Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

A mente sobre o mercado

Ir para baixo

A mente sobre o mercado Empty A mente sobre o mercado

Mensagem por TheNightTrain Ter maio 08, 2012 8:26 am

A mente sobre o mercado

02 Maio 2012 | 23:30
Michael Spence - © Project Syndicate, 2008. www.project-syndicate.org


Nos 66 anos decorridos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, praticamente todas as economias de planificação central desapareceram, em grande parte devido à sua ineficiência e baixo nível de crescimento.
Nos 66 anos decorridos desde o fim da Segunda Guerra Mundial, praticamente todas as economias de planificação central desapareceram, em grande parte devido à sua ineficiência e baixo nível de crescimento. Hoje em dia, os mercados, os sinais de preços, a descentralização, os incentivos, e o investimento orientado pelo retorno caracterizam a alocação de recursos em quase todo o lado.

Isto não acontece por os mercados serem moralmente superiores, embora exijam liberdade de escolha para funcionarem eficazmente. Os mercados são ferramentas que, em relação às alternativas, têm grandes vantagens no que diz respeito a incentivos, eficiência e inovação. Mas não são perfeitos; revelam um desempenho insuficiente perante certas externalidades (as consequências sem preço – por exemplo, a poluição do ar – das acções individuais), as lacunas e assimetrias de informação, e problemas de coordenação quando existem equilíbrios múltiplos, alguns superiores aos outros.

Mas os mercados têm mais debilidades fundamentais. Ou melhor, a maioria das sociedades tem objectivos económicos e sociais importantes, que os mercados não estão desenhados para atingir. No mundo actual, em acelerada globalização, os mais importantes destes objectivos – expressos de diversas formas através do processo político e da tomada de decisões numa ampla gama de países – são a estabilidade, a equidade distributiva e a sustentabilidade.

Consideremos a estabilidade. Vivemos num mundo de redes descentralizadas e de complexidade crescente: redes electrónicas, redes de cadeias de abastecimento e comércio, redes financeiras que ligam balanços de entidades diferentes. Os incentivos do mercado levam os agentes a operar ou modificar partes dessas redes de forma a maximizar a eficiência a nível local. Mas o pressuposto – muitas vezes uma regra de fé – que o todo se mantém estável e resiliente não tem suporte teórico ou empírico. Na verdade, parece impreciso.

Por exemplo, há algum tempo que é conhecido que as redes que são eficientes são, muitas vezes, não resilientes, porque as redes resilientes têm redundâncias ineficientes. A resiliência é um bem público, criado pelo tipo certo de redundância.

Numa estrutura descentralizada, a redundância tende a ser insuficiente no processo de optimização local. É por isso que o tsunami que atingiu o Japão no ano passado interrompeu muitas cadeias de abastecimento globais: eram (e ainda são) demasiado eficientes do ponto de vista de resistência a choques.

Nos mercados financeiros, a optimização local parece conduzir a uma excessiva alavancagem e outras formas de assunção de riscos que comprometem a estabilidade do sistema. É preciso muita investigação para perceber quais as intervenções ou restrições à escolha individual que são necessárias para estabilizar certos tipos de equilíbrios do mercado. Mas, claro, os mercados não fazem isto muito bem por si mesmo.

Consideremos, de seguida, como a mudança tecnológica que conduz à poupança de mão-de-obra, e a integração de várias centenas de milhões de novos trabalhadores nos mercados globais afectaram a distribuição de rendimentos, os retornos da educação, e as oportunidades de emprego em quase todo o mundo. Em particular, a proporção do rendimento nacional que se destina ao capital, e ao capital humano (pessoas com alto nível de educação), está a aumentar significativamente, impulsionando uma crescente concentração da riqueza.

Ainda assim, a distribuição dos rendimentos varia bastante entre os países desenvolvidos. Por exemplo, nos Estados Unidos, os 20% mais ricos ganham, em média, 8,4 vezes que os 20% mais pobres. No Reino Unido, o mesmo rácio é de 7,2, e na Alemanha apenas 4,3 (em comparação com o rácio colossal de 12,2 na China). Estes resultados tão díspares reflectem combinações distintas das forças do mercado e dos contratos sociais.

A distribuição dos rendimentos é influenciada pelos impostos e política fiscal, que têm, normalmente, efeitos redistributivos, de forma directa e através da prestação de serviços sociais e seguros. Mas estas distribuições também são afectadas por políticas e investimentos que se focam no lado da oferta, e que produzem educação e competências que coincidem (ou não) com uma estrutura global de procura laboral em rápida evolução.

Parte do desafio é que a procura de mão-de-obra passe para a oferta, em vez do contrário, porque a mobilidade laboral na economia global é limitada. Assumir um nível e composição constantes da procura laboral seria tão errado como assumir a procura actual de passageiros como um ponto de referência fixo para o planeamento do sistema de transportes públicos. Neste e noutros casos, a oferta influencia a procura ao longo do tempo (Steve Jobs, por exemplo, entendeu isto melhor do que ninguém).

É por isso que é fundamental pensar na procura potencial ao abordar este tipo de problema de correspondência. Tal como acontece com a estabilidade, os mercados não podem ser utilizados para lidar eficazmente com este problema, por sua conta. As políticas públicas e o investimento no sector público também importam.

A atenção está a centrar-se cada vez mais – e, na minha opinião, correctamente – no papel do Estado e, em particular, nas suas contas. A experiência nos países avançados, e nos países em desenvolvimento, sugere que os estados com balanços sólidos e contas saudáveis estão melhor posicionados para lidar com os desafios actuais de estabilidade, equidade e sustentabilidade. As vantagens são várias, incluindo a capacidade para resistir a choques e adoptar respostas contra-cíclicas, assim como a capacidade de reciclar os rendimentos das famílias durante períodos como o actual, quando aumenta a parcela de rendimento que vai para o capital (com consequências distributivas adversas).

Além disso, periodicamente, os países devem ser capazes de aumentar e manter investimento público em tecnologia, ou envolver-se na partilha de riscos, de forma a adaptarem-se às mudanças das condições competitivas e responderem aos choques. A participação pública minoritária pode fornecer recursos, ao mesmo tempo que mantém os benefícios da concorrência, e assegura que alguns dos benefícios chegam ao público em geral, através das receitas do governo.

Parte disto vai de encontro com a ortodoxia existente, e pode provocar um debate saudável. Um foco relativamente estreito sobre a eficiência e crescimento, pelo menos em muitos países avançados, pode ter funcionado nas primeiras décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, quando os padrões de distribuição eram benignos, e a instabilidade rara. Hoje, isso não é suficiente. Os desafios de estabilidade, equidade e sustentabilidade tornaram-se cruciais, e como resultado poderá ser necessário repensar o papel do Estado em relação aos mercados.

Reorientar os quadros políticos para horizontes temporais mais longos, com um enfoque mais equilibrado e orientado para o futuro, em termos de estabilidade e equidade (sem perder de vista a eficiência e a inovação), parece ser essencial para satisfazer as necessidades, esperanças e expectativas das pessoas em todo o mundo. Na verdade, essa é a chave para abordar a sustentabilidade, para a qual me voltarei no próximo mês.



Michael Spence, prémio Nobel da Economia, é professor de Economia na Stern School of Business, da Universidade de Nova Iorque, professor convidado do Conselho de Relações Externas, e professor catedrático do Instituto Hoover, da Universidade de Stanford. O seu último livro chama-se "The Next Convergence – The Future of Economic Growth in a Multispeed World".


© Project Syndicate, 2012.
www.project-syndicate.org
Tradução: Rita Faria

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=554265

TheNightTrain

Pontos : 1089

Ir para o topo Ir para baixo

A mente sobre o mercado Empty Re: A mente sobre o mercado

Mensagem por TheNightTrain Ter maio 08, 2012 8:54 am

1-Servir de representante de todas as opiniões e conseguir que nenhuma leve a sua avante!!! - polivalência

http://en.wikipedia.org/wiki/Totem_pole

A mente sobre o mercado 0847

2-Servir a um só senhor : o mamão ; é que um especulador (finança, temporalidades do trabalho, organização pela organização), cava, mas não semeia nada, um buraco imensurável surge do nada, um milagre das crises económicas!!!


A 2ª é a classicamente aceite, pelo certificado das contas bancárias, inclusive numa praça paradisíaca.

TheNightTrain

Pontos : 1089

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos