Como as revoltas árabes mataram a narrativa da Al-Qaeda
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Como as revoltas árabes mataram a narrativa da Al-Qaeda
Mudança no mundo árabe
Como as revoltas árabes mataram a narrativa da Al-Qaeda
06.03.2011 - 16:28
Por Sofia Lorena
Os slogans destes movimentos têm sido uma rejeição explícita da mensagem da Al-Qaeda (Murad Sezer/Reuters)
A Al-Qaeda é um dos grandes derrotados das
revoltas árabes deste início de ano, mas não é certo que a organização
fundada há mais de 20 anos por Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri não
consiga encontrar oportunidades nos novos cenários abertos pelos
movimentos que já derrubaram dois ditadores e combatem agora o coronel
Muammar Khadafi na Líbia.
Estas revoltas "demonstraram que é
possível alcançar mudanças políticas significativas sem recurso à
violência terrorista", disse ao PÚBLICO Paul R. Pillar, que durante 30
anos analisou o Médio Oriente e os grupos terroristas para a CIA e hoje
está na Universidade de Georgetown. Nesse sentido, "são um golpe
importante na ideologia e na narrativa" da jihad" global.
Derrubar
os autocratas árabes aliados dos países ocidentais, com o egípcio Hosni
Mubarak à cabeça, foi desde sempre o objectivo principal da rede de Bin
Laden. Como única alternativa a estes regimes, denunciados como
corruptos e despóticos, a Al-Qaeda apresentava a sua interpretação do
islão. E nesta narrativa, a violência surgia como método exclusivo para
atingir qualquer mudança e quebrar o ciclo alimentado pelo apoio dos
Estados Unidos a estes regimes. Da mesma forma que em Washington e na
Europa cada um destes líderes era visto como a única alternativa aos
grupos islamistas - considerados, da Al-Qaeda à Irmandade Muçulmana,
igualmente assustadores.
Pillar avisa que é "demasiado cedo" para
proclamar o fim da Al-Qaeda, como fazem alguns analistas. "É uma
derrota total para a Al-Qaeda, que em mais de 20 anos foi incapaz de
desestabilizar regimes que manifestantes desarmados derrubaram em poucas
semanas na Tunísia e no Egipto", afirma, por seu turno, Jean-Pierre
Filiu, professor nas universidades Science Po (Paris) e Columbia (Nova
Iorque).
"Estas revoluções foram travadas sob slogans
democráticos, heréticos para os jihadistas. A Al-Qaeda tem tentado
aproveitar este novo cenário com a sua propaganda, mas a verdade é que
no mundo árabe já ninguém liga ao que Bin Laden e Zawahiri dizem", nota
ainda Filiu, numa entrevista por email.
O saudita apátrida
tem-se mantido em silêncio, mas o egípcio Zawahiri já surgiu a comentar
os acontecimentos recentes, tentado de forma quase desesperada
reivindicar um papel para Al-Qaeda nestas revoltas e apelando, em
simultâneo, à criação de um Estado islâmico no Egipto pós-Mubarak.
Entretanto,
também a Al-Qaeda no Magrebe veio declarar o seu apoio à sublevação
líbia, descrevendo-a como "guerra santa" e afirmando que faz sentido
derrubar Muammar Khadafi porque o general é um "inimigo de Deus".
"Lutámos constantemente e unicamente na vossa defesa", reclama ainda o
grupo, dirigindo-se aos civis que na Líbia decidiram que era tempo de se
revoltarem contra quem os oprimia, seguindo os exemplos dos vizinhos
tunisinos e dos egípcios.
Uma opção estratégica
Filiu,
autor de "Apocaypse in Islam", publicado já este ano nos Estados
Unidos, descreve os movimentos de revolta nos países árabes como
"democráticos, populares e inclusivos". E pacíficos, apesar de terem
sido "obrigados a recorrer à violência na Líbia pela repressão ordenada
pelo regime de Khadafi". Mas a guerra civil que se desenha na Líbia não
retira importância ao facto de "a paz" ter sido a opção "enquanto [esta]
foi viável". Para o professor especialista na rede de Bin Laden, esta
foi, da parte dos manifestantes nos vários países, uma "escolha
estratégica para confrontar a violência dos regimes reinantes, os seus
exércitos, as suas milícias e os seus mercenários".
É por isso
que Filiu vê nestes movimentos "a maior derrota infligida à Al-Qaeda
desde o nascimento da organização". Para que serve o grupo de Bin Laden
se a realidade demonstra que, afinal, a mudança não só é possível, como
pode acontecer em semanas, sem bombistas suicidas nem slogans
anti-América e anti-Israel?
Como as revoltas árabes mataram a narrativa da Al-Qaeda
06.03.2011 - 16:28
Por Sofia Lorena
Os protestos que já derrubaram dois
ditadores e agitam o Magrebe e o Médio Oriente surpreenderam tanto
Washington como o grupo de Osama bin Laden, cada vez menos relevante.
Os slogans destes movimentos têm sido uma rejeição explícita da mensagem da Al-Qaeda (Murad Sezer/Reuters)
A Al-Qaeda é um dos grandes derrotados das
revoltas árabes deste início de ano, mas não é certo que a organização
fundada há mais de 20 anos por Osama bin Laden e Ayman al-Zawahiri não
consiga encontrar oportunidades nos novos cenários abertos pelos
movimentos que já derrubaram dois ditadores e combatem agora o coronel
Muammar Khadafi na Líbia.
Estas revoltas "demonstraram que é
possível alcançar mudanças políticas significativas sem recurso à
violência terrorista", disse ao PÚBLICO Paul R. Pillar, que durante 30
anos analisou o Médio Oriente e os grupos terroristas para a CIA e hoje
está na Universidade de Georgetown. Nesse sentido, "são um golpe
importante na ideologia e na narrativa" da jihad" global.
Derrubar
os autocratas árabes aliados dos países ocidentais, com o egípcio Hosni
Mubarak à cabeça, foi desde sempre o objectivo principal da rede de Bin
Laden. Como única alternativa a estes regimes, denunciados como
corruptos e despóticos, a Al-Qaeda apresentava a sua interpretação do
islão. E nesta narrativa, a violência surgia como método exclusivo para
atingir qualquer mudança e quebrar o ciclo alimentado pelo apoio dos
Estados Unidos a estes regimes. Da mesma forma que em Washington e na
Europa cada um destes líderes era visto como a única alternativa aos
grupos islamistas - considerados, da Al-Qaeda à Irmandade Muçulmana,
igualmente assustadores.
Pillar avisa que é "demasiado cedo" para
proclamar o fim da Al-Qaeda, como fazem alguns analistas. "É uma
derrota total para a Al-Qaeda, que em mais de 20 anos foi incapaz de
desestabilizar regimes que manifestantes desarmados derrubaram em poucas
semanas na Tunísia e no Egipto", afirma, por seu turno, Jean-Pierre
Filiu, professor nas universidades Science Po (Paris) e Columbia (Nova
Iorque).
"Estas revoluções foram travadas sob slogans
democráticos, heréticos para os jihadistas. A Al-Qaeda tem tentado
aproveitar este novo cenário com a sua propaganda, mas a verdade é que
no mundo árabe já ninguém liga ao que Bin Laden e Zawahiri dizem", nota
ainda Filiu, numa entrevista por email.
O saudita apátrida
tem-se mantido em silêncio, mas o egípcio Zawahiri já surgiu a comentar
os acontecimentos recentes, tentado de forma quase desesperada
reivindicar um papel para Al-Qaeda nestas revoltas e apelando, em
simultâneo, à criação de um Estado islâmico no Egipto pós-Mubarak.
Entretanto,
também a Al-Qaeda no Magrebe veio declarar o seu apoio à sublevação
líbia, descrevendo-a como "guerra santa" e afirmando que faz sentido
derrubar Muammar Khadafi porque o general é um "inimigo de Deus".
"Lutámos constantemente e unicamente na vossa defesa", reclama ainda o
grupo, dirigindo-se aos civis que na Líbia decidiram que era tempo de se
revoltarem contra quem os oprimia, seguindo os exemplos dos vizinhos
tunisinos e dos egípcios.
Uma opção estratégica
Filiu,
autor de "Apocaypse in Islam", publicado já este ano nos Estados
Unidos, descreve os movimentos de revolta nos países árabes como
"democráticos, populares e inclusivos". E pacíficos, apesar de terem
sido "obrigados a recorrer à violência na Líbia pela repressão ordenada
pelo regime de Khadafi". Mas a guerra civil que se desenha na Líbia não
retira importância ao facto de "a paz" ter sido a opção "enquanto [esta]
foi viável". Para o professor especialista na rede de Bin Laden, esta
foi, da parte dos manifestantes nos vários países, uma "escolha
estratégica para confrontar a violência dos regimes reinantes, os seus
exércitos, as suas milícias e os seus mercenários".
É por isso
que Filiu vê nestes movimentos "a maior derrota infligida à Al-Qaeda
desde o nascimento da organização". Para que serve o grupo de Bin Laden
se a realidade demonstra que, afinal, a mudança não só é possível, como
pode acontecer em semanas, sem bombistas suicidas nem slogans
anti-América e anti-Israel?
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118184
Re: Como as revoltas árabes mataram a narrativa da Al-Qaeda
.
Está tudo a embandeirar em arco, ingénua, precipitada e irresponsavelmente.
Esquecem, que as mentalidades não mudam do dia para a noite, por mais florinhas com que as queiram enfeitar, à maneira de cada um. E isto apesar dos avisos de muito boa gente, muito mais por dentro do assunto, que a maioria dos comentadores.
Pessoalmente não auguro nada de bom, para o futuro desta gente, a começar pelos êxodos maciços, em direcção ao desconhecido, mas que nós sabemos qual é e a quantidade de problemas que acarreta... e isso só um cego não vê.
É caso para inquirir: Que raio de liberdade é essa?
Está tudo a embandeirar em arco, ingénua, precipitada e irresponsavelmente.
Esquecem, que as mentalidades não mudam do dia para a noite, por mais florinhas com que as queiram enfeitar, à maneira de cada um. E isto apesar dos avisos de muito boa gente, muito mais por dentro do assunto, que a maioria dos comentadores.
Pessoalmente não auguro nada de bom, para o futuro desta gente, a começar pelos êxodos maciços, em direcção ao desconhecido, mas que nós sabemos qual é e a quantidade de problemas que acarreta... e isso só um cego não vê.
É caso para inquirir: Que raio de liberdade é essa?
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Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
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