Língua áspera
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Língua áspera
Língua áspera
Neatostema apulum (L.) I. M. Johnst.
Esta pequena herbácea anual (caules até 30 cm), que apresenta fortes semelhanças com a muito comum erva-das-sete-sangrias (Lithodora prostrata
(Loisel.) Griseb.), sobretudo na forma das flores e na folhagem áspera
como língua de gato, tem contudo uma personalidade tão vincada que
perfaz sozinha um género botânico. O tardio reconhecimento da sua
singularidade ocorreu em 1953; até lá, ela foi agrupada com os miosótis
(por Lineu, em 1755, que lhe chamou Myosotis apula) ou incluída, como Lithospermum apulum, num género por onde também já andou a erva-das-sete-sangrias.
Para além das flores amarelas (que têm cerca de 6 mm de diâmetro), uma
particularidade mais subtil a destaca não só das suas antigas
companheiras como da generalidade das boragináceas. A Neatostema apulum, tal como certas orquídeas, é praticante assídua da cleistogamia:
algumas flores não chegam a abrir e optam pela auto-polinização. Com as
abelhas e outros polinizadores a escassearem de modo alarmante, que a
planta se baste a si própria para se multiplicar é um passaporte para a
sobreviência.
O epíteto apulum refere-se à Apúlia - não à praia nortenha, mas à
província transalpina com o mesmo nome, situada no calcanhar da
bota-península italiana. A distribuição da língua-de-flores-amarelas é
contudo bem mais ampla: todo o sul da Europa, norte de África e sudoeste
da Ásia. Em Portugal aparece sobretudo no centro e no sul, mas faz
ainda uma incursão à bacia do Douro superior. Surge em prados ou bermas
de caminhos, e afirma a Flora Ibérica que ela é indiferente ao
teor ácido ou alcalino do solo. Até hoje, porém, só a encontrámos sobre
calcários, nos Candeeiros e em Sicó.
Publicada por
Paulo Araújo
em
6.10.11
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Etiquetas:
Boraginaceae,
Serras de Aire e Candeeiros
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