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O triste Fado de Alegre

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O triste Fado de Alegre  Empty O triste Fado de Alegre

Mensagem por Vitor mango Qui Dez 23, 2010 1:57 am

O debate de ontem entre Alegre e Fernando Nobre era aguardado com muita expetativa pelas hostes alegristas. Confiavam que poderia marcar o início de uma nova etapa da campanha, mais favorável ao candidato socialista/bloquista. Resultado: a montanha pariu um rato. Um debate fraquíssimo. Dividiremos a análise em três pontos: aspecto formal, conteúdo do debate e o aspecto mais relevante. Assim:

1) No que concerne à forma, Fernando Nobre adotou novamente um estilo populista, apelando à sua experiência pessoal na ajuda humanitária internacional. Eu, pessoalmente, não gosto do estilo, mas admito que agrada a um eleitorado urbano, descontente com os políticos e com o sistema partidário, centrista a pender para a esquerda. Ou seja, do ponto de vista estritamente eleitoral, o discurso populista de Nobre é eficaz - por exemplo, tenho conhecimento de vários militantes do partido socialista que irão votar Nobre, por não aceitarem Alegre e que se sentem cativados com o discurso de Nobre. Aliás, basta visitar o site do PS ou a última edição da Acção Socialista para verificar o desencanto geral do partido com o seu candidato oficial - não há uma única referência ou apenas uma alusão incidental. Já Alegre, teve uma atuação desastrosa: sem convição, desanimado, sempre a reagir às intervenções de Nobre - e nunca a agir, a marcar o compasso do debate. Ficámos com a sensação de que Alegre já está conformado com a derrota, resignado com a inevitabilidade da reeleição de Cavaco Silva. Mais grave ainda: Alegre, teoricamente, é o único candidato de esquerda que terá (ou teria?) condições para forçar uma segunda volta, prevendo-se que, no pior cenário, não tenha menos de 20%. Fernando Nobre é o outsider que luta pelos 7%. Ora, ontem, Nobre parecia o candidato de 30% e Alegre o candidato sem nenhuma hipótese de vencer, que vale 7% ou menos! Foi um mundo de pernas para o ar, tal a submissão de Alegre a Fernando Nobre! O que se passou? Foi medo? Calculismo político em excesso? Desmotivação? A direcção de campanha de Alegre tem de ponderar muito bem o que se passou ontem (Duarte Cordeiro, o que andas a fazer?). Por outro lado, Nobre levanta muito a voz quando quer reforçar uma ideia, parecendo que está a gritar agressivamente com o espectador; Alegre no minuto final não olha nem para a câmara, nem para a jornalista - o olhar perdido algures no estúdio, o que retira força à argumentação. Concluindo, quanto à forma, Fernando Nobre esteve melhor.

2) Quanto ao conteúdo, o debate foi paupérrimo. Nobre tem um discurso muito anti-políticos - todavia, rapidamente, aprendeu os vícios dos políticos. Fernando Nobre é hoje um político no pior sentido do termo. Reparem: Nobre, em vez de estudar os problemas do país, ou ainda melhor, os poderes presidenciais e seus limites, foi estudar a carreira política e o percurso pessoal de Manuel Alegre! E parte substancial do debate incidiu sobre a biografia dos candidatos! Mas que raio de debate é este? É óbvio que o trabalho de casa foi bem feito: Nobre cilindrou um Alegre apático, que provou do seu próprio veneno - andou a criticar Cavaco pelo salazarismo, por consultar documentos da NATO e outras historietas... agora, apanhou em cheio com as suas contradições pessoais! É bem feito! Minha preocupação: nenhum dos candidatos faz a mínima - a MÍNIMA! - ideia dos poderes constitucionais do Presidente da República! O único que ainda tem um pensamento estruturado sobre a matéria e com o qual eu não concordo totalmente (explicarei porquê num dos próximos textos aqui no POLITICOESFERA)) é Cavaco Silva. E Alegre? Bom...Alegre perdeu por falta de comparência. É impressionante: Alegre não disse nada que ficasse! Nada que merecesse a pena reter! Falou da cátedra de Itália, enterrou-se completamente na questão da greve geral (então, os portugueses não precisam de saber a opinião do candidato porque os líderes sindicais sabem-na...alguém compra esta desculpa?) e - enfim! - lá teve uma tirada menos má quando disse que está preparado para unir os portugueses. Contudo, esta frase já é um cliché - porventura, o cliché mais ridículo da política portuguesa! Consequentemente, apesar de nenhum dos dois ter sido brilhante, Nobre - porque condicionou Alegre durante todo o debate - tem nota mais positiva também neste parâmetro.

3) O aspecto mais relevante do debate: Alegre está arrumado. Nem que o debate com Cavaco seja brilhante, os portugueses já não vão mudar o sentido de voto. O cenário para Alegre nos próximos dias será ainda mais complicado: o PS está-se a marimbar para a campanha presidencial e vai participar o mínimo possível, até para não hostilizar Cavaco; o BE, depois do êxtase inicial em torno da candidatura de Alegre acalmou, percebendo que ficará associado à candidatura do partido do governo, perdedora, enquanto o Partido Comunista marcou espaço próprio com Francisco Lopes que se tem saído bem - logo, já chegou à conclusão que é melhor não meter muito a cabeça nesta campanha por Alegre. E o próprio Alegre já nem aquele lado poético fascinante consegue apresentar - vê-se que está cansado, farto, ansioso pelo fim desta saga em que se meteu. Este país, este mundo, este tempo já não são nem o país, nem o mundo, muito menos o tempo de Alegre. Certamente, continuaremos a ter um insigne poeta. Com uma cátedra em Itália.
Avaliação do debate e dos candidatos

Tudo dito e ponderado, vamos às notas:

Debate - Fraquinho, fraquíssimo. Pela expetativa criada que redundou em frustação, vou dar insuficiente (negativa).

Fernando Nobre - Estilo populista, mas eleitoralmente eficaz e cumpre os seus mínimos olímpicos, pelo que vou atribuir suficiente menos (equivale a um 10).

Manuel Alegre - Uma autêntica desilusão. Precisa da pausa natalícia para recuperar e para se inspirar. E aconselho a estudar a Constituição da República Portuguesa para saber quais são os poderes presidenciais - para quem sabe os cantos dos Lusíadas, não deve ser uma tarefa complicada. Estava a pensar atribuir uma negativa fraca, mas como já estou cheio de espírito natalício, vou dar um insuficiente mais (equivale a um 8+ ou a um 9, numa escala de 0 a 20). Para dar o benefício da dúvida (vêem como sou simpático?).

Mail para sugestões ou opiniões: politicoesfera@gmail.com

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O triste Fado de Alegre  Empty Re: O triste Fado de Alegre

Mensagem por Vitor mango Qui Dez 23, 2010 2:00 am

Gostaria de informar que nao vi ate agora nenhum debate nem tenciono ver
Por varias razões
O Cavaco passeia-se porque nao tem opositor e ganha de certeza na 1ª volta
A unica atitude é nao ir votar ja que
Que... a situaçao deve-se ao cavaco muito mais que ao Ze socrates
Porque sendo ele Cavaco um expert em Economia e vendo o negro nos horizontes devian ter agido
mas fez exactamente o oposto tal como nos marikas
- Meus senhores eu nao alinho com casamentos gay mas vou aprovar
Vitor mango
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