José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
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Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo
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José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro"
por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011 | Actualizado há 7 horas
Não há Verão sem baile e sem José Malhoa. Muito menos Agosto sem concertos do cantor, que já leva 35 anos de carreira
Costa da Caparica, 2011. José Malhoa costuma passar por lá para visitar a filha, Ana Malhoa, com quem almoçou. O cantor, de 64 anos, mudou de roupa para as fotografias
Costa da Caparica, 2011. José Malhoa costuma passar por lá para visitar a filha, Ana Malhoa, com quem...
Guillaume Pazat/Kameraphoto
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Fala na terceira pessoa nas ocasiões solenes: "José Malhoa não teve padrinhos", "José Malhoa era pobre", "José Malhoa tem o seu público". Não canta em inglês, porque não domina o idioma, mas repete a palavra "beat" para explicar a sua música. O cantor natural de Lisboa é o ícone dos bailes de Verão, da música ligeira que muitos apelidam de pimba, o que recusa. Preferia cantar fado, mas sabe que se quer viver da música tem de se manter neste "beat". Com a cantora Ana Malhoa, sua filha, e a neta Índia, forma o clã Malhoa, quase uma empresa familiar de entretenimento. José Malhoa, de 64 anos, aceitou conversar com o i durante quase duas horas numa esplanada na Caparica. Cantarolou várias vezes, foi interrompido por fãs e mudou de roupa para as fotografias. Como profissional não ia repetir a camisa com dragões e uns fiozinhos de dourado em duas entrevistas. Com 35 anos de carreira e milhões de discos vendidos, não está a pensar abrandar o ritmo.
Marcou a entrevista na Costa da Caparica. Porquê?
É onde venho com a minha Ana, ela vive aqui deste lado. É o ponto de descanso.
Mas o Verão não é propriamente de descanso para vocês. Quantos concertos tem este mês?
Tenho 19, mas em 2010 tive 26 concertos em Agosto. Passo o Verão a trabalhar. Apesar da crise, vou tendo concertos porque tenho temas de que as pessoas ainda gostam.
Faz muitos quilómetros pelo país.
Felizmente, todos os anos são milhares, não sei contabilizar. Não escolho terras. Já estive em Bragança e a seguir fui cantar a Faro.
Consegue manter a boa disposição?
Sim. Sou eu que conduzo e tudo. Não gosto que ninguém o faça. Sinto-me mais seguro. Sabe, também gosto de velocidade, os polícias é que não devem gostar. Por acaso tenho tido sorte e não apanho multas. Chego a ir cantar ao Algarve e venho dormir ao Porto. Faço 1200 km. Prefiro dormir em casa porque sou "anti-almofada".
Que quer dizer com isso?
Só me adapto à minha almofada. Qualquer dia tenho de começar a levá-la nas viagens.
Mas os quilómetros não afectam a energia nos concertos?
As minhas bailarinas dizem que não conhecem ninguém assim. É claro que depois de cantar fico cansado.
Qual foi o sítio mais estranho onde cantou?
No início, cheguei a cantar em circos. Lembro-me de uma vez no Algarve me terem posto a cantar quase em cima de uma mesa, num estrado com meio metro. Tive de me adaptar. A casa já estava vendida para o espectáculo, mas isso foi há uns anos. Agora é tudo mais profissional.
Nunca lhe aconteceu não lhe pagarem?
Quando comecei ganhava tão pouco que não havia esse problema. Recebia 20 contos por espectáculo. Agora os cachês são outros e há contratos, não o boca a boca. Uma ou duas vezes não me pagaram. Foi complicado e eu que sou mais nervoso trato as coisas de outra forma. Não vou dizer como é, se não ainda escreve aí.
Houve aliás uma confusão que apareceu nos jornais. Foi acusado de agredir um homem à porta de um centro comercial, que tentava separar a sua filha mais nova de outra senhora, numa aparente discussão.
Ela tinha 14 anos, foi empurrada por um indivíduo que não conhecia. Hoje fazia--lhe pior. Ele quer é dinheiro. Os tribunais condenam as figuras públicas, sabe. Não fui punido, mas não sei.
É difícil ser-se figura pública?
Esqueço isso. Quando vejo um homem a empurrar e a puxar os cabelos da minha filha, reajo. Qualquer pai fazia o mesmo.
Gosta de ter fama?
Às vezes é complicado, mas se temos fama é porque somos reconhecidos.
Um dos seus muitos sucessos é o "Baile de Verão", que passa em festas e casamentos. Como surgiu essa música?
Foi uma canção que marcou. Já passou em filmes, na novela "Laços de Sangue", coisa que muito me orgulha. A canção surgiu quando estava em estúdio. O Ricardo [Landum, produtor] disse-me: "Falta-nos uma canção de grande impacto." Lembrei-me de uma música com um beat de que gosto muito e que passa no meu bar de karaoke no Porto e trauteei. Atenção, não tem nada a ver com a canção, era só o refrão. Ele achou o beat porreiro e trabalhou sobre ele.
Quanto tempo demorou?
No outro dia pegou na viola e começou: "Toda malta gritou; Até o padre ajudou; Aperta, aperta com ela." Eu gritei: "É isso mesmo, não mexas mais." Foi assim. Ele compôs aquilo e apresentou-me feitinho, ena pá. É engraçado, toda a gente fazia troça. Até a minha filha fazia, achava muito pimba, e outros músicos também. Depois reconheceram que a canção fica no ouvido. Tudo o que fica no ouvido é êxito. Quer seja em inglês quer em russo.
O que é mais importante: letra ou música?
As duas coisas, não há letra sem um bom beat.
Como é a parceria com Ricardo Landum?
Muito boa. É a ele que devo os meus êxitos. Temos uma ligação íntima. Ele consegue fazer canções para mim, como para o Tony Carreira, sem misturar. São tão boas que há muitos colegas a copiarem o que eu faço. Primeiro deixam sair e depois fazem muito parecido.
