[b]A ÍNDIA E O PAQUISTÃO by Mario Soares
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[b]A ÍNDIA E O PAQUISTÃO by Mario Soares
A ÍNDIA E O PAQUISTÃO
Mário Soares
1. A operação de comandos, vindos do mar, que atacou selvaticamente dois hospitais, o bairro judeu e dois dos mais emblemáticos hotéis de Bombaim, espalhou o terror, sobretudo pela parte mais rica e turística, nas ruas da cidade, capital económica da Índia, deixando atrás de si um rasto de quase 200 mortos e 300 feridos e a devastação, ao longo dos três dias finais de Novembro último, impressionou o mundo. Pela sua organização, eficácia, terrível inutilidade e pela emoção que provocou.
O terrorismo islâmico imbuído de fanatismo religioso, com objectivos políticos, nem sempre claros, ataca agora em duas frentes: no Ocidente (América, Europa Ocidental, Turquia, Marrocos) mas também a Oriente (Indonésia, Índia), ainda que em pontos com inúmeros turistas ocidentais, como foi agora o caso.
Parece óbvio que os comandos que actuaram em Bombaim, com enorme precisão e sangue frio, estão, pelo menos, relacionados com a Al-Qaeda e com os talibãs (de regresso ao Afeganistão) e foram treinados, não se sabe bem por quem, muito provavelmente no Paquistão, país problemático por excelência, principalmente após a retirada de Musharraf e o assassínio da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.
Com efeito, o inevitável aumento das tensões entre o Paquistão e a Índia - em conflito latente, praticamente, desde as respectivas independências - provocando talvez a deslocação de fortes contingentes militares, para os dois lados da fronteira que lhes é comum, pode ajudar a desviar as atenções para o que se passa na outra misteriosa fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Porquê?
Para facilitar, justamente, o regresso dos talibãs ao Paquistão e tornar cada vez mais impossível - e perigosa - a presença militar da NATO no Afeganistão, um erro colossal da Administração Bush e dos Governos europeus, que denunciei, oportunamente, quando ocorreu, e que se tem vindo a agravar todos os dias. Não faz, com efeito, qualquer sentido que uma organização militar defensiva, como a NATO, criada, em 1949, para conter a expansão do comunismo, em começos da "guerra fria", quando o universo comunista alastrava à Europa Oriental - e as duas Europas estavam separadas pela "cortina de ferro" - se tenha convertido numa organização ofensiva contra o Afeganistão e o chamado "terrorismo islâmico", fora das fronteiras europeias e bem longe do Atlântico.
Resultado: quando a América de Obama - e as forças militares americanas - se prepara para sair do Iraque, no prazo de 16 meses, com aplauso geral, a NATO está a afundar-se todos os dias no Afeganistão, país complexo e altivo, que sempre conseguiu expulsar os seus invasores: dos britânicos aos russos, como os americanos - e especialmente a CIA - muito bem sabem. A situação, que já é muito grave, tende a tornar-se explosiva. Em consequência, a NATO e os contingentes nacionais que a integram têm que encontrar uma saída. Quanto mais depressa, melhor.
Repare-se, contudo, que o assalto terrorista a Bombaim deu-se quando os ministros dos Negócios Estrangeiros do Paquistão e da Índia estavam a negociar em Nova Deli o reforço da cooperação e o desanuviamento entre os dois países. Ora, ambos são detentores de armamento atómico, como se sabe, o que só agrava a situação.
Realmente, num mundo tão complexo e inseguro, como aquele em que vivemos, só nos faltava que neste triângulo tão perigoso da Índia, Paquistão e Afeganistão e com tantas implicações internacionais o conflito entre a Índia e o Paquistão se exacerbasse, ganhando uma nova dimensão. Esperemos que não...
2. O templo hindu de Lisboa, um dos maiores da cidade, resolveu promover no sábado último uma cerimónia ecuménica religiosa à memória das vítimas inocentes de Bombaim. Foi uma cerimónia emotiva e impressionante, que teve a presença da nova embaixadora da Índia em Lisboa e que contou com uma representação equilibrada das outras confissões religiosas que actuam em Portugal: católicos, protestantes evangélicos, judeus, muçulmanos e bahai's. A Comissão da Liberdade Religiosa esteve também representa- da pelo seu antigo presidente, o sr. conselheiro Meneres Pimentel, e o actual, que sou eu. Realmente foi uma cerimónia dominada pelo desejo de paz e pela grande figura espiritual e política de Mahatma Gandhi, o profeta da não violência. No mundo de hoje em que a cultura da violência chega todos os dias a nossas casas, por meio das televisões, das rádios, da Internet e dos jornais, fazer-se o elogio da cultura da paz, da não violência e do diálogo entre as religiões - que no passado foram, tantas vezes, fautoras de guerras - é algo de grande importância pedagógica, que nos reaviva a esperança num mundo melhor. Assim seja , sem fanatismos destrutivos e com o contributo de todas as religiões, abertas ao diálogo e que vivem e actuam em Estados de direito laicos, como são exemplo a Índia e Portugal...
Mário Soares
1. A operação de comandos, vindos do mar, que atacou selvaticamente dois hospitais, o bairro judeu e dois dos mais emblemáticos hotéis de Bombaim, espalhou o terror, sobretudo pela parte mais rica e turística, nas ruas da cidade, capital económica da Índia, deixando atrás de si um rasto de quase 200 mortos e 300 feridos e a devastação, ao longo dos três dias finais de Novembro último, impressionou o mundo. Pela sua organização, eficácia, terrível inutilidade e pela emoção que provocou.
O terrorismo islâmico imbuído de fanatismo religioso, com objectivos políticos, nem sempre claros, ataca agora em duas frentes: no Ocidente (América, Europa Ocidental, Turquia, Marrocos) mas também a Oriente (Indonésia, Índia), ainda que em pontos com inúmeros turistas ocidentais, como foi agora o caso.
Parece óbvio que os comandos que actuaram em Bombaim, com enorme precisão e sangue frio, estão, pelo menos, relacionados com a Al-Qaeda e com os talibãs (de regresso ao Afeganistão) e foram treinados, não se sabe bem por quem, muito provavelmente no Paquistão, país problemático por excelência, principalmente após a retirada de Musharraf e o assassínio da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.
Com efeito, o inevitável aumento das tensões entre o Paquistão e a Índia - em conflito latente, praticamente, desde as respectivas independências - provocando talvez a deslocação de fortes contingentes militares, para os dois lados da fronteira que lhes é comum, pode ajudar a desviar as atenções para o que se passa na outra misteriosa fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Porquê?
Para facilitar, justamente, o regresso dos talibãs ao Paquistão e tornar cada vez mais impossível - e perigosa - a presença militar da NATO no Afeganistão, um erro colossal da Administração Bush e dos Governos europeus, que denunciei, oportunamente, quando ocorreu, e que se tem vindo a agravar todos os dias. Não faz, com efeito, qualquer sentido que uma organização militar defensiva, como a NATO, criada, em 1949, para conter a expansão do comunismo, em começos da "guerra fria", quando o universo comunista alastrava à Europa Oriental - e as duas Europas estavam separadas pela "cortina de ferro" - se tenha convertido numa organização ofensiva contra o Afeganistão e o chamado "terrorismo islâmico", fora das fronteiras europeias e bem longe do Atlântico.
Resultado: quando a América de Obama - e as forças militares americanas - se prepara para sair do Iraque, no prazo de 16 meses, com aplauso geral, a NATO está a afundar-se todos os dias no Afeganistão, país complexo e altivo, que sempre conseguiu expulsar os seus invasores: dos britânicos aos russos, como os americanos - e especialmente a CIA - muito bem sabem. A situação, que já é muito grave, tende a tornar-se explosiva. Em consequência, a NATO e os contingentes nacionais que a integram têm que encontrar uma saída. Quanto mais depressa, melhor.
Repare-se, contudo, que o assalto terrorista a Bombaim deu-se quando os ministros dos Negócios Estrangeiros do Paquistão e da Índia estavam a negociar em Nova Deli o reforço da cooperação e o desanuviamento entre os dois países. Ora, ambos são detentores de armamento atómico, como se sabe, o que só agrava a situação.
Realmente, num mundo tão complexo e inseguro, como aquele em que vivemos, só nos faltava que neste triângulo tão perigoso da Índia, Paquistão e Afeganistão e com tantas implicações internacionais o conflito entre a Índia e o Paquistão se exacerbasse, ganhando uma nova dimensão. Esperemos que não...
2. O templo hindu de Lisboa, um dos maiores da cidade, resolveu promover no sábado último uma cerimónia ecuménica religiosa à memória das vítimas inocentes de Bombaim. Foi uma cerimónia emotiva e impressionante, que teve a presença da nova embaixadora da Índia em Lisboa e que contou com uma representação equilibrada das outras confissões religiosas que actuam em Portugal: católicos, protestantes evangélicos, judeus, muçulmanos e bahai's. A Comissão da Liberdade Religiosa esteve também representa- da pelo seu antigo presidente, o sr. conselheiro Meneres Pimentel, e o actual, que sou eu. Realmente foi uma cerimónia dominada pelo desejo de paz e pela grande figura espiritual e política de Mahatma Gandhi, o profeta da não violência. No mundo de hoje em que a cultura da violência chega todos os dias a nossas casas, por meio das televisões, das rádios, da Internet e dos jornais, fazer-se o elogio da cultura da paz, da não violência e do diálogo entre as religiões - que no passado foram, tantas vezes, fautoras de guerras - é algo de grande importância pedagógica, que nos reaviva a esperança num mundo melhor. Assim seja , sem fanatismos destrutivos e com o contributo de todas as religiões, abertas ao diálogo e que vivem e actuam em Estados de direito laicos, como são exemplo a Índia e Portugal...
Vitor mango- Pontos : 118178
Re: [b]A ÍNDIA E O PAQUISTÃO by Mario Soares
No mundo de hoje em que a cultura da violência chega todos os dias a nossas casas, por meio das televisões, das rádios, da Internet e dos jornais, fazer-se o elogio da cultura da paz, da não violência e do diálogo entre as religiões - que no passado foram, tantas vezes, fautoras de guerras - é algo de grande importância pedagógica, que nos reaviva a esperança num mundo melhor. Assim seja , sem fanatismos destrutivos e com o contributo de todas as religiões, abertas ao diálogo e que vivem e actuam em Estados de direito laicos, como são exemplo a Índia e Portugal...
Vitor mango- Pontos : 118178
Re: [b]A ÍNDIA E O PAQUISTÃO by Mario Soares
Para facilitar, justamente, o regresso dos talibãs ao Paquistão e tornar cada vez mais impossível - e perigosa - a presença militar da NATO no Afeganistão, um erro colossal da Administração Bush e dos Governos europeus, que denunciei, oportunamente, quando ocorreu, e que se tem vindo a agravar todos os dias.
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