o elefante na sala
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o elefante na sala
o elefante na sala
nesta conversa toda sobre o índice de desenvolvimento humano de 2010 e a respectiva cobertura jornalística em portugal, o que mais me fascina nem sequer é a costumeira reacção virulenta e azeda dos jornalistas quando alguém -- sobretudo se for jornalista -- se atreve a criticar o jornalismo (alguém algum dia me há-de explicar por que motivo os membros de uma corporação acham mais chocante que seja um membro a criticá-la que um não membro; no caso da dos jornalistas, que têm como profissão ser watchdog de toda a gente, esta particularidade ainda surge mais idiota), e os brados igualmente vezeiros de 'querer-se discutir o jornalismo para não discutir os factos', como se, desde o início, o problema não fosse a factualidade.
não. o melhor de tudo é que a ideia de que quem consome jornalismo -- essa coisa chamada público -- ficou com uma ideia totalmente errada do assunto em apreço não parece incomodar minimamente a maioria dos jornalistas tão preocupados com 'os ataques ao jornalismo'.
claro que não existe maior ataque ao jornalismo que a prova de que todos os meios de um país mergulham de cabeça na primeira notícia errada ou inexacta que lhes apareça à frente e que, pior ainda, grande parte nem se dá ao trabalho de emendar o erro -- quiçá por achar que não deve chamar a atenção para coisas dessas, tipo, os erros do jornalismo os outros, que não os jornalistas, que se ocupem deles, que a malta anda aqui é para apanhar os erros dos não jornalistas.
acresce que no caso do idh o acesso e a verificação eram facílimos e abertos a todos e portanto o erro é sindicável -- mas em muitos outros casos, pela natureza das fontes e das matérias, não há forma de sindicar ou checkar a fiabilidade da informação. o que nos deixa apenas duas hipóteses: acreditar ou não acreditar. como se se tratasse de uma questão de fé.
percebo que haja quem queira tratar o jornalismo como uma religião, com as suas leis da blasfémia e as suas verdades convenientes. percebo também que para disfarçar isso se acusem os que não alinham de serem eles os mistificadores e os perseguidores: é assim com todas as religiões. mas quem assim pensa (?) e funciona pode ser muita coisa e fazer muita coisa -- vendedor de manchetes, moço de recados das fontes, garganta superficial disto e daquilo, spin doctor, etc --, mas não é jornalista nem faz jornalismo.
f no Jugular
nesta conversa toda sobre o índice de desenvolvimento humano de 2010 e a respectiva cobertura jornalística em portugal, o que mais me fascina nem sequer é a costumeira reacção virulenta e azeda dos jornalistas quando alguém -- sobretudo se for jornalista -- se atreve a criticar o jornalismo (alguém algum dia me há-de explicar por que motivo os membros de uma corporação acham mais chocante que seja um membro a criticá-la que um não membro; no caso da dos jornalistas, que têm como profissão ser watchdog de toda a gente, esta particularidade ainda surge mais idiota), e os brados igualmente vezeiros de 'querer-se discutir o jornalismo para não discutir os factos', como se, desde o início, o problema não fosse a factualidade.
não. o melhor de tudo é que a ideia de que quem consome jornalismo -- essa coisa chamada público -- ficou com uma ideia totalmente errada do assunto em apreço não parece incomodar minimamente a maioria dos jornalistas tão preocupados com 'os ataques ao jornalismo'.
claro que não existe maior ataque ao jornalismo que a prova de que todos os meios de um país mergulham de cabeça na primeira notícia errada ou inexacta que lhes apareça à frente e que, pior ainda, grande parte nem se dá ao trabalho de emendar o erro -- quiçá por achar que não deve chamar a atenção para coisas dessas, tipo, os erros do jornalismo os outros, que não os jornalistas, que se ocupem deles, que a malta anda aqui é para apanhar os erros dos não jornalistas.
