Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA

4 participantes

Ir para baixo

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Empty O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA

Mensagem por Vitor mango Sex Jan 11, 2013 4:31 am

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA








.
VIVE no ESTORIL NUMA DAS CASAS QUE ERA
DO EMPRESÁRIO JORGE DE MELLO (na Quinta Patino) e, ao que alegadamente se
consta, é também proprietário de mais um lote anexo (tudo em nome de Sociedades
Offshore).


.

Como vêem é fácil fazer esquecer um roubo superior a mais de 5 mil
milhões de euros
, quando se tem amigos...por todo o lado...






·
Vá passando para os esquecidos
se irem lembrando
!...




E MAIS SOBRE O ARTISTA - OS GRANDES FILHOS DE PUTAS DA TERRA LUSA

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  DiasLoureiro




Dias Loureiro na Revista Visão




Não é uma entrevista, mas mais uma narrativa sobre o perfil
politico e não só de Dias Loureiro. O texto é longo, mas vale a pena
lerem até ao fim. Garanto que não ficarão desiludidos.
.


No texto todo surpreende-me mais os conhecimentos pessoais e o
verdadeiro tráfico de influências e poder e a forma como
dissimuladamente esse poder passa da teoria à prática.
Acredito que apesar deste texto ser sobre Dias Loureiro, podíamos ter
no título do mesmo um qualquer outro nome da nossa vida politica do pós
25 de Abril..


Perfil
.





Anatomia de um intocável
.
A história de Dias Loureiro é um puzzle que ajuda a explicar muito do
que tem sido Portugal desde 1985, data da sua ascensão ao poder. Um
homem com um percurso de luzes e sombras, que se confunde, por vezes,
com as zonas cinzentas de um regime




O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Dur%C3%A3o
É uma das figuras mais poderosas do País. Mas sempre disse não ser um
homem «do poder político». Fez fortuna de quase nada e até
além-fronteiras lhe dão tratamento VIP. Priva com Clinton, Aznar, Durão
Barroso e outros dos homens mais poderosos do planeta, alguns com
actividades e práticas
bastante controversas.



O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Jose-maria-aznar-web-personal-faes


Apanhado pelos estilhaços do «caso BPN», tem-se
defendido nos fóruns que lhe foram postos à disposição, reafirmando
inocência e comportamento acima de qualquer suspeita. À VISÃO, recusou
prestar declarações por considerar «encerrado» o capítulo das
entrevistas e esclarecimentos e estar «cansado de dizer uma coisa e sair
outra». Agora, adiantou, só falará «noutras instâncias». Mas quem é,
afinal, Manuel Dias Loureiro e como personifica, para o bem e para o
mal, os poderes reais e paralelos do nosso país?

Quando eu era pequenino…

.
Dias Loureiro é natural de Aguiar da Beira, terra pequena, pobre e
rural, com um castelo altaneiro, onde nasceu, a 18 de Dezembro de 1951.
Os pais eram comerciantes (a mãe tinha alguns estudos, mas o pai
completou apenas a quarta classe) e vendiam de tudo um pouco, desde
tecidos a materiais de construção, incluindo artigos de mercearia. Tinha
sete irmãos. Em pequeno, gostava de comer batatas fritas em azeite,
ovos estrelados e pastéis de massa tenra.

.


O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Mundo

.
Aos 9 anos, foi fazer a 4.ª classe num colégio interno em Lamego – não
muito longe de casa, mas o suficiente para só ver a família nas férias
de Natal, Páscoa e Verão. Ali, os hábitos eram muito rígidos: os alunos
levantavam-se às 6 da manhã e havia regras para tudo e hierarquias bem
definidas. Nas férias, quando regressava à terra, ajudava os pais e os
irmãos no pequeno comércio, todos os dias, incluindo aos domingos.
.
Seguiu-se uma passagem de dois anos pelo seminário de S. José, em Fornos
de Algodres, não porque, segundo diz, quisesse ser padre, mas porque
assim tinha uma oportunidade para estudar.
A mãe, contudo, ainda hoje está convencida de que ele queria mesmo
seguir o sacerdócio, pois, nas suas brincadeiras de criança, «vestia uma
saia branca da avó ou enrolava um pano branco à volta do corpo e depois
dizia homílias».



O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Padre_maio




Passou ainda pelos colégios de Mangualde e de Tondela,
antes de ir para Coimbra, tirar Direito. Por esta altura já não tinha
dúvidas de que queria ser advogado para «não ter patrões» e manter a sua
independência. A militância na Juventude Universitária Católica foi
coisa normal para quem vinha de um meio católico. As leituras de
Faulkner e de Open Society, de Karl Popper, viriam, depois, a ter grande
influência nas suas ideias e opções.





Coimbra tem mais encanto…


Foi na hora da despedida que Coimbra teve mais encanto para Dias
Loureiro. Desde a ida ao congresso da Figueira para apoiar Cavaco, em
1985, foi sempre a subir. Até aí, porém, tinha vivido tempos difíceis.
Pouco depois de chegar à cidade, morreu-lhe o pai, com um cancro, em
apenas três meses.
.



O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Cavaco-silva-dias-loureiro-duarte-lima
.
E perderia o irmão e um tio, quase de seguida. Tempos de algum aperto
financeiro também. «Na altura, alguns de nós já tinham carro, mas ele
vinha todos os fins-de-semana de Aguiar da Beira sempre de camioneta e
vestido de forma muito simples, com umas samarras muito coçadas.


.

Via-se
que não tinha muito dinheiro», descreve um colega de curso. Pouco tempo
depois de se ter formado em Direito, as idas a casa, no final da semana,
começaram a escassear. Recordam-se dele como um estagiário de advocacia
que arrebanhava as defesas oficiosas que pudesse, a fim de equilibrar o
orçamento. Ao contrário de outros, ele não tinha pergaminhos familiares
na advocacia, e «ia a todas, era impressionante», admira-se um
desembargador.



O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Confraria+4JPG

Dias
Loureiro, natural de Aguiar da Beira, advogado em Coimbra, foi durante
10 anos secretário-geral do PSD, ex-ministro da Administração Interna,
banqueiro, homem de negócios com muita influência política dentro e fora
do seu partido e também no mundo empresarial. "Falo mais com
Bill Clinton agora do que quando estava no Governo", costumava dizer,
com ar sério, após a sua retirada da vida política activa.(De um pasquim da Beira Alta)

.

No início dos anos 80, os amigos de esquerda e extrema-esquerda tinham
ficado para trás. Já militante do PSD, pela mão de Carlos Encarnação –
que viria a ser seu secretário de Estado –, Dias Loureiro morava no
segundo andar de um prédio
comum, com as suas duas filhas e mulher, Fátima Varandas, de quem se
divorciou há poucos anos.


.

Ele terá sido pescado para a política pelo
líder do PSD/Coimbra, Alexandre Gouveia, em cujo escritório de advocacia
trabalhou. «Num ápice, tornou-se adjunto do governador civil e nunca
mais ninguém ouviu falar dele como advogado», conta outro juiz. Ângelo
Correia, então ministro da Administração Interna, terá dado uma mãozinha
na escolha.

Tudo pelo partido

.
De dirigente do PSD, com Cavaco, a redactor de moções e estratego de
vários líderes, o poder e a influência de Dias Loureiro no partido
cresceu de forma avassaladora. Foi secretário-geral, numa época em que
coleccionou sucessos, o dinheiro entrava com mais regularidade no
partido «e o financiamento partidário não tinha, praticamente,
controlo», explica um ex-titular daquele cargo. Mas o início foi
complicado.


.

O comendador Salvador Pereira, emigrante português radicado
na África do Sul desde 1964, homem de sucesso nos negócios, sobretudo na
área da construção civil, garantiu à VISÃO ter, naquele período,
«ajudado como podia. Sempre fui fiel ao PSD e paguei algumas coisas, na
altura, as finanças do partido não estavam boas». Diz conhecer Cavaco
«desde os tempos de ministro das Finanças» e foi mantendo contactos, em
algumas ocasiões, várias das quais solenes. Já com o professor como
primeiro-ministro, Dias Loureiro foi-lhe apresentado.


.

«É um bom homem.
Ajudou-me num negócio relacionado com a hemodiálise que eu queria montar
em Portugal, recomendou-me que fosse ter com o irmão dele para ser
nosso advogado e tratar da papelada. Mas as coisas acabaram por não se
concretizar», explica, precisando ter perdido «mais de 30 mil contos» só
em contactos e burocracias.




