Iskra---seixas
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Iskra---seixas
duas ou três coisas
Iskra
Posted: 02 Nov 2016 01:41 AM PDT
À margem de um encontro internacional, fui um dia apresentado à mulher do então ministro sueco do Comércio, Leif Pagrotsky. Sabendo-me português, dirigiu-se a mim num espanhol com ressonância latino-americana. Tal como o seu marido, era muito pequena de estatura e também muito morena, num contraste evidente com o estereótipo da sueca. Explicou-me ser de origem uruguaia e chamar-se Iskra. Não consegui conter a curiosidade e perguntei-lhe, um tanto a medo: "O seu nome tem alguma coisa a ver com um jornal?...". Ela sorriu, surpreendida: "Conhece o Iskra?" Confirmei que, como alguém com passado marxista, não me era estanho o nome do "Iskra", um jornal editado por Lenine. A simpática uruguaia-sueca, arquiteta de profissão, revelou-me que a sua mãe, comunista uruguaia e devota de Stalin, decidira dar-lhe esse incomum nome.
Iskra |
Iskra
Posted: 02 Nov 2016 01:41 AM PDT
À margem de um encontro internacional, fui um dia apresentado à mulher do então ministro sueco do Comércio, Leif Pagrotsky. Sabendo-me português, dirigiu-se a mim num espanhol com ressonância latino-americana. Tal como o seu marido, era muito pequena de estatura e também muito morena, num contraste evidente com o estereótipo da sueca. Explicou-me ser de origem uruguaia e chamar-se Iskra. Não consegui conter a curiosidade e perguntei-lhe, um tanto a medo: "O seu nome tem alguma coisa a ver com um jornal?...". Ela sorriu, surpreendida: "Conhece o Iskra?" Confirmei que, como alguém com passado marxista, não me era estanho o nome do "Iskra", um jornal editado por Lenine. A simpática uruguaia-sueca, arquiteta de profissão, revelou-me que a sua mãe, comunista uruguaia e devota de Stalin, decidira dar-lhe esse incomum nome.
O jornal Iskra, publicado na clandestinidade, teve uma existência breve, nos primeiros anos do século XX. A palavra "iskra", em russo, significa "centelha" ou "faúlha" e o lema do jornal era "da centelha surgirá a chama", simbolizando a propagação da ideia revolucionária.
Lembrei-me do Iskra há horas, na RTP, antes de entrar no ar para uma conversa com Ana Lourenço, ao ver imagens da agitação que abala Marrocos.
Há seis anos, um vendedor de fruta tunisino Mohamed Bouazizi foi morto pela polícia. Começou aí a "primavera árabe" que levou à deposição do ditador Ben Ali e ao sucesso da democracia no país. Ele foi a "iskra" que espoletou todo o movimento.
Agora, num cenário político diverso, mas nem por isso sem algumas similaridades óbvias, um vendedor de peixe marroquino está a suscitar ondas de protesto no nosso segundo vizinho mais próximo (embora, em linha direta, a distância de Rabat a Lisboa seja menor do que a que separa as capitais portuguesa e espanhola).
Poderá este incidente ser a "iskra" para um movimento de natureza idêntica? E há a certeza de que o resultado de uma mudança política em Marrocos se fará no sentido do reforço da experiência democrática que por lá hoje vigora? Quando se lança o fogo numa pradaria, nunca se sabe para que lado acabará por soprar o vento.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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