Gênese: A verdade por trás do crescimento do ISIS
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Gênese: A verdade por trás do crescimento do ISIS
Gênese: A verdade por trás do crescimento do ISIS
27.07.2015
Gênese: A verdade por trás do crescimento do ISIS
27.07.2015
27.07.2015
O Estado Islâmico (EI, antes ISIS) construiu um império, operando simultaneamente como empresa e como estado: vende petróleo e trafica valiosas peças de arte, ao mesmo tempo em que vai construindo exército formidável. Mas como se converteram no mais rico grupo terrorista do planeta?
Luta de uma geração, o terror com certeza já define o modo como nações, povos e, claro, comunidades religiosas, relacionam-se umas com as outras. O mal dos tempos modernos, o terror tem sido atribuído ao Islã; nessa operação, nos falam de uma ideologia cujo credo ter-se-ia originado nos desertos da Arábia, violenta e sem compaixão, como a própria história de seu povo.
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25/7/2015, Catherine Shakdam,[1] RT
A partir do instante em que os prédios do World Trade Center vieram abaixo, imprensa-empresa, políticos e funcionários públicos puseram-se a falar sempre e a promover sem descanso a realidade pré-fabricada que eles mesmos haviam fabricado, jogando com o medo, o ódio e o espírito de vingança, para alimentar a narrativa de guerra, sempre a apontar dedos furiosos contra muçulmanos por todo o mundo - de tal modo que os "povos livres" não tivessem tempo para perceber as coleiras que seus estados iam lentamente tecendo em torno dos pés e do pescoço de cada um - uma ordem executiva, de cada vez e, de cada vez, uma liberdade civil que se ia.
Por bem mais de uma década, as nações ocidentais seguiram seus líderes nas guerras e nos medos, na fúria e na desilusão, sempre culpando "aqueles muçulmanos radicais" que buscariam destruir a liberdade delas, a democracia delas. Contudo, com guerras que se sucediam sempre, uma após a outra, com fronts abertos no Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iêmen, Paquistão, e o terror sempre avançando, o radicalismo ainda exigia para ele sempre mais terras e mais soldados.
Em sincronia perfeita com o avanço do terror, Washington e seus aliados subiram a aposta, inflaram sempre e cada vez mais os orçamentos de "defesa", exigindo sempre e cada vez mais recursos e mais soluções, com o objetivo de zerar esse algoritmo do terror. Pois outra vez as superpotências mostraram-se aparentemente impotentes para enfrentar aquela praga.
Já decorreu uma década de guerra ao terror, e o terror não cedeu. Ao contrário, construiu para si um império no coração do Levante Expandido, fundindo territórios e comunidades sob sua bandeira. Com todo seu poderio tecnológico e sua força econômica, nem assim o ocidente conseguiu derrotar o Estado Islâmico. Em vez de insistir, o ocidente hoje apenas assiste, de longe, enquanto os militantes terroristas organizam-se em Estado, constroem economia forte, poder militar invencível, tudo à altura da luta para alcançar suas ambições hegemônicas.
Contudo... Como poderia alguém acreditar que as potências ocidentais, sempre tão confiantes no próprio poder a ponto de desafiarem a Rússia e ameaçarem de guerra o Irã, sob a alegação de que esses países seriam algum tipo de remota ameaça à ordem ocidental, ficariam repentinamente impotentes, sem saber o que fazer, ante o Exército Islâmico?
E se as potências ocidentais nada fizeram ou estão fazendo para dizimar os terroristas que militam no Exército Islâmico (como os neoconservadores em Washington juraram fazer contra o Irã, caso os iranianos apenas piscassem na direção errada) - quem, em perfeito juízo, deixaria de ver que esse terror nada tem de 'oriental', nem de 'islâmico' e foi, isso sim, inventado e construído para encobrir uma agenda clandestina?
'Teoria da conspiração'? Não, não, nada disso... Funcionários do governo dos EUA já reconheceram que criaram e financiaram a Al-Qaeda; daí a admitirem que também criaram e financiaram o Estado Islâmico a distância é curta. Em 2012, a então secretária de Estado Hillary Clinton admitiu bem publicamente que a Al-Qaeda foi concebida e financiada como arma tática da guerra no Afeganistão.
Se se considera que a Al-Qaeda foi criada no final da década dos 1980s para resistir contra os planos de Moscou na Eurásia e manter sob pressão as mesmas velhas linhas geopolíticas, coisa como 25 anos de expertise em brincar de guerra com radicais levariam exatamente a o que o EI é hoje - um corpo de combate leve, enxuto, bem treinado, bem armado e com estratégia de primeira qualidade. Se o Afeganistão foi o primeiro campo de treinos, pode-se assumir sem medo de errar que Síria e Iraque são produtos finais.
Em artigo publicado em Mintpress em fevereiro, Sean Nevins escreveu: "O Estado Islâmico do Iraque e Síria [ISIS] criou um império que cobre centenas de milhas de todos os países em que está ativo. Acumulou riquezas que lhe permitem financiar uma guerra, governar população de cerca de 8 milhões de pessoas e operar blocos massivos de infraestrutura nas áreas que ocupa."
E quem algum dia criou um império, se não com aliados ou, no mínimo, com copatrocinadores?
Exércitos e recursos para financiar guerras expansionistas não surgem do nada, nem se manifestam como fenômeno natural espontâneo, nem os avanços militares consolidam-se sem forte apoio logístico e político.
Em 2014, oficiais iraquianos estimavam que o Estado Islâmico tivesse em seus cofres cerca de £2 bilhões. Um ano de saques, roubo de peças de arte e artefatos preciosos e o bombeamento ininterrupto de petróleo com certeza já fizeram aumentar essa fortuna - e no país das bandeiras negras ninguém teme qualquer 'recessão'!
Interessante: enquanto os EUA e seus aliados querem reescrever a lei internacional para bloquear o Irã e impedir que participe do ciclo econômico e financeiro mundial, mediante sanções e 'supervisão' draconianas de seu comércio externo, o Estado Islâmico é livre para comerciar quanto petróleo deseje através de Turquia e Jordânia, sem que se veja subir sequer uma sobrancelha!
Luay Al Khatteeb, diretor do Instituto de Energia do Iraque, explicou em entrevista àCNN em 2014 como o "petróleo do Estado Islâmico é transportado por navios petroleiros para a Jordânia através da província Anbar, para o Irã através do Curdistão, para a Turquia através de Mosul, para os mercados locais na Síria e para a região do Curdistão iraquiano, onde quase todo o cru é refinado localmente." É absolutamente impossível acreditar que não haja autoridades de vários governos ativas, como cúmplices, nesse "comércio".
Que essa cumplicidade nasça de um desejo de lucrar numa atividade comercial lucrativa, ou que nasça de alguma agenda clandestina mais obscura, faz pequena diferença. - No que tenha a ver com terror, até uma negabilidade plausível já torna qualquer um, culpado por associação em crime. Mas mesmo assim implica assumir que há funcionários de vários governos que fecham olhos e ouvidos a tudo que tenha a ver com a praga que, de fato, estão promovendo. Não me parece que possamos ainda nos dar esse luxo!
Cada vez mais fatos apontam para uma grande encenação de terror. Desde armar e dar treinamento a militantes do Estado Islâmico, não falta um detalhe. Agora já se trata de deixar a horda jihadista fazer o que bem entenda contra o mundo; e observá-la, enquanto se espalha.
Quando já nem o New York Times faz qualquer esforço para negar que há fluxo ininterrupto de armas para os radicais na Síria, sob o pretexto de que assim se construiria alguma democracia... é quando se vê que, sim, alguma coisa deu errado.
Em abril de 2013, os EUA confirmaram que criaram um programa de $70 milhões na Jordânia "para treinar forças especiais do reino para que identifiquem e neutralizem pontos nos quais haja armas químicas na Síria, para evitar que, no caso de queda do regime, aquelas armas não caiam em mãos dos rebeldes errados" - como se leu em The Economist. Naquele mesmo mês, o governo Obama também prometeu duplicar a ajuda não letal à oposição síria, elevando o total para $250 milhões.
Em setembro de 2014, o presidente Obama dos EUA prometeu ajuda adicional demeio bilhão de dólares para a guerra contra o terror na Síria. O problema é que os agentes ditos "moderados" nunca se deram o trabalho de informar os EUA que não eram exatamente meninos de recados dos EUA, que eram, de fato, afiliados do Estado Islâmico. Mais uma vez não é conspiracionismo: há fatos, e fatos fartamentedocumentados.
"Detalhes que vazariam sugerem que o ISIS e a grande 'avançada' no Iraque - e em menor volume também na vizinha Síria - estão sendo modelados e controlados de Langley, Virginia, e de outros postos da CIA e do Pentágono em outros pontos, como estágio seguinte do processo de implantar o caos no Iraque, segundo maior produtor mundial de petróleo, e também para minar esforços recentes do governo sírio para estabilizar a região," escreveu William Engdhal, analista destacado, em coluna assinada em RT, dia 24/6/2014.
O Estado Islâmico não é acaso nem acidente: foi arquitetado, ajudado, treinado e posto a operar sob ordens e autoridade dos EUA, para invadir, ocupar e explorar o Oriente Médio, ao mesmo tempo em que os EUA mantêm o discurso sobre 'libertar' povos e 'construir' democracias.*****
A partir do instante em que os prédios do World Trade Center vieram abaixo, imprensa-empresa, políticos e funcionários públicos puseram-se a falar sempre e a promover sem descanso a realidade pré-fabricada que eles mesmos haviam fabricado, jogando com o medo, o ódio e o espírito de vingança, para alimentar a narrativa de guerra, sempre a apontar dedos furiosos contra muçulmanos por todo o mundo - de tal modo que os "povos livres" não tivessem tempo para perceber as coleiras que seus estados iam lentamente tecendo em torno dos pés e do pescoço de cada um - uma ordem executiva, de cada vez e, de cada vez, uma liberdade civil que se ia.
Por bem mais de uma década, as nações ocidentais seguiram seus líderes nas guerras e nos medos, na fúria e na desilusão, sempre culpando "aqueles muçulmanos radicais" que buscariam destruir a liberdade delas, a democracia delas. Contudo, com guerras que se sucediam sempre, uma após a outra, com fronts abertos no Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iêmen, Paquistão, e o terror sempre avançando, o radicalismo ainda exigia para ele sempre mais terras e mais soldados.
Em sincronia perfeita com o avanço do terror, Washington e seus aliados subiram a aposta, inflaram sempre e cada vez mais os orçamentos de "defesa", exigindo sempre e cada vez mais recursos e mais soluções, com o objetivo de zerar esse algoritmo do terror. Pois outra vez as superpotências mostraram-se aparentemente impotentes para enfrentar aquela praga.
Já decorreu uma década de guerra ao terror, e o terror não cedeu. Ao contrário, construiu para si um império no coração do Levante Expandido, fundindo territórios e comunidades sob sua bandeira. Com todo seu poderio tecnológico e sua força econômica, nem assim o ocidente conseguiu derrotar o Estado Islâmico. Em vez de insistir, o ocidente hoje apenas assiste, de longe, enquanto os militantes terroristas organizam-se em Estado, constroem economia forte, poder militar invencível, tudo à altura da luta para alcançar suas ambições hegemônicas.
Contudo... Como poderia alguém acreditar que as potências ocidentais, sempre tão confiantes no próprio poder a ponto de desafiarem a Rússia e ameaçarem de guerra o Irã, sob a alegação de que esses países seriam algum tipo de remota ameaça à ordem ocidental, ficariam repentinamente impotentes, sem saber o que fazer, ante o Exército Islâmico?
E se as potências ocidentais nada fizeram ou estão fazendo para dizimar os terroristas que militam no Exército Islâmico (como os neoconservadores em Washington juraram fazer contra o Irã, caso os iranianos apenas piscassem na direção errada) - quem, em perfeito juízo, deixaria de ver que esse terror nada tem de 'oriental', nem de 'islâmico' e foi, isso sim, inventado e construído para encobrir uma agenda clandestina?
'Teoria da conspiração'? Não, não, nada disso... Funcionários do governo dos EUA já reconheceram que criaram e financiaram a Al-Qaeda; daí a admitirem que também criaram e financiaram o Estado Islâmico a distância é curta. Em 2012, a então secretária de Estado Hillary Clinton admitiu bem publicamente que a Al-Qaeda foi concebida e financiada como arma tática da guerra no Afeganistão.
Se se considera que a Al-Qaeda foi criada no final da década dos 1980s para resistir contra os planos de Moscou na Eurásia e manter sob pressão as mesmas velhas linhas geopolíticas, coisa como 25 anos de expertise em brincar de guerra com radicais levariam exatamente a o que o EI é hoje - um corpo de combate leve, enxuto, bem treinado, bem armado e com estratégia de primeira qualidade. Se o Afeganistão foi o primeiro campo de treinos, pode-se assumir sem medo de errar que Síria e Iraque são produtos finais.
Em artigo publicado em Mintpress em fevereiro, Sean Nevins escreveu: "O Estado Islâmico do Iraque e Síria [ISIS] criou um império que cobre centenas de milhas de todos os países em que está ativo. Acumulou riquezas que lhe permitem financiar uma guerra, governar população de cerca de 8 milhões de pessoas e operar blocos massivos de infraestrutura nas áreas que ocupa."
E quem algum dia criou um império, se não com aliados ou, no mínimo, com copatrocinadores?
Exércitos e recursos para financiar guerras expansionistas não surgem do nada, nem se manifestam como fenômeno natural espontâneo, nem os avanços militares consolidam-se sem forte apoio logístico e político.
Em 2014, oficiais iraquianos estimavam que o Estado Islâmico tivesse em seus cofres cerca de £2 bilhões. Um ano de saques, roubo de peças de arte e artefatos preciosos e o bombeamento ininterrupto de petróleo com certeza já fizeram aumentar essa fortuna - e no país das bandeiras negras ninguém teme qualquer 'recessão'!
Interessante: enquanto os EUA e seus aliados querem reescrever a lei internacional para bloquear o Irã e impedir que participe do ciclo econômico e financeiro mundial, mediante sanções e 'supervisão' draconianas de seu comércio externo, o Estado Islâmico é livre para comerciar quanto petróleo deseje através de Turquia e Jordânia, sem que se veja subir sequer uma sobrancelha!
Luay Al Khatteeb, diretor do Instituto de Energia do Iraque, explicou em entrevista àCNN em 2014 como o "petróleo do Estado Islâmico é transportado por navios petroleiros para a Jordânia através da província Anbar, para o Irã através do Curdistão, para a Turquia através de Mosul, para os mercados locais na Síria e para a região do Curdistão iraquiano, onde quase todo o cru é refinado localmente." É absolutamente impossível acreditar que não haja autoridades de vários governos ativas, como cúmplices, nesse "comércio".
Que essa cumplicidade nasça de um desejo de lucrar numa atividade comercial lucrativa, ou que nasça de alguma agenda clandestina mais obscura, faz pequena diferença. - No que tenha a ver com terror, até uma negabilidade plausível já torna qualquer um, culpado por associação em crime. Mas mesmo assim implica assumir que há funcionários de vários governos que fecham olhos e ouvidos a tudo que tenha a ver com a praga que, de fato, estão promovendo. Não me parece que possamos ainda nos dar esse luxo!
Cada vez mais fatos apontam para uma grande encenação de terror. Desde armar e dar treinamento a militantes do Estado Islâmico, não falta um detalhe. Agora já se trata de deixar a horda jihadista fazer o que bem entenda contra o mundo; e observá-la, enquanto se espalha.
Quando já nem o New York Times faz qualquer esforço para negar que há fluxo ininterrupto de armas para os radicais na Síria, sob o pretexto de que assim se construiria alguma democracia... é quando se vê que, sim, alguma coisa deu errado.
Em abril de 2013, os EUA confirmaram que criaram um programa de $70 milhões na Jordânia "para treinar forças especiais do reino para que identifiquem e neutralizem pontos nos quais haja armas químicas na Síria, para evitar que, no caso de queda do regime, aquelas armas não caiam em mãos dos rebeldes errados" - como se leu em The Economist. Naquele mesmo mês, o governo Obama também prometeu duplicar a ajuda não letal à oposição síria, elevando o total para $250 milhões.
Em setembro de 2014, o presidente Obama dos EUA prometeu ajuda adicional demeio bilhão de dólares para a guerra contra o terror na Síria. O problema é que os agentes ditos "moderados" nunca se deram o trabalho de informar os EUA que não eram exatamente meninos de recados dos EUA, que eram, de fato, afiliados do Estado Islâmico. Mais uma vez não é conspiracionismo: há fatos, e fatos fartamentedocumentados.
"Detalhes que vazariam sugerem que o ISIS e a grande 'avançada' no Iraque - e em menor volume também na vizinha Síria - estão sendo modelados e controlados de Langley, Virginia, e de outros postos da CIA e do Pentágono em outros pontos, como estágio seguinte do processo de implantar o caos no Iraque, segundo maior produtor mundial de petróleo, e também para minar esforços recentes do governo sírio para estabilizar a região," escreveu William Engdhal, analista destacado, em coluna assinada em RT, dia 24/6/2014.
O Estado Islâmico não é acaso nem acidente: foi arquitetado, ajudado, treinado e posto a operar sob ordens e autoridade dos EUA, para invadir, ocupar e explorar o Oriente Médio, ao mesmo tempo em que os EUA mantêm o discurso sobre 'libertar' povos e 'construir' democracias.*****
[1] Catherine Shakdam é analista política, escritora e comentarista de questões do Oriente Médio, com especial atenção aos movimentos radicais e ao Iêmen. Tem artigos em publicações em todo o mundo, dentre as quais Foreign Policy Journal, Mintpress News, o Guardian, Your Middle East,Middle East Monitor, Middle East Eye, Open Democracy, Eurasia Review e muitas outras. Analista sempre consultada pela RT, também contribui com suas análises para as redes Etejah TV, IRIB radio,Press TV e NewsMax TV. É analista sênior do Centro de Estudos do Oriente Médio de Beirute e consultora da empresa Anderson Consulting; em 2015, seus trabalhos sobre o Iêmen foram usados pelo Conselho de Segurança da ONU.
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27.07.2015
O Estado Islâmico (EI, antes ISIS) construiu um império, operando simultaneamente como empresa e como estado: vende petróleo e trafica valiosas peças de arte, ao mesmo tempo em que vai construindo exército formidável. Mas como se converteram no mais rico grupo terrorista do planeta?
Luta de uma geração, o terror com certeza já define o modo como nações, povos e, claro, comunidades religiosas, relacionam-se umas com as outras. O mal dos tempos modernos, o terror tem sido atribuído ao Islã; nessa operação, nos falam de uma ideologia cujo credo ter-se-ia originado nos desertos da Arábia, violenta e sem compaixão, como a própria história de seu povo.
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25/7/2015, Catherine Shakdam,[1] RT
A partir do instante em que os prédios do World Trade Center vieram abaixo, imprensa-empresa, políticos e funcionários públicos puseram-se a falar sempre e a promover sem descanso a realidade pré-fabricada que eles mesmos haviam fabricado, jogando com o medo, o ódio e o espírito de vingança, para alimentar a narrativa de guerra, sempre a apontar dedos furiosos contra muçulmanos por todo o mundo - de tal modo que os "povos livres" não tivessem tempo para perceber as coleiras que seus estados iam lentamente tecendo em torno dos pés e do pescoço de cada um - uma ordem executiva, de cada vez e, de cada vez, uma liberdade civil que se ia.
Por bem mais de uma década, as nações ocidentais seguiram seus líderes nas guerras e nos medos, na fúria e na desilusão, sempre culpando "aqueles muçulmanos radicais" que buscariam destruir a liberdade delas, a democracia delas. Contudo, com guerras que se sucediam sempre, uma após a outra, com fronts abertos no Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iêmen, Paquistão, e o terror sempre avançando, o radicalismo ainda exigia para ele sempre mais terras e mais soldados.
Em sincronia perfeita com o avanço do terror, Washington e seus aliados subiram a aposta, inflaram sempre e cada vez mais os orçamentos de "defesa", exigindo sempre e cada vez mais recursos e mais soluções, com o objetivo de zerar esse algoritmo do terror. Pois outra vez as superpotências mostraram-se aparentemente impotentes para enfrentar aquela praga.
Já decorreu uma década de guerra ao terror, e o terror não cedeu. Ao contrário, construiu para si um império no coração do Levante Expandido, fundindo territórios e comunidades sob sua bandeira. Com todo seu poderio tecnológico e sua força econômica, nem assim o ocidente conseguiu derrotar o Estado Islâmico. Em vez de insistir, o ocidente hoje apenas assiste, de longe, enquanto os militantes terroristas organizam-se em Estado, constroem economia forte, poder militar invencível, tudo à altura da luta para alcançar suas ambições hegemônicas.
Contudo... Como poderia alguém acreditar que as potências ocidentais, sempre tão confiantes no próprio poder a ponto de desafiarem a Rússia e ameaçarem de guerra o Irã, sob a alegação de que esses países seriam algum tipo de remota ameaça à ordem ocidental, ficariam repentinamente impotentes, sem saber o que fazer, ante o Exército Islâmico?
E se as potências ocidentais nada fizeram ou estão fazendo para dizimar os terroristas que militam no Exército Islâmico (como os neoconservadores em Washington juraram fazer contra o Irã, caso os iranianos apenas piscassem na direção errada) - quem, em perfeito juízo, deixaria de ver que esse terror nada tem de 'oriental', nem de 'islâmico' e foi, isso sim, inventado e construído para encobrir uma agenda clandestina?
'Teoria da conspiração'? Não, não, nada disso... Funcionários do governo dos EUA já reconheceram que criaram e financiaram a Al-Qaeda; daí a admitirem que também criaram e financiaram o Estado Islâmico a distância é curta. Em 2012, a então secretária de Estado Hillary Clinton admitiu bem publicamente que a Al-Qaeda foi concebida e financiada como arma tática da guerra no Afeganistão.
Se se considera que a Al-Qaeda foi criada no final da década dos 1980s para resistir contra os planos de Moscou na Eurásia e manter sob pressão as mesmas velhas linhas geopolíticas, coisa como 25 anos de expertise em brincar de guerra com radicais levariam exatamente a o que o EI é hoje - um corpo de combate leve, enxuto, bem treinado, bem armado e com estratégia de primeira qualidade. Se o Afeganistão foi o primeiro campo de treinos, pode-se assumir sem medo de errar que Síria e Iraque são produtos finais.
Em artigo publicado em Mintpress em fevereiro, Sean Nevins escreveu: "O Estado Islâmico do Iraque e Síria [ISIS] criou um império que cobre centenas de milhas de todos os países em que está ativo. Acumulou riquezas que lhe permitem financiar uma guerra, governar população de cerca de 8 milhões de pessoas e operar blocos massivos de infraestrutura nas áreas que ocupa."
E quem algum dia criou um império, se não com aliados ou, no mínimo, com copatrocinadores?
Exércitos e recursos para financiar guerras expansionistas não surgem do nada, nem se manifestam como fenômeno natural espontâneo, nem os avanços militares consolidam-se sem forte apoio logístico e político.
Em 2014, oficiais iraquianos estimavam que o Estado Islâmico tivesse em seus cofres cerca de £2 bilhões. Um ano de saques, roubo de peças de arte e artefatos preciosos e o bombeamento ininterrupto de petróleo com certeza já fizeram aumentar essa fortuna - e no país das bandeiras negras ninguém teme qualquer 'recessão'!
Interessante: enquanto os EUA e seus aliados querem reescrever a lei internacional para bloquear o Irã e impedir que participe do ciclo econômico e financeiro mundial, mediante sanções e 'supervisão' draconianas de seu comércio externo, o Estado Islâmico é livre para comerciar quanto petróleo deseje através de Turquia e Jordânia, sem que se veja subir sequer uma sobrancelha!
Luay Al Khatteeb, diretor do Instituto de Energia do Iraque, explicou em entrevista àCNN em 2014 como o "petróleo do Estado Islâmico é transportado por navios petroleiros para a Jordânia através da província Anbar, para o Irã através do Curdistão, para a Turquia através de Mosul, para os mercados locais na Síria e para a região do Curdistão iraquiano, onde quase todo o cru é refinado localmente." É absolutamente impossível acreditar que não haja autoridades de vários governos ativas, como cúmplices, nesse "comércio".
Que essa cumplicidade nasça de um desejo de lucrar numa atividade comercial lucrativa, ou que nasça de alguma agenda clandestina mais obscura, faz pequena diferença. - No que tenha a ver com terror, até uma negabilidade plausível já torna qualquer um, culpado por associação em crime. Mas mesmo assim implica assumir que há funcionários de vários governos que fecham olhos e ouvidos a tudo que tenha a ver com a praga que, de fato, estão promovendo. Não me parece que possamos ainda nos dar esse luxo!
Cada vez mais fatos apontam para uma grande encenação de terror. Desde armar e dar treinamento a militantes do Estado Islâmico, não falta um detalhe. Agora já se trata de deixar a horda jihadista fazer o que bem entenda contra o mundo; e observá-la, enquanto se espalha.
Quando já nem o New York Times faz qualquer esforço para negar que há fluxo ininterrupto de armas para os radicais na Síria, sob o pretexto de que assim se construiria alguma democracia... é quando se vê que, sim, alguma coisa deu errado.
Em abril de 2013, os EUA confirmaram que criaram um programa de $70 milhões na Jordânia "para treinar forças especiais do reino para que identifiquem e neutralizem pontos nos quais haja armas químicas na Síria, para evitar que, no caso de queda do regime, aquelas armas não caiam em mãos dos rebeldes errados" - como se leu em The Economist. Naquele mesmo mês, o governo Obama também prometeu duplicar a ajuda não letal à oposição síria, elevando o total para $250 milhões.
Em setembro de 2014, o presidente Obama dos EUA prometeu ajuda adicional demeio bilhão de dólares para a guerra contra o terror na Síria. O problema é que os agentes ditos "moderados" nunca se deram o trabalho de informar os EUA que não eram exatamente meninos de recados dos EUA, que eram, de fato, afiliados do Estado Islâmico. Mais uma vez não é conspiracionismo: há fatos, e fatos fartamentedocumentados.
"Detalhes que vazariam sugerem que o ISIS e a grande 'avançada' no Iraque - e em menor volume também na vizinha Síria - estão sendo modelados e controlados de Langley, Virginia, e de outros postos da CIA e do Pentágono em outros pontos, como estágio seguinte do processo de implantar o caos no Iraque, segundo maior produtor mundial de petróleo, e também para minar esforços recentes do governo sírio para estabilizar a região," escreveu William Engdhal, analista destacado, em coluna assinada em RT, dia 24/6/2014.
