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sobre a história da ciência luso-brasileira

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sobre a história da ciência luso-brasileira Empty sobre a história da ciência luso-brasileira

Mensagem por Vitor mango Ter Nov 08, 2011 7:57 am

obre a história da ciência luso-brasileira



sobre a história da ciência luso-brasileira Btop_right
Na
semana passada realizou-se em Coimbra o Congresso Luso-Brasileiro de
História da Ciência. Deixo aqui as minhas palavras na sessão de
abertura:


Sejam bem-vindos ao Congresso Luso-Brasileiro de
História das Ciências. Na sequência de outras iniciativas semelhantes,
pretendemos com esta reunião reforçar os estudos de história da ciência
e reforçar também o intercâmbio científico e cultural com o grande país
irmão. É muito o que une neste domínio e estou em crer que será ainda
mais o que nos unirá no final do nosso encontro.

O congresso
nasceu a partir de um projecto apoiado pela Fundação para a Ciência e
Tecnologia sobre História da Ciência e Tecnologia na Universidade de
Coimbra, que a Universidade tem sob a égide do Instituto de Investigação
Interdisciplinar. De facto, não se pode falar de ciência em Portugal
sem falar de ciência na Universidade de Coimbra. Em 1537, quando o rei
D. João III, cuja estátua se ergue no Pátio das escolas, colocou
definitivamente a Universidade em Coimbra, um dos maiores cientistas
portugueses, o astrónomo e matemático Pedro Nunes, vem para Coimbra
ensinar. Foi a época do médico judeu Amato Lusitano, sobre cujo
nascimento passam este ano cinco séculos, motivo para a exposição na
Biblioteca Joanina sobre “Amato Lusitano e a Renascença Médica”,
que visitaremos. No século de Pedro Nunes, estudou em Coimbra o que é
talvez maior astrónomo mundial no tempo entre Copérnico e Galileu, o
jesuíta alemão Christophorus Clavius, que foi o principal responsável em
Roma pela reforma que levou à adopção do calendário gregoriano, que
hoje usamos. No século XVIII foi um estudante de Coimbra, o brasileiro
Bartolomeu de Gusmão, que conseguiu realizar a primeira ascensão mundial
em balão, embora não tripulado. No mesmo século, o marquês de Pombal
realizou um verdadeiro "terramoto" intelectual, sobre o qual nos vai
falará o nosso ex-Reitor, ao promover em Coimbra o ensino experimental
das ciências. Mandou construir o Laboratório Chimico, hoje sede do nosso
Museu da Ciência, e reuniu colecções nos Gabinetes de Física
Experimental e de História Natural, além de criar um Observatório
Astronómico e um Jardim Botânico. Com a ajuda do Reitor-Reformador, que
tinha nascido no Rio de Janeiro, contratou mestres estrangeiros e
também grandes cientistas nacionais como, só para referir a matemática,
Monteiro da Rocha, que estudou no Brasil, e Anastácio da Cunha. Foi
estudante de Coimbra o brasileiro Alexandre Ferreira que empreendeu no
século XVIII a famosa Viagem Philosophica pela
Amazónia. No século XIX, grandes cientistas de Coimbra foram o
metalurgista brasileiro José Bonifácio de Andrada e Silva, cujo papel na
independência no Brasil é bem conhecido, e o botânico Félix Avelar
Brotero, que ampliou o jardim botânico incluindo numerosas espécies
tropicais. Outro grande cientista português do século XIX foi o
matemático Gomes Teixeira, que estudou em Coimbra e ensinou na Academia
Politécnica do Porto antes de se tornar Reitor da Universidade do
Porto, criada há cem anos. No início do século XX, o futuro Prémio Nobel
da Medicina Egas Moniz começou por estudar e ensinar em Coimbra antes
de se transferir, também há cem anos, para a Universidade de Lisboa,
então criada. Este Congresso decorre no âmbito do programa de
comemorações do Centenário da República organizado pela Universidade de
Coimbra em 2010 e 2011, que realçou o facto de este ano ser o centenário
da criação da Faculdade de Letras de Coimbra e da Faculdade de Ciências
de Coimbra a partir das anteriores Faculdades de Filosofia e de
Matemática, na mesma altura em que a República criava as Universidades
de Lisboa e Porto.

A ciência e a técnica no tempo dos
Descobrimentos, o conhecimento científico nos séculos XVI e XVII, o
ensino das ciências pelos Jesuítas, as ciências no Iluminismo, o
desenvolvimento científico nos séculos XIX e XX, as fontes de história
da ciência e a filosofia e a teoria da ciência são alguns dos temas a
discutir neste encontro. De todos esses temas haverá comunicações, cerca
de duas centenas, que se encontram no Livro das Actas (que estará em
breve on-line, os resumos estão já on-line no Livro dos Resumos).
Foi privilegiada por muitos autores a História da Ciência relacionada
com a Universidade de Coimbra, bem como as ancestrais e ricas relações
luso-brasileiras. Queria agradecer-vos as contribuições, muito em
particular às personalidades da história da ciência que, por indicação
da Comissão Científica, aceitaram o convite para proferir conferências
plenárias: António Augusto Passos Videira (Rio de Janeiro), Augusto
Fitas (Évora), Fernando Catroga (Coimbra), Fernando Seabra Santos
(Coimbra), Henrique Leitão (Lisboa), Jaime Benchimol (Fundação Oswaldo
Cruz), João Lobo Antunes (Lisboa), Marina Massimi (São Paulo), Robert
Friedman (Oslo) e Robert Halleux (Liège) e Ugo Baldini (Padova), que
muito nos honram com a sua opresença. E um obrigado a todos os que
contribuíram para a Organização, incluindovários sectores e serviços da
Universidade de Coimbra e a Câmara Municipal.

Como disse, a
história da ciência em Portugal, em particular a que se passou em
Coimbra, cruzou-se fecundamente com a história da ciência no Brasil. As
viagens sempre foram ocasiões de enriquecimento científico e cultural.
José Bonifácio, numa sessão da Academia de Ciências de Lisboa,
interrogava-se "se porventura podem os
usos caseiros e a lição dos livros excitar com a mesma força os nossos
sentidos e engravidarmo-nos a mente, como faz a intuição de mil objectos
novos
", respondendo ele próprio, convictamente, que "não,
por certo, senhores. A alma do viajante observador dilata-se,
extasia-se a cada passo que dá pelo universo. Outras leis, outros
costumes, outros céus, outras línguas, outra indústrias e produções
excitam de contínuo a sua atenção e fecundam-lhe o espírito com mil
ideias, novas e atrevidas
". É o espírito de José Bonifácio que
hoje invoco para guiar este congresso internacional. Que os nossos
espíritos sejam fecundados com mil ideias, novas e atrevidas. Desejo-vos
bons trabalhos no Congresso e óptima estada na Universidade e na cidade
de Coimbra.






Posted by
Carlos Fiolhais


at
12:58


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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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