Pré-seleção de candidatos diminui chance de fraude e instabilidade no Irã
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo :: Operamundi
Página 1 de 1
Pré-seleção de candidatos diminui chance de fraude e instabilidade no Irã
Pré-seleção de candidatos diminui chance de fraude e instabilidade no Irã
Exclusão de opositor da disputa provoca divergência entre analistas, que debateram sucessor de Mahmoud Ahmadinejad
Atualizada às 10h57
Os iranianos vão às urnas escolher o próximo presidente do país pelos próximos quatro anos nesta sexta-feira (14/06). Mas a seleção dos candidatos começou muito antes da abertura dos distritos eleitorais: de 700 inscritos para concorrer ao cargo, apenas oito foram selecionados pelo Conselho de Guardiões, órgão de clérigos e juristas vinculado ao Líder Supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Entre os banidos da votação, dois importantes nomes da política nacional: Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, ex-presidente e um dos principais aliados do grupo opositor Movimento Verde, e Esfandiar Rahim Mashaei, o candidato do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, e alinhado ao nacionalismo secular.
Agência Efe
Líderes iranianos têm feito campanha pelo comparecimento da população às urnas
Os critérios utilizados para a seleção são vagos e não explicam a exclusão de ambos os candidatos, que atendem às exigências educacionais, de idade, nacionalidade e experiência política e militar do Conselho de Guardiões. Existe uma forte suspeita de que Mashaei e, sobretudo, Rafsanjani não foram escolhidos por uma deliberação informal de Khamenei. Os dois candidatos apresentam, segundo o analista Hooman Madj, diferentes desafios para a estabilidade política do Ayatollah.
O Líder Supremo iraniano quer evitar, a todo custo, uma repetição da instabilidade criada após a eleição presidencial de 2009, quando milhares de pessoas tomaram às ruas para protestar contra a vitória de Ahmadinejad e acusar o governo de fraude, o que poderia acontecer com a candidatura de Rafsanjani – indica o professor Mohsen Milani. Por outro lado, uma possível vitória de Mashaei poderia levar a disputas internas entre a Presidência e o aiatolá, como aconteceu, por diversas vezes, na segunda administração de Ahmadinejad.
Importância do próximo presidente
A exclusão do conhecido opositor de Ahmadinejad e Khamenei, Rafsanjani, foi encarada como um retrocesso democrático por analistas de diversas tendências políticas. Robert Fisk, jornalista britânico correspondente no Oriente Médio há mais de 25 anos e autor de diversas obras sobre a região, questionou “como os iranianos podem chamar isso de uma eleição”. “As pessoas devem escolher seus candidatos e não os ‘guardiões’”.
Dennis Ross, diretor do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos e ex-assessor de Oriente Médio do governo de Barack Obama, concluiu: “O próximo presidente do Irã será obediente ao Ayatollá e irá agir como seu vice administrativo”. Neste sentido, o analista norte-americano atentou aos seus colegas de Casa Branca para não descartarem a eleição presidencial iraniana, pois o processo irá explicitar os interesses do Líder Supremo.
Madj, por sua vez, discorda dessas afirmações e argumenta que apesar do papel desempenhado pelo Conselho de Guardiões, os iranianos não estão descrentes de seu papel como eleitores. Em entrevista coletiva, o analista estimou que a taxa de participação no pleito deve ser de 70% - um índice bem abaixo do 84% da eleição de 2009, mas maior do que de outros países, como os Estados Unidos. “Será difícil para norte-americanos e outros acusarem a República Islâmica do Irã de não ser democrática”, acrescenta ele.
A participação dos iranianos nesta sexta-feira (14/06) é uma das preocupações de Khamenei. “A República Islâmica do Irã é um sistema profundamente enraizado no apoio do povo”, disse ele ao conclamar a população a ir às urnas. “Não importa em quem você vai votar, será um voto para a República Islâmica”, acrescentou durante cerimonia de homenagem à morte de Ayatollah Ruhollah Khomeini, líder da Revolução de 1979.
Se muitos analistas duvidam do poder de influência do presidente iraniano, poucos eleitores questionam sua relevância na política doméstica e internacional. “Há pouca dúvida na mente dos eleitores iranianos de que o presidente pode influenciar também”, explica Madj em artigo da revista norte-americana Foreign Affairs.
Wikicommons
Reeleição de Ahmadinejad em 2009 foi seguida de protestos por suspeita de fraude
Segundo a Constituição do país, o presidente iraniano tem prerrogativas decisórias na política nacional, deliberando sobre questões sociais e econômicas, que são cruciais à população. “O que a maior parte dos iranianos quer é estabilidade, segurança, progresso econômico e liberdade individual”, afirmou a Opera Mundi o professor de Relações Internacionais da SOAS (Escolha de Estudos Orientais e Africanos na sigla em inglês) e autor do livro “Iran in World Politics: The Question of The Islamic Republic”, Arshin Adib-Moghaddam.
