Os 14 pecados mortais do discurso de Cavaco
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Os 14 pecados mortais do discurso de Cavaco
Os 14 pecados mortais do discurso de Cavaco
Os pecados mortais são 7. Mas, no discurso de ontem, Cavaco Silva cometeu 7x2 pecados:
1.º Foi um discurso de facção, sectário, parcial e alinhado com a oposição. O discurso de um Presidente que decididamente não o é — nem quer ser — de todos os Portugueses.
2.º Foi um discurso de interferência na acção governativa, oferecendo um programa governativo e não um projecto moderador.
3.º Foi um discurso que efectua um diagnóstico truncado, enviesado e descontextualizado (quando não factualmente errado) da realidade. Entre outras coisas, ignorou a ocorrência da maior crise dos últimos 80 anos.
4.º Foi um discurso vazio de ideias, sem inovação, limitando-se a coleccionar um conjunto de críticas requentadas e a repetir até à exaustão os pontos de vista da oposição. Em suma, uma espécie de pastiche da retórica anti-Governo.
5.º Foi um discurso que chega a sugerir a importância de um entendimento político alargado, mas que adopta um tom de confrontação e atribuição de culpas (ora, não é com vinagre que se apanham moscas).
6.º Foi um discurso populista, que não resistiu à demagogia barata e à diabolização da classe política.
7.º Foi um discurso desleal para com o Governo legítimo do país.
8.º Foi um discurso sem grandeza, que desfiou números e estatísticas, mas ignorou áreas de responsabilidade directa do Presidente da República, como a política externa, a defesa nacional ou a autonomia regional — revelando, assim, uma visão paroquial e contabilística da função presidencial.
9.º Foi um discurso completamente inoportuno, para não dizer irresponsável ou mesmo anti-patriota: se há momento em que o país não precisa de conflito é o actual.
10.º Foi um discurso decadente, sem rasgo, de uma pobreza retórica sem paralelo. Um discurso que não tem qualquer referência à História, à língua ou à vocação dos portugueses no mundo. Um discurso que, em vez de citar algum dos nossos grandes poetas, cita o boletim do Banco de Portugal.
11.º Foi um discurso em plano inclinado, derrotista e lamuriento, que denigre o nosso país (ainda para mais, na presença de representantes estrangeiros) e que não oferece qualquer visão de esperança, sentido de futuro ou motivação inspiradora.
12.º Foi um discurso incoerente: que lamenta que os jovens tenham que emigrar, mas se vangloria com os prémios por eles obtidos no estrangeiro; que invoca a necessidade de reduzir a despesa pública, mas ao mesmo tempo diz que há limites para os sacrifícios e apela a que o Estado apoie diversos sectores.
13.º Foi um discurso insurreccional, apelando à sublevação popular e colando-se oportunisticamente ao descontentamento legítimo de alguns jovens. Um exemplo grotesco de aproveitamento político.
14.º Foi um discurso serôdio e monolítico, com referências passadistas aos valores da Família, expondo um pensamento retrógrado, tacanho e conservador.
Publicado por Miguel Abrantes
Os pecados mortais são 7. Mas, no discurso de ontem, Cavaco Silva cometeu 7x2 pecados:
1.º Foi um discurso de facção, sectário, parcial e alinhado com a oposição. O discurso de um Presidente que decididamente não o é — nem quer ser — de todos os Portugueses.
2.º Foi um discurso de interferência na acção governativa, oferecendo um programa governativo e não um projecto moderador.
3.º Foi um discurso que efectua um diagnóstico truncado, enviesado e descontextualizado (quando não factualmente errado) da realidade. Entre outras coisas, ignorou a ocorrência da maior crise dos últimos 80 anos.
4.º Foi um discurso vazio de ideias, sem inovação, limitando-se a coleccionar um conjunto de críticas requentadas e a repetir até à exaustão os pontos de vista da oposição. Em suma, uma espécie de pastiche da retórica anti-Governo.
5.º Foi um discurso que chega a sugerir a importância de um entendimento político alargado, mas que adopta um tom de confrontação e atribuição de culpas (ora, não é com vinagre que se apanham moscas).
6.º Foi um discurso populista, que não resistiu à demagogia barata e à diabolização da classe política.
7.º Foi um discurso desleal para com o Governo legítimo do país.
8.º Foi um discurso sem grandeza, que desfiou números e estatísticas, mas ignorou áreas de responsabilidade directa do Presidente da República, como a política externa, a defesa nacional ou a autonomia regional — revelando, assim, uma visão paroquial e contabilística da função presidencial.
9.º Foi um discurso completamente inoportuno, para não dizer irresponsável ou mesmo anti-patriota: se há momento em que o país não precisa de conflito é o actual.
10.º Foi um discurso decadente, sem rasgo, de uma pobreza retórica sem paralelo. Um discurso que não tem qualquer referência à História, à língua ou à vocação dos portugueses no mundo. Um discurso que, em vez de citar algum dos nossos grandes poetas, cita o boletim do Banco de Portugal.
11.º Foi um discurso em plano inclinado, derrotista e lamuriento, que denigre o nosso país (ainda para mais, na presença de representantes estrangeiros) e que não oferece qualquer visão de esperança, sentido de futuro ou motivação inspiradora.
12.º Foi um discurso incoerente: que lamenta que os jovens tenham que emigrar, mas se vangloria com os prémios por eles obtidos no estrangeiro; que invoca a necessidade de reduzir a despesa pública, mas ao mesmo tempo diz que há limites para os sacrifícios e apela a que o Estado apoie diversos sectores.
13.º Foi um discurso insurreccional, apelando à sublevação popular e colando-se oportunisticamente ao descontentamento legítimo de alguns jovens. Um exemplo grotesco de aproveitamento político.
14.º Foi um discurso serôdio e monolítico, com referências passadistas aos valores da Família, expondo um pensamento retrógrado, tacanho e conservador.
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