Eu, actual seguidora de telenovelas, me confesso
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Eu, actual seguidora de telenovelas, me confesso
Lurdes Feio
2 h ·
Eu, actual seguidora de telenovelas, me confesso. Após largos anos de indiferença quase militante, vejo agora com regularidade uma portuguesa e duas brasileiras (benesses do sistema de gravação automática), e fiquei ontem a pensar no bom que seria se aquele juiz que considerou de somenos importância o sexo aos 50 anos seguisse o meu exemplo. Aliás, não só ele, mas muitos outros ganhariam em assistir a esses retratos televisivos do nosso quotidiano que alguns sectores teimam em ignorar ou rejeitar. Nisto, aliás, os brasileiros são exímios. Além de belas interpretações, presenteiam-nos com a abordagem de temas de grande impacto e importantes ensinamentos de civilidade e progresso. A começar por essa coisa do amor aos 50, aos 60 ou aos 70. Prosseguindo com o estigma da homossexualidade e da adopção por casais gay, ou com os problemas da infertilidade e das barrigas de aluguer, ou ainda, os dramas da solidão, do preconceito racial ou social. Devo dizer-vos que muito tenho aprendido com algumas telenovelas. Não porque elas me tenham mostrado uma realidade desconhecida, mas pela oportunidade que me dão de acreditar que há limites e dramas que só existem na nossa cabeça e só se alimentam da nossa ignorância e indiferença. Num País onde ter 50 anos equivale a ser-se velho para trabalhar, e chegar aos 60 anos significa ser-se uma sobrecarga para o Serviço Nacional de Saúde e uma ameaça para a sobrevivência da Segurança Social, como podemos nós achar que, chegados a essa idade, somos merecedores de viver um grande amor ou suficientemente aptos para desfrutar em pleno a nossa sexualidade? Precisamos de nos sentar, de vez em quando, no sofá a ver telenovelas, para percebermos que ainda não morremos para a vida. E que a vida ainda não morreu para nós.
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Eu, actual seguidora de telenovelas, me confesso. Após largos anos de indiferença quase militante, vejo agora com regularidade uma portuguesa e duas brasileiras (benesses do sistema de gravação automática), e fiquei ontem a pensar no bom que seria se aquele juiz que considerou de somenos importância o sexo aos 50 anos seguisse o meu exemplo. Aliás, não só ele, mas muitos outros ganhariam em assistir a esses retratos televisivos do nosso quotidiano que alguns sectores teimam em ignorar ou rejeitar. Nisto, aliás, os brasileiros são exímios. Além de belas interpretações, presenteiam-nos com a abordagem de temas de grande impacto e importantes ensinamentos de civilidade e progresso. A começar por essa coisa do amor aos 50, aos 60 ou aos 70. Prosseguindo com o estigma da homossexualidade e da adopção por casais gay, ou com os problemas da infertilidade e das barrigas de aluguer, ou ainda, os dramas da solidão, do preconceito racial ou social. Devo dizer-vos que muito tenho aprendido com algumas telenovelas. Não porque elas me tenham mostrado uma realidade desconhecida, mas pela oportunidade que me dão de acreditar que há limites e dramas que só existem na nossa cabeça e só se alimentam da nossa ignorância e indiferença. Num País onde ter 50 anos equivale a ser-se velho para trabalhar, e chegar aos 60 anos significa ser-se uma sobrecarga para o Serviço Nacional de Saúde e uma ameaça para a sobrevivência da Segurança Social, como podemos nós achar que, chegados a essa idade, somos merecedores de viver um grande amor ou suficientemente aptos para desfrutar em pleno a nossa sexualidade? Precisamos de nos sentar, de vez em quando, no sofá a ver telenovelas, para percebermos que ainda não morremos para a vida. E que a vida ainda não morreu para nós.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 118212
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