A infanta D. Isabel, filha de D. João I e D. Filipa de Lencastre
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A infanta D. Isabel, filha de D. João I e D. Filipa de Lencastre
O poder no feminino
A infanta D. Isabel, filha de D. João I e D. Filipa de Lencastre, foi, pelo seu casamento e sobretudo por mérito próprio, um “peso pesado” da política europeia no século XV. A nossa amnésia nacional já a esqueceu, mas, no estrangeiro, continuam a publicar livros sobre esta extraordinária duquesa de Borgonha.
Um desses livros foi publicado ainda bem recentemente, em 2004: intitula-se Moy, Isabelle du Portugal, Mère de Charles Dit le Téméraire e a sua autora é Marie-Françoise Barbot. Mas poderemos citar ainda, entre outros, Isabel of Burgundy – The Duchess Who Played Politics in the Age of Joan of Arc, de Aline S. Taylor.
Qual a razão de tal interesse por parte de historiadores ou simples estudiosos? Talvez o facto de D. Isabel ter sido, como se afirma no livro de A.S. Taylor, “uma mulher do Renascimento num mundo medieval”; e, certamente, um outro facto: o muito considerável poder que ela deteve nas suas mãos, mesmo, ou sobretudo, em vida do seu marido, o duque de Borgonha, e isto em pleno século XV. Com efeito, durante mais de duas décadas, exerceu uma enorme influência em toda a política interna e externa da Borgonha, que era, então, um verdadeiro potentado europeu, embora estivesse nominalmente sob a suserania do rei de França. Para nós, acresce ainda que a ação desta princesa teve efeitos diretos em Portugal.
D. Isabel nasceu em Évora, em 1397: foi o sétimo parto da rainha Filipa de Lencastre e era a única menina daquela ilustre geração – se não considerarmos uma outra, D. Branca, que morreu em criança. Em 1428, Filipe III, o Bom, duque de Borgonha, conde de Flandres e senhor de outros vastos domínios, enviou a Portugal uma embaixada para pedir a infanta em casamento. Filipe fora já casado duas vezes, com Michèle de França e Bonne de Artois, mas nenhuma lhe dera filhos. Isabel de Portugal assegurava uma maior proximidade com a Casa de Lancaster, com a Inglaterra, o que convinha ao duque para enfrentar Carlos VII de França; além disso, era bonita e o seu dote era elevado… Só vantagens, portanto.
Festas sumptuosas
Na embaixada de Borgonha vinha o célebre pintor flamengo Jan van Eyck, que executou o retrato da infanta, para ser enviado ao duque. A noiva partiu um ano mais tarde, numa armada de 39 navios – embora haja ainda dúvidas quanto a datas: uns historiadores situam o matrimónio em 1429, outros em 1430. De qualquer modo, as festas que se realizaram em Bruges foram sumptuosas e, para assinalar o acontecimento, Filipe de Borgonha criou a Ordem do Tosão de Ouro, que se tornaria na ordem de cavalaria mais prestigiada da Europa.
O primeiro dever da nova duquesa seria, evidentemente, dar herdeiros ao duque e ela cumpriu esse dever: deu-lhe três filhos, embora só o terceiro tenha chegado à idade adulta – foi o muito famoso Carlos, o Temerário. Mas Isabel não se ficou por aqui: era demasiado inteligente, demasiado hábil e demasiado enérgica para se remeter ao papel de esposa passiva. E a época exigia inteligência, habilidade e energia: estava-se ainda em plena Guerra dos Cem Anos e a Borgonha era chamada a desempenhar um papel importante.
Nestas circunstâncias, D. Isabel revelou-se uma preciosa auxiliar do marido, quer regendo os vários domínios na sua ausência, quer assumindo diretamente o papel de negociadora em conversações difíceis e delicadas com a França e com a Inglaterra; nomeadamente, foi ela quem conseguiu levar os Ingleses a libertarem o duque de Orleães, que estava preso desde a batalha de Azincourt. Não lhe terá sido fácil manter a harmonia entre o marido e o filho, quando este cresceu, tanto mais que Carlos tinha um temperamento violento. No entanto, D. Isabel conseguiu exercer sobre ele uma forte influência, pelo menos até se retirar da política ativa. Ao mesmo tempo, fomentava a cultura e rodeava-se de artistas e de poetas.
Leia o resto numa das nossas edições digitais: http://pt.zinio.com/browse/publications/index.jsp?productId=500666894
A infanta D. Isabel, filha de D. João I e D. Filipa de Lencastre, foi, pelo seu casamento e sobretudo por mérito próprio, um “peso pesado” da política europeia no século XV. A nossa amnésia nacional já a esqueceu, mas, no estrangeiro, continuam a publicar livros sobre esta extraordinária duquesa de Borgonha.
Um desses livros foi publicado ainda bem recentemente, em 2004: intitula-se Moy, Isabelle du Portugal, Mère de Charles Dit le Téméraire e a sua autora é Marie-Françoise Barbot. Mas poderemos citar ainda, entre outros, Isabel of Burgundy – The Duchess Who Played Politics in the Age of Joan of Arc, de Aline S. Taylor.
Qual a razão de tal interesse por parte de historiadores ou simples estudiosos? Talvez o facto de D. Isabel ter sido, como se afirma no livro de A.S. Taylor, “uma mulher do Renascimento num mundo medieval”; e, certamente, um outro facto: o muito considerável poder que ela deteve nas suas mãos, mesmo, ou sobretudo, em vida do seu marido, o duque de Borgonha, e isto em pleno século XV. Com efeito, durante mais de duas décadas, exerceu uma enorme influência em toda a política interna e externa da Borgonha, que era, então, um verdadeiro potentado europeu, embora estivesse nominalmente sob a suserania do rei de França. Para nós, acresce ainda que a ação desta princesa teve efeitos diretos em Portugal.
D. Isabel nasceu em Évora, em 1397: foi o sétimo parto da rainha Filipa de Lencastre e era a única menina daquela ilustre geração – se não considerarmos uma outra, D. Branca, que morreu em criança. Em 1428, Filipe III, o Bom, duque de Borgonha, conde de Flandres e senhor de outros vastos domínios, enviou a Portugal uma embaixada para pedir a infanta em casamento. Filipe fora já casado duas vezes, com Michèle de França e Bonne de Artois, mas nenhuma lhe dera filhos. Isabel de Portugal assegurava uma maior proximidade com a Casa de Lancaster, com a Inglaterra, o que convinha ao duque para enfrentar Carlos VII de França; além disso, era bonita e o seu dote era elevado… Só vantagens, portanto.
Festas sumptuosas
Na embaixada de Borgonha vinha o célebre pintor flamengo Jan van Eyck, que executou o retrato da infanta, para ser enviado ao duque. A noiva partiu um ano mais tarde, numa armada de 39 navios – embora haja ainda dúvidas quanto a datas: uns historiadores situam o matrimónio em 1429, outros em 1430. De qualquer modo, as festas que se realizaram em Bruges foram sumptuosas e, para assinalar o acontecimento, Filipe de Borgonha criou a Ordem do Tosão de Ouro, que se tornaria na ordem de cavalaria mais prestigiada da Europa.
O primeiro dever da nova duquesa seria, evidentemente, dar herdeiros ao duque e ela cumpriu esse dever: deu-lhe três filhos, embora só o terceiro tenha chegado à idade adulta – foi o muito famoso Carlos, o Temerário. Mas Isabel não se ficou por aqui: era demasiado inteligente, demasiado hábil e demasiado enérgica para se remeter ao papel de esposa passiva. E a época exigia inteligência, habilidade e energia: estava-se ainda em plena Guerra dos Cem Anos e a Borgonha era chamada a desempenhar um papel importante.
Nestas circunstâncias, D. Isabel revelou-se uma preciosa auxiliar do marido, quer regendo os vários domínios na sua ausência, quer assumindo diretamente o papel de negociadora em conversações difíceis e delicadas com a França e com a Inglaterra; nomeadamente, foi ela quem conseguiu levar os Ingleses a libertarem o duque de Orleães, que estava preso desde a batalha de Azincourt. Não lhe terá sido fácil manter a harmonia entre o marido e o filho, quando este cresceu, tanto mais que Carlos tinha um temperamento violento. No entanto, D. Isabel conseguiu exercer sobre ele uma forte influência, pelo menos até se retirar da política ativa. Ao mesmo tempo, fomentava a cultura e rodeava-se de artistas e de poetas.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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