A Química nas nossas vidas
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Prosa poesia livros oculos e ate lhe podemosm chamar CULTURA E CIENCIA
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A Química nas nossas vidas
A Química nas nossas vidas
Por Carlos Corrêa*
2011-06-23
Tudo isto é Química!
Há
a ideia generalizada de que o que é natural é bom e o que é sintético, o
que resulta da acção do homem, é mau. Não vou citar os terramotos,
tsunamis e tempestades, tudo natural, que não tem nada de bom, mas antes
certas substâncias naturais muito más, como as toxinas produzidas
naturalmente por certas bactérias e os vírus, todos tão na moda nestes
últimos tempos.
Dos oito maiores venenos que existem, seis são naturais: a toxina A do
butonilium, a toxina A do tétano, toxina da difteria, a ricina (do
rícino), a muscarina (dos cogumelos) e a bufotoxina (dos sapos); destes,
só o sarin (gás dos nervos, 8º lugar) e as dioxinas (5º lugar) é que
são de origem sintética.
* Professor Catedrático jubilado do Departamento de Química da
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Conselheiro do ciência
Hoje para o Ano Internacional da Química.Muitos
alimentos contêm substâncias naturais que podem causar doenças, como
por exemplo o Isocianato de alilo (alho, mostarda) que pode originar
tumores, o benzopireno (fumados, churrascos) causador de cancro do
estômago, os cianetos (amêndoas amargas, mandioca) que são tóxicos, as
hidrazinas (cogumelos) que são cancerígenas, a saxtoxina (marisco) e a
tetrodotoxina (peixe estragado) que causam paralisia e morte, certos
taninos (café, cacau) causadores de cancro do esófago e da boca e muitos
outros.
Podemos então dizer que “Quando um produto natural mata... É natural! Fica a consolação de se morrer... naturalmente”.
A má imagem da Química
A má imagem da Química resulta da sua má utilização e deve-se
particularmente à dispersão de resíduos no ambiente (que levam ao
aquecimento global e mudanças climáticas, ao buraco da camada de ozono e
à contaminação das águas e solos) e à utilização de aditivos
alimentares e pesticidas.
Quem não admira o fogo de artifício?
Muitos
destes males são o resultado da pouca educação dos cidadãos. Quem
separa e compacta o lixo? Quem entrega os medicamentos antigos nas
farmácias? Quem trata os efluentes das vacarias e pocilgas? Quem deixa
toda a espécie de lixo nas areias das nossas praias e matas? Quem usa e
abusa do automóvel? Quem berra contra a incineração mas enche a sala de
fumo, intoxicando toda a família? Quem não admira o fogo-de-artifício,
que enche a atmosfera e as águas de metais pesados?
Há o hábito de utilizar a palavra “químicos” para designar substâncias
de síntese, imprimindo-lhes um ar perverso, de substância maldita. Há
tempos passou na TV um anúncio da DGS destinado a combater o uso do
tabaco que dizia: “… o fumo do tabaco contém mais de 4000 substâncias
químicas tóxicas, irritantes e cancerígenas…”.
Bastaria referir “substâncias”, mas teve de aparecer o adjectivo
“químicas” para lhes dar um ar mais tenebroso. Todas as substâncias,
naturais ou de síntese, são “químicos”! Todas as substâncias, naturais
ou de síntese, podem ser prejudiciais à saúde! Tudo depende da dose.
Qualquer dia aparecerá uma notícia na TV referindo, logo a seguir às
tricas dos dirigentes e jogadores de futebol, que “A água, substância
com a fórmula molecular H2O, foi o químico responsável por muitas mortes
nas nossas praias”… por falta de cuidado! Porque os Químicos, os que
trabalham em Química, determinaram as estruturas e propriedades destas
substâncias, haverá razão para lhes chamar “substâncias químicas”?
Estamos a ser envenenados pelos muitos “químicos” que invadem as nossas vidas?
Quando olhamos à nossa
volta dificilmente encontramos algo que não tenha resultado de processos
químicos. Embora muito do progresso da nossa Sociedade se deva à
Química, é habitual realçar-se mais a parte negativa que resulta de uma
má utilização da Química, difundindo-se a ideia de que o que é natural é
bom e o que é sintético (a que chamam “os químicos”) é mau. Será mesmo
assim?