O Estado Islâmico não é acaso nem acidente: foi arquitetado, ajudado, treinado e posto a operar sob ordens e autoridade dos EUA, para invadir, ocupar e explorar o Oriente Médio, ao mesmo tempo em que os EUA mantêm o discurso sobre 'libertar' povos e 'construir' democracias.*****
A partir do instante em que os prédios do World Trade Center vieram abaixo, imprensa-empresa, políticos e funcionários públicos puseram-se a falar sempre e a promover sem descanso a realidade pré-fabricada que eles mesmos haviam fabricado, jogando com o medo, o ódio e o espírito de vingança, para alimentar a narrativa de guerra, sempre a apontar dedos furiosos contra muçulmanos por todo o mundo - de tal modo que os "povos livres" não tivessem tempo para perceber as coleiras que seus estados iam lentamente tecendo em torno dos pés e do pescoço de cada um - uma ordem executiva, de cada vez e, de cada vez, uma liberdade civil que se ia.
Por bem mais de uma década, as nações ocidentais seguiram seus líderes nas guerras e nos medos, na fúria e na desilusão, sempre culpando "aqueles muçulmanos radicais" que buscariam destruir a liberdade delas, a democracia delas. Contudo, com guerras que se sucediam sempre, uma após a outra, com fronts abertos no Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Iêmen, Paquistão, e o terror sempre avançando, o radicalismo ainda exigia para ele sempre mais terras e mais soldados.
Em sincronia perfeita com o avanço do terror, Washington e seus aliados subiram a aposta, inflaram sempre e cada vez mais os orçamentos de "defesa", exigindo sempre e cada vez mais recursos e mais soluções, com o objetivo de zerar esse algoritmo do terror. Pois outra vez as superpotências mostraram-se aparentemente impotentes para enfrentar aquela praga.
Já decorreu uma década de guerra ao terror, e o terror não cedeu. Ao contrário, construiu para si um império no coração do Levante Expandido, fundindo territórios e comunidades sob sua bandeira. Com todo seu poderio tecnológico e sua força econômica, nem assim o ocidente conseguiu derrotar o Estado Islâmico. Em vez de insistir, o ocidente hoje apenas assiste, de longe, enquanto os militantes terroristas organizam-se em Estado, constroem economia forte, poder militar invencível, tudo à altura da luta para alcançar suas ambições hegemônicas.
Contudo... Como poderia alguém acreditar que as potências ocidentais, sempre tão confiantes no próprio poder a ponto de desafiarem a Rússia e ameaçarem de guerra o Irã, sob a alegação de que esses países seriam algum tipo de remota ameaça à ordem ocidental, ficariam repentinamente impotentes, sem saber o que fazer, ante o Exército Islâmico?
E se as potências ocidentais nada fizeram ou estão fazendo para dizimar os terroristas que militam no Exército Islâmico (como os neoconservadores em Washington juraram fazer contra o Irã, caso os iranianos apenas piscassem na direção errada) - quem, em perfeito juízo, deixaria de ver que esse terror nada tem de 'oriental', nem de 'islâmico' e foi, isso sim, inventado e construído para encobrir uma agenda clandestina?
'Teoria da conspiração'? Não, não, nada disso... Funcionários do governo dos EUA já reconheceram que criaram e financiaram a Al-Qaeda; daí a admitirem que também criaram e financiaram o Estado Islâmico a distância é curta. Em 2012, a então secretária de Estado Hillary Clinton admitiu bem publicamente que a Al-Qaeda foi concebida e financiada como arma tática da guerra no Afeganistão.
Se se considera que a Al-Qaeda foi criada no final da década dos 1980s para resistir contra os planos de Moscou na Eurásia e manter sob pressão as mesmas velhas linhas geopolíticas, coisa como 25 anos de expertise em brincar de guerra com radicais levariam exatamente a o que o EI é hoje - um corpo de combate leve, enxuto, bem treinado, bem armado e com estratégia de primeira qualidade. Se o Afeganistão foi o primeiro campo de treinos, pode-se assumir sem medo de errar que Síria e Iraque são produtos finais.
Em artigo publicado em Mintpress em fevereiro, Sean Nevins escreveu: "O Estado Islâmico do Iraque e Síria [ISIS] criou um império que cobre centenas de milhas de todos os países em que está ativo. Acumulou riquezas que lhe permitem financiar uma guerra, governar população de cerca de 8 milhões de pessoas e operar blocos massivos de infraestrutura nas áreas que ocupa."
E quem algum dia criou um império, se não com aliados ou, no mínimo, com copatrocinadores?
Exércitos e recursos para financiar guerras expansionistas não surgem do nada, nem se manifestam como fenômeno natural espontâneo, nem os avanços militares consolidam-se sem forte apoio logístico e político.
Em 2014, oficiais iraquianos estimavam que o Estado Islâmico tivesse em seus cofres cerca de £2 bilhões. Um ano de saques, roubo de peças de arte e artefatos preciosos e o bombeamento ininterrupto de petróleo com certeza já fizeram aumentar essa fortuna - e no país das bandeiras negras ninguém teme qualquer 'recessão'!
Interessante: enquanto os EUA e seus aliados querem reescrever a lei internacional para bloquear o Irã e impedir que participe do ciclo econômico e financeiro mundial, mediante sanções e 'supervisão' draconianas de seu comércio externo, o Estado Islâmico é livre para comerciar quanto petróleo deseje através de Turquia e Jordânia, sem que se veja subir sequer uma sobrancelha!
Luay Al Khatteeb, diretor do Instituto de Energia do Iraque, explicou em entrevista àCNN em 2014 como o "petróleo do Estado Islâmico é transportado por navios petroleiros para a Jordânia através da província Anbar, para o Irã através do Curdistão, para a Turquia através de Mosul, para os mercados locais na Síria e para a região do Curdistão iraquiano, onde quase todo o cru é refinado localmente." É absolutamente impossível acreditar que não haja autoridades de vários governos ativas, como cúmplices, nesse "comércio".
Que essa cumplicidade nasça de um desejo de lucrar numa atividade comercial lucrativa, ou que nasça de alguma agenda clandestina mais obscura, faz pequena diferença. - No que tenha a ver com terror, até uma negabilidade plausível já torna qualquer um, culpado por associação em crime. Mas mesmo assim implica assumir que há funcionários de vários governos que fecham olhos e ouvidos a tudo que tenha a ver com a praga que, de fato, estão promovendo. Não me parece que possamos ainda nos dar esse luxo!
Cada vez mais fatos apontam para uma grande encenação de terror. Desde armar e dar treinamento a militantes do Estado Islâmico, não falta um detalhe. Agora já se trata de deixar a horda jihadista fazer o que bem entenda contra o mundo; e observá-la, enquanto se espalha.
Quando já nem o New York Times faz qualquer esforço para negar que há fluxo ininterrupto de armas para os radicais na Síria, sob o pretexto de que assim se construiria alguma democracia... é quando se vê que, sim, alguma coisa deu errado.
Em abril de 2013, os EUA confirmaram que criaram um programa de $70 milhões na Jordânia "para treinar forças especiais do reino para que identifiquem e neutralizem pontos nos quais haja armas químicas na Síria, para evitar que, no caso de queda do regime, aquelas armas não caiam em mãos dos rebeldes errados" - como se leu em The Economist. Naquele mesmo mês, o governo Obama também prometeu duplicar a ajuda não letal à oposição síria, elevando o total para $250 milhões.
Em setembro de 2014, o presidente Obama dos EUA prometeu ajuda adicional demeio bilhão de dólares para a guerra contra o terror na Síria. O problema é que os agentes ditos "moderados" nunca se deram o trabalho de informar os EUA que não eram exatamente meninos de recados dos EUA, que eram, de fato, afiliados do Estado Islâmico. Mais uma vez não é conspiracionismo: há fatos, e fatos fartamentedocumentados.
"Detalhes que vazariam sugerem que o ISIS e a grande 'avançada' no Iraque - e em menor volume também na vizinha Síria - estão sendo modelados e controlados de Langley, Virginia, e de outros postos da CIA e do Pentágono em outros pontos, como estágio seguinte do processo de implantar o caos no Iraque, segundo maior produtor mundial de petróleo, e também para minar esforços recentes do governo sírio para estabilizar a região," escreveu William Engdhal, analista destacado, em coluna assinada em RT, dia 24/6/2014.
O Estado Islâmico não é acaso nem acidente: foi arquitetado, ajudado, treinado e posto a operar sob ordens e autoridade dos EUA, para invadir, ocupar e explorar o Oriente Médio, ao mesmo tempo em que os EUA mantêm o discurso sobre 'libertar' povos e 'construir' democracias.*****
[1] Catherine Shakdam é analista política, escritora e comentarista de questões do Oriente Médio, com especial atenção aos movimentos radicais e ao Iêmen. Tem artigos em publicações em todo o mundo, dentre as quais Foreign Policy Journal, Mintpress News, o Guardian, Your Middle East,Middle East Monitor, Middle East Eye, Open Democracy, Eurasia Review e muitas outras. Analista sempre consultada pela RT, também contribui com suas análises para as redes Etejah TV, IRIB radio,Press TV e NewsMax TV. É analista sênior do Centro de Estudos do Oriente Médio de Beirute e consultora da empresa Anderson Consulting; em 2015, seus trabalhos sobre o Iêmen foram usados pelo Conselho de Segurança da ONU.
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