Mesmo na questão nuclear, um assunto de deliberação apenas do Líder Supremo, o presidente têm importância, explica a Opera Mundi o professor de química e especialista no programa nuclear iraniano, Muhammad Sahimi. Existe um consenso, entre todos os políticos iranianos, de que o Irã tem o direito fundamental a produção de energia nuclear. “No entanto, existem diferenças”, acrescenta ele, “na abordagem com o Ocidente e em como lidar com suas preocupações com o programa”.
Impacto das sanções
De fato, a crise econômica que aflige o país parece ser a principal preocupação da maioria dos iranianos. A imposição de sanções internacionais por EUA, Nações Unidas, União Europeia e países europeus afetou, em grande medida, a vida dos iranianos. Desde a determinação do embargo à venda do petróleo iraniano, que representa cerca de 50% da receita pública, a moeda nacional sofreu desvalorização, a inflação sobe mais a cada mês e o déficit estatal aumentou.
As sanções também dificultaram a importação de matéria-prima necessária para a produção das indústrias iranianas e muitas acabaram por fechar as portas. Todo esse cenário resulta em uma alta taxa de desemprego, que ultrapassou os 15% a partir da metade de 2012, segundo estatísticas oficiais.
Os candidatos selecionados para a disputa já mostraram que possuem divergências quanto às políticas econômica e externa. Nos três debates eleitorais realizados pela emissora estatal do país, houve debate e confrontação.
Fraude?
Madj não acredita que a eleição presidencial desta sexta-feira (14/06) possa ser fraudada: “foi para não ter que fazer isso que os candidatos foram escolhidos”. Apesar disso, ele lembra que o governo tem instrumentos para favorecer um candidato. Ainda não está claro quem é o preferido do sistema: alguns apontam para Saeed Jalili, que recebeu o apoio do Ministro da Inteligência, mas Hassan Rouhani, considerado o mais reformista de todos os candidatos, conquistou o voto de confiança de Khamanei nesta segunda (10/06).
Segundo Adib-Moghaddam, “é isto o que as manifestações de 2009 alcançaram: o Estado se profissionalizou. Os debates entre os presidenciáveis indicam uma atmosfera eleitoral sóbria, uma mudança no clima político”.
Exclusão de opositor da disputa provoca divergência entre analistas, que debateram sucessor de Mahmoud Ahmadinejad
Atualizada às 10h57
Os iranianos vão às urnas escolher o próximo presidente do país pelos próximos quatro anos nesta sexta-feira (14/06). Mas a seleção dos candidatos começou muito antes da abertura dos distritos eleitorais: de 700 inscritos para concorrer ao cargo, apenas oito foram selecionados pelo Conselho de Guardiões, órgão de clérigos e juristas vinculado ao Líder Supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Entre os banidos da votação, dois importantes nomes da política nacional: Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, ex-presidente e um dos principais aliados do grupo opositor Movimento Verde, e Esfandiar Rahim Mashaei, o candidato do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, e alinhado ao nacionalismo secular.
Agência Efe
Líderes iranianos têm feito campanha pelo comparecimento da população às urnas
Os critérios utilizados para a seleção são vagos e não explicam a exclusão de ambos os candidatos, que atendem às exigências educacionais, de idade, nacionalidade e experiência política e militar do Conselho de Guardiões. Existe uma forte suspeita de que Mashaei e, sobretudo, Rafsanjani não foram escolhidos por uma deliberação informal de Khamenei. Os dois candidatos apresentam, segundo o analista Hooman Madj, diferentes desafios para a estabilidade política do Ayatollah.
O Líder Supremo iraniano quer evitar, a todo custo, uma repetição da instabilidade criada após a eleição presidencial de 2009, quando milhares de pessoas tomaram às ruas para protestar contra a vitória de Ahmadinejad e acusar o governo de fraude, o que poderia acontecer com a candidatura de Rafsanjani – indica o professor Mohsen Milani. Por outro lado, uma possível vitória de Mashaei poderia levar a disputas internas entre a Presidência e o aiatolá, como aconteceu, por diversas vezes, na segunda administração de Ahmadinejad.
Importância do próximo presidente
A exclusão do conhecido opositor de Ahmadinejad e Khamenei, Rafsanjani, foi encarada como um retrocesso democrático por analistas de diversas tendências políticas. Robert Fisk, jornalista britânico correspondente no Oriente Médio há mais de 25 anos e autor de diversas obras sobre a região, questionou “como os iranianos podem chamar isso de uma eleição”. “As pessoas devem escolher seus candidatos e não os ‘guardiões’”.
Dennis Ross, diretor do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos e ex-assessor de Oriente Médio do governo de Barack Obama, concluiu: “O próximo presidente do Irã será obediente ao Ayatollá e irá agir como seu vice administrativo”. Neste sentido, o analista norte-americano atentou aos seus colegas de Casa Branca para não descartarem a eleição presidencial iraniana, pois o processo irá explicitar os interesses do Líder Supremo.
Madj, por sua vez, discorda dessas afirmações e argumenta que apesar do papel desempenhado pelo Conselho de Guardiões, os iranianos não estão descrentes de seu papel como eleitores. Em entrevista coletiva, o analista estimou que a taxa de participação no pleito deve ser de 70% - um índice bem abaixo do 84% da eleição de 2009, mas maior do que de outros países, como os Estados Unidos. “Será difícil para norte-americanos e outros acusarem a República Islâmica do Irã de não ser democrática”, acrescenta ele.
A participação dos iranianos nesta sexta-feira (14/06) é uma das preocupações de Khamenei. “A República Islâmica do Irã é um sistema profundamente enraizado no apoio do povo”, disse ele ao conclamar a população a ir às urnas. “Não importa em quem você vai votar, será um voto para a República Islâmica”, acrescentou durante cerimonia de homenagem à morte de Ayatollah Ruhollah Khomeini, líder da Revolução de 1979.
Se muitos analistas duvidam do poder de influência do presidente iraniano, poucos eleitores questionam sua relevância na política doméstica e internacional. “Há pouca dúvida na mente dos eleitores iranianos de que o presidente pode influenciar também”, explica Madj em artigo da revista norte-americana Foreign Affairs.
Wikicommons
Reeleição de Ahmadinejad em 2009 foi seguida de protestos por suspeita de fraude
Segundo a Constituição do país, o presidente iraniano tem prerrogativas decisórias na política nacional, deliberando sobre questões sociais e econômicas, que são cruciais à população. “O que a maior parte dos iranianos quer é estabilidade, segurança, progresso econômico e liberdade individual”, afirmou a Opera Mundi o professor de Relações Internacionais da SOAS (Escolha de Estudos Orientais e Africanos na sigla em inglês) e autor do livro “Iran in World Politics: The Question of The Islamic Republic”, Arshin Adib-Moghaddam.
Mesmo na questão nuclear, um assunto de deliberação apenas do Líder Supremo, o presidente têm importância, explica a Opera Mundi o professor de química e especialista no programa nuclear iraniano, Muhammad Sahimi. Existe um consenso, entre todos os políticos iranianos, de que o Irã tem o direito fundamental a produção de energia nuclear. “No entanto, existem diferenças”, acrescenta ele, “na abordagem com o Ocidente e em como lidar com suas preocupações com o programa”.
Impacto das sanções
De fato, a crise econômica que aflige o país parece ser a principal preocupação da maioria dos iranianos. A imposição de sanções internacionais por EUA, Nações Unidas, União Europeia e países europeus afetou, em grande medida, a vida dos iranianos. Desde a determinação do embargo à venda do petróleo iraniano, que representa cerca de 50% da receita pública, a moeda nacional sofreu desvalorização, a inflação sobe mais a cada mês e o déficit estatal aumentou.
As sanções também dificultaram a importação de matéria-prima necessária para a produção das indústrias iranianas e muitas acabaram por fechar as portas. Todo esse cenário resulta em uma alta taxa de desemprego, que ultrapassou os 15% a partir da metade de 2012, segundo estatísticas oficiais.
Os candidatos selecionados para a disputa já mostraram que possuem divergências quanto às políticas econômica e externa. Nos três debates eleitorais realizados pela emissora estatal do país, houve debate e confrontação.
Fraude?
Madj não acredita que a eleição presidencial desta sexta-feira (14/06) possa ser fraudada: “foi para não ter que fazer isso que os candidatos foram escolhidos”. Apesar disso, ele lembra que o governo tem instrumentos para favorecer um candidato. Ainda não está claro quem é o preferido do sistema: alguns apontam para Saeed Jalili, que recebeu o apoio do Ministro da Inteligência, mas Hassan Rouhani, considerado o mais reformista de todos os candidatos, conquistou o voto de confiança de Khamanei nesta segunda (10/06).
Segundo Adib-Moghaddam, “é isto o que as manifestações de 2009 alcançaram: o Estado se profissionalizou. Os debates entre os presidenciáveis indicam uma atmosfera eleitoral sóbria, uma mudança no clima político”.
_________________
Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117490
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo :: Operamundi
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos