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Se Marx fosse afrodescendente

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Mensagem por Vitor mango Sáb Set 15, 2012 12:58 pm


Se Marx fosse afrodescendente





Por: Rosiane Rodrigues
em 03/04/11 19:22










Dia desses, numa discussão sobre liberdade religiosa com uma
amiga "comunista-roxa-de-carteirinha" aleguei que se Karl Marx
fosse africano não teria proferido a célebre frase:"A religião é o
ópio do povo". Diante do espanto da minha ouvinte e para que vocês
possam entender o que estou tentando dizer é que, se Marx tivesse
nascido na África ou pelo menos conhecesse a realidade dos
africanos sequestrados para servirem como escravos no Brasil (o que
também se aplica aos índios, escravizados pelos europeus em suas
próprias terras) entenderia que a prática religiosa desses povos,
em suas mais variadas expressões, transformou-se em símbolo de uma
forma de resistência política e cultural.

A essa altura minha amiga já estava ajeitando os óculos e
escondendo um risinho de deboche no canto da boca. Isso antes de me
metralhar com: "Você não sabe que Marx era judeu". Sem me
impacientar, repliquei. Engano seu. É exatamente por isso que
acredito no que digo. Explico que não é apenas o grupo étnico ao
qual Marx pertencia, mas o tempo histórico em que ele viveu, que me
fez pensar dessa forma. Foi aqui que iniciei uma reflexão que,
ouvida entre caretas e muxoxos, fez a minha companheira de
passeatas do Movimento Estudantil concordar em alguns pontos.

Calma, gente! Longe de mim refutar Karl Marx que é, nada mais
nada menos, que o fundador da doutrina comunista moderna, cujo
pensamento influenciou decisivamente o Direito, a História, a
Economia, a Filosofia, a Sociologia, a Administração, a Arquitetura
e tantos outros ramos das ciências. A questão é que Marx era filho
de uma família tradicional de rabinos. Seu pai, para burlar a
restrição de judeus trabalharem no serviço público alemão e
garantir o sustento da família, converteu-se ao cristianismo
luterano. Isso em 1824. É preciso ressaltar que alguns séculos
antes, as famílias judaicas sequer tinham direito de morarem nas
cidades. Eram camponeses, alvos de campanhas difamatórias tanto da
Igreja quanto dos governantes, que viam em seus hábitos e crenças,
um constante risco para a segurança e a saúde pública de seus
países. É certo que jamais saberemos o real impacto dessa conversão
no seio da família que ficou mundialmente conhecida por seu caçula
revolucionário.

A questão é que Marx, ao desenvolver seu pensamento sobre
religião, tinha em mente os confrontos históricos entre o
cristianismo e o judaísmo. E todas as mazelas que a Inquisição
trouxe à Europa. Também naquele tempo, mesmo os cientistas e
pensadores, não tinham conhecimento, em sua totalidade, dos atos e
dos processos de dominação e escravização que aconteciam nas
Américas. Se ninguém se preocupa muito com a cultura africana nos
dias de hoje, é possível imaginar que para os europeus civis do
século XIX, a vida na África ou no Brasil seria alguma coisa
próxima da ideia que temos sobre o planeta Marte. A sonda espacial
diz que tem água, tem gente que diz que tem vida, outros afirmam
que até já foram lá em discos voadores... O certo é que naquele
tempo, o Brasil e a África eram tão distantes da Europa quanto
Marte e a Lua são para nós, hoje.

É possível, a partir do pressuposto que Marx só poderia formular
questões que fossem inerentes ao seu meio social, através do
conhecimento e dos embates políticos e filosóficos do seu tempo,
que a frase "A religião é o ópio do povo" tenha um outro sentido,
menos genérico e mais contundente. Ela talvez possa ser traduzida
pelos danos sofridos por nações inteiras, naufragadas por projetos
de poder e dominação de algumas religiões que, ao contrário das
chamadas ancestrais (judaismo, religiões africanas, ciganas e
indígenas), prescindem de conversão.

Se hoje, com a TV via-satélite e a internet bombando, a maioria
dos brasileiros não tem ideia de que foi justamente a luta pela
manutenção da religiosidade africana, através dos cultos aos
orixás, que garantiu a perpetuação da identidade e memória de
milhares de negros e afrodescendentes; Se em pleno século XXI,
muita gente também não sabe que foi a resistência política dos
negros frente à escravidão que além de dar ao Brasil o colorido e a
base da nossa cultura, ainda garantiu o processo de enriquecimento
nacional, imagina um europeu, há quase 200 anos, que não tinha
acesso ao Google nem televisão?

_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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