O que levou os EUA a injetar US$ 600 bi na economia do país e o efeito ao redor do mundo
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O que levou os EUA a injetar US$ 600 bi na economia do país e o efeito ao redor do mundo
O que levou os EUA a injetar US$ 600 bi na economia do país e o efeito ao redor do mundo
Nos EUA, o BC americano vai fabricar US$ 600 bilhões para comprar títulos públicos. A interferência na economia americana é o capítulo mais recente do que alguns economistas chamam de guerra cambial.
Rodrigo Alvarez Nova York, EUA
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Imaginem só o que aconteceria se, de repente, começassem a jogar dólares de um helicóptero sobre Nova York. A ideia de uma chuva de dinheiro sobre a capital financeira dos Estados Unidos fala mais do que, digamos, 600 bilhões de palavras.
Quando os dólares caem do céu, ou seja, quando o Banco Central americano resolve fabricar papel-moeda e inundar a economia com dinheiro, o que acontece é que o dólar fica mais barato no mundo inteiro.
Em termos financeiros, o que o Banco Central americano vai fazer nos próximos meses é ligeiramente mais complicado: ao fabricar US$ 600 bilhões para comprar títulos da dívida de longo prazo, que estão nas mãos dos bancos privados, ele dá dinheiro pra esses bancos que podem conceder empréstimos ainda mais fáceis para os consumidores, mesmo que isso gere inflação. Neste momento, ninguém, afinal, se preocupa com isso.
Esse efeito demora algum tempo pra ajudar a economia, mas existe um outro que chega rápido como injeção na veia: ao usar esses US$ 600 bilhões para comprar títulos públicos, o Banco Central americano, que já mantém os juros básicos em zero, promove uma queda nos juros de longo prazo, os únicos que ainda atraíam o investidor estrangeiro. Com isso, eles migram pra economias que pagam juros maiores, ou muito maiores, como o Brasil.
"O afrouxamento monetário promove uma desvalorização do dólar e isso certamente afeta outros países", explica Dean Maki, economista-chefe do banco Barclays nos Estados Unidos. "As moedas desses outros países tendem a ficar mais caras".
Desde o começo de 2009, quando os Estados Unidos começaram a jogar dinheiro na economia, a moeda brasileira foi uma das que mais valorizaram no mundo, atrás da Austrália e África do Sul e à frente da Nova Zelândia, Chile e Colômbia.
Por fim, as autoridades americanas esperam que o dólar barato ajude suas empresas a exportar mais, gerar empregos e, quem sabe, recuperando uma economia nocauteada por mais de dois anos de crise.
O problema é que, quando um país interfere assim tão direta e violentamente na economia, outros países podem entender como concorrência desleal. No Brasil, ninguém tem dúvida de que o nome disso é guerra: guerra cambial.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou com todas as letras em 27 de setembro: "Nós vivemos hoje praticamente uma guerra comercial, uma guerra cambial". E a futura presidente, Dilma Rousseff, já bateu os tambores: “Todos os países que não são a China e os Estados Unidos percebem que há uma guerra cambial. E aí eu quero dizer para vocês: numa situação dessa, não tem solução individual”.
O assunto também virou prioridade na agenda do presidente americano. Na Índia, nesta segunda-feira, Barack Obama defendeu um equilíbrio maior no comércio internacional, sugerindo que China e Alemanha deveriam reduzir seus superávits, ou seja, comprar mais dos Estados Unidos.
Mas os economistas ouvidos pelo Jornal da Globo em Nova York defendem o Banco Central americano. Para eles, não existe guerra cambial. "O que o Banco Central americano está fazendo certamente pode ser defendido do ponto de vista econômico. Não acho que seja nada desleal. Ele está cumprindo sua obrigação: ao perceber que o desemprego está alto e a inflação mais baixa do que deveria, o Banco Central faz o que acha certo para a economia americana", diz Maki.
Paulo Vieira da Cunha já foi do Banco Central brasileiro e acha que a decisão americana está dentro das regras do jogo. "A responsabilidade maior do Fed é com o que está acontecendo nos Estados Unidos. O fato de ele ser uma economia muito grande, muito importante, tem repercussões mundiais, mas não é por isso que eles vão deixar de fazer o que é importante para eles fazerem", diz o especialista em mercados emergentes da Tandem Global Partners.
Mas, se nos bancos de Nova York, fabricar dinheiro para salvar a economia faz sentido, a crítica que vem da concorrência é impiedosa: os Estados Unidos estariam metidos numa crise profunda e usando armas inaceitáveis.
