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Terceira intifada palestina: a quem interessa essa classificação?

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Mensagem por Vitor mango Sex Out 16, 2015 1:59 pm

Terceira intifada palestina: a quem interessa essa classificação?
Moara Crivelente | Lisboa - 12/10/2015 - 18h42
“Levantes fortalecem unidade palestina, mas com alto custo humano, o que está em jogo com nova onda de violência?”, questiona especialista
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Os palestinos rebelam-se contra a ocupação israelense dos seus territórios e das suas vidas cotidianamente. Entretanto, nos últimos dias, uma escalada intensificou a violência dos confrontos diários e a Palestina volta ao noticiário internacional em meio uma pergunta que não quer calar: já chegamos à terceira intifada – o levante popular contra a ocupação? Mas, a quem serve a indagação e qual é o seu conteúdo?

A intifada palestina é a resposta vigorosa à persistência da opressão sistemática promovida pelo regime israelense. Desde 2014, após o descarrilamento de mais um período vazio de negociações diplomáticas, a situação na Palestina ocupada tem deteriorado, o que se evidencia pelos confrontos cada vez mais fatais e que demanda a reflexão sobre a persistência da ocupação.

EFE
Terceira intifada palestina: a quem interessa essa classificação? Beitomar
Palestinos na cidade de Beit Omar, situada na Cisjordânia ocupada ilegalmente por Israel


Na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Mahmoud Abbas deu expressão formal ao crescente descontentamento dos palestinos com o inócuo “processo de paz”, visto por muitos como uma tentativa dos aliados de Israel de liquidar a resistência. Desde o início dos anos 1990, a série de conversações e acordos pretensamente provisórios enraizou a ocupação israelense na Palestina. Por isso, Abbas disse que poderia se avizinhar o momento em que os palestinos denunciariam acordos que apenas um lado tem cumprido.

No centro deste debate está a chamada “coordenação securitária” com Israel, ou seja, a articulação entre as forças de segurança israelenses e palestinas no controle dos territórios ocupados e divididos em zonas de atuação pelos Acordos de Oslo dos anos 1990. Em março, o Comitê Central da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) votou, diante da escalada da violência nos territórios ocupados, tanto pela suspensão da coordenação securitária quanto pelo boicote aos produtos israelenses. “Israel, a potência ocupante na Palestina, deve assumir as suas responsabilidades de acordo com suas obrigações sob o direito internacional,” afirmava o órgão em comunicado.

A decisão da OLP justificou-se pelo “não cumprimento sistemático e contínuo por Israel das suas obrigações a partir de acordos assinados, inclusive suas batidas militares diárias no Estado da Palestina e ataques contra os nossos civis e propriedades”, e pela “negação sistemática do direito palestino à autodeterminação”, mas ainda não foi implementada na prática. Isso porque os palestinos sofrem considerável pressão dos “países doadores”, principalmente os Estados Unidos. Mas, a especulação sobre uma possível intifada é persistente e a resposta de Israel é engalfinhar-se com os palestinos para salvar a ocupação.

EFE
Terceira intifada palestina: a quem interessa essa classificação? Nablus3
Manifestantes palestinos atiram pedras contra policiais em Nablus, Cisjordânia


O levante diário da resistência palestina

As revoltas nacionais contra a colonização são históricas e remetem à década de 1930. O marxista palestino Ghassan Kanafani e diversos outros, com foco na luta de classes e na resistência à colonização, já avaliavam a articulação do seu povo na contestação desse processo. Retornando, então, aos movimentos contemporâneos de resistência popular, organizada ou não, com pedras, armas ou diplomacia, as intifadas palestinas são diárias.

Cada vez mais renomados atores da “diplomacia” israelense, e também estadunidense, defendem uma “estratégia de segurança” - contra os palestinos – segundo a qual é preciso “manter o status quo”. Algumas das formas de dissuadir os palestinos são práticas evidentes de “punição coletiva”, reconhecidas como crimes de guerra. Para justificá-las, a liderança israelense usa tanto ataques de palestinos exasperados contra colonos e soldados – com diversos casos de investidas com facas que resultaram em ao menos quatro mortes entre israelenses neste mês – quanto manifestações à base de pedras e coquetéis molotov contra veículos blindados.

