Clérigo egípcio quer troca do capitalismo por sistema islâmico Rodrigo Durão Coelho Da BBC Brasil no Cairo
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Clérigo egípcio quer troca do capitalismo por sistema islâmico Rodrigo Durão Coelho Da BBC Brasil no Cairo
Clérigo egípcio quer troca do capitalismo por sistema islâmico
Rodrigo Durão Coelho
Da BBC Brasil no Cairo
Bolsa no Kuwait
Os mercados árabes foram afetados pela crise
Um importante clérigo sunita afirma que os muçulmanos devem aproveitar a atual crise financeira internacional para fortalecer o sistema financeiro islâmico como uma alternativa ao capitalismo.
"O colapso do sistema capitalista, baseado na usura e em papéis e não em mercadorias comercializadas em mercados, é a prova de que ele está em crise e mostra que a filosofia econômica islâmica se mantém firme", disse o xeque Yusuf Al-Qaradawi.
"O sistema ocidental entrou em colapso, e nós possuimos uma filosofia econômica completa, assim como fortaleza espititual", acrescentou.
O religioso egípcio, que mora no Catar, pediu que os muçulmanos "lucrem com a crise para que ocorra a vitória da nação islâmica, que possui os recursos materiais e espirituais para isso".
Punição
Qaradawi é considerado o líder espiritual da Irmandade Muçulmana, o maior grupo de oposição no Egito.
O clérigo tem um programa de televisão popular no mundo árabe, transmitido pela rede Al-Jazeera e supervisiona um dos sites mais acessados do mundo islâmico, o Islam Online.
O religioso não foi o único a se manifestar a respeito da crise. O secretário do Conselho de Guardiães iraniano, o xiita Ahmad Jannati, disse no início de outubro que os americanos estavam "sofrendo uma punição divina".
"Quanto mais infelizes eles estão, mais contentes nós ficamos", disse Jannati em um sermão na Universidade de Teerã.
Princípios morais
Um dos alicerces do sistema financeiro islâmico é a proibição dos juros e da superexposição ao risco.
Entre seus príncipios está a condenação ao investimento em atividades não-islâmicas, como pornografia, bebidas alcoólicas, jogo e carne de porco. Nas últimas décadas, o sistema vem crescendo em países muçulmanos.
Calcula-se que as instituições financeiras islâmicas tenham crescido em mais de 40 vezes desde 1982, possuindo atualmente investimentos entre US$ 700 bilhões e US$ 1 trilhão, segundo dados apresentados pela instituição intergovernamental Islamic Financial Services Board.
O órgão, com sede na Malásia, agrega 175 órgãos regulatórios oficiais e ONGs de 29 países.
Apesar do discurso de Qaradawi, os mercados do Oriente Médio foram bastante afetados na semana passada pela crise global.
Juntos, os sete mercados de ações do Golfo perderam mais de US$ 200 bilhões em quatro dias da semana passada - Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos foram os mais afetados.
O corte das taxas de juros oficiais e a injeção de bilhões de dólares para dar mais liquidez aos mercados, medidas adotadas pelos governos da Arábia Saudita, do Kuwait e do Bahrain, ajudaram na recuperação das bolsas árabes nesta semana.
Rodrigo Durão Coelho
Da BBC Brasil no Cairo
Bolsa no Kuwait
Os mercados árabes foram afetados pela crise
Um importante clérigo sunita afirma que os muçulmanos devem aproveitar a atual crise financeira internacional para fortalecer o sistema financeiro islâmico como uma alternativa ao capitalismo.
"O colapso do sistema capitalista, baseado na usura e em papéis e não em mercadorias comercializadas em mercados, é a prova de que ele está em crise e mostra que a filosofia econômica islâmica se mantém firme", disse o xeque Yusuf Al-Qaradawi.
"O sistema ocidental entrou em colapso, e nós possuimos uma filosofia econômica completa, assim como fortaleza espititual", acrescentou.
O religioso egípcio, que mora no Catar, pediu que os muçulmanos "lucrem com a crise para que ocorra a vitória da nação islâmica, que possui os recursos materiais e espirituais para isso".
Punição
Qaradawi é considerado o líder espiritual da Irmandade Muçulmana, o maior grupo de oposição no Egito.
O clérigo tem um programa de televisão popular no mundo árabe, transmitido pela rede Al-Jazeera e supervisiona um dos sites mais acessados do mundo islâmico, o Islam Online.
O religioso não foi o único a se manifestar a respeito da crise. O secretário do Conselho de Guardiães iraniano, o xiita Ahmad Jannati, disse no início de outubro que os americanos estavam "sofrendo uma punição divina".
"Quanto mais infelizes eles estão, mais contentes nós ficamos", disse Jannati em um sermão na Universidade de Teerã.
Princípios morais
Um dos alicerces do sistema financeiro islâmico é a proibição dos juros e da superexposição ao risco.
Entre seus príncipios está a condenação ao investimento em atividades não-islâmicas, como pornografia, bebidas alcoólicas, jogo e carne de porco. Nas últimas décadas, o sistema vem crescendo em países muçulmanos.
Calcula-se que as instituições financeiras islâmicas tenham crescido em mais de 40 vezes desde 1982, possuindo atualmente investimentos entre US$ 700 bilhões e US$ 1 trilhão, segundo dados apresentados pela instituição intergovernamental Islamic Financial Services Board.
O órgão, com sede na Malásia, agrega 175 órgãos regulatórios oficiais e ONGs de 29 países.
Apesar do discurso de Qaradawi, os mercados do Oriente Médio foram bastante afetados na semana passada pela crise global.
Juntos, os sete mercados de ações do Golfo perderam mais de US$ 200 bilhões em quatro dias da semana passada - Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes Unidos foram os mais afetados.
O corte das taxas de juros oficiais e a injeção de bilhões de dólares para dar mais liquidez aos mercados, medidas adotadas pelos governos da Arábia Saudita, do Kuwait e do Bahrain, ajudaram na recuperação das bolsas árabes nesta semana.
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