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Há campanha de desinformação contra árabes”

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Há campanha de desinformação contra árabes” Empty Há campanha de desinformação contra árabes”

Mensagem por Vitor mango Qui maio 09, 2013 4:39 am

Há campanha de desinformação contra árabes”


By admin – 5 de dezembro de 2012Posted in: Geral





Há campanha de desinformação contra árabes” 1333141452

Professor da USP e especialista em Oriente Médio, Paulo Farah
sustenta que é política a campanha organizada por setores como mídia e
academia: “uma construção teórica com objetivos políticos de dominação”


Por Natália Otto e Samir Oliveira, no Sul21

Especialista em Oriente Médio, o professor da USP Paulo Farah
considera que há uma “campanha de desinformação contra o mundo árabe”.
Ele observa que as informações e os conceitos que chegam ao ocidente
sobre a região são generalizados e estereotipados.

“A ideia de que os palestinos e os árabes em geral têm uma tendência
natural à violência e ao terrorismo, por exemplo, é uma generalização
completamente absurda. Ou a ideia de que os palestinos não amam os seus
filhos e têm um apreço pelas armas”, critica.

Graduado em Língua e Literatura Árabe, com mestrado em Linguística e
doutorado em Letras, Paulo Farah explica que a Palestina possui uma
sociedade dinâmica e contemporânea, com intensa produção cultural. Nesta
entrevista ao Sul21, ele também avalia a importância do Fórum Social Mundial Palestina Livre e fala sobre a representação da mulher no mundo árabe.

“Há uma
repetição de generalizações e representações politicamente motivadas
que, na maioria das vezes, não têm relação com a realidade do mundo
árabe”

Sul21 – O senhor sustenta que há uma campanha de desinformação contra o mundo árabe. O que seria essa campanha?
Paulo Farah - Essa campanha de desinformação engloba
vários setores, como a mídia, a academia e a sociedade civil em geral. É
uma campanha extremamente organizada, com um cunho político. Há uma
construção teórica de fundo com objetivos políticos de dominação. Basta
uma leitura muito simples da produção acadêmica e do que se publica na
mídia para observar que, normalmente, há uma repetição de generalizações
e representações politicamente motivadas que, na maioria das vezes, não
têm relação com a realidade do mundo árabe.

Sul21 – Que exemplos o senhor citaria de estereótipos?
Paulo – A ideia de que os palestinos e os árabes em
geral têm uma tendência natural à violência e ao terrorismo, por
exemplo, é uma generalização completamente absurda. Ou a ideia de que os
palestinos não amam os seus filhos e têm um apreço pelas armas. Esse
tipo de conceito muitas vezes é intencionalmente cunhado. Tem a famosa
frase de Golda Meir, que dizia que o conflito só iria terminar no dia em
que os palestinos amarem mais seus filhos do que eles odeiam a Israel. É
um grande absurdo. Os palestinos têm um amor muito forte pelos seus
filhos, assim como os israelenses e qualquer outra sociedade. Há também a
ideia de primitividade, como se os palestinos fossem um povo que não
evoluiu ao longo dos séculos. Como se naquela região existissem eternos
pastores.

Sul21 – A quem interessa essa campanha de desinformação?
Paulo - Ela favoreceu diversas nações. Houve um
movimento muito forte de divisão do Oriente Médio no início do século
XX. A gente sabe que ele foi repartido pela França e pela Grã-Bretanha.
Essa campanha serviu também como modo de justificar uma presença
anteriormente europeia nessas regiões, sempre com a falsa ideia de essas
populações não teriam condições de viver sozinhas, de que precisariam
de outros povos as dominando com o objetivo de civilizá-las. É algo
anterior aos acontecimentos que levaram à partilha da Palestina.

Sul21 – Como a mídia se insere nesse contexto da desinformação?
Paulo - No caso brasileiro, o jornalismo internacional é
pautado pela tradução de agências de notícias. Ele simplesmente
reproduz o que essas agências divulgam sobre o Oriente Médio. Isso
ocorre por comodismo, por questões econômicas e por ser muito mais
barato manter esse sistema de tradução. E também pela falta de
especialistas. Há necessidade muito forte de formação de especialistas,
pessoas que possam falar sobre o tema com conhecimento. Como qualquer
pessoa que se dispõe a escrever sobre uma região, seria importante que (os jornalistas)
estudassem a história, a geografia e a língua local de uma região.
Muitas vezes, a pessoa não fala nenhuma língua local e fica com uma
visão parcial sobre a região, acaba tendo acesso a fontes específicas,
que só falam uma língua, o que reduz a representação dessa sociedade.

Sul21 – O senhor afirma que a Palestina tinha uma sociedade bastante dinâmica no início do século XX.
Paulo - No início do século XX, a sociedade palestina
passou por uma revolução na educação, com um grande reflorescimento da
literatura, que é uma expressão muito forte de soberania nacional.
Havia, de fato, uma sociedade extremamente dinâmica na Palestina. Dentre
os mitos que se difundiram, está o que diz: “Uma terra sem povo para um
povo sem terra”. Essa terra tinha um povo, que precisou deixar suas
casas e suas cidades. Isso é parte do grande problema que se criou. Há
também a ideia de que não havia um sentido de identidade palestina, o
que é um grande mito para descaracterizar os palestinos.