Como lida com isso?
Lido bem. Uma coisa é liderar, outra é seguir. O que vem depois é depois.
Há muita competição?
Não ligo. Faço o meu disco sempre antes do São João e a partir daí não ligo aos outros. Gosto que eles me imitem, para saberem como se faz música.
O "Baile de Verão" teve uma nova versão com o Facebook. Gostou?
Sim, gravei essa versão e nos concertos pedem-me a música. Achei belíssimo o Zé Coimbra e a Carla Rocha [locutores da RFM] fazerem aquilo. Só se faz uma versão de uma canção de êxito. Seja a troçar ou não, quando a vão buscar estão a dar valor. A letra é giríssima, "Anda cá faz-me um Like". Não me importo com isso. Por exemplo da minha música "24 Rosas" o Fernando Pereira fez os "24 Tomates".
Acha que as pessoas a rotulam de música pimba?
Esse rótulo veio através do Emanuel, depois eu e outros levamos por tabela. O pimba é aquele que tem mais trabalho e faz canções para a maioria do público? É isso. Aqueles que não trabalham, só fazem uma canção, é que são pimba. São o pimba intelectual.
Podia explicar-nos melhor?
Não digo nomes, mas há muitos que cantam mal e nem deviam passar na rádio.
Como definiria então a sua música?
As minhas canções não são muito chatas, nem muito sérias. São um pouco brejeiras. Se quer um concerto mais sofisticado, mais calminho, para adormecer, é noutro lado. Faço uma música a pensar na boa disposição de quem vai ouvir. Quero pô-los a dançar.
As letras têm sempre o mesmo tema.
O sucesso está no trocadilho "Meta, meta", no sexo, nos namoros?
Nisso tudo. A nossa língua é um pouco perversa e brinco com isso. Por exemplo, "Eu nunca ralho com ela", isto está no dicionário, mas as pessoas pensam logo que é um palavrão. Como outra música: "O bailarico começou às nove, já ninguém pode, pode. O povo todo vai dizendo adeus, já ninguém pode. Só podemos tu e eu." Também entendem outra coisa. Às vezes vejo o marido a dizer à mulher: "Olha, ele quer dizer isto." As pessoas divertem-se assim. Não é para ofender ninguém. Até falo em padres. Olhe, estive na América e quem me contratou foi um padre. Dediquei-lhe a "Morena do Kuduro".
[Uma senhora passa pela mesa e começa a cantar: "Até o padre ajudou, aperta, aperta." José Malhoa sorri e responde: "Muito obrigado, minha senhora." A fã acrescenta enquanto vai saindo: "Você está mais novo, mais giro. Está no auge." "Obrigado. Adeus, minha querida."]
Nunca pensou em cantar outro tipo de música?
Não. Achei que neste caminho é que estava a dar e está a dar.
E o inglês?
Português, só. É simples, não sei falar inglês, pronto.
Ser cantor em Portugal é sinónimo de ser rico?
Não. Tenho uma vida normal, não sou rico. Tenho uma vida estável.
Não tem luxos?
Olhe, é gostar de roupa e de carros.
E a sua imagem?
Trato sempre dela.
Quais são as suas preocupações?
Era arranjar mais cabelo para aqui. [Aponta para a parte de trás da cabeça.] Estou tipo Santo António... Também não uso perucas. Mas tenho cuidado em usar bons cremes, para não ter tanta idade. Outro cuidado é não fumar nem beber. Só bebo de vez em quando às refeições.
A vida de artista é boémia?
Comigo não. Gosto de me deitar cedo quando não tenho espectáculos. Não sou muito boémio.
Nunca foi?
Hum. Antigamente não tinha a responsabilidade que tenho.
Os Malhoa hoje são uma empresa familiar?
Agora com a aparição da minha neta é quase uma empresa, sim. Sinto-me muito orgulhoso. Ter uma filha com a fama que ela tem e aparecer a minha neta é muito agradável.
Os seus pais também eram da música?
Não. A minha mãe era uma simples mulher a dias, com muito gosto e honra. O meu pai trabalhava na companhia do gás e electricidade. Era uma família muito humilde, souberam dar-me educação e pôr-me na linha de homem.
O que quer dizer com isso?
Ser homem é ser-se correcto e honesto.
Os seus pais concordaram com a sua carreira?
Os meus pais não gostavam. Como trabalhava de noite, pensavam que os artistas eram assaltados.
Mas depois comprovaram o seu sucesso?
O meu pai ainda viu a minha carreira. A minha mãe não, faleceu no início. Gostaria que me visse nesta altura.
Ela gostava de o ouvir cantar?
Gostava. Nasci ali em Belém e na colectividade Alves Rente, nos ditos bailes, é que eu cantava. Ela adorava.
E o seu pai?
Chegou a ir a alguns concertos e sentia-se orgulhoso. O filho era um nome.
Como surge a música na sua vida?
Desde pequenino que gosto de cantar. Comecei por cantar fado, depois música espanhola. O meu artista preferido era o Tony de Matos, porque cantava canções românticas, era o que me soava bem. Vejo em mim que canto bem fado, apesar de nunca ter gravado nada em fado.
Porquê?
Porque não é tão comercial como esta linha que tenho, e como queria viver da música abdiquei do fado.
Dos seus gostos pessoais...
Sim. Se fosse dentro dos meus gostos, estava no fado-canção.
E desde miúdo que quis ser cantor?
Sempre. Nunca tive ajudas. O José Malhoa não teve favores, teve de trabalhar.
Como conseguiu?
Um dia arranjaram-me uma cassete de Espanha do Juan Sebastian. Gostei muita da música e fiz uma versão da música dele que foi um sucesso, a "Cara de Cigano". [Começa a cantar] "Negros os teus cabelos, cobriam..."
Teve logo editora?
Isto saiu há 35 anos. Depois de fazer a versão fui à Orfeu no Porto. Entreguei a música ao Fernando Pereira e ele disse--me: "Venha cá receber a resposta dentro de oito dias." Andei seis meses a correr até ao quarto andar e nada de resposta. Um belo dia cheguei lá zangado e ele diz-me: "Chegou em boa altura. Arranje-me outra faixa que vamos ter êxito." Desci o quarto andar a saltar de cinco em cinco degraus.
Tinha que idade?
Vinte e tal, foi quando saí da tropa. Aquela canção vendeu 600 mil cópias. Foi o que me deu abertura para todas as editoras. Passei pela Orfeu, depois pela Rádio Triunfo, mas não gostei. Quando estou numa editora gosto de me sentir em casa. Depois fui para a Sony Music. Quem lá estava queria que eu gravasse com uma senhora bastante antiga, a Maria Clara, e eu não estava virado para esse tipo de canção. Recusei e fui-me embora.
Para onde foi?
Nessa altura aparece a Disco Sete, e é lá que gravo as "24 Rosas". A senhora da editora dizia que tinha uma piscina olímpica forrada com o dinheiro que ganhou. Entretanto começou a aparecer muita gente por lá, saí e fui abrir a editora Espacial, que é uma coisa de coração. O Ricardo Landum veio comigo, um grande produtor, e passaram todos os cantores, como Tony Carreira, para lá.
Já dava para viver das cantigas ou trabalhava noutra área?
Trabalhei ainda um tempo em decoração, mas o bichinho da música começou a roer. Ia a qualquer lado, um bar, e pedia para tocar. Cantei em todos os lados, nos circos, em discotecas.
Nunca recusou um sítio?
Não. Eu queria ser músico.
Estudou música?
Andei naquilo que era antigamente da Emissora Nacional, o Centro de Preparação de Artistas da Rádio. Aprendi vocalizes e tal, mas depois queriam que andasse sempre de fato e sou antifato.
Porquê?
Não gosto. Raríssimas vezes ando de fato e gravata. Quando me vêem assim na TV até me dão os parabéns, porque fico bem.
Foi por essa razão que deixou de ir à emissora?
Sim. Chegava lá e quase não aprendia nada, só vocalizes. Mas havia lá muitos, o António Calvário, a Simone de Oliveira, acho que o Marco Paulo também. Não cheguei a concluir porque não me sentia bem e desisti. Comecei a arranjar reportório de outros.
Como escolhia as músicas para cantar?
O que gostava de cantar naquela altura era o Tony de Matos e os ritmos em espanhol. Tudo o que entrava no ouvido, o que se trauteava. No início era mais baladeiro, mas como havia muitos, fui por outro caminho. Depois comecei a ganhar um cunho próprio.
Como é esse ADN?
É você gravar uma coisa que tem a certeza que o público gosta. Nunca fui de mudar muito o modo de cantar. O meu público não é muito rico nem muito pobre, é a classe média alta.
"24 Rosas" foi a música que mudou a sua vida.
Completamente. Mas mesmo assim dificilmente passei num programa de televisão.
Porquê?
Não sei. Antigamente havia grandes ódios nas televisões. Havia muita gente que pagava para aparecer. Mas, como disse, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro. Algumas pessoas foram muito más. Se o público gostava daquela música, que vendeu para cima de um milhão de cópias, porque não a passavam? Ainda bem que a TV hoje é gerida por outras pessoas. Naquela altura havia grandes interesses das editoras e os artistas chegavam a pagar do próprio bolso para aparecer.
Quando é que percebe que o público gosta de si?
Isso logo depois da "Cara de Cigana". Mas nunca mudei nada por ser famoso. Sou um ser humano, vou a todo o lado em que haja público, sou igual a qualquer pessoa. Não sou de me esconder. Vou aos centros comerciais, ao Continente. As pessoas não gostam que os artistas se escondam. Mas todos os trabalhos marcaram o nome José Malhoa. Olhe, como o "Amor de Verão" [começa a cantarolar], ou a canção "Cristina".
Lembra-se do seu primeiro concerto?
Estava nervoso, suava muito. Agora só transpiro no fim do concerto e vejo que o público gosta de mim.
É bom?
Então não?! Um artista já com 35 anos de carreira, vou fazer 36, saber que tem um público de milhares de pessoas...
Nota diferença no público?
Uma diferença terrível. O José Malhoa não tinha o nome que tem agora. Eu ia incorporado nos espectáculos dos outros colegas e tive uma aprendizagem muito boa. Antigamente havia as mini-revistas e andava pelo país a cantar com eles. Olhe, e foi assim que me apaixonei pelo Porto. Toquei no Sá da Bandeira e vivo lá há 30 e tal anos.
Porque se apaixonou?
Foi lá que arranjei editora, foi lá que deram valor ao meu nome. Tenho 90% dos fãs a norte e 9% a sul. Vale a pena gostar do Norte.
Acarinham-no mais?
Sim, mas estive aqui em Tires num concerto com 50 mil pessoas. É bom.
As palmas são viciantes?
Não. Há público que gosta e não reage tão bem. Às vezes têm vergonha. Para alguns artistas há públicos difíceis, mas eu sei dar-lhes a volta. Comecei do zero. Como lhes dá a volta?
É ir ver o meu espectáculo que vou pô- -la a bater palmas.
A sua filha, Ana Malhoa, também foi contagiada.
Ela acompanhava-me nos concertos e gatinhava para o palco, puxava-me as calças e dizia: "Ó pai, deixa-me cantar." As pessoas achavam graça. Dava-lhe o micro e ela andava ali. Quando ela tinha vontade de fazer xixi, dizia para o micro: "Pai, vou fazer xixi."
Ficou contente quando ela se tornou cantora?
Adorei. Sou um pai-galinha, adoro os meus filhos. Alguns estão distantes, vivo no Porto, eles vivem a sul. Tenho um na Escócia, mas adoro. Quando comecei a reparar que a Ana gostava das cantigas, dei-lhe todo o apoio. Fizemos canções em dupla até aos 20 e tal.
A Ana Malhoa foi crescendo aos olhos do pai. Como lida com os piropos?
Olhe, às vezes há piropos, outros vezes são ofensas. Já me passei dos carretos. Quando ofendem os meus filhos, não sou figura pública, desço ao mais baixo nível...
Lidou bem com a fama da sua filha?
Quando estava na televisão fiquei orgulhoso. Todas as semanas estava lá. É muito profissional. Fazia concertos e estava na televisão.
Ana Malhoa também foi capa da "Playboy". Como lidou com isso?
Lido como ela lidou. Nós, os pais, temos uma segurança até aos 18 anos. A partir daí os pais já são cotas, já não sabem nada disso. Como já era casada, tinha a ver com ela e com o marido. Se é o que queres, vai. Lidei bem com isso. Não a critico.
A sua neta está a entrar no mundo da música agora. Que conselhos lhe dá para ter sucesso?
Nunca incuti no espírito da minha Ana que fosse uma vedeta, sendo o pai um cantor com alguma fama. E o mesmo com a Índia. Deve encontrar o seu beat, ser simples e frontal. É assim que as pessoas conseguem vencer. Se empinam muito o nariz, nada feito. Temos de explicar à criança que a música não serve apenas para ser uma grande vedeta, isso não deve ser o motivo.
Porquê?
Porque não se deve depender de ninguém. Comecei devagarinho e consegui, com 35 anos de carreira, ter público, fazer espectáculos. Isto é que é importantíssimo. Agora gravar um disco e ter os miúdos a gritar e acabar, isso não é carreira.
A sua música é diversão, alegria. Que música aconselharia aos nossos políticos?
Até me faz rir. Eles têm lá os hobbies deles, são pessoas importantíssimas, não ligam à música do José Malhoa, que é a música do povo, do povo que os elegeu. Se perguntar ao Sócrates, vai dizer que ouve o Beethoven, mas depois ouve José Malhoa. Cá para fora é outro tipo de canção, dá outro charme.
por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011 | Actualizado há 7 horas
Não há Verão sem baile e sem José Malhoa. Muito menos Agosto sem concertos do cantor, que já leva 35 anos de carreira
Costa da Caparica, 2011. José Malhoa costuma passar por lá para visitar a filha, Ana Malhoa, com quem almoçou. O cantor, de 64 anos, mudou de roupa para as fotografias
Costa da Caparica, 2011. José Malhoa costuma passar por lá para visitar a filha, Ana Malhoa, com quem...
Guillaume Pazat/Kameraphoto
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Fala na terceira pessoa nas ocasiões solenes: "José Malhoa não teve padrinhos", "José Malhoa era pobre", "José Malhoa tem o seu público". Não canta em inglês, porque não domina o idioma, mas repete a palavra "beat" para explicar a sua música. O cantor natural de Lisboa é o ícone dos bailes de Verão, da música ligeira que muitos apelidam de pimba, o que recusa. Preferia cantar fado, mas sabe que se quer viver da música tem de se manter neste "beat". Com a cantora Ana Malhoa, sua filha, e a neta Índia, forma o clã Malhoa, quase uma empresa familiar de entretenimento. José Malhoa, de 64 anos, aceitou conversar com o i durante quase duas horas numa esplanada na Caparica. Cantarolou várias vezes, foi interrompido por fãs e mudou de roupa para as fotografias. Como profissional não ia repetir a camisa com dragões e uns fiozinhos de dourado em duas entrevistas. Com 35 anos de carreira e milhões de discos vendidos, não está a pensar abrandar o ritmo.
Marcou a entrevista na Costa da Caparica. Porquê?
É onde venho com a minha Ana, ela vive aqui deste lado. É o ponto de descanso.
Mas o Verão não é propriamente de descanso para vocês. Quantos concertos tem este mês?
Tenho 19, mas em 2010 tive 26 concertos em Agosto. Passo o Verão a trabalhar. Apesar da crise, vou tendo concertos porque tenho temas de que as pessoas ainda gostam.
Faz muitos quilómetros pelo país.
Felizmente, todos os anos são milhares, não sei contabilizar. Não escolho terras. Já estive em Bragança e a seguir fui cantar a Faro.
Consegue manter a boa disposição?
Sim. Sou eu que conduzo e tudo. Não gosto que ninguém o faça. Sinto-me mais seguro. Sabe, também gosto de velocidade, os polícias é que não devem gostar. Por acaso tenho tido sorte e não apanho multas. Chego a ir cantar ao Algarve e venho dormir ao Porto. Faço 1200 km. Prefiro dormir em casa porque sou "anti-almofada".
Que quer dizer com isso?
Só me adapto à minha almofada. Qualquer dia tenho de começar a levá-la nas viagens.
Mas os quilómetros não afectam a energia nos concertos?
As minhas bailarinas dizem que não conhecem ninguém assim. É claro que depois de cantar fico cansado.
Qual foi o sítio mais estranho onde cantou?
No início, cheguei a cantar em circos. Lembro-me de uma vez no Algarve me terem posto a cantar quase em cima de uma mesa, num estrado com meio metro. Tive de me adaptar. A casa já estava vendida para o espectáculo, mas isso foi há uns anos. Agora é tudo mais profissional.
Nunca lhe aconteceu não lhe pagarem?
Quando comecei ganhava tão pouco que não havia esse problema. Recebia 20 contos por espectáculo. Agora os cachês são outros e há contratos, não o boca a boca. Uma ou duas vezes não me pagaram. Foi complicado e eu que sou mais nervoso trato as coisas de outra forma. Não vou dizer como é, se não ainda escreve aí.
Houve aliás uma confusão que apareceu nos jornais. Foi acusado de agredir um homem à porta de um centro comercial, que tentava separar a sua filha mais nova de outra senhora, numa aparente discussão.
Ela tinha 14 anos, foi empurrada por um indivíduo que não conhecia. Hoje fazia--lhe pior. Ele quer é dinheiro. Os tribunais condenam as figuras públicas, sabe. Não fui punido, mas não sei.
É difícil ser-se figura pública?
Esqueço isso. Quando vejo um homem a empurrar e a puxar os cabelos da minha filha, reajo. Qualquer pai fazia o mesmo.
Gosta de ter fama?
Às vezes é complicado, mas se temos fama é porque somos reconhecidos.
Um dos seus muitos sucessos é o "Baile de Verão", que passa em festas e casamentos. Como surgiu essa música?
Foi uma canção que marcou. Já passou em filmes, na novela "Laços de Sangue", coisa que muito me orgulha. A canção surgiu quando estava em estúdio. O Ricardo [Landum, produtor] disse-me: "Falta-nos uma canção de grande impacto." Lembrei-me de uma música com um beat de que gosto muito e que passa no meu bar de karaoke no Porto e trauteei. Atenção, não tem nada a ver com a canção, era só o refrão. Ele achou o beat porreiro e trabalhou sobre ele.
Quanto tempo demorou?
No outro dia pegou na viola e começou: "Toda malta gritou; Até o padre ajudou; Aperta, aperta com ela." Eu gritei: "É isso mesmo, não mexas mais." Foi assim. Ele compôs aquilo e apresentou-me feitinho, ena pá. É engraçado, toda a gente fazia troça. Até a minha filha fazia, achava muito pimba, e outros músicos também. Depois reconheceram que a canção fica no ouvido. Tudo o que fica no ouvido é êxito. Quer seja em inglês quer em russo.
O que é mais importante: letra ou música?
As duas coisas, não há letra sem um bom beat.
Como é a parceria com Ricardo Landum?
Muito boa. É a ele que devo os meus êxitos. Temos uma ligação íntima. Ele consegue fazer canções para mim, como para o Tony Carreira, sem misturar. São tão boas que há muitos colegas a copiarem o que eu faço. Primeiro deixam sair e depois fazem muito parecido.
Como lida com isso?
Lido bem. Uma coisa é liderar, outra é seguir. O que vem depois é depois.
Há muita competição?
Não ligo. Faço o meu disco sempre antes do São João e a partir daí não ligo aos outros. Gosto que eles me imitem, para saberem como se faz música.
O "Baile de Verão" teve uma nova versão com o Facebook. Gostou?
Sim, gravei essa versão e nos concertos pedem-me a música. Achei belíssimo o Zé Coimbra e a Carla Rocha [locutores da RFM] fazerem aquilo. Só se faz uma versão de uma canção de êxito. Seja a troçar ou não, quando a vão buscar estão a dar valor. A letra é giríssima, "Anda cá faz-me um Like". Não me importo com isso. Por exemplo da minha música "24 Rosas" o Fernando Pereira fez os "24 Tomates".
Acha que as pessoas a rotulam de música pimba?
Esse rótulo veio através do Emanuel, depois eu e outros levamos por tabela. O pimba é aquele que tem mais trabalho e faz canções para a maioria do público? É isso. Aqueles que não trabalham, só fazem uma canção, é que são pimba. São o pimba intelectual.
Podia explicar-nos melhor?
Não digo nomes, mas há muitos que cantam mal e nem deviam passar na rádio.
Como definiria então a sua música?
As minhas canções não são muito chatas, nem muito sérias. São um pouco brejeiras. Se quer um concerto mais sofisticado, mais calminho, para adormecer, é noutro lado. Faço uma música a pensar na boa disposição de quem vai ouvir. Quero pô-los a dançar.
As letras têm sempre o mesmo tema.
O sucesso está no trocadilho "Meta, meta", no sexo, nos namoros?
Nisso tudo. A nossa língua é um pouco perversa e brinco com isso. Por exemplo, "Eu nunca ralho com ela", isto está no dicionário, mas as pessoas pensam logo que é um palavrão. Como outra música: "O bailarico começou às nove, já ninguém pode, pode. O povo todo vai dizendo adeus, já ninguém pode. Só podemos tu e eu." Também entendem outra coisa. Às vezes vejo o marido a dizer à mulher: "Olha, ele quer dizer isto." As pessoas divertem-se assim. Não é para ofender ninguém. Até falo em padres. Olhe, estive na América e quem me contratou foi um padre. Dediquei-lhe a "Morena do Kuduro".
[Uma senhora passa pela mesa e começa a cantar: "Até o padre ajudou, aperta, aperta." José Malhoa sorri e responde: "Muito obrigado, minha senhora." A fã acrescenta enquanto vai saindo: "Você está mais novo, mais giro. Está no auge." "Obrigado. Adeus, minha querida."]
Nunca pensou em cantar outro tipo de música?
Não. Achei que neste caminho é que estava a dar e está a dar.
E o inglês?
Português, só. É simples, não sei falar inglês, pronto.
Ser cantor em Portugal é sinónimo de ser rico?
Não. Tenho uma vida normal, não sou rico. Tenho uma vida estável.
Não tem luxos?
Olhe, é gostar de roupa e de carros.
E a sua imagem?
Trato sempre dela.
Quais são as suas preocupações?
Era arranjar mais cabelo para aqui. [Aponta para a parte de trás da cabeça.] Estou tipo Santo António... Também não uso perucas. Mas tenho cuidado em usar bons cremes, para não ter tanta idade. Outro cuidado é não fumar nem beber. Só bebo de vez em quando às refeições.
A vida de artista é boémia?
Comigo não. Gosto de me deitar cedo quando não tenho espectáculos. Não sou muito boémio.
Nunca foi?
Hum. Antigamente não tinha a responsabilidade que tenho.
Os Malhoa hoje são uma empresa familiar?
Agora com a aparição da minha neta é quase uma empresa, sim. Sinto-me muito orgulhoso. Ter uma filha com a fama que ela tem e aparecer a minha neta é muito agradável.
Os seus pais também eram da música?
Não. A minha mãe era uma simples mulher a dias, com muito gosto e honra. O meu pai trabalhava na companhia do gás e electricidade. Era uma família muito humilde, souberam dar-me educação e pôr-me na linha de homem.
O que quer dizer com isso?
Ser homem é ser-se correcto e honesto.
Os seus pais concordaram com a sua carreira?
Os meus pais não gostavam. Como trabalhava de noite, pensavam que os artistas eram assaltados.
Mas depois comprovaram o seu sucesso?
O meu pai ainda viu a minha carreira. A minha mãe não, faleceu no início. Gostaria que me visse nesta altura.
Ela gostava de o ouvir cantar?
Gostava. Nasci ali em Belém e na colectividade Alves Rente, nos ditos bailes, é que eu cantava. Ela adorava.
E o seu pai?
Chegou a ir a alguns concertos e sentia-se orgulhoso. O filho era um nome.
Como surge a música na sua vida?
Desde pequenino que gosto de cantar. Comecei por cantar fado, depois música espanhola. O meu artista preferido era o Tony de Matos, porque cantava canções românticas, era o que me soava bem. Vejo em mim que canto bem fado, apesar de nunca ter gravado nada em fado.
Porquê?
Porque não é tão comercial como esta linha que tenho, e como queria viver da música abdiquei do fado.
Dos seus gostos pessoais...
Sim. Se fosse dentro dos meus gostos, estava no fado-canção.
E desde miúdo que quis ser cantor?
Sempre. Nunca tive ajudas. O José Malhoa não teve favores, teve de trabalhar.
Como conseguiu?
Um dia arranjaram-me uma cassete de Espanha do Juan Sebastian. Gostei muita da música e fiz uma versão da música dele que foi um sucesso, a "Cara de Cigano". [Começa a cantar] "Negros os teus cabelos, cobriam..."
Teve logo editora?
Isto saiu há 35 anos. Depois de fazer a versão fui à Orfeu no Porto. Entreguei a música ao Fernando Pereira e ele disse--me: "Venha cá receber a resposta dentro de oito dias." Andei seis meses a correr até ao quarto andar e nada de resposta. Um belo dia cheguei lá zangado e ele diz-me: "Chegou em boa altura. Arranje-me outra faixa que vamos ter êxito." Desci o quarto andar a saltar de cinco em cinco degraus.
Tinha que idade?
Vinte e tal, foi quando saí da tropa. Aquela canção vendeu 600 mil cópias. Foi o que me deu abertura para todas as editoras. Passei pela Orfeu, depois pela Rádio Triunfo, mas não gostei. Quando estou numa editora gosto de me sentir em casa. Depois fui para a Sony Music. Quem lá estava queria que eu gravasse com uma senhora bastante antiga, a Maria Clara, e eu não estava virado para esse tipo de canção. Recusei e fui-me embora.
Para onde foi?
Nessa altura aparece a Disco Sete, e é lá que gravo as "24 Rosas". A senhora da editora dizia que tinha uma piscina olímpica forrada com o dinheiro que ganhou. Entretanto começou a aparecer muita gente por lá, saí e fui abrir a editora Espacial, que é uma coisa de coração. O Ricardo Landum veio comigo, um grande produtor, e passaram todos os cantores, como Tony Carreira, para lá.
Já dava para viver das cantigas ou trabalhava noutra área?
Trabalhei ainda um tempo em decoração, mas o bichinho da música começou a roer. Ia a qualquer lado, um bar, e pedia para tocar. Cantei em todos os lados, nos circos, em discotecas.
Nunca recusou um sítio?
Não. Eu queria ser músico.
Estudou música?
Andei naquilo que era antigamente da Emissora Nacional, o Centro de Preparação de Artistas da Rádio. Aprendi vocalizes e tal, mas depois queriam que andasse sempre de fato e sou antifato.
Porquê?
Não gosto. Raríssimas vezes ando de fato e gravata. Quando me vêem assim na TV até me dão os parabéns, porque fico bem.
Foi por essa razão que deixou de ir à emissora?
Sim. Chegava lá e quase não aprendia nada, só vocalizes. Mas havia lá muitos, o António Calvário, a Simone de Oliveira, acho que o Marco Paulo também. Não cheguei a concluir porque não me sentia bem e desisti. Comecei a arranjar reportório de outros.
Como escolhia as músicas para cantar?
O que gostava de cantar naquela altura era o Tony de Matos e os ritmos em espanhol. Tudo o que entrava no ouvido, o que se trauteava. No início era mais baladeiro, mas como havia muitos, fui por outro caminho. Depois comecei a ganhar um cunho próprio.
Como é esse ADN?
É você gravar uma coisa que tem a certeza que o público gosta. Nunca fui de mudar muito o modo de cantar. O meu público não é muito rico nem muito pobre, é a classe média alta.
"24 Rosas" foi a música que mudou a sua vida.
Completamente. Mas mesmo assim dificilmente passei num programa de televisão.
Porquê?
Não sei. Antigamente havia grandes ódios nas televisões. Havia muita gente que pagava para aparecer. Mas, como disse, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro. Algumas pessoas foram muito más. Se o público gostava daquela música, que vendeu para cima de um milhão de cópias, porque não a passavam? Ainda bem que a TV hoje é gerida por outras pessoas. Naquela altura havia grandes interesses das editoras e os artistas chegavam a pagar do próprio bolso para aparecer.
Quando é que percebe que o público gosta de si?
Isso logo depois da "Cara de Cigana". Mas nunca mudei nada por ser famoso. Sou um ser humano, vou a todo o lado em que haja público, sou igual a qualquer pessoa. Não sou de me esconder. Vou aos centros comerciais, ao Continente. As pessoas não gostam que os artistas se escondam. Mas todos os trabalhos marcaram o nome José Malhoa. Olhe, como o "Amor de Verão" [começa a cantarolar], ou a canção "Cristina".
Lembra-se do seu primeiro concerto?
Estava nervoso, suava muito. Agora só transpiro no fim do concerto e vejo que o público gosta de mim.
É bom?
Então não?! Um artista já com 35 anos de carreira, vou fazer 36, saber que tem um público de milhares de pessoas...
Nota diferença no público?
Uma diferença terrível. O José Malhoa não tinha o nome que tem agora. Eu ia incorporado nos espectáculos dos outros colegas e tive uma aprendizagem muito boa. Antigamente havia as mini-revistas e andava pelo país a cantar com eles. Olhe, e foi assim que me apaixonei pelo Porto. Toquei no Sá da Bandeira e vivo lá há 30 e tal anos.
Porque se apaixonou?
Foi lá que arranjei editora, foi lá que deram valor ao meu nome. Tenho 90% dos fãs a norte e 9% a sul. Vale a pena gostar do Norte.
Acarinham-no mais?
Sim, mas estive aqui em Tires num concerto com 50 mil pessoas. É bom.
As palmas são viciantes?
Não. Há público que gosta e não reage tão bem. Às vezes têm vergonha. Para alguns artistas há públicos difíceis, mas eu sei dar-lhes a volta. Comecei do zero. Como lhes dá a volta?
É ir ver o meu espectáculo que vou pô- -la a bater palmas.
A sua filha, Ana Malhoa, também foi contagiada.
Ela acompanhava-me nos concertos e gatinhava para o palco, puxava-me as calças e dizia: "Ó pai, deixa-me cantar." As pessoas achavam graça. Dava-lhe o micro e ela andava ali. Quando ela tinha vontade de fazer xixi, dizia para o micro: "Pai, vou fazer xixi."
Ficou contente quando ela se tornou cantora?
Adorei. Sou um pai-galinha, adoro os meus filhos. Alguns estão distantes, vivo no Porto, eles vivem a sul. Tenho um na Escócia, mas adoro. Quando comecei a reparar que a Ana gostava das cantigas, dei-lhe todo o apoio. Fizemos canções em dupla até aos 20 e tal.
A Ana Malhoa foi crescendo aos olhos do pai. Como lida com os piropos?
Olhe, às vezes há piropos, outros vezes são ofensas. Já me passei dos carretos. Quando ofendem os meus filhos, não sou figura pública, desço ao mais baixo nível...
Lidou bem com a fama da sua filha?
Quando estava na televisão fiquei orgulhoso. Todas as semanas estava lá. É muito profissional. Fazia concertos e estava na televisão.
Ana Malhoa também foi capa da "Playboy". Como lidou com isso?
Lido como ela lidou. Nós, os pais, temos uma segurança até aos 18 anos. A partir daí os pais já são cotas, já não sabem nada disso. Como já era casada, tinha a ver com ela e com o marido. Se é o que queres, vai. Lidei bem com isso. Não a critico.
A sua neta está a entrar no mundo da música agora. Que conselhos lhe dá para ter sucesso?
Nunca incuti no espírito da minha Ana que fosse uma vedeta, sendo o pai um cantor com alguma fama. E o mesmo com a Índia. Deve encontrar o seu beat, ser simples e frontal. É assim que as pessoas conseguem vencer. Se empinam muito o nariz, nada feito. Temos de explicar à criança que a música não serve apenas para ser uma grande vedeta, isso não deve ser o motivo.
Porquê?
Porque não se deve depender de ninguém. Comecei devagarinho e consegui, com 35 anos de carreira, ter público, fazer espectáculos. Isto é que é importantíssimo. Agora gravar um disco e ter os miúdos a gritar e acabar, isso não é carreira.
A sua música é diversão, alegria. Que música aconselharia aos nossos políticos?
Até me faz rir. Eles têm lá os hobbies deles, são pessoas importantíssimas, não ligam à música do José Malhoa, que é a música do povo, do povo que os elegeu. Se perguntar ao Sócrates, vai dizer que ouve o Beethoven, mas depois ouve José Malhoa. Cá para fora é outro tipo de canção, dá outro charme.
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Vitor mango- Pontos : 118178
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
meninos e meninas
Eu nao li o paleio ai em cima ...Juro !
o que me atraiu foi a madame a medir a alyura do Bicho
Porque ?
Sucede que uma madame mais alta que um artista traz problemas sociaais e reias
O nosso D. carlos de pança esticada casou com a "rainha da França " e a rainha tinha 1.90 de alturas e
e para nao ficar mal na foto a rainha sentava-se nao no kolo do Rei mas numa cadeira enquanto o king esticava o fisico em toda a sua plenitude do metro
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Vitor mango- Pontos : 118178
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
.
Às vezes, vale a pena ler, pois deparamos com lições de vida, que nos fazem pensar na ligeireza com que emitimos juizos de valor sobre pessoas que mal conhecemos, ou cujo êxito invejamos. Ou ainda pela noção de conceitos errados, a respeito de escolhas musicais (no caso) ou outras...
Às vezes, vale a pena ler, pois deparamos com lições de vida, que nos fazem pensar na ligeireza com que emitimos juizos de valor sobre pessoas que mal conhecemos, ou cujo êxito invejamos. Ou ainda pela noção de conceitos errados, a respeito de escolhas musicais (no caso) ou outras...
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
Joao Ruiz escreveu:.
Às vezes, vale a pena ler, pois deparamos com lições de vida, que nos fazem pensar na ligeireza com que emitimos juizos de valor sobre pessoas que mal conhecemos, ou cujo êxito invejamos. Ou ainda pela noção de conceitos errados, a respeito de escolhas musicais (no caso) ou outras...
quando tiver vagar vou ler ~mas acreditem nao conheço o tipo e a unica coisa que me chamou a atyençao foi a madame andar a medir o artista
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Vitor mango- Pontos : 118178
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
Bom...Nem todos in√ejam os êXitüs dos outros e a lady tàmedir o kantaroleiro no sitiü errado...Ke kekekekkekeke!!!!!
Pimba, pimba, pimba!!!
MÚSICA
A música portuguesa nunca existiu
António Pinho Vargas andava há tanto tempo inquieto com esta questão que decidiu trocar as ferramentas do compositor pelas do sociólogo e escrever "Música e Poder: para uma sociologia da ausência da música portuguesa no contexto europeu". Uma obra apaixonante, e polémica, sobre os mecanismos da nossa subalternidade.
Pimba, pimba, pimba!!!
MÚSICA
A música portuguesa nunca existiu
António Pinho Vargas andava há tanto tempo inquieto com esta questão que decidiu trocar as ferramentas do compositor pelas do sociólogo e escrever "Música e Poder: para uma sociologia da ausência da música portuguesa no contexto europeu". Uma obra apaixonante, e polémica, sobre os mecanismos da nossa subalternidade.
Kllüx- Pontos : 11230
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
.
Pois! Só que o "cantaroleiro" em questão tem por si um povo, não digo inteiro, porque para tudo há excepçõese muitas vezes falsamente declaradas. Mas é o mesmo povo que os políticos bajulam em tempo de eleições e de que se esquecem a seguir. O mesmo povo que vota, que erra, ou não, as suas escolhas, mas que é o único a sofrer-lhe os efeitos e nunca a beneficiar delas. Etc., etc., etc.
Quanto à música portuguesa autêntica, essa só a de raiz folclórica e nunca a pseudo cantoria de hoje, cifrada mais em gritaria desagradável e batucada infernal, cópia de outras latitudes, sem a nossa forma de ser e estar, sem nada, portanto, que nos diga respeito.
Para sua informação, o Malhoa não faz o meu género, ele e outros semelhantes, mas deve ser respeitado pelo seu exemplo de vida e sua afirmação lusitana.
Bom...Nem todos in√ejam os êXitüs dos outros e a lady tàmedir o kantaroleiro no sitiü errado...Ke kekekekkekeke!!!!!
Pois! Só que o "cantaroleiro" em questão tem por si um povo, não digo inteiro, porque para tudo há excepçõese muitas vezes falsamente declaradas. Mas é o mesmo povo que os políticos bajulam em tempo de eleições e de que se esquecem a seguir. O mesmo povo que vota, que erra, ou não, as suas escolhas, mas que é o único a sofrer-lhe os efeitos e nunca a beneficiar delas. Etc., etc., etc.
Quanto à música portuguesa autêntica, essa só a de raiz folclórica e nunca a pseudo cantoria de hoje, cifrada mais em gritaria desagradável e batucada infernal, cópia de outras latitudes, sem a nossa forma de ser e estar, sem nada, portanto, que nos diga respeito.
Para sua informação, o Malhoa não faz o meu género, ele e outros semelhantes, mas deve ser respeitado pelo seu exemplo de vida e sua afirmação lusitana.
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
Joao Ruiz escreveu:.Bom...Nem todos in√ejam os êXitüs dos outros e a lady tàmedir o kantaroleiro no sitiü errado...Ke kekekekkekeke!!!!!
Pois! Só que o "cantaroleiro" em questão tem por si um povo, não digo inteiro, porque para tudo há excepçõese muitas vezes falsamente declaradas. Mas é o mesmo povo que os políticos bajulam em tempo de eleições e de que se esquecem a seguir. O mesmo povo que vota, que erra, ou não, as suas escolhas, mas que é o único a sofrer-lhe os efeitos e nunca a beneficiar delas. Etc., etc., etc.
Quanto à música portuguesa autêntica, essa só a de raiz folclórica e nunca a pseudo cantoria de hoje, cifrada mais em gritaria desagradável e batucada infernal, cópia de outras latitudes, sem a nossa forma de ser e estar, sem nada, portanto, que nos diga respeito.
Para sua informação, o Malhoa não faz o meu género, ele e outros semelhantes, mas deve ser respeitado pelo seu exemplo de vida e sua afirmação lusitana.
joao obrigadinho pela informaçao e em face ou fase de tao elevado nivel pimbeiro recuso-me a ler o poste
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Vitor mango- Pontos : 118178
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
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Não sei o que quer dizer com isso, mas se é para fazer coro, por ter medo de destoar, ok!
Por mim, direi sempre o que penso, mesmo àqueles que se têm por amantes do... não ou menos pimba para fora, porque lá dentro... já vi muita coisa e nunca bate a bota com a perdigota...
Pois!
joao obrigadinho pela informaçao e em face ou fase de tao elevado nivel pimbeiro recuso-me a ler o poste
Não sei o que quer dizer com isso, mas se é para fazer coro, por ter medo de destoar, ok!
Por mim, direi sempre o que penso, mesmo àqueles que se têm por amantes do... não ou menos pimba para fora, porque lá dentro... já vi muita coisa e nunca bate a bota com a perdigota...
Pois!
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
Joao Ruiz escreveu:.joao obrigadinho pela informaçao e em face ou fase de tao elevado nivel pimbeiro recuso-me a ler o poste
Não sei o que quer dizer com isso, mas se é para fazer coro, por ter medo de destoar, ok!
Por mim, direi sempre o que penso, mesmo àqueles que se têm por amantes do... não ou menos pimba para fora, porque lá dentro... já vi muita coisa e nunca bate a bota com a perdigota...
Pois!
nem disse mal do Pimba na caneca e tal como a Opera tem outros patamares não nos podem criticar porque gostamos mais de uma sardinhada do que uma Lagostada
portanto nada de tirar brasa debaixo da minha pescada sardinha no mar alto
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Vitor mango- Pontos : 118178
Re: José Malhoa. "Muita gente pagava para aparecer, o José Malhoa era pobre e não podia dar dinheiro" por Vanda Marques , Publicado em 03 de Agosto de 2011
amen (juro que ainda nao li o posts
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Vitor mango- Pontos : 118178
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