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Obama, o estadista

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Mensagem por Vitor mango Sex Dez 30, 2011 1:06 am

Obama, o estadista
29 Dezembro 2011 | 23:38
Anne-Marie Slaughter


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O mundo pode ver Barack Obama como um líder enfraquecido pela difícil política interna norte-americana mas, à medida que a campanha para as presidenciais de 2012 aquece, a opinião pública norte-americana vê-o como um líder forte e capaz em assuntos internacionais.
Cerca de 49% aprova a forma como Barack Obama tem lidado com as questões internacionais; 63% aprova a forma como tem lidado com o terrorismo e 52% concordam com a retirada do Iraque. Por outro lado, 30% aprovam a forma como tem lidado com as questões económicas e escassos 26% apoiam as medidas para gerir o défice orçamental. Neste contexto, seria surpreendente que, em 2012, Obama não tentasse manter os eleitores focados nos assuntos externos, com iniciativas de alto nível como a viagem da secretária de Estado Hillary Clinton a Mianmar, para mediar acordos diplomáticos, ou importantes conferências internacionais como a cimeira da NATO em Chicago. Mas, muito provavelmente, as viagens presidenciais para o estrangeiro durante o próximo ano eleitoral, vão ter impactos negativos em casa, em particular, numa altura em que a taxa de desemprego está nos 9%.

A Administração Obama conhece a lei de ferro da política americana - "É a economia, estúpido" - tão bem como qualquer outra. Ainda assim, destacar as capacidades de Obama na resolução das questões internacionais é mais do que uma tentativa de distracção; é uma mensagem de o impasse na política interna não é culpa sua. Assim, é de esperar que nos próximos meses surjam muitas novidades ao nível da política externa.

Tácticas eleitorais à parte, os eleitores americanos estão certos. O desempenho de Obama tem sido muito melhor na política externa do que na política interna, o que é ainda mais surpreendente tendo em conta a fraqueza com que tem tido de lidar: uma América que perdeu a sua autoridade moral, a sua invencibilidade militar e a sua credibilidade como modelo económico.

É fácil focar-nos no que não foi alcançado, já que Obama colocou as expectativas muito elevadas e depois não as conseguiu cumprir. No seu segundo dia como presidente, Obama nomeou dois representantes especiais: George Mitchell para o Médio Oriente e Richard Holbrooke para o Afeganistão e Paquistão. Um mês mais tarde, Dennis Ross foi nomeado conselheiro especial para a região do Golfo e do sudeste asiático (leia-se Irão).

Três anos mais tarde, Ross e Mitchell abandonaram o cargo sem alcançarem um acordo no Médio Oriente e Holbrooke morreu, inesperadamente, sem conseguir que os talibãs e os governos do Afeganistão e o Paquistão se sentassem à mesa das negociações. As relações entre os Estados Unidos e o Irão estão mais tensas do que nunca.

Mas nenhum dos antecessores de Obama conseguiu estes objectivos, apesar de ele poder reclamar o crédito da morte de Osama Bin Laden e de mais de metade da liderança de topo da al-Qaeda. De facto, agora acredita-se que al-Qaeda pode fragmentar-se e deixar de existir como organização militar no espaço de dois anos. Obama melhorou as relações com a Rússia e negociou um acordo de controlo de armas com o Kremlin.

Além disso, Obama aumentou, substancialmente, a presença dos Estados Unidos na Ásia, tendo assinado um Tratado de Amizade e Cooperação com a ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e participado na cimeira asiática e respondeu, de forma rápida e flexível, às revoluções no Médio Oriente. Mudou numa semana uma relação de 30 anos com o Egipto; ajudou a convencer os militares egípcios a não dispararem sobre os cidadãos na fase inicial da revolução; forçou e permitiu a criação de uma coligação bem sucedida para intervir na Líbia; trabalhou de perto com a Turquia, a União Europeia e a Arábia Saudita para pressionar a Síria; cooperou com o Egipto para mediar uma solução no Iémen; e agiu nos bastidores para convencer o governo do Bahrain para investigar a sua própria violência contra os protestantes xiitas.

Mais para sul, Obama dedicou bastantes recursos para garantir que o Acordo de Paz, que terminou com a guerra civil no Sudão, fosse verdadeiramente implementado, permitindo assim a secessão pacífica do Sudão do Sul. Apesar das tentativas de aproximação ao Irão e à Coreia do Norte terem falhado, Obama ajudou a alcançar avanços históricos em Mianmar. Por último, o Senado norte-americano ratificou acordos de comércio livre com a Coreia do Sul, Panamá e Colômbia e abriu caminho a uma nova parceria Trans-Pacífica.

O ponto comum em todos estes progressos é a diplomacia à moda antiga. Ao escolher Hillary Clinton para secretaria de Estado, Obama nomeou uma das mulheres mais admiradas em todo o mundo. Clinton esteve à altura da sua reputação. Da mesma forma, Susan Rice tem sido uma embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas extremamente bem sucedida, tendo alcançado sucessivos resultados no Conselho de Segurança.

Obama tem seguido uma estratégia coerente - o que ele chamou no seu discurso de tomada de posse uma "nova era de responsabilidade". No lado internacional, a sua estratégia de segurança nacional baseia-se no princípio de que o "peso de um novo século não pode cair apenas nos ombros dos norte--americanos". A estratégia dos Estados Unidos está comprometida com uma "ordem internacional baseada em direitos e responsabilidades", incluindo uma "voz mais abrangente - e maiores responsabilidades - para as potências emergentes, e a imposição de consequências reais para os países que violares as obrigações internacionais.

Dois anos após ter tomado posse, Obama ajudou a transformar o G8 em G20, assegurou a reponderação de votos do Fundo Monetário Internacional da Europa para as novas potências económicas e comprometeu-se a apoiar as candidaturas da Índia e do Japão a membros de um reformulado Conselho de Segurança das Nações Unidas.

A sua administração dedicou ainda muita energia na construção e reforço de instituições internacionais. Pela primeira vez, a Liga Árabe, e o Conselho de Cooperação do Golfo, têm desempenhado um papel activo na resolução de problemas políticos e brutalidade governamental. A União Africana ajudou a repor a democracia em Madagáscar, apoiou a saída do presidente da Costa do Marfim após este ter perdido as eleições e enviou tropas para a Somália. A Cimeira Asiática tem-se tornado num fórum de discussões sobre segurança na região, desde a resolução de disputas marítimas ao combate a piratas.

Os opositores republicanos de Barack Obama adoram repetir a frase "liderar pela retaguarda". Mas estão a perder de vista o que é essencial. Para eles a liderança é o equivalente a uma carga de cavalaria do século XIX, em que o general, ou segue à frente com a bandeira, ou atrás. Na verdade, Obama está muito à frente na forma como tem moldado as normas e as expectativas do mundo. Ele lidera onde precisa de forma a obter resultados. E tem obtido muitos.

Anne-Marie Slaughter, directora de planeamento político no Departamento do Estado norte-americano entre 2009 e 2011, é professora de relações internacionais na Universidade de Princeton.

© Project Syndicate, 2011.
www.project-syndicate.org
Tradução:Ana Luísa Marques

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