Sul21 – O dinamismo da sociedade palestina se manteve após a diáspora e a ocupação por Israel?
Paulo - Há uma preservação muito grande das expressões
artísticas na Palestina. Eles produzem uma literatura extremamente rica,
tanto em prosa quanto em poesia. Há uma intensa produção musical, nas
artes plásticas e na dança. É uma sociedade bastante contemporânea, com
expressões de arte moderna e contemporânea, inclusive na música, com o
hip-hop e o rap em árabe, com temáticas palestinas.

Sul21 – De que maneira essas expressões culturais foram afetadas pelas ocupações?
Paulo - Houve mudanças, sobretudo temáticas. A terra é,
no caso da literatura, um dos principais temas, assim como tudo o que
tem a ver com a natureza. A árvore é um símbolo de vida e de permanência
na terra. Essa mudança temática é muito forte. A terra passa a ser um
tema central na produção cultural palestina.

“É
totalmente deslocado da realidade imaginar que as mulheres palestinas
não têm papel de destaque. Muitas líderes têm uma voz de transformação”

Sul21 – Há, também, uma representação bastante estereotipada
da mulher árabe, como se ela vivesse em eterno estado de sofrimento.

Paulo – As mulheres na Palestina têm um papel muito
ativo na sociedade, tanto na parte da resistência, quanto no trabalho. É
algo totalmente deslocado da realidade imaginar que as mulheres não têm
papel de destaque. É claro que elas têm um papel fundamental como mães e
educadoras, mas também como trabalhadoras, na resistência. Há muitas
líderes que têm uma voz de transformação na Palestina.

Sul21 – E no mundo árabe em geral?
Paulo - No caso mais geral da região, há uma
diversidade. Tem situações muito complexas, locais em que há uma
discriminação, infelizmente, e que há uma necessidade de obter muito
mais direitos.

Sul21 – Nesse sentido, é possível dzer que as mulheres palestinas estão na vanguarda?
Paulo - Entre outras. Há várias mulheres árabes em
diferentes sociedades com um papel bastante ativo. Sem dúvida as
palestinas estão entre elas.

Há campanha de desinformação contra árabes” Por-Bernardo-Jardim-Ribeiro-3312-300x200Sul21 – Como o mundo árabe vê a causa palestina?
Paulo - A Palestina é um tema central para a região. É
um tema para qualquer árabe, seja ele de qualquer religião ou não tenha
ele uma religião. A Palestina é um tema central pelo sofrimento que os
palestinos vêm enfrentando. E, também, claro, a Palestina tem uma
importância religiosa e cultural muito forte. É, sem dúvida, um tema de
muito interesse para qualquer árabe, e não só para os árabes, mas para
os muçulmanos também. Um terço do planeta é formado por muçulmanos. Não
há dúvida de que, uma vez que ocorra a desocupação e haja uma
convivência pacífica entre palestinos e israelenses, isso vai beneficiar
não apenas essas duas populações, mas a região como um todo.

Sul21 – Na América Latina, tem se desenvolvido um sentido muito grande de unidade. Há esse mesmo sentido nos países árabes?
Paulo - Com certeza, no mundo árabe há um senso de
unidade muito forte. Na América Latina é louvável essa iniciativa, mas,
muitas vezes, há partes da população brasileira que têm uma certa
dificuldade em se enxergar como latino-americanas. Isso entre os países
árabes é muito menos comum. Normalmente, o árabe tem sua identidade
local específica, mas tem também uma identidade regional extremamente
acentuada. Há movimentos de cooperação entre as macro-regiões. Sobretudo
no Norte da África e no Golfo. Há movimentos de articulação para
promover aproximações e derrubar barreiras aduaneiras. O sentimento de
unidade é muito anterior a essas questões econômicas.

“Ao mesmo
tempo em que havia votação na ONU para admissão da Palestina, mais de 10
mil pessoas marchavam em Porto Alegre pelo fim das violações de
direitos humanos”

Sul21 – Como o senhor avalia a importância do Fórum Social Mundial Palestina Livre?
Paulo - A importância do Fórum é muito clara para
promover um debate entre os diferentes setores da sociedade
latino-americana com a presença de delegações estrangeiras muito
expressivas. Acho que o fórum teve a capacidade de promover esses
debates, a aproximação entre diversos movimentos que entendem que o que
ocorre na Palestina é uma injustiça e há necessidade de por fim a essas
violações de direitos humanos. Ao mesmo tempo em que havia votação na
ONU para admissão da Palestina como membro observador, mais de 10 mil
pessoas marchavam em Porto Alegre numa manifestação totalmente pacífica
em prol dos direitos dos palestinos, pelo fim das violações de direitos
humanos e totalmente a favor de uma cultura da paz. O Fórum contribuiu
muito, a presença de delegações palestinas foi fundamental. Muitos não
conseguiram sair de lá e muitos, ao retornarem, não sabem se poderão
entrar de volta nas suas cidades.

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Vitor mango
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