Porque Portugal nunca mudou a sua capital para os Açores, visto que é muito melhor em termos defensivos?
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Porque Portugal nunca mudou a sua capital para os Açores, visto que é muito melhor em termos defensivos?
Porque Portugal nunca mudou a sua capital para os Açores, visto que é muito melhor em termos defensivos?
Jose Mendes, mora em Portugal
Atualizado em 14 de setembro
Durante a II Guerra Mundial existiu um plano de contingência que, perante uma eventual invasão da Península Ibérica pelas tropas alemãs, previa a retirada do governo português para os Açores.
O plano tinha sido proposto pelos ingleses, que prometiam a proteção do arquipélago em troca da utilização como base inglesa. A proposta foi rejeitada por Salazar que preferiu apostar na diplomacia para manter a neutralidade.
A utilização do arquipélago como base militar acabaria entretanto por acontecer mais tarde, com a entrada dos norte-americanos na guerra. Todavia Salazar não a cedeu aos americanos, mas sim aos ingleses, que por sua vez deixavam que os aviões dos EUA utilizassem a base. Só depois da guerra é que os norte-americanos tiveram uma base nos Açores.
Se a invasão de Portugal foi um risco que não se verificou na II Guerra Mundial, já durante a Invasões Francesas houve mesmo ocupação do território forçando o poder político a instalar-se no Brasil. De resto, com Espanha, o último conflito ocorreu em 1712, quando o governo português apoiou uma das facções da Guerra de Sucessão Espanhola, e não ameaçou a integridade territorial portuguesa.
Ainda durante a ditadura, chegou a ser proposto por alguns grupos de defesa do Império Colonial, a transferência da capital portuguesa para Luanda, mas a proposta nunca foi levada a sério pelo regime.
Relativamente à ideia de uma ilha ser mais facilmente defendida, depende muito das circunstâncias e da dimensão da ilha. Tendo em conta que durante a II Guerra Mundial era extremamente perigoso navegar no Atlântico, por causa dos submarinos alemães, o arquipélago dos Açores pela tamanho relativamente pequeno das suas ilhas e pela distância entre elas, ficava muito dependente do aprovisionamento aéreo, o que colocava o governo português nas mãos dos ingleses.
Também é preciso ter em conta que na altura as redes de comunicações e energia eram difíceis, e estavam sobretudo concentradas nas capitais, pelo que não é difícil imaginar que um território tão isolado não teria condições para ser sede de um governo que pretendia ser imperial…
ATUALIZAÇÃO:
Depois de ter escrito esta resposta descobri que a cidade de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores foi capital de Portugal em duas ocasiões:
- A primeira foi durante o reinado de D. António, Prior do Crato (de 5 de agosto de 1580 a 5 de agosto de 1582), em plena crise de sucessão dinástica portuguesa que acabou por levar ao domínio espanhol. Angra do Heroísmo foi uma capital legítima apenas por um breve período. Com efeito, desde 16 de abril de 1581 que as Cortes de Tomar (uma espécie de Parlamento) tinham reconhecido Filipe II de Espanha como rei de Portugal, ficando a rebelião do Prior do Crato circunscrita ao arquipélago dos Açores até ser completamente debelada em 1583;
- A segunda foi de 15 de março 1830 a 7 de março de 1832, durante a Guerra Civil entre Absolutistas e Liberais, quando foi ali instalada a Junta Provisória em nome da rainha D. Maria II de Portugal.
Portugal teve, ao longo da sua história, cinco capitais: Guimarães, Coimbra, Lisboa, Rio de Janeiro e Angra do Heroísmo.
Madrid foi capital da União Ibérica (Portugal não existia como Estado), pelo que não faz sentido inclui-la na lista das capitais portuguesas.
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Jose Mendes, mora em Portugal
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Durante a II Guerra Mundial existiu um plano de contingência que, perante uma eventual invasão da Península Ibérica pelas tropas alemãs, previa a retirada do governo português para os Açores.
O plano tinha sido proposto pelos ingleses, que prometiam a proteção do arquipélago em troca da utilização como base inglesa. A proposta foi rejeitada por Salazar que preferiu apostar na diplomacia para manter a neutralidade.
A utilização do arquipélago como base militar acabaria entretanto por acontecer mais tarde, com a entrada dos norte-americanos na guerra. Todavia Salazar não a cedeu aos americanos, mas sim aos ingleses, que por sua vez deixavam que os aviões dos EUA utilizassem a base. Só depois da guerra é que os norte-americanos tiveram uma base nos Açores.
Se a invasão de Portugal foi um risco que não se verificou na II Guerra Mundial, já durante a Invasões Francesas houve mesmo ocupação do território forçando o poder político a instalar-se no Brasil. De resto, com Espanha, o último conflito ocorreu em 1712, quando o governo português apoiou uma das facções da Guerra de Sucessão Espanhola, e não ameaçou a integridade territorial portuguesa.
Ainda durante a ditadura, chegou a ser proposto por alguns grupos de defesa do Império Colonial, a transferência da capital portuguesa para Luanda, mas a proposta nunca foi levada a sério pelo regime.
Relativamente à ideia de uma ilha ser mais facilmente defendida, depende muito das circunstâncias e da dimensão da ilha. Tendo em conta que durante a II Guerra Mundial era extremamente perigoso navegar no Atlântico, por causa dos submarinos alemães, o arquipélago dos Açores pela tamanho relativamente pequeno das suas ilhas e pela distância entre elas, ficava muito dependente do aprovisionamento aéreo, o que colocava o governo português nas mãos dos ingleses.
Também é preciso ter em conta que na altura as redes de comunicações e energia eram difíceis, e estavam sobretudo concentradas nas capitais, pelo que não é difícil imaginar que um território tão isolado não teria condições para ser sede de um governo que pretendia ser imperial…
ATUALIZAÇÃO:
Depois de ter escrito esta resposta descobri que a cidade de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores foi capital de Portugal em duas ocasiões:
- A primeira foi durante o reinado de D. António, Prior do Crato (de 5 de agosto de 1580 a 5 de agosto de 1582), em plena crise de sucessão dinástica portuguesa que acabou por levar ao domínio espanhol. Angra do Heroísmo foi uma capital legítima apenas por um breve período. Com efeito, desde 16 de abril de 1581 que as Cortes de Tomar (uma espécie de Parlamento) tinham reconhecido Filipe II de Espanha como rei de Portugal, ficando a rebelião do Prior do Crato circunscrita ao arquipélago dos Açores até ser completamente debelada em 1583;
- A segunda foi de 15 de março 1830 a 7 de março de 1832, durante a Guerra Civil entre Absolutistas e Liberais, quando foi ali instalada a Junta Provisória em nome da rainha D. Maria II de Portugal.
Portugal teve, ao longo da sua história, cinco capitais: Guimarães, Coimbra, Lisboa, Rio de Janeiro e Angra do Heroísmo.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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