Enviado de Obama ao Médio Oriente vai dar "mais equilíbrio" às relações EUA-Israel
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Enviado de Obama ao Médio Oriente vai dar "mais equilíbrio" às relações EUA-Israel
Enviado de Obama ao Médio Oriente vai dar "mais equilíbrio" às relações EUA-Israel
23.01.2009 - 20h21 Margarida Santos Lopes
Da sua experiência como artífice do acordo que ao fim de 800 anos pacificou a Irlanda do Norte, em 1998, George Mitchell ficou com uma certeza: “Não há conflitos irresolúveis”, disse, antes de ser nomeado, ontem, enviado do Presidente Barack Obama ao Médio Oriente. “Poderá levar tempo, mas com uma liderança activa e forte, a paz também será possível” entre israelitas e palestinianos.
“Israel tem um Estado, mas o seu povo vive numa insuportável ansiedade, por isso, a segurança do seu povo é um objectivo primordial”, afirmou o ex-senador norte-americano, de 75 anos, numa recente entrevista ao diário “Jerusalem Post”. “Os palestinianos não têm um estado e querem um, que seja independente, economicamente viável e com contiguidade geográfica; esse é o seu objectivo primordial. Acredito que nenhum deles poderá atingir o seu objectivo se negar os objectivos do outro.”
Mitchell, que já em 2001, a pedido de Bill Clinton, havia delineado o mais completo plano para uma solução de dois estados, tem tudo para ser aceite pelos beligerantes. Se é considerado “um amigo de Israel” desde os seus tempos como líder da maioria democrata no Senado, de 1989 a 1995, os palestinianos também sabem que nas veias lhe corre sangue árabe. A sua mãe é Mary Saad, que emigrou do Líbano para os EUA aos 18 anos, em 1920, e o pai é John Kilroy, um órfão irlandês adoptado por um casal de libaneses residentes no Maine.
Aaron Miller, que trabalhou com Mitchell durante a Administração Clinton e é perito do Woodrow Wilson Centre, afirmou ao “New York Times”: “Pela primeira vez desde James Baker [o secretário de Estado de George H. Bush, que juntou israelitas e árabes na conferência de Madrid em 1991], temos um emissário que é muito justo no modo como avalia as necessidades de israelitas, árabes e palestinianos. A sua nomeação é o sinal de que Obama quer libertar-se da relação exclusiva que temos tido com os israelitas. É a mais clara indicação de que tenciona injectar maior equilíbrio nas relações EUA-Israel.”
De “especial” a “natural”
Essa indicação já tinha sido dada por Brent Scowcroft, que ajudou a moldar a política externa de Bush-pai e, segundo a revista “TIME” (que em 2008 incluiu Mitchell na lista das “100 personalidades mais influentes do mundo”) é um dos conselheiros do sucessor de Bush-filho. Scowcroft recomendou a Obama que a “relação especial” com Israel evolua para uma “relação natural”, para não prejudicar os interesses dos EUA no mundo árabe e muçulmano. Ontem, Obama afirmou: “É tão intolerável o disparo de ‘rockets’ contra israelitas inocentes como um futuro sem esperança para os palestinianos”.
A necessidade de uma mudança foi também expressa, na última edição da revista “Foreign Affairs”, por Walter Russel Mead, “senior fellow” do Council on Foreign Realtions: “No passado, os fazedores da paz americanos tinham uma abordagem Israel-cêntrica ao processo negocial; a Administração Obama tem de pôr a política palestiniana e a opinião pública palestiniana no centro dos seus esforços de promoção da paz. Será quase uma revolução. (...) A relação [dos Estados Unidos] com Israel permanecerá forte; se possível ainda se aprofundará. Mas, apesar da sua fraqueza militar e das suas divisões políticas, os palestinianos detêm a chave para a paz no Médio Oriente. E se os EUA quiserem criar um ambiente mais seguro e estável para Israel, têm de vender a paz aos inimigos de Israel.”
Durante três anos de paciente diplomacia – “700 dias de fracasso e um de sucesso”, segundo a sua descrição –, para tentar conciliar católicos e protestantes na Irlanda do Norte, o “bom ouvinte” Mitchell enfrentou muitos obstáculos.
De início, os unionistas (leais à coroa britânica) nem sequer aceitavam sentar-se à mesa com os republicanos do Sinn Féin, o braço político legal do clandestino IRA. Quando chegou ao fim a sua missão, Gerry Adams e David Trimble (líder do Partido Unionista do Ulster) eram ambos signatários do Acordo de Sexta-Feira Santa. E quem imaginaria que Adams, antigo comandante militar do IRA, faria parte de um governo dirigido pelo reverendo Ian Paisley que antes o renegava como terrorista?
“No, we can’t”
Na Irlanda do Norte, ninguém questionou a imparcialidade do católico maronita Mitchell e a sua perseverança ajudou-o a superar obstáculos, mesmo quando dissidentes tentaram destruir os compromissos assumidos. No Médio Oriente, vai enfrentar uma situação que definiu como “volátil, complexa e perigosa”.
Desde criança, porém, que Mitchell aprendeu a lidar com as dificuldades. “Os meus pais não tinham estudos. A minha mãe trabalhou numa fábrica de têxteis. O meu pai era porteiro numa escola. Mas ambos faziam parte de uma geração de americanos obcecados em dar educação aos seus [cinco] filhos, e todos tiveram formação universitária. Os meus pais eram muito pobres, mas nada nos faltou. Eu andei a distribuir jornais, limpei neve, lavei carros e também fui porteiro.”
A América “é a terra das oportunidades”, reconheceu Mitchell, que depois de se formar em Direito trabalhou para os serviços secretos militares, foi advogado, juiz e senador durante 14 anos, seis dos quais como líder da maioria.
Mitchell recusou um convite de Clinton para o Supremo Tribunal e, na era de George W. Bush, dedicou-se à iniciativa privada – pertenceu à administração da Walt Disney, da FedEx, da Xerox e de outras empresas. Pertenceu depois a uma comissão que ajudou a reabilitar a Major League Baseball de um escândalo de consumo de esteróides.
Nas suas memórias, definiu uma filosofia de vida: “Cada passo em frente é seguido de um passo atrás. É preciso não voar alto de mais nos momentos bons para não cair demasiado nos maus momentos.”
No Médio Oriente, espera-se agora que Mitchell convença israelitas e palestinianos a trocarem o seu lema, “No, we can’t” (segundo Akiva Eldar, colunista do diário “Ha’aretz”), pelo de Barack Obama: “Yes, we can”.
23.01.2009 - 20h21 Margarida Santos Lopes
Da sua experiência como artífice do acordo que ao fim de 800 anos pacificou a Irlanda do Norte, em 1998, George Mitchell ficou com uma certeza: “Não há conflitos irresolúveis”, disse, antes de ser nomeado, ontem, enviado do Presidente Barack Obama ao Médio Oriente. “Poderá levar tempo, mas com uma liderança activa e forte, a paz também será possível” entre israelitas e palestinianos.
“Israel tem um Estado, mas o seu povo vive numa insuportável ansiedade, por isso, a segurança do seu povo é um objectivo primordial”, afirmou o ex-senador norte-americano, de 75 anos, numa recente entrevista ao diário “Jerusalem Post”. “Os palestinianos não têm um estado e querem um, que seja independente, economicamente viável e com contiguidade geográfica; esse é o seu objectivo primordial. Acredito que nenhum deles poderá atingir o seu objectivo se negar os objectivos do outro.”
Mitchell, que já em 2001, a pedido de Bill Clinton, havia delineado o mais completo plano para uma solução de dois estados, tem tudo para ser aceite pelos beligerantes. Se é considerado “um amigo de Israel” desde os seus tempos como líder da maioria democrata no Senado, de 1989 a 1995, os palestinianos também sabem que nas veias lhe corre sangue árabe. A sua mãe é Mary Saad, que emigrou do Líbano para os EUA aos 18 anos, em 1920, e o pai é John Kilroy, um órfão irlandês adoptado por um casal de libaneses residentes no Maine.
Aaron Miller, que trabalhou com Mitchell durante a Administração Clinton e é perito do Woodrow Wilson Centre, afirmou ao “New York Times”: “Pela primeira vez desde James Baker [o secretário de Estado de George H. Bush, que juntou israelitas e árabes na conferência de Madrid em 1991], temos um emissário que é muito justo no modo como avalia as necessidades de israelitas, árabes e palestinianos. A sua nomeação é o sinal de que Obama quer libertar-se da relação exclusiva que temos tido com os israelitas. É a mais clara indicação de que tenciona injectar maior equilíbrio nas relações EUA-Israel.”
De “especial” a “natural”
Essa indicação já tinha sido dada por Brent Scowcroft, que ajudou a moldar a política externa de Bush-pai e, segundo a revista “TIME” (que em 2008 incluiu Mitchell na lista das “100 personalidades mais influentes do mundo”) é um dos conselheiros do sucessor de Bush-filho. Scowcroft recomendou a Obama que a “relação especial” com Israel evolua para uma “relação natural”, para não prejudicar os interesses dos EUA no mundo árabe e muçulmano. Ontem, Obama afirmou: “É tão intolerável o disparo de ‘rockets’ contra israelitas inocentes como um futuro sem esperança para os palestinianos”.
A necessidade de uma mudança foi também expressa, na última edição da revista “Foreign Affairs”, por Walter Russel Mead, “senior fellow” do Council on Foreign Realtions: “No passado, os fazedores da paz americanos tinham uma abordagem Israel-cêntrica ao processo negocial; a Administração Obama tem de pôr a política palestiniana e a opinião pública palestiniana no centro dos seus esforços de promoção da paz. Será quase uma revolução. (...) A relação [dos Estados Unidos] com Israel permanecerá forte; se possível ainda se aprofundará. Mas, apesar da sua fraqueza militar e das suas divisões políticas, os palestinianos detêm a chave para a paz no Médio Oriente. E se os EUA quiserem criar um ambiente mais seguro e estável para Israel, têm de vender a paz aos inimigos de Israel.”
Durante três anos de paciente diplomacia – “700 dias de fracasso e um de sucesso”, segundo a sua descrição –, para tentar conciliar católicos e protestantes na Irlanda do Norte, o “bom ouvinte” Mitchell enfrentou muitos obstáculos.
De início, os unionistas (leais à coroa britânica) nem sequer aceitavam sentar-se à mesa com os republicanos do Sinn Féin, o braço político legal do clandestino IRA. Quando chegou ao fim a sua missão, Gerry Adams e David Trimble (líder do Partido Unionista do Ulster) eram ambos signatários do Acordo de Sexta-Feira Santa. E quem imaginaria que Adams, antigo comandante militar do IRA, faria parte de um governo dirigido pelo reverendo Ian Paisley que antes o renegava como terrorista?
“No, we can’t”
Na Irlanda do Norte, ninguém questionou a imparcialidade do católico maronita Mitchell e a sua perseverança ajudou-o a superar obstáculos, mesmo quando dissidentes tentaram destruir os compromissos assumidos. No Médio Oriente, vai enfrentar uma situação que definiu como “volátil, complexa e perigosa”.
Desde criança, porém, que Mitchell aprendeu a lidar com as dificuldades. “Os meus pais não tinham estudos. A minha mãe trabalhou numa fábrica de têxteis. O meu pai era porteiro numa escola. Mas ambos faziam parte de uma geração de americanos obcecados em dar educação aos seus [cinco] filhos, e todos tiveram formação universitária. Os meus pais eram muito pobres, mas nada nos faltou. Eu andei a distribuir jornais, limpei neve, lavei carros e também fui porteiro.”
A América “é a terra das oportunidades”, reconheceu Mitchell, que depois de se formar em Direito trabalhou para os serviços secretos militares, foi advogado, juiz e senador durante 14 anos, seis dos quais como líder da maioria.
Mitchell recusou um convite de Clinton para o Supremo Tribunal e, na era de George W. Bush, dedicou-se à iniciativa privada – pertenceu à administração da Walt Disney, da FedEx, da Xerox e de outras empresas. Pertenceu depois a uma comissão que ajudou a reabilitar a Major League Baseball de um escândalo de consumo de esteróides.
Nas suas memórias, definiu uma filosofia de vida: “Cada passo em frente é seguido de um passo atrás. É preciso não voar alto de mais nos momentos bons para não cair demasiado nos maus momentos.”
No Médio Oriente, espera-se agora que Mitchell convença israelitas e palestinianos a trocarem o seu lema, “No, we can’t” (segundo Akiva Eldar, colunista do diário “Ha’aretz”), pelo de Barack Obama: “Yes, we can”.
Vitor mango- Pontos : 118178
Re: Enviado de Obama ao Médio Oriente vai dar "mais equilíbrio" às relações EUA-Israel
Isto e um deja vue!!!!!!!!!!!A MESMA MALTA QUE NADA FEZ NA ADM. CLINTON!! Nao perdam o TEMPO!!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
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