Na primeira intifada, que eclodiu com propósitos não violentos em 1987 e durou seis anos, cerca de dois mil palestinos e 160 israelenses morreram. Na segunda, que eclodiu em 2000, mais de 3.300 palestinos e mil israelenses morreram, enquanto as autoridades da ocupação intensificavam a brutalidade – com punições coletivas e as táticas de “quebrar ossos” para a repressão.

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As ações dos palestinos são taxadas de “terroristas” e seus corpos são perfurados pelas “medidas de segurança” israelenses. Entre 1º e 10 de outubro de 2015, segundo a organização palestina Al-Haq, 20 palestinos entre 12 e 23 anos foram mortos (veja a lista a seguir) e quatro lares foram demolidos pelas forças israelenses como “medida punitiva”. Já neste sábado (11/10), um ataque aéreo israelense que matou uma mulher grávida e sua filha de três anos, assim como os disparos contra manifestantes na fronteira bloqueada de Gaza, somaram tensão ao clima.

Na última terça-feira (06/10), o Comitê Central da OLP voltou a se reunir e condenou o empenho da liderança israelense em elevar as tensões. A liderança palestina denunciou os esforços pela judaização de Jerusalém, as tentativas de separar os palestinos muçulmanos de seus locais sagrados na cidade antiga – como a mesquita Al-Aqsa – e as atividades de colonização. Por isso, o Comitê instou os palestinos a trabalharem pela unidade nacional e pela reconciliação política, prevendo uma reunião com a participação do Hamas e da Jihad Islâmica, rompidos com a organização.

Enquanto se publicam análises sobre uma iminente terceira intifada, a conta da ocupação se acumula, não só para os palestinos, como também para os israelenses. É preciso lembrar o que os levantes significaram - fortalecendo a unidade nacional e sua expressão política, mas também combatidos com elevadíssimos custos humanos - e expor a resposta israelense para contê-los, o que inclui medidas práticas de repressão e demagógicas de mobilização nacional, além da transferência da responsabilidade para a Autoridade Palestina, acusada de "incitação".

Em um vídeo divulgado pela organização israelense B'Tselem, soldados escoltam colonos que se preparam para agredir palestinos. No vídeo abaixo, de abril, os soldados detêm Maher Abu Haya, menor de idade, em Hebron, acusando-o de jogar pedras ou de poder identificar quem o fez. O governo acaba de aprovar mais uma medida repressiva que vai impor sentenças mínimas aos palestinos acusados, muitas vezes arbitrariamente, de atirar pedras contra suas tropas. Os soldados também deverão poder usar munições letais para conter protestos, além dos rifles de calibre .22 e outros equipamentos que já têm tirado vidas.



Condenação crescente

Na sexta-feira (09/10), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, assim como diversos outros países, “exortou” Israel “a cumprir seus deveres de velar pela incolumidade física da população palestina sob sua ocupação, nos termos do direito internacional e das resoluções das Nações Unidas”.

A França, por sua vez, deve submeter uma resolução ao Conselho de Segurança das Nações Unidas contra a construção de habitações nas colônias ilegais, enquanto a extrema-direita pressiona o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a expandi-las.

Netanyahu suspendeu a construção de 538 casas, segundo o diário Haaretz, e rejeitou a recomendação da polícia para "enclausurar" a Cisjordânia, temendo os sinais de deterioração acelerada das suas relações com aliados. Enquanto isso, a liderança sionista e analistas na mídia questionam, nestes termos, se “a onda terrorista dos palestinos" já é a terceira intifada e avaliam a mobilização para se certificar de que ainda não vivem esta situação. Mas a resposta seria que a ocupação, a depender do posicionamento mundial, poderá estar com seus dias contados.

(*) Moara Crivelente é cientista política, jornalista, doutoranda em Política Internacional e Resolução de Conflitos e membro do Cebrapaz, onde assessora a presidência do Conselho Mundial da Paz

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