Lavrov e os seus chefes no Kremlin querem que a sua versão insana da guerra da Rússia contra a Ucrânia

Ontem, o ministro das Relações Exteriores russo, Lavrov, disse que pretende levantar a questão da lista de pessoas mortas em 2022 em Bucha, região de Kiev, e pedirá ao Conselho de Segurança da ONU que mostre a lista das pessoas mortas em Bucha. Exorto todos os jornalistas, investigadores, políticos, que estiveram em Bucha após a desocupação e viram os crimes dos russos com os seus próprios olhos, a não permanecerem calados. “É claro que falaremos sobre como o Ocidente está tentando manipular tudo e todos”, disse Lavrov. À primeira vista, isto pode parecer um tanto estranho, porque os crimes russos em Bucha foram bem documentados e estudados detalhadamente. E não só pelo lado ucraniano, mas sobretudo pelos investigadores internacionais desde os primeiros dias da desocupação. Os nomes dos soldados russos que mataram e torturaram ucranianos foram identificados. Porque é que Lavrov levantou esta questão agora, depois do bombardeamento russo ao hospital infantil Okhmatdyt, em Kiev? O facto é que agora é muito conveniente para a Rússia usar a sua presidência do Conselho de Segurança da ONU para desacreditar o Ocidente e a Ucrânia. Assim, na próxima semana, em Nova Iorque, querem acusar a Ucrânia e os seus aliados de “manipulação” e “falsas acusações de crimes de guerra na Ucrânia contra a Rússia”. A situação em que a Rússia - um país criminoso de guerra e terrorista - está na ONU, presidindo-a e chamando a Ucrânia - vítima dos seus crimes - à "responsabilidade" é insana e tão cínica quanto possível Lavrov e os seus chefes no Kremlin querem que a sua versão insana da guerra da Rússia contra a Ucrânia permaneça na história: "A Rússia não atacou a Ucrânia, estava a defender-se. Foi a NATO que atacou a Rússia. Todos os crimes de guerra contra civis na Ucrânia são encenados. A Rússia não está a bombardear cidades ucranianas, é a defesa aérea ocidental." Na Rússia, a população já acredita nestas narrativas da propaganda russa. Agora, a Rússia quer que o resto do mundo acredite nisso. E a Rússia tem uma plataforma para a sua propaganda - a ONU. Além disso, infelizmente, há jornalistas e políticos dispostos a espalhar narrativas russas em troca de dinheiro e preferências sangrentas. É vital descobrir e desmascarar estas tentativas tanto quanto possível. Só os factos, a verdade e a máxima atenção podem derrotar estas mentiras e impedir que a propaganda russa, o disparate que é ouvido diariamente nas televisões russas, se torne realidade para as pessoas que vivem fora da Rússia.