A ideia de que o cancro está a aumentar devido a estes “químicos” é
desmentida pelos números (vide gráficos), à excepção do fumo do tabaco,
que é a maior causa de aumento do cancro do pulmão e vias
respiratórias. O aumento da longevidade acarreta necessariamente um
aumento do número de cancros. Curiosamente, o tabaco é natural e estas
4000 substâncias químicas tóxicas, irritantes e cancerígenas… resultam
da queima das folhas do tabaco. A reacção de combustão não foi inventada
pelos químicos; vem da idade da pedra, quando o Homem descobriu o fogo.
O número de cancros das vias respiratórias na mulher só começou a
crescer a meados dos anos 60, com a emancipação da mulher (Luta das
mulheres pelo mesmo direito ... a morrer!) . É o tipo de cancro
responsável pelo maior número de mortes nos Estados Unidos.
Não é verdade que as substâncias de síntese (os “químicos”) sejam uma
causa importante de cancro; isto sucede somente quando há a exposição a
altas doses (pequenos grupos, ocupacionais).
As maiores causas de cancro são o fumo do tabaco, o excesso de álcool ,
certas viroses , inflamações crónicas e problemas hormonais. A melhor
defesa é uma dieta rica em frutos e vegetais.
Substâncias cancerígenas
Consideram-se cancerígenas as substâncias que causam cancro na espécie
humana ou em duas espécies de mamíferos. A classificação de
“cancerígeno” resulta de estudos populacionais (comparando a ocorrência
de cancros em populações expostas e populações não-expostas a certos
agentes) e estudos em animais.
Aumento da esperança de vida no mundo ocidental
É
o caso da ocorrência de cancros no fígado em operários expostos a
cloreto de vinilo e a amianto e cancros no estômago devido ao consumo
intensivo de fumeiros (presença de benzopireno).
Os estudos em animais realizam-se normalmente com populações pequenas, utilizando doses elevadas das substâncias a ensaiar.
Começam-se por realizar estudos com bactérias, como no teste de Ames, em
que se avalia a capacidade da substância para causar mutações
(alteração da sequência de bases no DNA) que são causadoras de cancros,
modificações genéticas e problemas de fertilidade. Há vários tipos de
testes mas só cerca de 90% das substâncias cancerígenas em humanos dão
resultado positivo num dado teste.
Nenhum dos testes actualmente utilizados é perfeito e, por isso,
realizam-se usualmente testes diferentes sobre a mesma substância. As
substâncias com capacidade de provocar mutações são posteriormente
ensaiadas em mamíferos, posteriormente sacrificados para análise dos
órgãos atingidos.
Há alguns anos, metade das substâncias testadas (naturais e sintéticas)
em roedores deram resultado positivo em alguns testes de
cancerigenidade, o que pode resultar do uso de doses muito elevadas.
Muitos alimentos contêm substâncias naturais que dão resultado positivo,
como é o caso do café torrado.
Evolução da incidência de cancros nos homens nos EUA (clique para ampliar)
Embora
um estudo realizado por Michael Shechter, do Instituto do Coração de
Sheba, Israel, mostrasse que a cafeína do café tem propriedades
antioxidantes, actuando no combate a radicais livres diminuindo o risco
de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro, a verdade é que,
há meia dúzia de anos, só 3% dos compostos existentes no café tinham
sido testados.
Das 30 substâncias testadas no café torrado, 21 eram cancerígenas em
roedores e faltava testar cerca de um milhar! Vamos deixar de tomar
café? Certamente que não. O que sucede é que a Química é hoje capaz de
detectar e caracterizar quantidades minúsculas de substâncias, o que não
sucedia no passado. Como se disse, o veneno está na dose e estas
substâncias estão presentes em concentrações demasiado pequenas para
causar danos.
Um caso recente foi a polémica sobre o uso do adoçante aspartame, dado
que o grupo do Dr. Morando Sofritti, da Fundação Ramazzini (Bolonha)
verificou que o adoçante era cancerígeno em roedores (2005-2006). O caso
foi reanalisado por um painel de especialistas da EFSA (European Food
Safety Autority), do US National Cancer Institute e do US National
Toxicology Program que concluiu que não há razões para alterar a posição
que vinha sendo adoptada (dose diária admitida de 40 mg por kg de massa
corporal que, para um indivíduo de 70 kg, é de 2,8 g).
Se se utilizar aspartame três vezes por dia, colocando 3 pastilhas por
chávena, a dose total é de 0,18 g, que é cerca de 15 vezes menor que a
dose diária máxima admitida.
Há meia dúzia de anos só 3% dos compostos existentes no café tinham sido testados
O
aspartame é um éster metílico do dipéptido derivado dos aminoácidos
naturais fenilalanina e ácido aspártico e, por hidrólise no nosso
organismo, origina os dois aminoácidos e metanol. Só não pode ser
ingerido por pessoas com intolerância à fenilalanina. A tabela apresenta
uma comparação das quantidades de produtos da hidrólise do aspartame
derivados de uma lata de refrigerante e de várias porções de alimentos,
mostrando que o frango, o leite e o sumo de tomate ainda originam
maiores quantidades destes produtos.
Os aditivos alimentares e os pesticidas
Os aditivos alimentares e os pesticidas são outra fonte de preocupação
da sociedade. Os aditivos alimentares aumentam a qualidade,
disponibilidade e segurança dos alimentos, a preços acessíveis.
Destinam-se a evitar que os alimentos se estraguem por acção de
bactérias, fungos, bolores, fermentos e reacções químicas, para aumentar
o seu valor nutritivo (adição de vitaminas, minerais e outros), para
preservar as suas propriedades físicas (agentes anti-caking,
emulsionantes, etc.) e para os tornar mais atractivos (cor e sabor).
Os aditivos utilizados legalmente são seguros, pois tanto nos EUA como
na UE há um controlo permanente e rigoroso dos aditivos autorizados (e
respectiva dose admitida), com reavaliações em caso de necessidade.
Quantidades dos produtos de hidrólise do aspartame e de alimentos tradicionais
Certas
pessoas têm o hábito de verificar se os produtos comerciais têm muitos
ou poucos EEE, encarando estes EEE como sinais de perigosidade. A letra E
refere-se a Europa e os números que lhe estão associados indicam o
produto em particular.
Tudo isto está inventariado e controlado a nível da UE. Todos nós
respiramos uma mistura de uma parte de E948 e quatro partes de E941,
expiramos E290, usamos objectos de E174 e E175 e polvilhamo-nos com
E553b. O E270 existe no iogurte (ácido láctico), o E300 nos citrinos
(ácido cítrico), o E307 no azeite (vitamina E), o E300 em muitos frutos
(vitamina C) e o E260 no vinagre (ácido acético). São estes os exemplos
mais vulgares destes terríveis EEE…
Os pesticidas naturais (armas de defesa das plantas) são em número muito maior que os pesticidas de síntese.
Os
pesticidas naturais (armas de defesa das plantas) são em número muito
maior que os pesticidas de síntese. Os resíduos de pesticidas de síntese
nos vegetais são insignificantes (se usados de acordo com as
instruções) comparados com os resíduos de pesticidas naturais (e
produtos da sua decomposição). Nos EUA, cada pessoa ingere diariamente
grama e meio de pesticidas naturais, cerca de dez mil vezes mais do que a
quantidade ingerida de pesticidas de síntese.
O argumento de que os pesticidas naturais são mais inofensivos devido à
evolução, não tem fundamento. Na realidade, muitas substâncias naturais,
presentes através da evolução, provocam o cancro; as defesas do
organismo não distinguem as substâncias naturais das sintéticas, o Homem
não habita a Terra há tempo suficiente para se estabelecer uma harmonia
com as substâncias naturais e muitos dos alimentos actuais (café, chá,
batata, tomates, kiwis, …) são relativamente recentes.
Todos concordam que o importante é consumir abundantes quantidades de frutos e vegetais
Segundo
o Prof. B. Ames, Professor de Bioquímica na Universidade da Califórnia
(Berkeley), os riscos devidos a resíduos de pesticidas (naturais e de
síntese), nas exposições médias verificadas, são mínimos. Não vale a
pena gastar muito dinheiro a eliminar quantidades mínimas de pesticidas
(os actuais métodos analíticos encontram tudo …), tornando os vegetais
mais caros e menos acessíveis. Independentemente de consumirmos
alimentos produzidos localmente, alimentos “orgânicos” ou alimentos
convencionais, todos concordam que o importante é consumir abundantes
quantidades de frutos e vegetais.
Isto compensa qualquer risco associado à possível presença de pequenas
quantidades de pesticidas. Tenham muito cuidado com as adubações por
meio de estrumes naturais …
Por Carlos Corrêa*
2011-06-23
Tudo isto é Química!
Há
a ideia generalizada de que o que é natural é bom e o que é sintético, o
que resulta da acção do homem, é mau. Não vou citar os terramotos,
tsunamis e tempestades, tudo natural, que não tem nada de bom, mas antes
certas substâncias naturais muito más, como as toxinas produzidas
naturalmente por certas bactérias e os vírus, todos tão na moda nestes
últimos tempos.
Dos oito maiores venenos que existem, seis são naturais: a toxina A do
butonilium, a toxina A do tétano, toxina da difteria, a ricina (do
rícino), a muscarina (dos cogumelos) e a bufotoxina (dos sapos); destes,
só o sarin (gás dos nervos, 8º lugar) e as dioxinas (5º lugar) é que
são de origem sintética.
* Professor Catedrático jubilado do Departamento de Química da
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Conselheiro do ciência
Hoje para o Ano Internacional da Química.Muitos
alimentos contêm substâncias naturais que podem causar doenças, como
por exemplo o Isocianato de alilo (alho, mostarda) que pode originar
tumores, o benzopireno (fumados, churrascos) causador de cancro do
estômago, os cianetos (amêndoas amargas, mandioca) que são tóxicos, as
hidrazinas (cogumelos) que são cancerígenas, a saxtoxina (marisco) e a
tetrodotoxina (peixe estragado) que causam paralisia e morte, certos
taninos (café, cacau) causadores de cancro do esófago e da boca e muitos
outros.
Podemos então dizer que “Quando um produto natural mata... É natural! Fica a consolação de se morrer... naturalmente”.
A má imagem da Química
A má imagem da Química resulta da sua má utilização e deve-se
particularmente à dispersão de resíduos no ambiente (que levam ao
aquecimento global e mudanças climáticas, ao buraco da camada de ozono e
à contaminação das águas e solos) e à utilização de aditivos
alimentares e pesticidas.
Quem não admira o fogo de artifício?
Muitos
destes males são o resultado da pouca educação dos cidadãos. Quem
separa e compacta o lixo? Quem entrega os medicamentos antigos nas
farmácias? Quem trata os efluentes das vacarias e pocilgas? Quem deixa
toda a espécie de lixo nas areias das nossas praias e matas? Quem usa e
abusa do automóvel? Quem berra contra a incineração mas enche a sala de
fumo, intoxicando toda a família? Quem não admira o fogo-de-artifício,
que enche a atmosfera e as águas de metais pesados?
Há o hábito de utilizar a palavra “químicos” para designar substâncias
de síntese, imprimindo-lhes um ar perverso, de substância maldita. Há
tempos passou na TV um anúncio da DGS destinado a combater o uso do
tabaco que dizia: “… o fumo do tabaco contém mais de 4000 substâncias
químicas tóxicas, irritantes e cancerígenas…”.
Bastaria referir “substâncias”, mas teve de aparecer o adjectivo
“químicas” para lhes dar um ar mais tenebroso. Todas as substâncias,
naturais ou de síntese, são “químicos”! Todas as substâncias, naturais
ou de síntese, podem ser prejudiciais à saúde! Tudo depende da dose.
Qualquer dia aparecerá uma notícia na TV referindo, logo a seguir às
tricas dos dirigentes e jogadores de futebol, que “A água, substância
com a fórmula molecular H2O, foi o químico responsável por muitas mortes
nas nossas praias”… por falta de cuidado! Porque os Químicos, os que
trabalham em Química, determinaram as estruturas e propriedades destas
substâncias, haverá razão para lhes chamar “substâncias químicas”?
Estamos a ser envenenados pelos muitos “químicos” que invadem as nossas vidas?
Quando olhamos à nossa
volta dificilmente encontramos algo que não tenha resultado de processos
químicos. Embora muito do progresso da nossa Sociedade se deva à
Química, é habitual realçar-se mais a parte negativa que resulta de uma
má utilização da Química, difundindo-se a ideia de que o que é natural é
bom e o que é sintético (a que chamam “os químicos”) é mau. Será mesmo
assim?
A ideia de que o cancro está a aumentar devido a estes “químicos” é
desmentida pelos números (vide gráficos), à excepção do fumo do tabaco,
que é a maior causa de aumento do cancro do pulmão e vias
respiratórias. O aumento da longevidade acarreta necessariamente um
aumento do número de cancros. Curiosamente, o tabaco é natural e estas
4000 substâncias químicas tóxicas, irritantes e cancerígenas… resultam
da queima das folhas do tabaco. A reacção de combustão não foi inventada
pelos químicos; vem da idade da pedra, quando o Homem descobriu o fogo.
O número de cancros das vias respiratórias na mulher só começou a
crescer a meados dos anos 60, com a emancipação da mulher (Luta das
mulheres pelo mesmo direito ... a morrer!) . É o tipo de cancro
responsável pelo maior número de mortes nos Estados Unidos.
Não é verdade que as substâncias de síntese (os “químicos”) sejam uma
causa importante de cancro; isto sucede somente quando há a exposição a
altas doses (pequenos grupos, ocupacionais).
As maiores causas de cancro são o fumo do tabaco, o excesso de álcool ,
certas viroses , inflamações crónicas e problemas hormonais. A melhor
defesa é uma dieta rica em frutos e vegetais.
Substâncias cancerígenas
Consideram-se cancerígenas as substâncias que causam cancro na espécie
humana ou em duas espécies de mamíferos. A classificação de
“cancerígeno” resulta de estudos populacionais (comparando a ocorrência
de cancros em populações expostas e populações não-expostas a certos
agentes) e estudos em animais.
Aumento da esperança de vida no mundo ocidental
É
o caso da ocorrência de cancros no fígado em operários expostos a
cloreto de vinilo e a amianto e cancros no estômago devido ao consumo
intensivo de fumeiros (presença de benzopireno).
Os estudos em animais realizam-se normalmente com populações pequenas, utilizando doses elevadas das substâncias a ensaiar.
Começam-se por realizar estudos com bactérias, como no teste de Ames, em
que se avalia a capacidade da substância para causar mutações
(alteração da sequência de bases no DNA) que são causadoras de cancros,
modificações genéticas e problemas de fertilidade. Há vários tipos de
testes mas só cerca de 90% das substâncias cancerígenas em humanos dão
resultado positivo num dado teste.
Nenhum dos testes actualmente utilizados é perfeito e, por isso,
realizam-se usualmente testes diferentes sobre a mesma substância. As
substâncias com capacidade de provocar mutações são posteriormente
ensaiadas em mamíferos, posteriormente sacrificados para análise dos
órgãos atingidos.
Há alguns anos, metade das substâncias testadas (naturais e sintéticas)
em roedores deram resultado positivo em alguns testes de
cancerigenidade, o que pode resultar do uso de doses muito elevadas.
Muitos alimentos contêm substâncias naturais que dão resultado positivo,
como é o caso do café torrado.
Evolução da incidência de cancros nos homens nos EUA (clique para ampliar)
Embora
um estudo realizado por Michael Shechter, do Instituto do Coração de
Sheba, Israel, mostrasse que a cafeína do café tem propriedades
antioxidantes, actuando no combate a radicais livres diminuindo o risco
de doenças cardiovasculares e alguns tipos de cancro, a verdade é que,
há meia dúzia de anos, só 3% dos compostos existentes no café tinham
sido testados.
Das 30 substâncias testadas no café torrado, 21 eram cancerígenas em
roedores e faltava testar cerca de um milhar! Vamos deixar de tomar
café? Certamente que não. O que sucede é que a Química é hoje capaz de
detectar e caracterizar quantidades minúsculas de substâncias, o que não
sucedia no passado. Como se disse, o veneno está na dose e estas
substâncias estão presentes em concentrações demasiado pequenas para
causar danos.
Um caso recente foi a polémica sobre o uso do adoçante aspartame, dado
que o grupo do Dr. Morando Sofritti, da Fundação Ramazzini (Bolonha)
verificou que o adoçante era cancerígeno em roedores (2005-2006). O caso
foi reanalisado por um painel de especialistas da EFSA (European Food
Safety Autority), do US National Cancer Institute e do US National
Toxicology Program que concluiu que não há razões para alterar a posição
que vinha sendo adoptada (dose diária admitida de 40 mg por kg de massa
corporal que, para um indivíduo de 70 kg, é de 2,8 g).
Se se utilizar aspartame três vezes por dia, colocando 3 pastilhas por
chávena, a dose total é de 0,18 g, que é cerca de 15 vezes menor que a
dose diária máxima admitida.
Há meia dúzia de anos só 3% dos compostos existentes no café tinham sido testados
O
aspartame é um éster metílico do dipéptido derivado dos aminoácidos
naturais fenilalanina e ácido aspártico e, por hidrólise no nosso
organismo, origina os dois aminoácidos e metanol. Só não pode ser
ingerido por pessoas com intolerância à fenilalanina. A tabela apresenta
uma comparação das quantidades de produtos da hidrólise do aspartame
derivados de uma lata de refrigerante e de várias porções de alimentos,
mostrando que o frango, o leite e o sumo de tomate ainda originam
maiores quantidades destes produtos.
Os aditivos alimentares e os pesticidas
Os aditivos alimentares e os pesticidas são outra fonte de preocupação
da sociedade. Os aditivos alimentares aumentam a qualidade,
disponibilidade e segurança dos alimentos, a preços acessíveis.
Destinam-se a evitar que os alimentos se estraguem por acção de
bactérias, fungos, bolores, fermentos e reacções químicas, para aumentar
o seu valor nutritivo (adição de vitaminas, minerais e outros), para
preservar as suas propriedades físicas (agentes anti-caking,
emulsionantes, etc.) e para os tornar mais atractivos (cor e sabor).
Os aditivos utilizados legalmente são seguros, pois tanto nos EUA como
na UE há um controlo permanente e rigoroso dos aditivos autorizados (e
respectiva dose admitida), com reavaliações em caso de necessidade.
Quantidades dos produtos de hidrólise do aspartame e de alimentos tradicionais
Certas
pessoas têm o hábito de verificar se os produtos comerciais têm muitos
ou poucos EEE, encarando estes EEE como sinais de perigosidade. A letra E
refere-se a Europa e os números que lhe estão associados indicam o
produto em particular.
Tudo isto está inventariado e controlado a nível da UE. Todos nós
respiramos uma mistura de uma parte de E948 e quatro partes de E941,
expiramos E290, usamos objectos de E174 e E175 e polvilhamo-nos com
E553b. O E270 existe no iogurte (ácido láctico), o E300 nos citrinos
(ácido cítrico), o E307 no azeite (vitamina E), o E300 em muitos frutos
(vitamina C) e o E260 no vinagre (ácido acético). São estes os exemplos
mais vulgares destes terríveis EEE…
Os pesticidas naturais (armas de defesa das plantas) são em número muito maior que os pesticidas de síntese.
Os
pesticidas naturais (armas de defesa das plantas) são em número muito
maior que os pesticidas de síntese. Os resíduos de pesticidas de síntese
nos vegetais são insignificantes (se usados de acordo com as
instruções) comparados com os resíduos de pesticidas naturais (e
produtos da sua decomposição). Nos EUA, cada pessoa ingere diariamente
grama e meio de pesticidas naturais, cerca de dez mil vezes mais do que a
quantidade ingerida de pesticidas de síntese.
O argumento de que os pesticidas naturais são mais inofensivos devido à
evolução, não tem fundamento. Na realidade, muitas substâncias naturais,
presentes através da evolução, provocam o cancro; as defesas do
organismo não distinguem as substâncias naturais das sintéticas, o Homem
não habita a Terra há tempo suficiente para se estabelecer uma harmonia
com as substâncias naturais e muitos dos alimentos actuais (café, chá,
batata, tomates, kiwis, …) são relativamente recentes.
Todos concordam que o importante é consumir abundantes quantidades de frutos e vegetais
Segundo
o Prof. B. Ames, Professor de Bioquímica na Universidade da Califórnia
(Berkeley), os riscos devidos a resíduos de pesticidas (naturais e de
síntese), nas exposições médias verificadas, são mínimos. Não vale a
pena gastar muito dinheiro a eliminar quantidades mínimas de pesticidas
(os actuais métodos analíticos encontram tudo …), tornando os vegetais
mais caros e menos acessíveis. Independentemente de consumirmos
alimentos produzidos localmente, alimentos “orgânicos” ou alimentos
convencionais, todos concordam que o importante é consumir abundantes
quantidades de frutos e vegetais.
Isto compensa qualquer risco associado à possível presença de pequenas
quantidades de pesticidas. Tenham muito cuidado com as adubações por
meio de estrumes naturais …
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118184
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