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Fim do jogo para Putin na Ucrânia?

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Mensagem por Vitor mango Sex Set 05, 2014 1:14 am




Robert Skidelsky
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Fim do jogo para Putin na Ucrânia?
01 Setembro 2014, 18:19 por Robert Skidelsky
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Vladimir Putin pode beneficiar (ou não) de 80% de apoio popular na Rússia devido à sua política na Ucrânia; mas torna-se cada vez mais claro que está a perder o controlo da situação. A pergunta é: em que ponto é que a sua posição, enquanto Presidente, se tornará insustentável?
Deixemos de lado os antecedentes morais e geopolíticos do imbróglio da Ucrânia. Os russos têm razão, acredito, na sua visão de que o ocidente tirou partido da fraqueza russa pós-comunista para aceder a um espaço de histórica influência russa. A doutrina Monroe pode ser incompatível com o contemporâneo direito internacional; mas todas as potências com capacidade para para impor uma esfera estratégica de influência acabam por o fazer.
 
Também acredito que existe mérito na visão de Putin quando considera que um mundo multipolar é melhor do que um mundo unipolar na prossecução da prosperidade humana. Nenhuma potência ou coligação detém o conhecimento, ou está suficientemente desinteressada, para reclamar para si a soberania universal.
 
Por isso não deveria espantar que a Rússia, e outros países, tenham iniciado a construção de uma estrutura institucional para a multipolaridade. A Organização de Cooperação de Xangai, que inclui a Rússia, a China e quatro ex-estados soviéticos da Ásia Central, foi criada em 2001. No mês passado, os cinco países dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – estabeleceram o Novo Banco para o Desenvolvimento e um fundo de reservas de contingência para diversificar as fontes de crédito oficial para os países em desenvolvimento.
 
A política "sem condições" dos BRICS desafia explicitamente os condicionalismos impostos pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional aos solicitadores de crédito (mutuários), sendo que a política ainda não foi testada. Na verdade, é impossível imaginar os líderes chineses a aprovar um empréstimo a um país que, digamos, reconhece Taiwan ou aceite as reivindicações de independência tibetanas.
 
Todavia, permanece o facto de a Rússia ser demasiado débil para continuar a desafiar o ocidente, pelo menos da forma que tem feito em relação à Ucrânia. O produto interno bruto (PIB) russo ronda os 2 biliões de dólares e a população de 143 milhões tem decrescido rapidamente. Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) têm um PIB combinado de cerca de 34 biliões de dólares e uma população de 822 milhões, com a população norte-americana a crescer rapidamente. Isto significa que o ocidente pode infligir muito maior dano à Rússia do que a Rússia pode infligir ao ocidente.
 
Mesmo no seu apogeu, a União Soviética era uma superpotência unívoca. Com uma economia de cerca de um quarto do tamanho da dos Estados Unidos, foi capaz de manter paridade militar aproximada gastando, em despesa militar, cerca de quatro vezes mais das receitas do que faziam os norte-americanos – em detrimento das condições de vida dos cidadãos russos.
 
Hoje, a balança de poder é ainda mais desfavorável. A economia russa é mais fraca e o equipamento militar deteriorado. Mantém uma extraordinária capacidade nuclear, mas é inconcebível que a Rússia a venha a utilizar para assegurar os seus objectivos na Ucrânia.
 
Portanto, assim se chegou ao cada vez mais próximo fim do jogo em que Putin não poderá manter os seus despojos – Crimeia e o controlo das regiões russófilas do leste da Ucrânia – nem recuar. A Rússia terá de devolver estas conquistas enquanto condição para a normalização das relações com o ocidente. No entanto, Putin deverá, provavelmente, tentar continuar a apoiar os separatistas do leste ucraniano enquanto puder – talvez através de assistência militar disfarçada de ajuda humanitária – e recusará, seguramente, entregar a Crimeia.
 
Isto levará a uma nova escalada das sanções ocidentais: restrições das exportações de gás, sobre a generalidade das exportações, suspensão do processo de adesão à Organização Mundial do Comércio, retirada da organização russa do Campeonato Mundial de 2018 da FIFA, entre outras. Isto, em conjugação com o endurecimento das sanções actuais, incluindo o impedimento do acesso dos bancos russos aos mercados de capitais ocidentais, resultará em grave escassez, declínio dos níveis de vida, e maiores problemas para a classe proprietária russa.
 
A reacção popular natural será apoiar o seu líder. Mas o apoio a Putin, apesar de vasto, poderá não ser profundo. É um apoio anterior, não posterior, ao debate acerca dos custos que irão implicar as políticas de Putin. E esse debate vem sendo silenciado pelo controlo estatal dos grupos de comunicação social e da supressão da oposição.
 
É natural, e acertado, pensar em possíveis compromissos: A garantia da neutralidade da Ucrânia, maior autonomia regional garantida por uma Ucrânia federal, uma administração internacional interina na Crimeia para a supervisão de um referendo sobre o futuro da península, e outras medidas deste género.
 
A questão não é a de saber quanto deste tipo de pacote está Putin disposto a aceitar, antes se alguma destas alternativas lhe será proposta. O ocidente deixou de acreditar no que quer que seja que ele diz. O Presidente norte-americano Barack Obama acusou-o, publicamente, de ter mentido. A chanceler alemã Angela Merkel, outrora a mais forte apoiante de Putin na Europa, terá dito, segundo foi reportado, que ele não está no seu perfeito juízo. (Aparentemente a última gota para Merkel foi quanto Putin tentou culpar o Governo ucraniano pela queda do voo 17 da Malaysia Airlines.)
 
Todos os líderes mentem e disfarçam até certo ponto; mas o nível de desinformação proveniente do Kremlin tem atingido proporções épicas. Portanto, a pergunta tem de ser colocada: Irá o ocidente estar preparado para fazer a paz com Putin?
 
Os líderes cujas aventuras de política externa terminam em derrota normalmente não sobrevivem muito tempo em funções. Tanto podem ser utilizados mecanismos formais para os destronar - como aconteceu, por exemplo, na União Soviética quando o Comité Central forçou Nikita Khrushchev a deixar o poder em 1964 – como mecanismos informais. A elite de poder de Putin começará a fracturar-se – na verdade, esse processo poderá já ter começado. A pressão para que se retire irá aumentar. Não há necessidade, e isto será dito, para o seu país ir ao fundo com ele.  
 
Tal cenário, inimaginável há alguns meses atrás, pode já estar a ganhar forma à medida que o drama na Ucrânia se encaminha para o final do jogo. A era Putin pode terminar mais cedo do que pensamos.
 
Robert Skidelsky, membro da Câmara dos Lordes britânica, é professor emérito de Economia Política na Universidade de Warwick.

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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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