McCain agressivo, Obama aborrecido, no último debate presidencial 16.10.2008 -
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McCain agressivo, Obama aborrecido, no último debate presidencial 16.10.2008 -
McCain agressivo, Obama aborrecido, no último debate presidencial
16.10.2008 - 08h13 Rita Siza, Hempstead (Nova Iorque)
O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain, aproveitou o terceiro e último debate televisivo para lançar a mais dura ofensiva até agora contra o seu adversário democrata Barack Obama, que procurou descrever como um extremista em quase todos os quesitos — da política fiscal ao alargamento do papel do governo, no ambiente, na educação, no aborto e nas associações a figuras polémicas, como Bill Ayers, o professor universitário de Chicago que nos anos 60 fundou um grupo radical classificado pelo FBI como uma organização terrorista.
Confrontado com um acentuado declínio nas sondagens, que dão ao democrata uma vantagem de dois dígitos a nível nacional e em alguns dos estados indecisos, e pressionado para produzir uma reviravolta que alterasse a dinâmica da campanha, John McCain saiu ao ataque assim que o moderador do confronto, o veterano jornalista da CBS Bob Schieffer, deu as boas-noites à audiência.
Logo na primeira pergunta, que naturalmente foi sobre a economia, o candidato republicano tratou de descrever Obama como alguém que quer assumir a postura de um Robin dos Bosques e redistribuir a riqueza, promovendo uma “guerra de classes” entre ricos e pobres. Além disso, repetiu McCain uma e outra vez, Obama quer subir os impostos, alargar a intervenção do governo, aumentar a despesa federal — e assim inviabilizar os esforços daqueles que lutam para realizar o “sonho americano”.
Foi um ataque detalhado e consistente, tanto às políticas como ao carácter de Barack Obama. Foi também uma forma de marcar a sua diferença: McCain assumiu-se como um herdeiro da tradição económica conservadora de menos impostos e menos governo — para se distinguir do concorrente democrata e da actual Administração republicana, cujo despesismo “fora de controlo” foi igualmente rejeitado.
Assim que o senador democrata o associou ao Presidente George W. Bush, McCain reagiu com um “sound-bite” destinado a arrumar com o assunto. “Senador Obama, eu não sou o Presidente Bush. Se queria correr contra ele, devia ter-se candidatado há quatro anos”, lançou. Obama prosseguiu, porém, na mesma linha. “Se ocasionalmente confundo as suas políticas com as de George W. Bush, é porque nas questões essenciais que interessam ao povo americano — na política fiscal, energética, nas prioridades da despesa — o senador tem sido um vigoroso apoiante deste Presidente”, retorquiu.
O fogo constante de McCain não pareceu assustar Barack Obama, que se manteve no seu estilo, calmo, contido, por vezes mesmo aborrecido. Só raras vezes o senador republicano logrou verdadeiramente colocar o seu opositor na defensiva. Às sucessivas acusações, Obama deu a mesma resposta (mais tarde repetida pelos seus porta-vozes no “spin-room”): os eleitores estão preocupados com a economia e querem que os candidatos lhes apresentem soluções, e não os distraiam com questões acessórias.
Nos dias antes do debate, os comentadores repetiram que John McCain teria que jogar um ás de trunfo, tirar um coelho da cartola, se queria ser bem sucedido e contrariar a ascensão do seu concorrente. O senador republicano saiu-se com… Joe Wurzelbarcher ou, como ficou imortalizado ontem à noite, “Joe o canalizador”, um eleitor do Ohio que numa paragem da campanha de Barack Obama questionou o senador do Illinois sobre o seu plano fiscal.
Depois de apresentado o personagem, os dois candidatos perderam minutos e minutos a falar sobre Joe — e para Joe. O seu nome foi mencionado mais de 20 vezes. “Joe, o senador Obama quer que tu pagues mais impostos”, alertou McCain. “Joe, se me estás a ouvir, o teu negócio não pagará nenhuma multa se não comprar um seguro de saúde para todos os trabalhadores”, esclareceu Obama.
De resto, todo o “sangue” que tinha sido prometido acabou por não espirrar. Houve algumas escaramuças, talvez suficientes para uns arranhões, mas nada de mais dramático (seguramente, não um jorro em golfadas, como antecipava a imprensa).
E nem faltaram oportunidades para hemorragias fatais. A mais esperada — e que fez o público balouçar na cadeira — aconteceu quando Bob Schieffer perguntou aos candidatos se tinham coragem de repetir na cara um do outro as palavras que as suas campanhas têm usado: “errático”, “fora de contexto”, “zangado” nas referências a McCain ou “desrespeitoso”, “perigoso”, “desonroso”, “mentiroso” na descrição de Obama.
Nenhum dos dois o fez. McCain usou a deixa para finalmente questionar a associação de Obama e Bill Ayers, mas com relativa prudência. Obama explicou-se e contra-atacou: “O facto deste assunto se ter tornado uma parte tão importante da sua campanha, senador McCain, diz mais àcerca da sua candidatura do que da minha”, concluiu.
De todos os debates, sem dúvida que aquele que decorreu na Hofstra University de Nova Iorque foi o mais interessante e animado. “No palco estiveram dois homens, um que é um presidente e outro que é um professor”, comentou ao PÚBLICO Rick Davis, o director de campanha de John McCain, no final do debate. “Marcamos as nossas diferenças, apresentamos o nosso caso: perante uma recessão, não é boa ideia subir os impostos e aumentar a despesa”, insistiu.
“Em nenhum momento McCain mostrou que é capaz de oferecer algo novo aos americanos. Não vimos ideias novas, vimos a continuação dos últimos oito anos. Falar de questões de personalidade não tem resultado para o senador republicano, mas ele parece não querer deixar de falar nisso. Nós sentimo-nos muito confortáveis a falar das questões económicas que interessam aos eleitores”, contrapôs David Plouffe, um dos dirigentes da campanha de Obama.
A opinião dos comentadores foi que este foi o debate em que John McCain esteve melhor, mais assertivo na demarcação das suas diferenças para Obama. Só que, notaram, o senador republicano não foi capaz de introduzir nenhum novo elemento na narrativa da corrida: não apresentou uma nova ideia ou plano, não fez nenhuma declaração bombástica, não conduziu o seu opositor a cometer um erro crasso.
Outro problema, assinalaram, foi que em termos de estilo, o republicano deixou passar uma imagem de agressividade, que alguns analistas repudiaram como excessivamente enraivecida e desnecessariamente sarcástica. Assim, e se nas questões de conteúdo McCain esteve melhor do que antes, a forma poderá ter comprometido as suas aspirações.
Quanto ao eleitorado, as sondagens de boca de urna que auscultaram os telespectadores mais uma vez atribuíram a vitória a Barack Obama (que fora já declarado como vencedor nos dois confrontos anteriores). Segundo o inquérito da CNN, 58 por cento considerou que o democrata fez um melhor trabalho no debate e 31 por cento entendeu que foi o republicano. Os números recolhidos pela CBS News apontaram a vitória de Obama por 53 por cento, contra 22 por cento de McCain e 24 por cento que consideraram que foi um empate.
16.10.2008 - 08h13 Rita Siza, Hempstead (Nova Iorque)
O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, John McCain, aproveitou o terceiro e último debate televisivo para lançar a mais dura ofensiva até agora contra o seu adversário democrata Barack Obama, que procurou descrever como um extremista em quase todos os quesitos — da política fiscal ao alargamento do papel do governo, no ambiente, na educação, no aborto e nas associações a figuras polémicas, como Bill Ayers, o professor universitário de Chicago que nos anos 60 fundou um grupo radical classificado pelo FBI como uma organização terrorista.
Confrontado com um acentuado declínio nas sondagens, que dão ao democrata uma vantagem de dois dígitos a nível nacional e em alguns dos estados indecisos, e pressionado para produzir uma reviravolta que alterasse a dinâmica da campanha, John McCain saiu ao ataque assim que o moderador do confronto, o veterano jornalista da CBS Bob Schieffer, deu as boas-noites à audiência.
Logo na primeira pergunta, que naturalmente foi sobre a economia, o candidato republicano tratou de descrever Obama como alguém que quer assumir a postura de um Robin dos Bosques e redistribuir a riqueza, promovendo uma “guerra de classes” entre ricos e pobres. Além disso, repetiu McCain uma e outra vez, Obama quer subir os impostos, alargar a intervenção do governo, aumentar a despesa federal — e assim inviabilizar os esforços daqueles que lutam para realizar o “sonho americano”.
Foi um ataque detalhado e consistente, tanto às políticas como ao carácter de Barack Obama. Foi também uma forma de marcar a sua diferença: McCain assumiu-se como um herdeiro da tradição económica conservadora de menos impostos e menos governo — para se distinguir do concorrente democrata e da actual Administração republicana, cujo despesismo “fora de controlo” foi igualmente rejeitado.
Assim que o senador democrata o associou ao Presidente George W. Bush, McCain reagiu com um “sound-bite” destinado a arrumar com o assunto. “Senador Obama, eu não sou o Presidente Bush. Se queria correr contra ele, devia ter-se candidatado há quatro anos”, lançou. Obama prosseguiu, porém, na mesma linha. “Se ocasionalmente confundo as suas políticas com as de George W. Bush, é porque nas questões essenciais que interessam ao povo americano — na política fiscal, energética, nas prioridades da despesa — o senador tem sido um vigoroso apoiante deste Presidente”, retorquiu.
O fogo constante de McCain não pareceu assustar Barack Obama, que se manteve no seu estilo, calmo, contido, por vezes mesmo aborrecido. Só raras vezes o senador republicano logrou verdadeiramente colocar o seu opositor na defensiva. Às sucessivas acusações, Obama deu a mesma resposta (mais tarde repetida pelos seus porta-vozes no “spin-room”): os eleitores estão preocupados com a economia e querem que os candidatos lhes apresentem soluções, e não os distraiam com questões acessórias.
Nos dias antes do debate, os comentadores repetiram que John McCain teria que jogar um ás de trunfo, tirar um coelho da cartola, se queria ser bem sucedido e contrariar a ascensão do seu concorrente. O senador republicano saiu-se com… Joe Wurzelbarcher ou, como ficou imortalizado ontem à noite, “Joe o canalizador”, um eleitor do Ohio que numa paragem da campanha de Barack Obama questionou o senador do Illinois sobre o seu plano fiscal.
Depois de apresentado o personagem, os dois candidatos perderam minutos e minutos a falar sobre Joe — e para Joe. O seu nome foi mencionado mais de 20 vezes. “Joe, o senador Obama quer que tu pagues mais impostos”, alertou McCain. “Joe, se me estás a ouvir, o teu negócio não pagará nenhuma multa se não comprar um seguro de saúde para todos os trabalhadores”, esclareceu Obama.
De resto, todo o “sangue” que tinha sido prometido acabou por não espirrar. Houve algumas escaramuças, talvez suficientes para uns arranhões, mas nada de mais dramático (seguramente, não um jorro em golfadas, como antecipava a imprensa).
E nem faltaram oportunidades para hemorragias fatais. A mais esperada — e que fez o público balouçar na cadeira — aconteceu quando Bob Schieffer perguntou aos candidatos se tinham coragem de repetir na cara um do outro as palavras que as suas campanhas têm usado: “errático”, “fora de contexto”, “zangado” nas referências a McCain ou “desrespeitoso”, “perigoso”, “desonroso”, “mentiroso” na descrição de Obama.
Nenhum dos dois o fez. McCain usou a deixa para finalmente questionar a associação de Obama e Bill Ayers, mas com relativa prudência. Obama explicou-se e contra-atacou: “O facto deste assunto se ter tornado uma parte tão importante da sua campanha, senador McCain, diz mais àcerca da sua candidatura do que da minha”, concluiu.
De todos os debates, sem dúvida que aquele que decorreu na Hofstra University de Nova Iorque foi o mais interessante e animado. “No palco estiveram dois homens, um que é um presidente e outro que é um professor”, comentou ao PÚBLICO Rick Davis, o director de campanha de John McCain, no final do debate. “Marcamos as nossas diferenças, apresentamos o nosso caso: perante uma recessão, não é boa ideia subir os impostos e aumentar a despesa”, insistiu.
“Em nenhum momento McCain mostrou que é capaz de oferecer algo novo aos americanos. Não vimos ideias novas, vimos a continuação dos últimos oito anos. Falar de questões de personalidade não tem resultado para o senador republicano, mas ele parece não querer deixar de falar nisso. Nós sentimo-nos muito confortáveis a falar das questões económicas que interessam aos eleitores”, contrapôs David Plouffe, um dos dirigentes da campanha de Obama.
A opinião dos comentadores foi que este foi o debate em que John McCain esteve melhor, mais assertivo na demarcação das suas diferenças para Obama. Só que, notaram, o senador republicano não foi capaz de introduzir nenhum novo elemento na narrativa da corrida: não apresentou uma nova ideia ou plano, não fez nenhuma declaração bombástica, não conduziu o seu opositor a cometer um erro crasso.
Outro problema, assinalaram, foi que em termos de estilo, o republicano deixou passar uma imagem de agressividade, que alguns analistas repudiaram como excessivamente enraivecida e desnecessariamente sarcástica. Assim, e se nas questões de conteúdo McCain esteve melhor do que antes, a forma poderá ter comprometido as suas aspirações.
Quanto ao eleitorado, as sondagens de boca de urna que auscultaram os telespectadores mais uma vez atribuíram a vitória a Barack Obama (que fora já declarado como vencedor nos dois confrontos anteriores). Segundo o inquérito da CNN, 58 por cento considerou que o democrata fez um melhor trabalho no debate e 31 por cento entendeu que foi o republicano. Os números recolhidos pela CBS News apontaram a vitória de Obama por 53 por cento, contra 22 por cento de McCain e 24 por cento que consideraram que foi um empate.
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