Risco de “libanização” do conflito sírio aumenta
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Risco de “libanização” do conflito sírio aumenta
Risco de “libanização” do conflito sírio aumenta
5/6/2012 8:45, Por Redação, com Swissinfo - da China
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Síria
A maioria das cidades insurgentes e violentamente reprimidas por Damasco são de maioria sunita
Pouco a pouco, as potências do Oriente Médio envolvem-se cada vez mais na crise síria, como no Líbano 30 anos atrás. A comunidade internacional continua dividida e impotente, mas a dinâmica criada pelo plano Annan ainda pode provocar surpresas.
O massacre de Houla (perto de Homs) demonstra mais uma vez que a violência na Síria é essencialmente de autoria do regime e de suas milícias que reprimem um levante popular e uma oposição mal armada. Portanto, o presidente Bachar el-Assad repete desde o início das manifestações que a Síria é vítima de grupos terroristas manipulados do estrangeiro.
Resta que esse conflito sangrento entre um povo e seu tirano não escapa das interferências dos países da região. Esse é o ponto de vista de Yves Besson, embaixador da Suíça no Líbano e no mundo árabe de 1971 a 1982 e sempre envolvido na região como acadêmico.
Yves Besson sublinha as semelhanças entre a guerra civil libanesa e o que vem ocorrendo na Síria: “Como o Líbano foi um campo de batalha de um conflito interárabe, a Síria torna-se o palco de um jogo regional mais amplo.”
- Múltiplos indícios indicam que o islamismo radical apoiado pela Arábia Saudita procura o enfrentamento, a guerra civil. Do outro lado, encontramos também na Síria os guardas da revolução iranianos com a retaguarda que se tornou o Iraque.
Nos bastidores da crise síria, existe portanto um braço de ferro que opõe de um lado o Irã, a Síria e seus aliados libaneses, o Hezbollah, até as monarquias do Golfo Pérsico encabeçadas pelo Catar e a Arábia Saudita.
Sunitas x Xiitas
- Muitos observadores se recusam a reconhecer a importância da dimensão religiosa nas tensões do Oriente Médio. Ora, a oposição entre xiitas e sunitas não desapareceu com as revoltas populares no mundo árabe, mesmo se ela é frequentemente subjacente. A repressão da revolta de maioria xiita em Barein é um exemplo claro – explica Yves Besson.
De fato, a deposição de Saddam Hussein no Iraque por Washington e Londres teve como consequência o reforço do Irã xiita vizinho, reativando os temores das monarquias sunitas do Oriente Médio. Tensões que se cristalizam hoje com a vontade de Teerã de se dotar de meios de fabricar a bomba atômica.
O futuro do regime el-Assad – constituído essencialmente pela comunidade xiita dos alauitas – vai portanto pesar no equilíbrio regional entre xiitas e sunitas.
Yves Besson lembra que a maioria das cidades insurgentes e violentamente reprimidas por Damasco são de maioria sunita. “As minorias na Síria têm tudo a temer desse enfrentamento entre sunitas e xiitas. Os armênios do norte, por exemplo, têm muito medo de um novo exílio.
Os mais expostos são os cristãos, protegidos do regime el-Assad, mas sem apoio exterior. Muitos cristãos do Iraque, aliás, são refugiados na periferia de Damasco depois da queda de Saddam Hussein.”
Pacificar ou ampliar a guerra civil
Uma intervenção militar internacional contra o regime el-Assad – uma opção comentada com insistência nos últimos dias – corre o risco de envolver toda a região numa espiral de violência com consequências imprevisíveis.
Em todo caso é o temor de Marcelo Kohen, do Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, em Genebra.
- Frente às atrocidades cometidas pelo regime sírio, é muito fácil dizer (as opiniões públicas já estão prontas para isso) utilizemos a força. Mas é preciso pensar nas consequências do uso da força, seja de uma intervenção direta ou uma ajuda militar aos rebeldes.
- Desde o fim da guerra fria, uma cultura da força se instaurou no plano internacional. A constatação é estabelecida (Iraque, Afeganistão, Líbia) que o uso da força não resolve todos os problemas, longe disso – afirma o professor.
A responsabilidade de proteger
Os adeptos da opção militar evocam a “responsabilidade de proteger”, princípio adotado pela ONU em 2005 para permitir à comunidade internacional de intervir em caso de genocídio e crimes contra a humanidade.
- A responsabilidade de proteger suscitou esperanças desmedidas – explica Marcelo Kohen. No entanto, esse princípio não trouxe elementos novos sobre o uso da força previsto na Carta das Nações Unidas.
Resta portanto a opção diplomática e o plano de paz em seis pontos de Kofi Annan, ex-Secretário-Geral da ONU, desrespeitado por Damasco.
Para Yves Besson, ele tem o mérito de existir: “Diplomaticamente, politicamente, o plano é útil. É a única concessão feita pelo regime el-Assad, mesmo se ele sabia muito bem que tinha meios de torná-lo inoperante. A comunidade internacional não vai anular o plano, mesmo se ninguém se ilude com sua eficiência, porque em torno desse plano, é possível construir outra coisa.”
Uma alternativa à guerra
Marcelo Kohen tem o mesmo ponto de vista: “Essa crise também pode permitir à comunidade internacional de encontrar fórmulas inovadoras para resolver conflitos no interior dos Estados de outra maneira que a força.”
- Os instrumentos à disposição das Nações Unidas (sanções, missões de observação, justiça internacional), estão sendo aplicados. Ainda é cedo para fazer um balanço. Para a comunidade internacional, trata-se de aprender a melhor articular o conjunto desses instrumentos. A expectativa é de obter melhores resultados e a custo menor em vidas humanas e em destruição do que o uso da força.
De qualquer maneira, a atitude da Rússia – aliada estratégica de Damasco – é determinante, na opinião de Yves Besson: “A chave está em Moscou e em nenhum outro lugar. Isso Washington não quer reconhecer. Toda a argumentação e esse aparato humanitário mascara um jogo cínico de relação de força que opõe os ocidentais aos russos e aos chineses.”
5/6/2012 8:45, Por Redação, com Swissinfo - da China
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Síria
A maioria das cidades insurgentes e violentamente reprimidas por Damasco são de maioria sunita
Pouco a pouco, as potências do Oriente Médio envolvem-se cada vez mais na crise síria, como no Líbano 30 anos atrás. A comunidade internacional continua dividida e impotente, mas a dinâmica criada pelo plano Annan ainda pode provocar surpresas.
O massacre de Houla (perto de Homs) demonstra mais uma vez que a violência na Síria é essencialmente de autoria do regime e de suas milícias que reprimem um levante popular e uma oposição mal armada. Portanto, o presidente Bachar el-Assad repete desde o início das manifestações que a Síria é vítima de grupos terroristas manipulados do estrangeiro.
Resta que esse conflito sangrento entre um povo e seu tirano não escapa das interferências dos países da região. Esse é o ponto de vista de Yves Besson, embaixador da Suíça no Líbano e no mundo árabe de 1971 a 1982 e sempre envolvido na região como acadêmico.
Yves Besson sublinha as semelhanças entre a guerra civil libanesa e o que vem ocorrendo na Síria: “Como o Líbano foi um campo de batalha de um conflito interárabe, a Síria torna-se o palco de um jogo regional mais amplo.”
- Múltiplos indícios indicam que o islamismo radical apoiado pela Arábia Saudita procura o enfrentamento, a guerra civil. Do outro lado, encontramos também na Síria os guardas da revolução iranianos com a retaguarda que se tornou o Iraque.
Nos bastidores da crise síria, existe portanto um braço de ferro que opõe de um lado o Irã, a Síria e seus aliados libaneses, o Hezbollah, até as monarquias do Golfo Pérsico encabeçadas pelo Catar e a Arábia Saudita.
Sunitas x Xiitas
- Muitos observadores se recusam a reconhecer a importância da dimensão religiosa nas tensões do Oriente Médio. Ora, a oposição entre xiitas e sunitas não desapareceu com as revoltas populares no mundo árabe, mesmo se ela é frequentemente subjacente. A repressão da revolta de maioria xiita em Barein é um exemplo claro – explica Yves Besson.
De fato, a deposição de Saddam Hussein no Iraque por Washington e Londres teve como consequência o reforço do Irã xiita vizinho, reativando os temores das monarquias sunitas do Oriente Médio. Tensões que se cristalizam hoje com a vontade de Teerã de se dotar de meios de fabricar a bomba atômica.
O futuro do regime el-Assad – constituído essencialmente pela comunidade xiita dos alauitas – vai portanto pesar no equilíbrio regional entre xiitas e sunitas.
Yves Besson lembra que a maioria das cidades insurgentes e violentamente reprimidas por Damasco são de maioria sunita. “As minorias na Síria têm tudo a temer desse enfrentamento entre sunitas e xiitas. Os armênios do norte, por exemplo, têm muito medo de um novo exílio.
Os mais expostos são os cristãos, protegidos do regime el-Assad, mas sem apoio exterior. Muitos cristãos do Iraque, aliás, são refugiados na periferia de Damasco depois da queda de Saddam Hussein.”
Pacificar ou ampliar a guerra civil
Uma intervenção militar internacional contra o regime el-Assad – uma opção comentada com insistência nos últimos dias – corre o risco de envolver toda a região numa espiral de violência com consequências imprevisíveis.
Em todo caso é o temor de Marcelo Kohen, do Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento, em Genebra.
- Frente às atrocidades cometidas pelo regime sírio, é muito fácil dizer (as opiniões públicas já estão prontas para isso) utilizemos a força. Mas é preciso pensar nas consequências do uso da força, seja de uma intervenção direta ou uma ajuda militar aos rebeldes.
- Desde o fim da guerra fria, uma cultura da força se instaurou no plano internacional. A constatação é estabelecida (Iraque, Afeganistão, Líbia) que o uso da força não resolve todos os problemas, longe disso – afirma o professor.
A responsabilidade de proteger
Os adeptos da opção militar evocam a “responsabilidade de proteger”, princípio adotado pela ONU em 2005 para permitir à comunidade internacional de intervir em caso de genocídio e crimes contra a humanidade.
- A responsabilidade de proteger suscitou esperanças desmedidas – explica Marcelo Kohen. No entanto, esse princípio não trouxe elementos novos sobre o uso da força previsto na Carta das Nações Unidas.
Resta portanto a opção diplomática e o plano de paz em seis pontos de Kofi Annan, ex-Secretário-Geral da ONU, desrespeitado por Damasco.
Para Yves Besson, ele tem o mérito de existir: “Diplomaticamente, politicamente, o plano é útil. É a única concessão feita pelo regime el-Assad, mesmo se ele sabia muito bem que tinha meios de torná-lo inoperante. A comunidade internacional não vai anular o plano, mesmo se ninguém se ilude com sua eficiência, porque em torno desse plano, é possível construir outra coisa.”
Uma alternativa à guerra
Marcelo Kohen tem o mesmo ponto de vista: “Essa crise também pode permitir à comunidade internacional de encontrar fórmulas inovadoras para resolver conflitos no interior dos Estados de outra maneira que a força.”
- Os instrumentos à disposição das Nações Unidas (sanções, missões de observação, justiça internacional), estão sendo aplicados. Ainda é cedo para fazer um balanço. Para a comunidade internacional, trata-se de aprender a melhor articular o conjunto desses instrumentos. A expectativa é de obter melhores resultados e a custo menor em vidas humanas e em destruição do que o uso da força.
De qualquer maneira, a atitude da Rússia – aliada estratégica de Damasco – é determinante, na opinião de Yves Besson: “A chave está em Moscou e em nenhum outro lugar. Isso Washington não quer reconhecer. Toda a argumentação e esse aparato humanitário mascara um jogo cínico de relação de força que opõe os ocidentais aos russos e aos chineses.”
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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