acresce que no caso do idh o acesso e a verificação eram facílimos e abertos a todos e portanto o erro é sindicável -- mas em muitos outros casos, pela natureza das fontes e das matérias, não há forma de sindicar ou checkar a fiabilidade da informação. o que nos deixa apenas duas hipóteses: acreditar ou não acreditar. como se se tratasse de uma questão de fé.
percebo que haja quem queira tratar o jornalismo como uma religião, com as suas leis da blasfémia e as suas verdades convenientes. percebo também que para disfarçar isso se acusem os que não alinham de serem eles os mistificadores e os perseguidores: é assim com todas as religiões. mas quem assim pensa (?) e funciona pode ser muita coisa e fazer muita coisa -- vendedor de manchetes, moço de recados das fontes, garganta superficial disto e daquilo, spin doctor, etc --, mas não é jornalista nem faz jornalismo.
f no Jugular
Viriato- Pontos : 16657
Re: o elefante na sala
Como fazer um bom título segundo o Público
A apetência para o jornalismo político-partidário do Público é de todos conhecida.
Desta vez, não tendo conseguido arranjar melhor maneira de dar a volta à questão, resolveram publicar uma notícia com este título:
Este apelo à grande crise que nos abala e que, este Natal tal como no do ano passado, irá levar inúmeras famílias da classe média a esgotar os stocks de televisores LCD e de telemóveis topo-de-gama das superfícies comerciais, chega a comover. Não a mim, lamento.
A questão é que o jornal Público faz estes títulos de apelo a uma situação de crise asfixiante que assola toda a população, procurando (digo eu) desviar a atenção do que a notícia verdadeiramente veicula.
Antes de desatarmos em pranto por não termos dinheiro para o bacalhau da consoada, olhemos a alguns dados relevantes constantes deste estudo:
1) A redução expectável é de cerca de 6%, correspondendo, em termos médios, a menos de €40;
2) Em termos médios, os Portugueses gastarão mais €105 (22%) do que os Alemães e mais €165 (40%) do que os Holandeses;
3) Nos últimos anos, atentos os custos dos Portugueses com a época natalícia, a parcela destinada a aquisição de bens / presentes (onde se inclui o belo do televisor LCD ou o telemóvel da moda) disparou, a par de uma acentuada descida em custos com lazer (onde se incluem as tradicionais refeições de convívio natalício).
Realmente, para muitos, a pior crise não é a financeira.
Em Estado de Alma
A apetência para o jornalismo político-partidário do Público é de todos conhecida.
Desta vez, não tendo conseguido arranjar melhor maneira de dar a volta à questão, resolveram publicar uma notícia com este título:
Este apelo à grande crise que nos abala e que, este Natal tal como no do ano passado, irá levar inúmeras famílias da classe média a esgotar os stocks de televisores LCD e de telemóveis topo-de-gama das superfícies comerciais, chega a comover. Não a mim, lamento.
A questão é que o jornal Público faz estes títulos de apelo a uma situação de crise asfixiante que assola toda a população, procurando (digo eu) desviar a atenção do que a notícia verdadeiramente veicula.
Antes de desatarmos em pranto por não termos dinheiro para o bacalhau da consoada, olhemos a alguns dados relevantes constantes deste estudo:
1) A redução expectável é de cerca de 6%, correspondendo, em termos médios, a menos de €40;
2) Em termos médios, os Portugueses gastarão mais €105 (22%) do que os Alemães e mais €165 (40%) do que os Holandeses;
3) Nos últimos anos, atentos os custos dos Portugueses com a época natalícia, a parcela destinada a aquisição de bens / presentes (onde se inclui o belo do televisor LCD ou o telemóvel da moda) disparou, a par de uma acentuada descida em custos com lazer (onde se incluem as tradicionais refeições de convívio natalício).
Realmente, para muitos, a pior crise não é a financeira.
Em Estado de Alma
Viriato- Pontos : 16657
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