Recessim, recenão
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Recessim, recenão
Recessim, recenão
psg@mediafin.pt - Jornal de Negócios
Sócrates disse-o três vezes mas podia tê-lo dito três mil: emprego, emprego, emprego. É a preocupação, ou o pavor, da Europa, que hoje se reúne no estertor da presidência francesa da União Europeia. O que podemos esperar dela é menos importante do que podemos esperar de nós próprios. Se for como até aqui, mais vale dizer a Durão Barroso que aprenda com José Sócrates.
A espécie de "Plano Barroso" contra a crise, que de plano não tinha nada, está já no caixote para onde vão as ideias vagas e ambíguas. Se a Europa continuar hoje a produzir vacuidades, mais vale devolver o assunto aos governos nacionais e passar à próxima presidência, a checa, à qual se levantam aliás vários sobrolhos. Não por ser a presidência de um país estreante, mas porque a Europa vai ser nos próximos seis meses presidida por um assumido euro-céptico, que conduzirá o porta-aviões numa altura de intenso debate económico, de análise do papel do FMI, de regulação económica, de representatividade europeia, de objectivos ambientais.
Em Portugal, parece estar finalmente terminado o intervalo bufo da ópera em que se produziram as mais fascinantes análises a como se qualifica uma variação trimestral do PIB de -0,1%. Dê-se-lhe o nome que der, o que aí vem é contracção da economia, mais desemprego, mais falências. O que fazer, então?
Na gestão desta crise, o Governo português está entre os hiperactivos. Tem lançado planos, medidas e pro gramas todas as semanas, res pon dendo à medida das cambiantes de uma crise de evolução indecifrável.
À entrada no Verão, a preocupação era o orçamento das famílias (e do sector transportador), com o aumento do preço do petróleo, das matérias-primas e das taxas de juro. O Governo baixou o IVA, criou a 13ª prestação do abono de família, aumentou abonos, deduções à colecta com despesas de habitação, etc. Depois do Verão, a crise evoluiu para o sector financeiro, socorrido com capital e com garantias do Estado. Chegou depois às empresas, acudidas com linhas de crédito, ajudas directas e direccionadas, fundos públicos e a promessa (ainda por cumprir) de o Estado pagar as suas dívidas. Agora, as próximas vítimas são os novos desempregados e, não haja dúvidas, haverá camiões de intenções e de dinheiro para eles.
Em tudo isto, manteve-se a tónica no investimento público, embora suportado por privados, isto é, financiado por estrangeiros. Sócrates ganhou entretanto um aliado nessa política, que recebeu esta semana na Suécia o Nobel da economia. Paul Krugman, defensor de uma política fiscal expansionista, escreveu há dias no "El País" que "construir estradas e desenvolver novas tecnologias fará mais rica a União Europeia a longo prazo".
Talvez Durão Barroso leia Krugman ou ouça a sua intervenção na Suécia. O presidente da Comissão tem a seu lado um presidente Sarkozy cheio de popularidade no seu país pelas medidas proteccionistas com que tem atacado os efeitos da crise. E um primeiro-ministro português que um dia também se inspirou num sueco e disse que o segredo era "stick to the plan". É o que tem feito: manter o seu plano. O primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto...
psg@mediafin.pt - Jornal de Negócios
Sócrates disse-o três vezes mas podia tê-lo dito três mil: emprego, emprego, emprego. É a preocupação, ou o pavor, da Europa, que hoje se reúne no estertor da presidência francesa da União Europeia. O que podemos esperar dela é menos importante do que podemos esperar de nós próprios. Se for como até aqui, mais vale dizer a Durão Barroso que aprenda com José Sócrates.
A espécie de "Plano Barroso" contra a crise, que de plano não tinha nada, está já no caixote para onde vão as ideias vagas e ambíguas. Se a Europa continuar hoje a produzir vacuidades, mais vale devolver o assunto aos governos nacionais e passar à próxima presidência, a checa, à qual se levantam aliás vários sobrolhos. Não por ser a presidência de um país estreante, mas porque a Europa vai ser nos próximos seis meses presidida por um assumido euro-céptico, que conduzirá o porta-aviões numa altura de intenso debate económico, de análise do papel do FMI, de regulação económica, de representatividade europeia, de objectivos ambientais.
Em Portugal, parece estar finalmente terminado o intervalo bufo da ópera em que se produziram as mais fascinantes análises a como se qualifica uma variação trimestral do PIB de -0,1%. Dê-se-lhe o nome que der, o que aí vem é contracção da economia, mais desemprego, mais falências. O que fazer, então?
Na gestão desta crise, o Governo português está entre os hiperactivos. Tem lançado planos, medidas e pro gramas todas as semanas, res pon dendo à medida das cambiantes de uma crise de evolução indecifrável.
À entrada no Verão, a preocupação era o orçamento das famílias (e do sector transportador), com o aumento do preço do petróleo, das matérias-primas e das taxas de juro. O Governo baixou o IVA, criou a 13ª prestação do abono de família, aumentou abonos, deduções à colecta com despesas de habitação, etc. Depois do Verão, a crise evoluiu para o sector financeiro, socorrido com capital e com garantias do Estado. Chegou depois às empresas, acudidas com linhas de crédito, ajudas directas e direccionadas, fundos públicos e a promessa (ainda por cumprir) de o Estado pagar as suas dívidas. Agora, as próximas vítimas são os novos desempregados e, não haja dúvidas, haverá camiões de intenções e de dinheiro para eles.
Em tudo isto, manteve-se a tónica no investimento público, embora suportado por privados, isto é, financiado por estrangeiros. Sócrates ganhou entretanto um aliado nessa política, que recebeu esta semana na Suécia o Nobel da economia. Paul Krugman, defensor de uma política fiscal expansionista, escreveu há dias no "El País" que "construir estradas e desenvolver novas tecnologias fará mais rica a União Europeia a longo prazo".
Talvez Durão Barroso leia Krugman ou ouça a sua intervenção na Suécia. O presidente da Comissão tem a seu lado um presidente Sarkozy cheio de popularidade no seu país pelas medidas proteccionistas com que tem atacado os efeitos da crise. E um primeiro-ministro português que um dia também se inspirou num sueco e disse que o segredo era "stick to the plan". É o que tem feito: manter o seu plano. O primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto...
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