Assim, a reunião do G-20 promete se transformar num fórum nada amistoso sobre dólar, câmbio e exportações. Bom, será que já dá pra chamar de guerra?
Nos EUA, o BC americano vai fabricar US$ 600 bilhões para comprar títulos públicos. A interferência na economia americana é o capítulo mais recente do que alguns economistas chamam de guerra cambial.
Rodrigo Alvarez Nova York, EUA
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Imaginem só o que aconteceria se, de repente, começassem a jogar dólares de um helicóptero sobre Nova York. A ideia de uma chuva de dinheiro sobre a capital financeira dos Estados Unidos fala mais do que, digamos, 600 bilhões de palavras.
Quando os dólares caem do céu, ou seja, quando o Banco Central americano resolve fabricar papel-moeda e inundar a economia com dinheiro, o que acontece é que o dólar fica mais barato no mundo inteiro.
Em termos financeiros, o que o Banco Central americano vai fazer nos próximos meses é ligeiramente mais complicado: ao fabricar US$ 600 bilhões para comprar títulos da dívida de longo prazo, que estão nas mãos dos bancos privados, ele dá dinheiro pra esses bancos que podem conceder empréstimos ainda mais fáceis para os consumidores, mesmo que isso gere inflação. Neste momento, ninguém, afinal, se preocupa com isso.
Esse efeito demora algum tempo pra ajudar a economia, mas existe um outro que chega rápido como injeção na veia: ao usar esses US$ 600 bilhões para comprar títulos públicos, o Banco Central americano, que já mantém os juros básicos em zero, promove uma queda nos juros de longo prazo, os únicos que ainda atraíam o investidor estrangeiro. Com isso, eles migram pra economias que pagam juros maiores, ou muito maiores, como o Brasil.
"O afrouxamento monetário promove uma desvalorização do dólar e isso certamente afeta outros países", explica Dean Maki, economista-chefe do banco Barclays nos Estados Unidos. "As moedas desses outros países tendem a ficar mais caras".
Desde o começo de 2009, quando os Estados Unidos começaram a jogar dinheiro na economia, a moeda brasileira foi uma das que mais valorizaram no mundo, atrás da Austrália e África do Sul e à frente da Nova Zelândia, Chile e Colômbia.
Por fim, as autoridades americanas esperam que o dólar barato ajude suas empresas a exportar mais, gerar empregos e, quem sabe, recuperando uma economia nocauteada por mais de dois anos de crise.
O problema é que, quando um país interfere assim tão direta e violentamente na economia, outros países podem entender como concorrência desleal. No Brasil, ninguém tem dúvida de que o nome disso é guerra: guerra cambial.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou com todas as letras em 27 de setembro: "Nós vivemos hoje praticamente uma guerra comercial, uma guerra cambial". E a futura presidente, Dilma Rousseff, já bateu os tambores: “Todos os países que não são a China e os Estados Unidos percebem que há uma guerra cambial. E aí eu quero dizer para vocês: numa situação dessa, não tem solução individual”.
O assunto também virou prioridade na agenda do presidente americano. Na Índia, nesta segunda-feira, Barack Obama defendeu um equilíbrio maior no comércio internacional, sugerindo que China e Alemanha deveriam reduzir seus superávits, ou seja, comprar mais dos Estados Unidos.
Mas os economistas ouvidos pelo Jornal da Globo em Nova York defendem o Banco Central americano. Para eles, não existe guerra cambial. "O que o Banco Central americano está fazendo certamente pode ser defendido do ponto de vista econômico. Não acho que seja nada desleal. Ele está cumprindo sua obrigação: ao perceber que o desemprego está alto e a inflação mais baixa do que deveria, o Banco Central faz o que acha certo para a economia americana", diz Maki.
Paulo Vieira da Cunha já foi do Banco Central brasileiro e acha que a decisão americana está dentro das regras do jogo. "A responsabilidade maior do Fed é com o que está acontecendo nos Estados Unidos. O fato de ele ser uma economia muito grande, muito importante, tem repercussões mundiais, mas não é por isso que eles vão deixar de fazer o que é importante para eles fazerem", diz o especialista em mercados emergentes da Tandem Global Partners.
Mas, se nos bancos de Nova York, fabricar dinheiro para salvar a economia faz sentido, a crítica que vem da concorrência é impiedosa: os Estados Unidos estariam metidos numa crise profunda e usando armas inaceitáveis.
Assim, a reunião do G-20 promete se transformar num fórum nada amistoso sobre dólar, câmbio e exportações. Bom, será que já dá pra chamar de guerra?
Vitor mango- Pontos : 118212
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