Netanyahu se desculpa por atacar árabes na campanha; minorias rejeitam retratação

Netanyahu se desculpa por atacar árabes na campanha; minorias rejeitam retratação
Redação | São Paulo - 23/03/2015 - 17h46
Premiê conseguiu apoio de partidos de direita e alcançou maioria necessária para formar governo; árabes classificaram pedido de desculpas de ‘palavras vazias’

“Sei que as coisas que disse há alguns dias feriram alguns cidadãos e feriram os árabes de Israel. Não tive a intenção de fazê-lo e me desculpo por isso”. Desta forma, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, vencedor das últimas eleições, se desculpou, nesta segunda-feira (23/03), pelas palavras ditas durante a campanha eleitoral.
Em um vídeo no qual convocava seus eleitores a comparecer ao pleito, o premiê havia dito que árabes estavam “indo votar em massa”, em ônibus pagos pela esquerda. O pedido de desculpas foi feito em uma reunião com membros da comunidade árabe na residência do premiê. Ele disse saber que seus comentários ofenderam alguns cidadãos israelenses membros da comunidade árabe israelense. “Esta nunca foi minha intenção”, ressaltou.
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Agência Efe

Netanyahu durante entrevista à emissora NBC
Os pedidos de retratação feitos por Netanyahu não foram, entretantos, bem recebidos pela comunidade árabe-israelense. O deputado da Lista Conjunta, que congrega os partidos árabes, Yusef Jabareen, advogado especialista em direitos das minorias, afirmou que Netanyahu apresentou “o voto de alguns cidadãos que já sofrem discriminação como se se tratasse de uma frente que provoca temor e preocupação”. E provocou: “Imagina se o primeiro-ministro de um país europeu advertisse, em um vídeo, sua preocupação pelo alto índice de eleitores judeus no país?”.

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Em comunicado emitido à imprensa local, a coligação árabe oficialmente rejeitou o pedido de desculpas de Netanyahu. “Infelizmente o racismo de Netanyahu e seu governo não começou com esta declaração e certamente não terminará com ela. Racismo e legislação excludente são parte do plano de trabalho de Netanyahu para o próximo governo e assim nós não temos escolha senão rejeitar essas desculpas e continuar a luta por igualdade para os [israelenses] árabes. Suas ‘desculpas’ são apenas palavras vazias para preservar seu regime racista”, diz ainda o texto.
2ª retratação pública
Em outro episódio semelhante, às vésperas da eleição, o premiê garantira que "não haveria Estado Palestino" enquanto fosse premiê — declaração repercutida em toda a comunidade internacional e fortemente criticada pelos EUA, principal aliado de Israel. Dois dias após sair vencedor do pleito, Netanyahu voltou atrás.
“Eu não quero uma solução de um Estado. Eu quero uma sustentável e pacífica solução de dois Estados. Mas para isso as circunstâncias têm que mudar”, disse Netanyahu.
Formação de governo
O partido de Netanyahu, Likud, conseguiu nesta segunda (23/03), superar a barreira das 61 cadeiras no Parlamento, quantidade necessária para obter maioria e conseguir formar governo.
Agência Efe

Apesar de pesquisas indicarem a coalizão Campo Sionista à frente, Likud conquistou maioria das cadeiras no Parlamento
Isso porque o partido de centro-direita Kulanu e o ultranacionalista Yisrael Beiteinu manifestaram apoio ao premiê diante do presidente de Israel, Reuven Rivlin.
"Aceitamos a decisão do povo. O povo decidiu que Netanyahu forme governo por isso recomendamos entregar a ele o mandato", disse Moshe Kahlon, líder do Kulanu, na reunião realizada nesta manhã com Rivlin em Jerusalém.
Segundo a legislação israelense, depois da realização de eleições o chefe do Estado deve entregar o mandato para formar governo ao candidato mais recomendado pelos líderes dos grupos parlamentares com representação no congresso.