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Caso Beja: Uma vida de mentiras, segredos e crimes

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Mensagem por Vitor mango Qua Fev 22, 2012 1:21 am

Caso Beja: Uma vida de mentiras, segredos e crimes [fotos]


17 de Fevereiro, 2012por Sónia Graça

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meses que Francisco Esperança frequentava um centro espirita, em Sines.
As sessões pareciam ter um efeito calmante. «Vem de lá mais aliviado» –
comentava a mulher com as amigas. Resgatar o marido do vício do álcool foi a ideia que ocupou os derradeiros pensamentos de Benvinda.
«'Tenho
de tratar do meu Esperança'...», confidenciou várias vezes a uma das
suas melhores amigas. A filha também andava preocupada. Nos últimos
dias, Cátia chegou a procurar uma clínica de reabilitação, em Lisboa.
«Ele
piorou muito desde que a filha se tentou suicidar. Andava apático, com o
olhar fixo no infinito», conta ao SOL outra amiga da família.

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Avó e neta. © DRNa
semana passada, o descontrolo do ex-bancário, de 59 anos, agora em
prisão preventiva, atingiu o auge. Assassina à catanada a mulher, a
filha e a neta, de apenas quatro anos. Um acumular de «dívidas» foi a
justificação que deu à Polícia. Queria poupá-las à miséria. A verdade é
que, para a Judiciária, esta versão não é conclusiva. Admitindo um
cenário de delírio psicótico, os investigadores acreditam que algum
outro acontecimento levou o homem a investir com tanta brutalidade
contra a família, inclusive a neta.
A verdadeira paternidade da
criança, que completaria este mês cinco anos, é um dos mistérios que
veio à tona com este crime. O SOL sabe que, perante as suspeitas
entretanto levantadas de uma relação incestuosa entre Francisco e a
filha, as autoridades vão avançar com testes de ADN para averiguar a
paternidade de Maria.
Familiares e amigos da família recusam, porém, acreditar na tese de incesto, mas nunca souberam quem era o pai da criança.
Em
Beja, chegou a pensar-se que seria Tomás, um jovem que Cátia conheceu
em Lisboa (trabalhava na altura na corticeira Amorim) e com quem
namorava quando ficou grávida, durante umas férias em Monte Gordo. Mas
nesse Verão de 2006, a jovem foi vista com vários rapazes. «Ela até quis
abortar, mas ele insistiu em ter a criança, a quem chamavam Maria
Tomás», recorda uma amiga.

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Cátia Esperança. © DREm
Fevereiro de 2007 nasce Maria e passado algum tempo o casal muda-se
para Lisboa. Mas algo altera a atitude de Tomás, que começa a desconfiar
não ser ele o pai. Um teste de paternidade terá confirmado as suspeitas
e, desiludido, Tomás afastou-se de vez. A bebé ainda não teria um ano.
A
verdade é que a família Esperança mantinha a versão de que era ele o
progenitor e que, mesmo ausente, continuava a pagar a pensão de
alimentos. Quando começou a falar, Maria perguntava pelo pai e as
respostas variavam. «Diziam que estava doente, que tinha ido para
Angola...»
Cátia ainda volta para Lisboa, sozinha com a menina,
aluga uma casa e consegue um contrato de trabalho temporário na Cetelem.
Mas a empresa não renova o vínculo e ela é obrigada a voltar a Beja,
para casa dos pais.
Já na pacata cidade arranjou emprego,
primeiro numa loja de decoração e depois numa ourivesaria. Mais tarde
vai trabalhar para uma seguradora, onde é apanhada a desviar cerca de
seis mil euros.
Desnorteada, tenta suicidar-se, atirando-se da
janela do 2.º andar da moradia da família. Esteve em risco de ficar
tetraplégica, mas recuperou e só tinha problemas na coluna.

muito que Cátia vivia num mundo de ilusão e mentira: sempre que era
apresentada a alguém, a jovem, de 28 anos, fingia pertencer a famílias
ricas. «Chegava a dizer que era uma Champalimaud e que tinha muitos
bens, como iates», recordam colegas. Os pais, garantem, eram em parte
responsáveis por esta faceta. «Quando tinha sete anos, o pai estava
fugido da polícia e durante um período esteve escondido na própria casa.
Ela teve de protegê-lo e não podia contar a ninguém», diz outra amiga,
recordando também uma miúda de hábitos normais: «Tomava café com os
amigos, lia, desenhava e gostava de arte». Agora, o objectivo de Cátia
era estudar na área de Saúde, depois de ter abandonado o curso de
arquitectura, em 2003, na Lusófona, e mais recentemente um de Artes
Decorativas, em Beja.
O pai era um dos seus maiores aliados e
confidente (foi ele quem pagou os seis mil euros do desfalque da filha e
a tirou da prisão quando esteve detida por conduzir com uma carta de
condução falsa).
Dias antes do triplo homicídio, viram-nos a
passear no centro da cidade. «Estavam nas Portas de Mértola: ele,
carinhoso como sempre, ajudava-a a andar nas canadianas», contam os
habitantes.

Cancro estaria controlado
Francisco,
que é filho único já não tem pais, esteve no Ultramar – terá sido aí
que adquiriu a catana com que esfaqueou a família.
Segundo os
vizinhos, era um homem culto – na cadeia, onde este preso por desviar
dinheiro do Crédito Predial Português, chegou a tirar o curso de
Direito, mas nunca exerceu. E escrevia poemas a Benvinda, que conheceu
na Escola Industrial de Beja.
Quando saiu da prisão, investiu na
expansão da loja de lingerie (Mini-Meia) que a mulher abriu há 20 anos. A
secção de homem estava a cargo dele, mas acabou por fechar por falta de
clientela. Francisco passou a ficar encarregado da contabilidade do
estabelecimento.
Entretanto, o vício do álcool agrava-se, o que
coincide com a tentativa de suicídio da filha e com a notícia de que ele
tem um cancro nos intestinos. Doença que estaria controlada, depois de
ter sido operado duas vezes e ter feito quimioterapia.
Mas,
segundo contou à Polícia, não foi nada disto que o levou a matar a
família. «Foram as dívidas», insiste. Uma versão que não convence os
vizinhos: «É verdade que tinham dívidas a fornecedores, mas a loja
facturava».
A certeza ninguém tem. Até porque Benvinda, uma mulher
de origens humildes que subiu a pulso, era mestre em manter as
aparências e proteger a imagem do marido e da filha. Talvez por isso
tenha negado sempre a tentativa de suicídio de Cátia e dado cobertura à
falsa história sobre Tomás. Mas não só: aceitou divorciar-se do marido
quando foi preso só para salvar o património da família que ficou em seu
nome.
Quem a conhecia garante que era ambiciosa e o ganha-pão da
família. «E também tinha a mania das grandezas», lembram os amigos,
recordando que nos últimos tempos Benvinda andava mais nervosa: «E
fumava muito». Passava os dias a vigiar o marido, preocupada com as
escapadelas para o café.
Nos últimos tempos, a família Esperança
teve também de desenterrar a velha questão da paternidade de Maria : o
novo namorado de Cátia, Pedro, queria casar com ela, mas exigia saber
quem era o pai da criança.
Foi este motorista da Carris, que
conheceu Cátia no Hospital de São José em Lisboa – «Foi amor á primeira
vista», contam os amigos. Avisou a Polícia por não saber da namorada há
vários dias. Primeiro fez queixa em Lisboa, mas os agentes terão
acreditado na mentira de Francisco, que alegava estarem fora em casa de
familiares, embora os cadáveres estivessem já escondidos na moradia.

quando Pedro foi a Beja e começou a rondar a vivenda percebeu que algo
não estava bem: foi aí que a PSP de Beja cercou a casa. Ao fim de três
horas, e depois de ter disparado um tiro, Francisco, bêbedo e em tronco
nu, abre a porta e rende-se.
*com Catarina Costa e Palma
[email=sonia.gra%C3%A7a@sol.pt]sonia.graça@sol.pt[/email]


Tags: Crime, Sociedade, Beja

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