Viena perdeu a cabeça por ópera 'Anna Bolena'
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Viena perdeu a cabeça por ópera 'Anna Bolena'
Viena perdeu a cabeça por ópera 'Anna Bolena'
por LEONÍDIO PAULO FERREIRAHoje5 comentários
Um aplauso de 20 minutos em pé para Anna Bolena é a melhor prova de que os austríacos perderam a cabeça por esta ópera de Donizetti, pela primeira vez interpretada em Viena há dois dias. Apesar de o compositor italiano o ter feito estrear em Milão no início do século XIX, o espectáculo inspirado na rainha de Inglaterra que acabou decapitada nunca tinha tido direito a honras de representação no Staatsoper, uma das salas de ópera mais emblemáticas da Europa. Talvez a explicação tenha que ver com a recordação de Maria Antonieta, jovem vienense dada em casamento aos 14 anos ao herdeiro do trono de França. A filha da imperatriz Maria Teresa acabaria por ser a vítima mais famosa da Revolução Francesa, guilhotinada já rainha em 1793, uns meses depois do marido, Luís XVI.
Passado há quase 500 anos, o drama de Anna Bolena continua popular, até porque a série televisiva Os Tudors o reviveu. Paixão louca de Henrique VIII a ponto de este ter rompido com o Papa por recusar anular o seu casamento com Catarina de Aragão, Anna Bolena acaba executada por incesto e adultério. Os historiadores hoje concordam que estaria inocente, vítima da frustração do monarca inglês por não conseguir gerar um varão e já de olhos em Jane Seymour. No sábado, na sala vienense, a russa Anna Netrebko encarnou Anna e a letã Elina Garanca fez de Jane. Por ironia, esta encenação da ópera sobre a inglesa decapitada foi feita por um francês, mais uma evidência de que já não restam na Áustria ressentimentos pela cabeça perdida da sua arquiduquesa.
Anna Bolena foi vítima da fúria de um rei enquanto Maria Antonieta sofreu a fúria contra um rei. Mas a história de ambas, separadas por mais de 250 anos, conta com algumas coincidências. A primeira é a injustiça da pena. Nem a primeira traiu o marido nem a segunda alguma vez aconselhou o povo a comer bolos em vez de pão. Outro ponto em comum é a acusação de incesto. E ambas foram mortas por um lâmina francesa.
Para não ter de baixar a cabeça no momento da execução, Anna Bolena pediu para ser morta por um carrasco francês. Ao contrário do carniceiro inglês, que usava machado, este preferia a espada, o que exigia que a condenada se pusesse de joelhos, mas mantendo o rosto erguido. Henrique VIII fez-lhe a vontade. Já a cabeça de Maria Antonieta foi cortada por uma eficaz guilhotina, máquina baptizada em honra de Joseph Guillotin, médico que defendia o uso de métodos mecânicos por serem, dizia, menos dolorosos.
Guillotin, ao contrário da ideia feita, não morreu na guilhotina, mas diga-se que sempre foi contra a pena de morte, o que de nada valeu a Maria Antonieta nem aos milhares de outros decapitados. Saberia a rainha francesa ao subir para o cadafalso que na época, na sua Viena, não se executava ninguém? O seu irmão imperador tinha acabado com a pena capital no império dos Habsburgos.
por LEONÍDIO PAULO FERREIRAHoje5 comentários
Um aplauso de 20 minutos em pé para Anna Bolena é a melhor prova de que os austríacos perderam a cabeça por esta ópera de Donizetti, pela primeira vez interpretada em Viena há dois dias. Apesar de o compositor italiano o ter feito estrear em Milão no início do século XIX, o espectáculo inspirado na rainha de Inglaterra que acabou decapitada nunca tinha tido direito a honras de representação no Staatsoper, uma das salas de ópera mais emblemáticas da Europa. Talvez a explicação tenha que ver com a recordação de Maria Antonieta, jovem vienense dada em casamento aos 14 anos ao herdeiro do trono de França. A filha da imperatriz Maria Teresa acabaria por ser a vítima mais famosa da Revolução Francesa, guilhotinada já rainha em 1793, uns meses depois do marido, Luís XVI.
Passado há quase 500 anos, o drama de Anna Bolena continua popular, até porque a série televisiva Os Tudors o reviveu. Paixão louca de Henrique VIII a ponto de este ter rompido com o Papa por recusar anular o seu casamento com Catarina de Aragão, Anna Bolena acaba executada por incesto e adultério. Os historiadores hoje concordam que estaria inocente, vítima da frustração do monarca inglês por não conseguir gerar um varão e já de olhos em Jane Seymour. No sábado, na sala vienense, a russa Anna Netrebko encarnou Anna e a letã Elina Garanca fez de Jane. Por ironia, esta encenação da ópera sobre a inglesa decapitada foi feita por um francês, mais uma evidência de que já não restam na Áustria ressentimentos pela cabeça perdida da sua arquiduquesa.
Anna Bolena foi vítima da fúria de um rei enquanto Maria Antonieta sofreu a fúria contra um rei. Mas a história de ambas, separadas por mais de 250 anos, conta com algumas coincidências. A primeira é a injustiça da pena. Nem a primeira traiu o marido nem a segunda alguma vez aconselhou o povo a comer bolos em vez de pão. Outro ponto em comum é a acusação de incesto. E ambas foram mortas por um lâmina francesa.
Para não ter de baixar a cabeça no momento da execução, Anna Bolena pediu para ser morta por um carrasco francês. Ao contrário do carniceiro inglês, que usava machado, este preferia a espada, o que exigia que a condenada se pusesse de joelhos, mas mantendo o rosto erguido. Henrique VIII fez-lhe a vontade. Já a cabeça de Maria Antonieta foi cortada por uma eficaz guilhotina, máquina baptizada em honra de Joseph Guillotin, médico que defendia o uso de métodos mecânicos por serem, dizia, menos dolorosos.
Guillotin, ao contrário da ideia feita, não morreu na guilhotina, mas diga-se que sempre foi contra a pena de morte, o que de nada valeu a Maria Antonieta nem aos milhares de outros decapitados. Saberia a rainha francesa ao subir para o cadafalso que na época, na sua Viena, não se executava ninguém? O seu irmão imperador tinha acabado com a pena capital no império dos Habsburgos.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118271
Re: Viena perdeu a cabeça por ópera 'Anna Bolena'
Passado há quase 500 anos, o drama de Anna Bolena continua popular, até porque a série televisiva Os Tudors o reviveu. Paixão louca de Henrique VIII a ponto de este ter rompido com o Papa por recusar anular o seu casamento com Catarina de Aragão, Anna Bolena acaba executada por incesto e adultério. Os historiadores hoje concordam que estaria inocente, vítima da frustração do monarca inglês por não conseguir gerar um varão e já de olhos em Jane Seymour
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Vitor mango- Pontos : 118271
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