O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Jose-Cesario-em-Santos-612x300

Amigo de José Cesário, ex-secretário de Estado das Comunidades e antigo adjunto de
Dias Loureiro na secretaria-geral do partido, Salvador Pereira garante
ter estado sempre disponível para ajudar o PSD, nas suas vindas a
Portugal e também na África do Sul. «Passou muita gente por cá e saíram
daqui sempre bem agasalhados, nunca lhes faltou nada.» O empresário,
natural da Feira, referiu à VISÃO ter-lhe sido igualmente proposta a
compra da nova sede, «por mais de 100 mil contos. Pensei, mas disse que
não».

No exercício do cargo, uma das marcas deixadas por Dias Loureiro foi
precisamente a compra da actual sede do partido, por 100 mil contos, com
a ajuda dos militantes.





Meu adorado Cavaco




O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Loureiro
.
Dias Loureiro esteve com Cavaco desde o dia zero até à altura de arrumar
as tralhas da campanha presidencial. As histórias de vida ajudaram:
«Não nascemos em berço de oiro», esclareceu, um dia, o ex-gestor do BPN.
O professor escolheu-o, em 1985, para secretário-geral, com as finanças
do partido nas lonas e sem poder à vista. A vitória nas legislativas
daquele ano mudaria tudo. A partir daí, Dias Loureiro foi o fiel
servidor de um chefe que, segundo diz, não agia como chefe.

.


Por ele, pelo PSD, fez de tudo. De hinos a discursos preparados
madrugada dentro, com chávenas de chá pelo meio, para Cavaco ler depois.
Partilharam a restrita intimidade do poder, férias, tacadas de golfe e
almoços de família em São Bento. A empatia ajudou à influência do
discípulo.


.

Segundo um ex-governante e actual deputado «laranja», Maria
Cavaco Silva também «tinha a sua preferência», inclinando-se «para os
jovens turcos [como Loureiro] e menos para os que falavam baixinho e
davam conselhos avisados e moderados». Algo «altamente comentado nos
círculos mais restritos». Laços nunca quebrados e extensivos a outras
pessoas: no gabinete da primeira-dama, em Belém, trabalha hoje Diana
Ulrich, antiga assessora de Dias Loureiro.


O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  74329751106502206676

.
A gratidão de Cavaco também
assumiu várias formas. Como Presidente da República, cortou a fita da
fábrica da Inapal, em Palmela, elogiando o investimento da Sociedade
Lusa de Negócios (SLN), na presença de Dias Loureiro. E até a
inauguração do Estádio Municipal de Aguiar da Beira fez parte da agenda
do PR. Na sua
autobiografia, Cavaco revela não ter convidado Dias Loureiro para o
Governo, em 1987, «pela simples razão de não poder prescindir dele no
partido». Uma decisão recebida com desgosto. Já Loureiro diz ter
recusado ser ministro, pois não queria acumular funções no partido com a
tutela do SIS. Confusão de datas?






Luxos e prazeres caros

Quando se sai do Governo, precisa-se de ganhar dinheiro, é verdade. Mas
passados cinco ou seis anos, tinha o suficiente para não ter de me
preocupar com isso», explicou Dias Loureiro. Há dias, reafirmou à RTP
que, em 1995, «não tinha dinheiro nenhum». Onze anos depois, a
jornalista que entrou no seu gabinete a pretexto de uma entrevista para o
Jornal de Negócios viu um espaço que exalava «bom-gosto e dinheiro»,
com quadros de Cargaleiro e Vieira da Silva. Em 2002, foi noticiado que
pagava mais impostos do que o empresário Belmiro de Azevedo.

.
O curioso é que, em 1991, Dias Loureiro já tinha comprado e remodelado
uma vivenda, no Estoril, por 150 mil contos. A origem do dinheiro para a
compra e obras foi questionada pelo Expresso, sobretudo porque a casa
anterior era em Sete Rios, Lisboa, e custara 9 600 contos.



.

Poderia um vencimento modesto de governante e de advogado
em part-time suportar tamanho luxo? «Quem não tem a consciência
tranquila em relação ao dinheiro pode tentar escondê-lo. Quem tem a
consciência tranquila pode fazer o que entender», disse, então, o
detentor da pasta dos Assuntos Parlamentares.


.

E justificava a mudança
para a casa da Linha de Cascais com uma herança e venda de propriedades
em Coimbra. Avô e divorciado, vive actualmente na quinta Patiño, no
Estoril, uma das zonas mais privilegiadas e caras do País (diz-se que
cada metro quadrado de terreno custa 5 mil euros), onde residem pessoas
da alta sociedade como Rocha Vieira, João Rendeiro, Diogo Vaz Guedes,
Stanley Ho ou Stefano Saviotti.


