O último golpe da propaganda israelense contra o Irã
Página 1 de 1
O último golpe da propaganda israelense contra o Irã
O último golpe da propaganda israelense contra o Irã
Israel começou a perder o domínio estratégico que teve no
Oriente Médio, quando encontrou pela frente o Hezbollah, que o desafiou
na guerra do Líbano, em 2006. Mas continua como mestra incontestável da
propaganda global. O ponto alto dessa performance parece ter sido o
famoso ousadíssimo ataque, por pilotos israelenses, contra uma
instalação nuclear secreta da Síria, em 2007[1].
Por MK Bhadrakumar, no blog Indian Punchline
2007 foi a culminância da propaganda
israelense. Leiam o relatório, na página do governo holandês. Ou no
blog do Washington Post. O que teria provocado aquela magnífica onda de
divulgação e propaganda, há quatro anos? Evidentemente, para encobrir a
derrota que o Hezbollah aplicou-lhe, Israel planejou a operação militar e
a operação de propaganda, que, acreditavam os israelenses, lhes
devolveriam a imagem de antes, de marcianos descidos no Oriente Médio.
Não é em tudo semelhante ao que vemos hoje? Não estamos assistindo ao
replay daquele raro momento de gênio para a autopromoção e a propaganda
–, que Israel está forçando ao máximo, para atacar o Irã?
Tenho quatro motivos pelos quais chamo de propaganda a propaganda israelense.
(1) Os líderes israelenses com certeza sabem o mesmo que sabe o ex-chefe
do Mossad, Ephraim Halevy, que repetiu várias vezes, semana passada,
que o programa nuclear iraniano não representa, de fato, ameaça
existencial a Israel.
(2) Os líderes israelenses entendem a política. Entendem que na Europa e
nos EUA, os líderes foram colhidos no redemoinho da crise econômica e
mal conseguem manter-se à tona. Sabem bem que Israel não tem capacidade
para combater sozinhos, em guerra para a qual não contem com total apoio
dos EUA; e que os EUA, por sua vez, não têm fôlego para envolver-se
hoje em mais uma guerra – menos ainda se for guerra no Oriente Médio que
faça subir o preço do petróleo. (Evidentemente, a primeira reação do
Irã será fechar o Estreito de Hormuz, por onde passa 1/3 do petróleo que
o mundo consome.)
(3) Os três mais altos comandantes das forças armadas de Israel e os
chefes do Mossad e do Shin Bet já se manifestaram contra um ataque ao
Irã. Os líderes israelenses sabem bem porque todos esses se opõem tão
firmemente à guerra contra o Irã. Sabem que o Hezbollah fará chover
dezenas de milhares de foguetes sobre todas as cidades pequenas e
grandes e sobre todas as colônias de israelenses, o que provocará número
colossal de mortes entre os civis. Digam o que disserem, políticos como
Benjamin Netanyahu e Ehud Barak sabem que efeito essa tragédia terrível
teria sobre suas bem-sucedidas carreiras eleitorais. E, por fim,
(4) os israelenses são mentes brilhantes e com certeza, antes de iniciar
um ataque contra o Irã, não deixariam de perguntar a pergunta
fundamental: Qual o objetivo do ataque? Destruir o programa nuclear do
Irã? Mas, para tanto, Israel teria, antes, de saber exatamente onde se
localizam as instalações nucleares do Irã – informação que, hoje, Israel
não tem. Em resumo, a liderança israelense estaria pondo em risco a
vida de centenas de milhares de israelenses inocentes, numa guerra sem
objetivo claro. E de fato, no final da história, o Irã que emergisse
depois do ataque israelense, sem dúvida construiria sua bomba atômica, a
qual, essa, sim, seria ameaça existencial contra Israel por, no mínimo,
alguns milênios.
Assim sendo, por que essa onda de propaganda israelense que está enlouquecendo o planeta?
Vejo três fatores em operação. (1) As políticas regionais de Israel
chegaram a um beco sem saída. E o iminente reconhecimento da Palestina
pela Assembleia Geral da ONU é pílula amarga demais para engolir. Agora,
o anel de isolamento regional que cerca Israel fechou-se. (2) Os
movimentos sociais de protesto em Israel estão ganhando ímpeto. A
política econômica de Israel carece desesperadamente de reformas; mas o
governo foi apanhado de calças curtas e não tem dinheiro.
O governo israelense precisa muito de alguma coisa que distraia a
atenção da população, afastando-a das questões 1 e 2, acima. O espectro
da guerra contra o Irã é o derradeiro golpe de propaganda ao qual os
políticos israelenses estão recorrendo, em desespero, para mobilizar a
nação.
E (3) não poderia haver melhor momento para “apertar” Barack Obama.
Evidentemente, Netanyahu sabe o quanto Obama é supremamente “apertável” –
desde que Obama foi forçado a recuar do que disse no famoso discurso do
Cairo, em 2009. Com Obama começando sua campanha eleitoral para a
reeleição, Netanyahu o vê como vulnerável a chantagem – e chantagem é
jogo em que Israel é mestra. A experiência mostra que sempre que a
pressão aumenta no Oriente Médio, os EUA instintivamente soltam os
cordões do dinheiro para Israel. Obama está à beira de fazer isso.
A parte engraçada é que não há nenhum sinal de que o Irã tenha, de fato,
trabalhado muito para sua dramática aparição como potência regional.
Não é autor da coreografia da Primavera Árabe, nem nada teve a ver com
os EUA invadirem o Afeganistão e o Iraque. Praticamente tudo aconteceu
naturalmente – resultado das tolices dos EUA e das políticas
israelenses.
A primeira implicação disso tudo é que os israelenses não são infalíveis
e invencíveis. Não são, mas não acho que os líderes israelenses sejam
idiotas. Precisam, isso sim, desesperadamente, dos efeitos de uma onda
de propaganda espetacular – como em 2007 – que mostre Israel como nação
potente e valorosa, contra um Irã covarde e fraco. Para que a coisa
funcionasse, Israel teve de pressupor que o Irã atacado permaneceria
encolhido e não retaliaria. O problema é que o Irã não está cooperando.
Estaremos assistindo à última onda de propaganda de Israel?
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Israel começou a perder o domínio estratégico que teve no
Oriente Médio, quando encontrou pela frente o Hezbollah, que o desafiou
na guerra do Líbano, em 2006. Mas continua como mestra incontestável da
propaganda global. O ponto alto dessa performance parece ter sido o
famoso ousadíssimo ataque, por pilotos israelenses, contra uma
instalação nuclear secreta da Síria, em 2007[1].
Por MK Bhadrakumar, no blog Indian Punchline
2007 foi a culminância da propaganda
israelense. Leiam o relatório, na página do governo holandês. Ou no
blog do Washington Post. O que teria provocado aquela magnífica onda de
divulgação e propaganda, há quatro anos? Evidentemente, para encobrir a
derrota que o Hezbollah aplicou-lhe, Israel planejou a operação militar e
a operação de propaganda, que, acreditavam os israelenses, lhes
devolveriam a imagem de antes, de marcianos descidos no Oriente Médio.
Não é em tudo semelhante ao que vemos hoje? Não estamos assistindo ao
replay daquele raro momento de gênio para a autopromoção e a propaganda
–, que Israel está forçando ao máximo, para atacar o Irã?
Tenho quatro motivos pelos quais chamo de propaganda a propaganda israelense.
(1) Os líderes israelenses com certeza sabem o mesmo que sabe o ex-chefe
do Mossad, Ephraim Halevy, que repetiu várias vezes, semana passada,
que o programa nuclear iraniano não representa, de fato, ameaça
existencial a Israel.
(2) Os líderes israelenses entendem a política. Entendem que na Europa e
nos EUA, os líderes foram colhidos no redemoinho da crise econômica e
mal conseguem manter-se à tona. Sabem bem que Israel não tem capacidade
para combater sozinhos, em guerra para a qual não contem com total apoio
dos EUA; e que os EUA, por sua vez, não têm fôlego para envolver-se
hoje em mais uma guerra – menos ainda se for guerra no Oriente Médio que
faça subir o preço do petróleo. (Evidentemente, a primeira reação do
Irã será fechar o Estreito de Hormuz, por onde passa 1/3 do petróleo que
o mundo consome.)
(3) Os três mais altos comandantes das forças armadas de Israel e os
chefes do Mossad e do Shin Bet já se manifestaram contra um ataque ao
Irã. Os líderes israelenses sabem bem porque todos esses se opõem tão
firmemente à guerra contra o Irã. Sabem que o Hezbollah fará chover
dezenas de milhares de foguetes sobre todas as cidades pequenas e
grandes e sobre todas as colônias de israelenses, o que provocará número
colossal de mortes entre os civis. Digam o que disserem, políticos como
Benjamin Netanyahu e Ehud Barak sabem que efeito essa tragédia terrível
teria sobre suas bem-sucedidas carreiras eleitorais. E, por fim,
(4) os israelenses são mentes brilhantes e com certeza, antes de iniciar
um ataque contra o Irã, não deixariam de perguntar a pergunta
fundamental: Qual o objetivo do ataque? Destruir o programa nuclear do
Irã? Mas, para tanto, Israel teria, antes, de saber exatamente onde se
localizam as instalações nucleares do Irã – informação que, hoje, Israel
não tem. Em resumo, a liderança israelense estaria pondo em risco a
vida de centenas de milhares de israelenses inocentes, numa guerra sem
objetivo claro. E de fato, no final da história, o Irã que emergisse
depois do ataque israelense, sem dúvida construiria sua bomba atômica, a
qual, essa, sim, seria ameaça existencial contra Israel por, no mínimo,
alguns milênios.
Assim sendo, por que essa onda de propaganda israelense que está enlouquecendo o planeta?
Vejo três fatores em operação. (1) As políticas regionais de Israel
chegaram a um beco sem saída. E o iminente reconhecimento da Palestina
pela Assembleia Geral da ONU é pílula amarga demais para engolir. Agora,
o anel de isolamento regional que cerca Israel fechou-se. (2) Os
movimentos sociais de protesto em Israel estão ganhando ímpeto. A
política econômica de Israel carece desesperadamente de reformas; mas o
governo foi apanhado de calças curtas e não tem dinheiro.
O governo israelense precisa muito de alguma coisa que distraia a
atenção da população, afastando-a das questões 1 e 2, acima. O espectro
da guerra contra o Irã é o derradeiro golpe de propaganda ao qual os
políticos israelenses estão recorrendo, em desespero, para mobilizar a
nação.
E (3) não poderia haver melhor momento para “apertar” Barack Obama.
Evidentemente, Netanyahu sabe o quanto Obama é supremamente “apertável” –
desde que Obama foi forçado a recuar do que disse no famoso discurso do
Cairo, em 2009. Com Obama começando sua campanha eleitoral para a
reeleição, Netanyahu o vê como vulnerável a chantagem – e chantagem é
jogo em que Israel é mestra. A experiência mostra que sempre que a
pressão aumenta no Oriente Médio, os EUA instintivamente soltam os
cordões do dinheiro para Israel. Obama está à beira de fazer isso.
A parte engraçada é que não há nenhum sinal de que o Irã tenha, de fato,
trabalhado muito para sua dramática aparição como potência regional.
Não é autor da coreografia da Primavera Árabe, nem nada teve a ver com
os EUA invadirem o Afeganistão e o Iraque. Praticamente tudo aconteceu
naturalmente – resultado das tolices dos EUA e das políticas
israelenses.
A primeira implicação disso tudo é que os israelenses não são infalíveis
e invencíveis. Não são, mas não acho que os líderes israelenses sejam
idiotas. Precisam, isso sim, desesperadamente, dos efeitos de uma onda
de propaganda espetacular – como em 2007 – que mostre Israel como nação
potente e valorosa, contra um Irã covarde e fraco. Para que a coisa
funcionasse, Israel teve de pressupor que o Irã atacado permaneceria
encolhido e não retaliaria. O problema é que o Irã não está cooperando.
Estaremos assistindo à última onda de propaganda de Israel?
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118274
Re: O último golpe da propaganda israelense contra o Irã
(Evidentemente, a primeira reação do
Irã será fechar o Estreito de Hormuz, por onde passa 1/3 do petróleo que
o mundo consome.)
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118274
Re: O último golpe da propaganda israelense contra o Irã
Sabem que o Hezbollah fará chover
dezenas de milhares de foguetes sobre todas as cidades pequenas e
grandes e sobre todas as colônias de israelenses, o que provocará número
colossal de mortes entre os civis. Digam o que disserem, políticos como
Benjamin Netanyahu e Ehud Barak sabem que efeito essa tragédia terrível
teria sobre suas bem-sucedidas carreiras eleitorais. E, por fim,
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118274
Re: O último golpe da propaganda israelense contra o Irã
Os
movimentos sociais de protesto em Israel estão ganhando ímpeto. A
política econômica de Israel carece desesperadamente de reformas; mas o
governo foi apanhado de calças curtas e não tem dinheiro.
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118274
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos