... roçar o cu pelas paredes....ou dar outro destino9 ás facturas ...
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... roçar o cu pelas paredes....ou dar outro destino9 ás facturas ...
Ainda a propósito do substantivo masculino derivado do latim, culus, escreve uma leitora:
«olha,
siceramente, nao ha cu nem pra começar esse assunto. país ridiculo em
que alguem manda outro tomanocu via blog e isso é notícia, cara, na boa...»
Em boa verdade, crescia em mim a intenção de escrever sobre o número de desempregados, a balança de pagamentos, o défice orçamental, a dívida externa, a escassez de crédito às empresas, o aumento da taxa de mortalidade nos velhos, o desmantelamento do SNS, a crise da segurança social, a pilhagem do ensino público, o aumento da criminalidade violenta, a recente viragem lésbica da Daniela Mercury, ou até mesmo a falta de tomates de António Costa*. Depois, pensando melhor, decidi deixar esse trabalho para quem o faz pior do que eu, e falar apenas de tudo o que não sei.
Discordo que cu não seja notícia. Um bom cu é noticiado em qualquer lado. Neste particular possuo uma convicção que todos os dias se revigora.
Também
não é com frequência que o mais invisível ex-membro deste governo, o
ex-Secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas - pessoa por
quem nutro muita estima, por nos
unir o gosto pelo vinho tinto - homem de cultura, escritor e editor de
Passos Coelho, ex-opositor reticente ao Acordo Ortográfico, e agora
apoiante com dúvidas, recorre a um brasileirismo semântico para mandar
tratar um hipotético elemento da Autoridade Tributária e Aduaneira
(ATA). Esta a vexata quaestio. Vamos então mais fundo. Um assunto desta natureza não se compadece de moralidades flácidas.
Um alegado funcionário da ATA em actividade inspectiva |
O que nós temos aqui é uma questão de saúde pública: «ir tomar no cu». Aprofundando mais, mas sem excessos, esclareço que o problema não está no cu, mas sim no uso que se faz dele. Empregar essa parte anatómica como remédio, e não indicar o número de tomas
diárias - obrigatório em qualquer bula medicamentosa -, é perigoso para a saúde
do paciente. Além de que, apresentar o acto como medicina alternativa, sabe-se lá para que
doenças, é uma ameaça a todos os hipocondríacos heterossexuais.
Temos ainda o problema da despesa, é que o doente menos avisado pode ser levado a pensar que é necessário atravessar o Atlântico para aviar a receita. Isso
não é incómodo pequeno. E nós temos cá quem despache clentela com grande vigor e celeridade, isto claro, sem tirar o mérito à indústria farmacêutica brasileira que exporta curandeiros para todo o mundo. Já Camões celebrava no Canto II, estrofe 45, quando escreveu: «novas bundas ao mundo irão mostrando».
Tudo isto não seria caso sério
se, ao invés do "tomar", o Francisco José Viegas, tivesse proferido um
lusitano "vai apanhar" ou mesmo um "vai levar", aí todos saberíamos do que falava.
Depois de todo este arrazoado, quem ainda não percebeu que uso pode dar ao dito, e não tem mais que fazer, consultar aqui: roçar o cu pelas paredes.
(Notaram que nem por uma única vez mencionei Tomás Taveira «Uiiiii, ca bom!», ou Fernando Ulrich «Ai aguenta, aguenta»?)
*Nada de surpreendente, apenas uma versão mais jovem do "peixe de águas profundas", Jaime Gama.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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