Europa avisa para perda dramática de soberania grega e admite mais recessão

Europa avisa para perda dramática de soberania grega e admite mais recessão


por Bruno Faria Lopes, Publicado em 04 de Julho de 2011 | Actualizado há 8 horas

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Os ministros das Finanças da zona euro aprovaram este fim-de-semana a
quinta tranche do empréstimo à Grécia, tendo deixado para Setembro a
negociação final do segundo resgate financeiro ao país. Ao mesmo tempo
que davam luz verde para a entrega do dinheiro - que chegou a estar em
risco -, a Europa avisou os gregos sobre o que aí vem: uma grande perda
de soberania e o prolongamento da recessão económica.

"A
soberania da Grécia vai ser seriamente limitada", afirmou o presidente
do grupo dos ministros do euro, Jean-Claude Juncker, numa entrevista
ontem publicada pela revista alemã "Focus". Juncker acrescentou que as
equipas de peritos da zona euro estão a caminho de Atenas, no sentido de
assistir as autoridades nos processos de privatização e em matérias
politicamente sensíveis como a cobrança de impostos.

"Não nos
podemos permitir um insulto aos gregos, mas temos de os ajudar. Eles já
disseram que estão preparados para aceitar a ajuda de peritos da zona
euro", indicou Juncker, citado pela Reuters. Na Grécia - onde a
intervenção externa motiva uma cada vez maior hostilidade - a ampliação
da interferência externa é um assunto socialmente muito sensível.

Juntamente com os peritos, a caminho de Atenas está a quinta tranche do
empréstimo externo, no valor de 12 mil milhões de euros - uma fatia que
impedirá que a Grécia entre em incumprimento das suas obrigações
financeiras já em Julho. Esta entrega esteve em risco, uma vez que o
governo grego teve grandes dificuldades em conseguir passar um novo
pacote de austeridade, exigido pela Europa para o prolongamento do
empréstimo.

Agora o Eurogrupo definiu um prazo até Setembro para
decidir os pormenores do segundo pacote de resgate à Grécia, avaliado
tal como o primeiro em 110 mil milhões de euros. Este novo empréstimo já
envolverá os credores privados da república grega - os pormenores sobre
a escala deste envolvimento voluntário (que incluirá uma extensão dos
prazos de repagamento da dívida grega) estão por conhecer.

A
Grécia, pela sua parte, terá de embarcar numa onda de privatizações e
numa nova vaga de austeridade, que inclui mais cortes nos salários dos
funcionários públicos, a introdução de um imposto sobre o rendimentos ao
nível do salário mínimo e subidas no IVA. Estas medidas - que, como no
caso das anteriores, não têm execução nem resultados garantidos -
deverão agravar o já tenso ambiente social.

Mais recessão
Depois da reunião que deu luz verde à entrega de mais dinheiro, a União
Europeia tornou público um relatório feito por economistas do Banco
Central Europeu - um relatório que aponta para o prolongamento da
recessão grega para o segundo semestre deste ano, acumulando três anos
de contracção da riqueza criada. A economia da Grécia poderá recuar
3,75% este ano, prevê o relatório citado pelo "Financial Times". Este
efeito recessivo irá levar a uma recuperação menor do que o esperado
(0,6%) em 2012.

O prolongamento das dificuldades da economia vai
aprofundar o agravamento do desemprego, que num ano cresceu mais de 50%
- a taxa oficial está agora em 15,5%.