Saudação breve para uma menina numa Ilha Verde
Página 1 de 1
Saudação breve para uma menina numa Ilha Verde
Saudação breve para uma menina numa Ilha Verde
Eu te saúdo, Mafalda, eu te escrevo numa colina de Lisboa e sei que a tua casa se debruça também sobre o azul do Oceano Atlântico. Faço escritório na pastelaria onde há queques, queijadas e pastéis de nata. O teu olhar doce navega, vagaroso, nos metros quadrados do quarto, repetindo o olhar da tua mãe com a tua idade. Sei das tuas mãos em movimentos de patrulha, sentindo o tacto quente das mãos da avó, ansiosa por transmitir o calor da ternura nesta geografia. Também há altas pressões sentimentais, anti-ciclones de afecto, vulcões de carícias, ventos de paixão. Tu dormes o cansaço do trabalho de nascer, entraste exausta no mundo que te rodeia. O teu sono respira num ritmo igual ao das ondas; de sete em sete inspirações sai uma respiração lenta e profunda. Uma nesga de sol bate na árvore verde do teu Natal que vieste antecipar. O teu nome sonoro, a tua presença radiosa, a tua aposta na vida, são uma teimosa trilogia de afirmação num tempo triste de notícias sombrias. Há no teu olhar a herança de uma casa: entre as pedras do muro e as ondas da praia, entre o calor do forno e o frio da cisterna, entre as tulhas do celeiro e a adega de vinho com cheiro intenso. Mafalda, menina pequena, não sabes ainda que a vida é uma viagem cheia de cruzamentos, dúvidas e sinais difíceis de interpretar. Começas a balbuciar pequenas canções e vejo em ti a viajante destemida dos caminhos à tua espera. Tu serás o nosso juiz no futuro, nada desculparás e por isso a tua vida vai ser o nosso julgamento. Em teu nome vamos estar mais próximos da perfeição, da justiça, da lucidez e do amor. Porque, mesmo sem saber ainda, tu já sabes. Só há uma medida para o amor que é amar sem medida.
Publicado por jcf
Eu te saúdo, Mafalda, eu te escrevo numa colina de Lisboa e sei que a tua casa se debruça também sobre o azul do Oceano Atlântico. Faço escritório na pastelaria onde há queques, queijadas e pastéis de nata. O teu olhar doce navega, vagaroso, nos metros quadrados do quarto, repetindo o olhar da tua mãe com a tua idade. Sei das tuas mãos em movimentos de patrulha, sentindo o tacto quente das mãos da avó, ansiosa por transmitir o calor da ternura nesta geografia. Também há altas pressões sentimentais, anti-ciclones de afecto, vulcões de carícias, ventos de paixão. Tu dormes o cansaço do trabalho de nascer, entraste exausta no mundo que te rodeia. O teu sono respira num ritmo igual ao das ondas; de sete em sete inspirações sai uma respiração lenta e profunda. Uma nesga de sol bate na árvore verde do teu Natal que vieste antecipar. O teu nome sonoro, a tua presença radiosa, a tua aposta na vida, são uma teimosa trilogia de afirmação num tempo triste de notícias sombrias. Há no teu olhar a herança de uma casa: entre as pedras do muro e as ondas da praia, entre o calor do forno e o frio da cisterna, entre as tulhas do celeiro e a adega de vinho com cheiro intenso. Mafalda, menina pequena, não sabes ainda que a vida é uma viagem cheia de cruzamentos, dúvidas e sinais difíceis de interpretar. Começas a balbuciar pequenas canções e vejo em ti a viajante destemida dos caminhos à tua espera. Tu serás o nosso juiz no futuro, nada desculparás e por isso a tua vida vai ser o nosso julgamento. Em teu nome vamos estar mais próximos da perfeição, da justiça, da lucidez e do amor. Porque, mesmo sem saber ainda, tu já sabes. Só há uma medida para o amor que é amar sem medida.
Publicado por jcf
Viriato- Pontos : 16657
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos