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Ignorância sem remissão

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Mensagem por O dedo na ferida Seg Jan 19, 2009 5:05 pm

Ignorância sem remissão

António Correia de Campos - DE


O Plano Obama mobiliza 800 milhares de milhões (’billions’) de dólares para estimular a anemia económica actual.

Os recentes artigos de Paul Krugman (NYT, 12 de Janeiro) e de Martin Wolf (FT, reproduzido no DE de 15 de Janeiro), sobre o plano Obama de estímulo à economia são documentos importantes para a luta contra a crise e o pós-crise. São delicados para com as propostas, mas críticos do que consideram as suas insuficiências.

O Plano Obama mobiliza 800 milhares de milhões (‘billions') de dólares para estimular a anemia económica actual. As críticas de Krugman são de dois tipos: quanto a algumas das rubricas e quanto à insuficiente dimensão e duração do plano. As críticas de Wolf são igualmente sobre a dimensão do plano, que considera limitado pelos horizontes domésticos, sobre a duração e sobre a ausência de medidas em relação à correcção dos factores de toxicidade dos activos (o que se chama "desalavancagem"), emagrecimento do sistema financeiro e medidas de redução forte do défice externo dos EUA.

O Plano Obama assenta no investimento público em infra-estruturas, energia e tecnologia (onde é que já vimos isto?) no financiamento extraordinário da saúde e acção social (também já conhecemos a partitura, em matéria de equipamento escolar e de cuidados para idosos), nos apoios estaduais para educação, segurança e protecção civil e finalmente nos cortes fiscais, no IRC das PME (já tocamos a melodia) nos impostos proporcionais a salários (entre nós seria o IRS, com resultados só em 2010, e as contribuições para a Segurança Social, as quais se reduzirão, assim que tivermos o código de trabalho promulgado e publicado). Como vemos andamos todos, os EUA e Portugal, à volta das mesmas medidas.

Krugman claramente discorda dos trezentos biliões (37,5% do Plano) para reduções fiscais. Reconhece o compromisso eleitoral do alívio fiscal da classe média (150 biliões), mas preferiria que esse dinheiro fosse para seguros de saúde. Quanto à redução do IRC lá do sítio, ele sabe, como todos nós, incluindo a desmoralizada direita nacional, que o seu efeito na economia será pequeno; melhor seria utilizar esse dinheiro para subsidiar o desemprego e apoiar o pequeno sector social (Medicaid). Iria direitinho para consumo, logo mais emprego, em vez de ficar na gaveta da poupança.

Martin Wolf entende, e bem, que dada a génese da crise, seria necessário amortizar activos tóxicos (ouro para o bandido) reforçar a recapitalização, e transformar a dívida em futuras acções. Pelo meio fecharia os olhos à falência massiva de famílias insolventes e exigiria a amortização dos créditos hipotecários (os ricos seriam ajudados e a classe média culpada por ser vítima). Se discordamos das receitas de purga dos inocentes, já teremos de concordar com a recomendação de prolongamento do plano para lá do curto prazo, de resto uma recomendação de ambos os comentadores.

Não seria possível ter esta qualidade de comentários se a anunciada administração Obama não tivesse produzido um interessante estudo sobre o impacto das medidas, da autoria de dois gurus da equipa económica, Christina Roemer, futura presidente do Council of Economic Advisers e de Jared Bernstein, futuro vice ‘chief economist' do Presidente eleito. Entre as muitas conclusões estimadas, talvez a mais importante seja o impacte no desemprego: se nada for feito, no quarto trimestre de 2010 o desemprego estará em 8,8%; com o plano, o desemprego pode ficar em 7%, ou seja o seu valor actual.

Seria bom que se fizesse o mesmo entre nós. Um estudo rápido, embora imperfeito (‘quick and dirty')?

Impossível. Se feito pelo Governo ou pelo Banco de Portugal, mesmo que perfeito, seria visto de viés. Se pedido a entidade independente, demoraria muito tempo, correndo o risco de a crítica ignorante o considerar contaminado. Ignorância sem remissão.
O dedo na ferida
O dedo na ferida

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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Ter Jan 20, 2009 12:08 am

DINHEIRO DO ESTADO, IMPOSTOS , NUNCA RESOLVERAM NADA. SAO SIM , A RAIZ DOS PROBLEMAS!!!
RONALDO ALMEIDA
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