..O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Mercedes-CL65-AMG-Anderson-Black-Edition-862

.
A Dias Loureiro não faltam, igualmente, gostos caros: há uns anos,
comprou um Mercedes CL 65 AMG, prateado, com um potentíssimo motor V12.
Trata-se de um modelo altamente exclusivo, o mais luxuoso da marca
alemã. Em Portugal, não devem existir mais de dez unidades.


.

Custo? Cerca
de 275 mil euros. Gasta uns «meros» 14,8 litros por cada 100 km
percorridos. As motos também já o entusiasmaram. Preocupante, porém, foi
a polémica à volta da sua carta de condução. Em 1995, então ministro da
Administração Interna, foi noticiado que a licença havia sido aprovada
pelo próprio director-geral de Viação… antes do exame, feito num quartel da GNR, com uma moto da corporação.
.
Paixão, paixão, é a caça, sobretudo de perdizes. Começou aos 19 anos,
nos tempos da faculdade, e, mais tarde, juntou-se a Proença de Carvalho e
Carlos Barbosa, com quem detém um couto em Mértola. Foi ele que iniciou
Cavaco na caça. Há quem assegure que já participou em caçadas
milionárias, em África, daquelas que podem chegar a custar 100 mil
euros. O próprio diz preferir aves. «Nada de caça grossa.»
.
Após sair do Governo, Dias Loureiro iniciou-se no golfe e pratica-o
normalmente, entre as sete e meia e as nove da manhã, perto de casa, no
campo do Estoril. Até nas viagens de negócios, seja a Marrocos seja a
Palma de Maiorca, aproveita para dar umas tacadas. «O golfe liberta a
cabeça», explica. Também gosta de jogar póquer. Ou gostava, pelo menos.
Sempre com os amigos e desde que não envolvesse muito dinheiro. Os prémios costumavam ter limites e raramente iam além dos cem contos.

.


Dormindo com o inimigo
.
Em termos comparativos, Dias Loureiro tem feito mais pela boa imagem do
PS e de Sócrates do que Manuel Alegre. E já saiu em defesa do
primeiro-ministro. «Se há coisa de que o Governo não pode ser acusado é
de querer a todo o custo ganhar votos», afirmou. Censurou a liderança de
Marques Mendes por fazer uso do caso da licenciatura do chefe do
Governo e emocionou-se com
.

O Menino de Oiro do PS, a biografia autorizada de Sócrates. Já na
sequência dos episódios do BPN, Sócrates terá pedido ao PS para poupar
nas críticas a Loureiro. Segundo o histórico socialista António Arnaut,
Loureiro é dono da «tradicional irreverência coimbrã», ou seja, «dá-se
bem com todos». É amigo de Jorge Coelho e também o foi do falecido
dirigente Fausto Correia, que o considerou homem de honra «do poder e
com poder». No Natal de 2000, editou um disco para amigos, com Almeida
Santos.




Laços de ternura…
.
Amigos há mais de 40 anos, Jorge Coelho e Dias Loureiro são praticamente
da mesma terra. Tratam-se como irmãos. «Éramos uns brincalhões.
Jogávamos futebol e comíamos pastéis de feijão numa casa, junto da
escola», contou Coelho ao Jornal de Negócios, já este ano. «Passados 22
anos, reencontrámo-nos e estreitámos relações. Hoje, é um dos meus
melhores amigos.» Coelho sucedeu a Loureiro na Administração Interna.





O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Acoelho
.

Durante oito anos alguns dos maiores segredos do País estiveram
«guardados» por esta dupla. Loureiro foi uma das primeiras pessoas a
saber que Coelho tinha um cancro. Coelho confirmou, entretanto, à VISÃO
que «há uns cinco anos» pediu «um empréstimo pessoal de 100 mil euros»
ao BPN, na altura mais complicada da sua vida. Possui também uma conta
na instituição, num balcão de Lisboa.


.

«Já não devo nada e paguei tudo
direitinho. Neste momento, sou um mero cliente e talvez dos piores.»
Proença de Carvalho é outro amigo de Loureiro. Até já gravaram um CD.
Mais a sério, Proença foi o advogado escolhido pelo BPN para processar a
revista Exame, quando Loureiro se sentiu «incomodado» com as primeiras
notícias sobre o banco, em 2001. Houve acordo e o caso foi enterrado.




.
Com Aznar encontra-se de vez em quando, incluindo em sua casa. O genro
do ex-chefe de Governo espanhol, Alejandro Agag, foi assessor do antigo
ministro de Cavaco, no BPN. Dias Loureiro já jantou e jogou golfe com
Bill Clinton.
.
Com jornalistas, também nunca se deu mal. Baptista-Bastos, de quem Dias
Loureiro foi testemunha, num processo em que o queixoso era Alberto João
Jardim, é outro dos seus amigos: «Detestava-o e disse-lho quando o
conheci. Até lhe falei no rosto sombrio que lhe conferia um ar
sinistro.» BB ouvira-o, na rádio: «Ele possuía uma ampla informação
política, económica, social e cultural do País.


.

E desenvolveu as suas
ideias, associando-as com uma forte componente social-democrata, à
maneira de Willy Brandt e de Olof Palme.» Vai daí, BB escreveu um artigo
sobre isso e Loureiro telefonou-lhe de Nova Iorque. Foram-se
encontrando. «Ajudou, desinteressadamente, muitas pessoas, entre as
quais alguns nossos camaradas de Imprensa, que, neste momento, o ignoram
ignobilmente», observa.

.


Chamem a polícia
.
O caso da carga policial na ponte 25 de Abril, em 1995, por causa da
polémica das portagens marcou o fim do cavaquismo. Mais tarde, Dias
Loureiro visitou e comprou alguns quadros do homem que ficou
paraplégico, na sequência dos incidentes.


.

No Ministério da Administração
Interna, entre 1991 e 1995, é recordado como o «ministro que mais
perseguiu e aterrorizou os sindicalistas dentro da polícia», atesta
Paulo Rodrigues, líder da Associação Sindical dos Profissionais da
Polícia (ASPP). Vários processos disciplinares foram instaurados e três
líderes associativos foram expulsos.


.

Os processos acabariam arquivados,
dois deles após a vitória socialista, em 1995. As superesquadras, a
menina dos olhos do seu mandato, foram contestadas por populações e
elementos da ASPP. «Havia instruções dadas às chefias para transmitirem
aos agentes: ‘se não largares a ASPP, vais ter chatices’», conta Paulo
Rodrigues. Mal-amado pelas tropas, foi admirado pelas chefias. Alguns
oficiais recordam -no como «um dos ministros mais competentes»,
«atencioso e preocupado» com os subalternos.

Do segredo reza a história?




Dias Loureiro seguia com o «maior interesse» o trabalho e os resultados
da actuação dos serviços de informação que tutelava, diz quem o
acompanhou de perto nesse período. Mas as incompatibilidades com Ladeiro
Monteiro – uma espécie de «pai» do SIS e seu director desde 1986 –
começaram cedo.


.

O afastamento só aconteceria em 1994, na sequência da
espionagem do SIS a dois magistrados do Ministério Público da Madeira.
Para o seu lugar, Dias Loureiro nomearia o seu amigo Daniel Sanches, ao
mesmo tempo que remodelaria, também, a chefia da secreta militar,
entregando-a ao seu conterrâneo e também amigo Lencastre Bernardo.
.
Se o SIS já andava em bolandas com insinuações de práticas
a favor do Governo, com a entrada de Sanches as acusações subiriam de
tom, dada a proximidade – «cumplicidade», referem dois magistrados –
entre o ministro e o novo director. Dentro do SIS, o ambiente
deteriora-se, sobretudo após alegadas instruções para vigiar e
identificar dinamizadores de manifs e protestos contra o Governo.


.

Loureiro não se livra da fama de querer dossiês pormenorizados sobre
figuras de vários quadrantes. «Muita gente lhe deve favores», atesta um
magistrado ligado aos serviços de informações. Confrontado, reagiu
sempre com indignados desmentidos.




Informação é poder

Em Fevereiro de 2001, poucos dias após ter sido nomeado administrador da
SLN, Dias Loureiro convidou Daniel Sanches e Lencastre Bernardo para a
holding do BPN. Ou seja, só dois dos maiores peritos nacionais em
espionagem e informações. Segundo fonte judicial, eles «tiveram acesso
aos mais valiosos segredos políticos, económicos e empresariais»,
enquanto estiveram à frente das secretas.


.

O procurador-geral-adjunto
Daniel Sanches larga a chefia do DCIAP, a unidade de elite do MP. «A
informação que levo não me vai ser útil», disse, porém, Daniel Sanches
quando abraçou o mundo dos negócios. À época, como hoje, vários colegas
não ficaram convencidos. Na SLN, o magistrado foi administrador da
Plêiade Investimentos, da ServiPlex e da Vsegur (segurança privada).

A polémica do SIRESP




Foi também com a ajuda de Dias Loureiro que, em 2004, Daniel Sanches
chegou a ministro, no Governo de Santana Lopes, com a tutela da
Administração Interna. Três dias após a vitória de Sócrates, em 2005,
estava o anterior Governo em mera gestão, Sanches adjudicou o negócio do
Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal
(SIRESP) a um consórcio liderado pela SLN, para a qual trabalhara entre
2001 e 2004.

.
O contrato deste sistema de comunicações entre as polícias
era da ordem dos 540 milhões de euros. O Executivo PS renegociou novo
contrato com a SLN, ficando o SIRESP por 485 milhões de euros.
.
Ao contrário dos administradores das entidades do consórcio, todos
constituídos arguidos por suspeitas de tráfico de influências e
participação económica em negócio, Sanches não foi sequer chamado como
testemunha ao inquérito, que acabaria arquivado pelo Ministério Público,
em Março deste ano. Entretanto, o papel de Dias Loureiro foi amplamente
questionado.


.

O ex--ministro justificou-se com o facto de presidir à Erickson, uma empresa
concorrente da Motorola, parceira da SLN no negócio. Mas, fonte do caso
SIRESP assegura que «a Motorola era, desde a altura de Loureiro no
Governo, um grande fornecedor de material de comunicações ao MAI».

… e o caso OMNI





Em Dezembro de 2004, a compra de seis aviões Canadair para o combate aos
incêndios florestais, decidida pelo Governo do PSD, constituiu mais um
bom negócio para a SLN. A OMNI, do grupo de Dias Loureiro, representante exclusiva em Portugal
daquelas aeronaves, já era responsável pelo aluguer de aviões à
Protecção Civil.


.

A decisão correspondeu a um contrato de 150 milhões de
euros, assente num estudo pedido pelo MAI de Daniel Sanches a uma
consultora, a Roland Berger. Pormenor relevante: a OMNI foi a única
empresa do sector contactada no âmbito daquele estudo. Loureiro alegou
desconhecimento de qualquer assunto relacionado com a OMNI.


.

A mudança de
Governo acabaria por bloquear o negócio, mas a posição dominadora da
SLN nesta área, e, em particular de Dias Loureiro, continuou sob
suspeita. Em Setembro desse ano, Francisco Louçã acusou-o de promover um
negócio assente na continuação dos incêndios. Loureiro apelidou o
bloquista de terrorista político e anunciou que o ia processar. Ainda
hoje Louçã aguarda a notificação…

Amizades das Arábias

.



Em 2004, um livro editado em Espanha sobre o poder e a influência de
Alejandro Agag, genro de Azna – Los PPijos – ligava Dias Loureiro a
El-Assir, um libanês citado como «traficante de armas», que o
ex-ministro convidou para o casamento da sua filha com o filho de Ferro
Rodrigues, em Setembro de 2003.


.

Apesar de reconhecer a amizade com o
árabe, Loureiro não gostou de ser associado a El-Assir, tendo garantido
publicamente que iria impedir a utilização do seu nome em futuras
edições da obra. «Até ao dia de hoje, nenhum advogado contactou connosco
ou com a nossa editora para que o nome de Dias Loureiro seja suprimido
do livro», esclareceu à VISÃO Nacho Cardero, um dos autores.


.

Mas quem é, afinal, El-Assir?
Influente em círculos do bloco central espanhol, em 1994 pediu ao
Governo do PP cerca de 10 milhões de pesetas para intermediar um
contrato de fornecimento de armas a Marrocos, através de Fundos de Apoio
ao Desenvolvimento.


.

Além dos seus negócios de armas com o Egipto, a
Somália e outros países, o árabe, cujos rendimentos circulam
habitualmente por contas de diversos paraísos fiscais, foi relacionado
com escândalos de enriquecimento ilícito e branqueamento de capitais,
envolvendo governantes da América Latina. Dono de mansões e estâncias de
Inverno espalhadas pelo mundo, El-Assir foi sócio das famílias Bush e
Bin Laden, em vários negócios.


.

O saudita é citado nas hemerotecas como
um dos maiores traficantes de armas do mundo. Por seu lado, El-Assir é
amigo do Rei Juan Carlos, com quem já partilhou diversas caçadas e foi
por seu intermédio que Dias Loureiro conheceu o monarca. Assir era,
igualmente, próximo do Rei Hassan II, de Marrocos.




Neste país, Dias Loureiro foi administrador da REDAL, uma empresa de
águas e energia eléctrica que acabaria na posse do grupo BPN, via
Plêiade.
.


A concessão, que resultou num investimento de 250 milhões de contos, à
época, e deu muito dinheiro a ganhar a Loureiro, segundo versão do próprio,
não teria sido possível sem a ajuda e a influência do seu amigo, o
ministro do Interior de Marrocos, Driss Basri, governante que morreu
exilado em Paris após 25 anos de poder e depois de ser afastado por
Mohammed VI do Governo marroquino.


.

Este homem, que Dias Loureiro
conheceu enquanto ministro da Administração Interna, com quem celebrou
protocolos de Estado e visitava amiúde, foi processado por alegado
genocídio de mais de 500 sarauis pelo juiz Baltazar Garzon, tendo
deixado uma lista considerável – e em alguns casos, confessa – de
tortura, assassínios, compra de votos e suborno de políticos.


.

As
imprensas francesa e marroquina garantem que nenhum negócio se fazia em
Marrocos sem a sua bênção. Basri, a «Alcachofra», chegou, inclusive, a
ser citado como portador de umas malas de «generosas contribuições» do
Rei Hassan II para a campanha do ex-Presidente francês, Jacques Chirac,
em cujo Governo se encontrava outro conhecido vértice deste triângulo de
amizades: Charles Pasqua, ex-ministro do Interior, actualmente a ser
julgado no processo Angolagate por alegado envolvimento no tráfico de
armas para Angola, nos anos noventa.







Epílogo... ou talvez não

Dias Loureiro diz, após serem conhecidas as primeiras notícias sobre o caso BPN, que tem uma honra a defender. A sua versão é conhecida e pretende revelar o retrato de um homem que
pouco ou nada sabia de comprometedor para o banco, apesar das suas
funções na SLN, entre 2001 e 2005, onde ganhou, primeiro, 2 500 contos, e
mais tarde 8 500 euros por mês «sem prémios
de gestão». Já deu entrevistas sobre o tema, esclareceu o que queria,
pediu para ir ao Parlamento. Afirma ter uma vida transparente. Admite
que os contactos na política lhe facilitaram os negócios. E só quer uma
coisa: «Que tudo se esclareça.»

* com Cesaltina Pinto, Sónia Sapage e Tiago Fernandes






Publicada por
Jose Martins


em
05:58




O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Icon18_email




























Newer Post


Older Post

_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Batmoon_e0
Vitor mango
Vitor mango

Pontos : 117472

Ir para o topo Ir para baixo

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Empty Re: O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA

Mensagem por QaaQenymin Sex Jan 11, 2013 5:32 am

Fosse este pais de gente séria, outro galo cantaria.

_________________

"O mal de muita gente não é a falta de ideias, mas um excesso de confiança nas poucas que tem"

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Coffee
QaaQenymin
QaaQenymin

Pontos : 2287

Ir para o topo Ir para baixo

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Empty Re: O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA

Mensagem por Joao Ruiz Sex Jan 11, 2013 8:40 am

.
E não é, que o 25 de Abril produziu cá uma plêiade de democratas e gente de honra, que apetece riscá-lo do mapa, esquecendo a infelicidade de ter acontecido um dia...

Pensar, que apoiei tal desastre, causa-me náuseas...

Twisted Evil

_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz
Joao Ruiz

Pontos : 32035

Ir para o topo Ir para baixo

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Empty Re: O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA

Mensagem por Vagueante Ter Jan 15, 2013 11:41 am

Joao Ruiz escreveu:.
E não é, que o 25 de Abril produziu cá uma plêiade de democratas e gente de honra, que apetece riscá-lo do mapa, esquecendo a infelicidade de ter acontecido um dia...

Pensar, que apoiei tal desastre, causa-me náuseas...

Twisted Evil

Não chore sozinha! Há mais quem chore.


Vagueante

Pontos : 1698

Ir para o topo Ir para baixo

O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA  Empty Re: O PERFIL DE UM DOS "CABRÕES" QUE LIXARAM A NOSSA VIDA

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos