Obama eleito pelo mundo Votações levadas a cabo na Internet dão voz à ideia de que, atendendo à influência global das políticas de Washington, todos os cidadãos do Planeta deviam ajudar a escolher o presidente dos EUA PEDRO OLAVO SIMÕES
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Obama eleito pelo mundo Votações levadas a cabo na Internet dão voz à ideia de que, atendendo à influência global das políticas de Washington, todos os cidadãos do Planeta deviam ajudar a escolher o presidente dos EUA PEDRO OLAVO SIMÕES
Obama eleito pelo mundo
Votações levadas a cabo na Internet dão voz à ideia de que, atendendo à influência global das políticas de Washington, todos os cidadãos do Planeta deviam ajudar a escolher o presidente dos EUA
PEDRO OLAVO SIMÕES, PSIMOES@JN.PT
Do poder, se este for entregue às pessoas erradas, pode nascer a arbitrariedade ou o capricho que põe em xeque as vidas dos mais pequenos.
Os Estados Unidos, emergidos da Guerra Fria como única potência mundial, têm demasiado poder. E se o advento de gigantes como a China ou a ressurgida Rússia retira algo à hegemonia americana, a verdade é que em todas as latitudes e longitudes há quem pense que o mundo inteiro deveria participar na eleição da pessoa que vai ocupar a Casa Branca, tal a forma como ela influirá nas suas existências. Através da Internet, embora sempre com a pouca validade que pode ser atribuída a jogos, essas votações globais têm sido feitas, e todas redundam em esmagadoras vitórias de Barack Obama.
Mais do que as propostas dos candidatos, parece claro haver outro facto que influi na decisão das pessoas, exactamente o mesmo que as leva a ter consciência mais apurada da importância desta eleição: o legado de George W. Bush ou, por outras palavras, a noção de que os últimos oito anos foram pautados por erros cujas consequências tardarão a ser atenuadas. E há dois aspectos essenciais a ter em conta - o doloroso estrépito com que têm desabado as doutrinas económicas neoliberais e a dita "guerra contra o terror".
Das votações online em curso, talvez a merecedora de maior credibilidade seja a que está a ser promovida na edição electrónica da revista "The Economist", que, claro, tem virtudes e defeitos. No que à faceta negativa diz respeito, não podemos esquecer que o universo de votantes está cingido aos leitores da referida publicação, de modo nenhum transversal às sociedades do planeta. Já sobre as vantagens em relação a outras recolhas de opinião (cientificamente frágeis, relembre-se), há que sobrelevar a circunstância de os responsáveis terem procurado reproduzir o sistema de eleição indirecta norte-americano, com cada país a representar um número específico de membros de um suposto colégio eleitoral. Assim sendo, se a Portugal correspondem 17 votos, à China, o país mais populoso do mundo, cabem 1900, significativamente mais do que aos próprios Estados Unidos (432). Assim, o resultado pode ser dividido, como acontecerá dentro de dias, entre o voto popular, isto é, a soma simples dos votos, e os votos eleitorais: a quantidade de representantes de cada candidato no colégio eleitoral ou a percentagem destes.
Os resultados obtidos pela "The Economist (http://economist.com/vote2008) reflectem-se num planisfério quase totalmente azul (a cor do Partido Democrático). Além dos poucos países em que não foram expressos votos suficientes, apenas três dão a vitória a John McCain e só noutros tantos são registados empates. Casos curiosos, de resto. Entre os países onde os republicanos ganham, além do Sudão e da República Democrática do Congo, encontra-se o Iraque. Nem mais. Poderá parecer estranho, atendendo à guerra, naquele país, desencadeada pela invasão que George W. Bush ordenou, sem mandato das Nações Unidas, mas, especulando um pouco sobre o assunto, não será difícil depreender que a imensa maioria dos votantes serão os próprios militares norte-americanos ali estacionados, todos voluntários e esmagadoramente originários da América profunda onde o "Grand Old Party" (Partido Republicano) tem as suas bases. Dos empates, destacamos o registado em Cuba, onde os defensores da revolução estarão a travar, na Internet, um combate de votos com os opositores clandestinos ao regime castrista, com o qual Obama está pronto a negociar, sem condições prévias.
A questão do Iraque será, justamente, a que mais motiva os eleitores em todo o mundo, porquanto pode ser encarada como a principal demonstração de um eventual abuso de poder, à escala global. E é a partir das diferentes perspectivas de resolver a guerra no Iraque que as pessoas mais facilmente traçam a linha de separação entre os dois candidatos. Obama defende a retirada e a responsabilização dos iraquianos na resolução dos conflitos internos de natureza confessional (espoletados pelo derrube do ditador Saddam Hussein, ou seja, pelos norte-americanos), recentrando o combate ao terrorismo no Afeganistão, onde existe um mandato legítimo e onde, a par da coligação liderada pelos Estados Unidos, há uma outra força internacional sob a égide da OTAN. Isto, não obstante alguns propósitos anunciados pelo senador do Illinois, como o de abater Osama bin Laden ou a possibilidade de entrar com tropas em território paquistanês, talvez mais indiciadores de populismo do que de reais intenções de violar o direito internacional. Já John McCain reproduz, a propósito do Iraque, a retórica da Administração Bush: ficar, para impedir que o país caia nas mãos do terrorismo internacional. Ou seja, é visto como mais do mesmo.
Se o mundo votasse, portanto, Barack Obama já teria sido eleito. Na referida votação, o candidato democrata tem 85% dos votos eleitorais, exactamente a mesma percentagem com que venceu em Portugal. Semelhante é o panorama em http://www.iftheworldcouldvote.com, sítio em que Obama recolhe 86,9% dos mais de 620 mil votos expressos. Neste caso, em que o acesso é mais fácil, nenhum país dá a vitória aos republicanos.
Parece claro que a política externa, especialmente a que se baseia nas acções militares mas também a que implica ingerência nos assuntos de outros países, mais notória nas administrações republicanas, é o que mais motiva os eleitores globais. Mas podemos juntar outros factores decisivos, como a política ambiental (lembre-se que Bush fez letra morta do protocolo de Quioto, assinado por Clinton), ou, claro, aquilo que mais influencia os votos dos americanos, a economia. O mundo está mergulhado numa crise cuja origem, bem definida, foi nos Estados Unidos. Uma crise resultante das estratégias abraçadas pelos gurus económicos de Bush. Posto isso, é só fazer as contas.
Votações levadas a cabo na Internet dão voz à ideia de que, atendendo à influência global das políticas de Washington, todos os cidadãos do Planeta deviam ajudar a escolher o presidente dos EUA
PEDRO OLAVO SIMÕES, PSIMOES@JN.PT
Do poder, se este for entregue às pessoas erradas, pode nascer a arbitrariedade ou o capricho que põe em xeque as vidas dos mais pequenos.
Os Estados Unidos, emergidos da Guerra Fria como única potência mundial, têm demasiado poder. E se o advento de gigantes como a China ou a ressurgida Rússia retira algo à hegemonia americana, a verdade é que em todas as latitudes e longitudes há quem pense que o mundo inteiro deveria participar na eleição da pessoa que vai ocupar a Casa Branca, tal a forma como ela influirá nas suas existências. Através da Internet, embora sempre com a pouca validade que pode ser atribuída a jogos, essas votações globais têm sido feitas, e todas redundam em esmagadoras vitórias de Barack Obama.
Mais do que as propostas dos candidatos, parece claro haver outro facto que influi na decisão das pessoas, exactamente o mesmo que as leva a ter consciência mais apurada da importância desta eleição: o legado de George W. Bush ou, por outras palavras, a noção de que os últimos oito anos foram pautados por erros cujas consequências tardarão a ser atenuadas. E há dois aspectos essenciais a ter em conta - o doloroso estrépito com que têm desabado as doutrinas económicas neoliberais e a dita "guerra contra o terror".
Das votações online em curso, talvez a merecedora de maior credibilidade seja a que está a ser promovida na edição electrónica da revista "The Economist", que, claro, tem virtudes e defeitos. No que à faceta negativa diz respeito, não podemos esquecer que o universo de votantes está cingido aos leitores da referida publicação, de modo nenhum transversal às sociedades do planeta. Já sobre as vantagens em relação a outras recolhas de opinião (cientificamente frágeis, relembre-se), há que sobrelevar a circunstância de os responsáveis terem procurado reproduzir o sistema de eleição indirecta norte-americano, com cada país a representar um número específico de membros de um suposto colégio eleitoral. Assim sendo, se a Portugal correspondem 17 votos, à China, o país mais populoso do mundo, cabem 1900, significativamente mais do que aos próprios Estados Unidos (432). Assim, o resultado pode ser dividido, como acontecerá dentro de dias, entre o voto popular, isto é, a soma simples dos votos, e os votos eleitorais: a quantidade de representantes de cada candidato no colégio eleitoral ou a percentagem destes.
Os resultados obtidos pela "The Economist (http://economist.com/vote2008) reflectem-se num planisfério quase totalmente azul (a cor do Partido Democrático). Além dos poucos países em que não foram expressos votos suficientes, apenas três dão a vitória a John McCain e só noutros tantos são registados empates. Casos curiosos, de resto. Entre os países onde os republicanos ganham, além do Sudão e da República Democrática do Congo, encontra-se o Iraque. Nem mais. Poderá parecer estranho, atendendo à guerra, naquele país, desencadeada pela invasão que George W. Bush ordenou, sem mandato das Nações Unidas, mas, especulando um pouco sobre o assunto, não será difícil depreender que a imensa maioria dos votantes serão os próprios militares norte-americanos ali estacionados, todos voluntários e esmagadoramente originários da América profunda onde o "Grand Old Party" (Partido Republicano) tem as suas bases. Dos empates, destacamos o registado em Cuba, onde os defensores da revolução estarão a travar, na Internet, um combate de votos com os opositores clandestinos ao regime castrista, com o qual Obama está pronto a negociar, sem condições prévias.
A questão do Iraque será, justamente, a que mais motiva os eleitores em todo o mundo, porquanto pode ser encarada como a principal demonstração de um eventual abuso de poder, à escala global. E é a partir das diferentes perspectivas de resolver a guerra no Iraque que as pessoas mais facilmente traçam a linha de separação entre os dois candidatos. Obama defende a retirada e a responsabilização dos iraquianos na resolução dos conflitos internos de natureza confessional (espoletados pelo derrube do ditador Saddam Hussein, ou seja, pelos norte-americanos), recentrando o combate ao terrorismo no Afeganistão, onde existe um mandato legítimo e onde, a par da coligação liderada pelos Estados Unidos, há uma outra força internacional sob a égide da OTAN. Isto, não obstante alguns propósitos anunciados pelo senador do Illinois, como o de abater Osama bin Laden ou a possibilidade de entrar com tropas em território paquistanês, talvez mais indiciadores de populismo do que de reais intenções de violar o direito internacional. Já John McCain reproduz, a propósito do Iraque, a retórica da Administração Bush: ficar, para impedir que o país caia nas mãos do terrorismo internacional. Ou seja, é visto como mais do mesmo.
Se o mundo votasse, portanto, Barack Obama já teria sido eleito. Na referida votação, o candidato democrata tem 85% dos votos eleitorais, exactamente a mesma percentagem com que venceu em Portugal. Semelhante é o panorama em http://www.iftheworldcouldvote.com, sítio em que Obama recolhe 86,9% dos mais de 620 mil votos expressos. Neste caso, em que o acesso é mais fácil, nenhum país dá a vitória aos republicanos.
Parece claro que a política externa, especialmente a que se baseia nas acções militares mas também a que implica ingerência nos assuntos de outros países, mais notória nas administrações republicanas, é o que mais motiva os eleitores globais. Mas podemos juntar outros factores decisivos, como a política ambiental (lembre-se que Bush fez letra morta do protocolo de Quioto, assinado por Clinton), ou, claro, aquilo que mais influencia os votos dos americanos, a economia. O mundo está mergulhado numa crise cuja origem, bem definida, foi nos Estados Unidos. Uma crise resultante das estratégias abraçadas pelos gurus económicos de Bush. Posto isso, é só fazer as contas.
Vitor mango- Pontos : 118178
Re: Obama eleito pelo mundo Votações levadas a cabo na Internet dão voz à ideia de que, atendendo à influência global das políticas de Washington, todos os cidadãos do Planeta deviam ajudar a escolher o presidente dos EUA PEDRO OLAVO SIMÕES
Através da Internet, embora sempre com a pouca validade que pode ser atribuída a jogos, essas votações globais têm sido feitas, e todas redundam em esmagadoras vitórias de Barack Obama.
Vitor mango- Pontos : 118178
Re: Obama eleito pelo mundo Votações levadas a cabo na Internet dão voz à ideia de que, atendendo à influência global das políticas de Washington, todos os cidadãos do Planeta deviam ajudar a escolher o presidente dos EUA PEDRO OLAVO SIMÕES
Os EUA votam sempre ao contrário do resto do Mundo...
Anarca- Admin
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