dito...”
O Pirata nunca mais foi a mesma pessoa..
Os castigos mais leves consistiam em limpar todo o pátio, assistir à Missa Matinal, ou ficar a estudar durante o recreio.
Luísa já constatara que a limpeza do pátio era um castigo certo todos os dias...
O perdão era com Deus... Não competia aos Padres nem às Freiras ultrapassar as suas competências, pelo que ninguém era perdoado.
Quando os pais de alguma interna se atrasavam na mensalidade, a irmã fazia uma visita à sala de aulas.
- Menina Mariana, o colégio ainda não foi pago, é favor avisar seus pais, imediatamente !...
Entregava um papel à visada e saía calmamente.
Luísa vivia aterrorizada, receando ouvir um dia o seu nome.
Continuaria durante muitos anos a recordar aquela brutalidade...
……………………………………
O Padre Ferrão aplicara-lhe como castigo, elaborar uma composição sobre os Pecados Capitais.
Depois de consultar o tema na biblioteca dormiu mal durante duas noites por ter ficado muito impressionada com o Inferno.
Nunca tinha pensado que existissem tantos pecados diferentes.
Todos os terrores dos primeiros dias de interna no Colégio regressavam agora reforçados pela idéia do Inferno.
Já tinha desconfiado que tudo que sabia bem, ou era pecado ou fazia mal à saúde...
Os pecados podiam ser Veniais ou Mortais...
Até deitar a língua de fora quando a professora estava de costas era pecado...

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Mensagem por Vitor mango Seg Nov 15, 2010 6:19 am

Conforme crescia, o calvário ia sendo atenuado pelas visitas a Angola. A situação de desafogo económico dos pais permitia viagens cada vez mais freqüentes.
Mas o regime de internato no Colégio era rígido e a formação religiosa predominava sobre qualquer outro aspecto.
Para as freiras a salvação só se obtinha no claustro, na capela, na oração... O mundo lá fora, estava cheio de tentações e perigos...
Já com 15 anos, Luísa detectava desconfiança nas freiras quando demonstrava afinidades com alguma colega e passavam a estar muito tempo juntas.
Na confissão, o Padre Ferrão - guia espiritual das alunas internas - perguntava-lhe se tinha amizades particulares ou pensamentos impróprios de uma menina...
Os assuntos referentes a sexo eram tabus e aproveitavam todas as ocasiões para lembrar que os pecados podiam ser cometidos por pensamentos, palavras e omissões.
As leituras na biblioteca estavam fiscalizadas e os romances eram mal vistos.
A correspondência era controlada. As Cartas dos namorados só eram permitidas com a autorização expressa dos pais, e nunca escapavam à leitura das freiras.
A dura disciplina e uma vigilância permanente desenvolviam em Luísa uma revolta interior que disfarçava com um fingimento cada vez mais refinado.
O autoritarismo exagerado, a mediocridade pedagógica dos Padres e a orientação religiosa fanática eram muito fáceis de manipular...

Acordara com os soluços de Marisa. Era uma das três colegas com quem dividia o quarto e que tinha chegado ao Colégio no dia anterior.
- Deus é o culpado... - murmurava.
- Marisa... - chamava Luísa. - Estás bem ?...
- Deus é o culpado... e o meu pai também... - repetia.
Luísa, contrariando todas as regras, foi sentar-se na cama dela tentando confortá-la para que deixasse de chorar.
Os soluços não diminuíram enquanto não a abraçou, solidária com tanta dor.
Adormeceu de exaustão e Luísa, com medo de a acordar, continuou ali, a perguntar porque não actuava Deus.
Para Luísa a culpa tinha sido do Dr. Silveira.
A mãe da Marisa e o Dr. Silveira eram esquisitos...
Sorriam muito e abraçavam toda a gente, mas não gostavam de ninguém.
Deus e a mãe de Marisa tinham sempre castigos apropriados para todas as falhas. Mas o pai não. Seria o melhor pai do mundo sem aquele cheiro a álcool que emanava sempre dele.
Um dia encontrara-o no café da rua, sentando a um canto, parado de olhar caído. Riu quando lhe beijou o seu rosto suado com aquele cheiro de álcool cada vez mais forte.
Deus era culpado...
A mãe trabalhava de noite e chegava sempre muito tarde, cansada. Vestia roupas muito curtas e abusava da pintura.
A mãe de Marisa era cruel quando discutia, e o pai chorava.
Foi o Dr. Silveira que lhe tinha arranjado lugar no Colégio.
Deus via tudo e não fazia nada...
Agora Marisa só queria encontrar-se com Deus e com o Dr. Silveira, para ver se eles tinham coragem de a olhar nos olhos.
-----------------------------
O Dr. Silveira tinha dezassete anos, quando, numa festa de amigos, começou a beber cerveja.
Foi um passo até ficar alcoólico, e o início de uma vida de sofrimento com várias falências, acidentes de carro, prisões, agressões e tentativas de suicídio.
O pai tinha uma empresa de construção civil, que conseguia gerir ao mesmo tempo que o ajudava a tirar um curso superior, o que acabou por acontecer.
Apesar de tudo, aos vinte e seis anos era o Director Financeiro da empresa e tinha um apartamento à beira-mar e um bom carro à porta.
Mas ao álcool seguiu-se a droga..
O apartamento era frequentado pela fina flor dos traficantes, ladrões, prostitutas e homossexuais. O Dr. Silveira e a mulher viviam no fio da navalha e o casamento acabou num lamaçal de adultério e prostituição.
Depois de uma tentativa de suicídio, passou quatro meses na droga, sem se cuidar.
Abandonou a casa dos pais, a família e os poucos amigos. Deambulava pelas ruas, de esquina em esquina, pedindo esmola para comprar droga.
Uma dose adulterada levou-o ao hospital, e uma réstia de lucidez ajudou-o a perceber que precisava de ajuda.
Pediu socorro aos pais e ingressou numa clínica de recuperação disposto a curar-se.
Recuperou tudo na vida e tiveram a Mariana, a primeira filha.
Aos domingos faziam churrascadas na casa da praia com os amigos e tudo estava bem. Tão bem que um dia resolveu tomar uma cerveja.
Seis meses depois tinha perdido tudo de novo e estava atolado nas drogas. Não tinha nem casa, nem mulher, nem filha...
Em casa dos pais, trancou-se no quarto para morrer de uma vez com uma overdose.
Tinha-se transformado num verme que rastejava atrás da droga.
Vinte e seis anos depois da primeira cerveja, era um farrapo humano com vários acidentes de carro, duas tentativas de suicídio, quatro detenções com agressões e humilhações, seis separações da mesma mulher, hospitais, clínicas de recuperação e muita dor e sofrimento.
Mais uma vez os pais o salvaram e o mantiveram dois meses numa clínica onde lhe detectaram uma dependência química que era a causa de toda a sua infelicidade.
Precisava de terapia para conseguir ter uma vida normal.
Não conseguiu recuperar nem a filha nem a mulher, que tinha reorganizado a sua vida.
Conhecia a mãe da pequena Marisa, que se prostituía para manter a casa e o marido alcoólico.
Sentiu a necessidade de ajudar e começou por chamar a si os encargos com o Colégio para a pequena Marisa...
Luisa conseguira encontrar a tia Maria do Amparo e mantinham estreito contacto através de uma aluna externa de confiança, que era generosamente recompensada para assegurar a lealdade.
Não sabia explicar aquele carinho pela tia, talvez mesmo superior ao que sentia pelos pais.
Os momentos passados no Aeroporto de Lisboa antes e depois das viagens eram encontros que viviam com grande alegria.
- Quando fizer dezoito anos, passo a externa e vou viver com a tia !... - todas as despedidas acabavam com aquela promessa.
- O teu pai não vai deixar...
- Ninguém vai mandar na minha vida...
Natacha - nome artístico - sabia que aquele dia de frio e chuva era mau para o negócio. Vestiu uma mini saia preta, botas de cano alto, top dourado, e meias com cinto de ligas.
Guardou o porta chaves de prata que João Fintas lhe deixara na hora da despedida.
Tantos meses passados e ainda sofria quando recordava o dia em que o seu homem, simplesmente se levantou da cama e saiu para nunca mais voltar.
Como podia um homem tão sensível e carinhoso partir assim?...
Parou à porta do Bar e olhou para o movimento da rua, avaliando a concorrência.
Um Mercedes azul escuro com vidros fumados aproxima-se. Quando o vidro baixa, ela reconhece o Padre Ferrão...
As voltas que a vida dá...
Recordava o Padre Ferrão no Colégio de Freiras a ensinar que o castigo para os pecadores era ficarem para sempre no inferno com fogo por todo o corpo.
Entrou no carro - depois do convite que parecia uma ordem - ainda surpreendida por aquela coincidência.
O Padre não desviava os olhos da estrada, em silêncio...
Natacha conhecia histórias cheias de vida e de todas sabia guardar os segredos.
Os seus homens queriam apenas carinho e ser ouvidos...
O João Fintas tinha sido um deles...

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Mensagem por Vitor mango Sáb Set 08, 2012 11:07 am

and

_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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