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Monteiro Coelho-Relações públicas da TVI

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Mensagem por Socialista Trotskista Sáb Jan 24, 2009 7:54 am

Monteiro Coelho


“Sempre defendi os interesses da estação”

A TVI era ainda projecto quando foi nomeado relações públicas. A dedicação e o profissionalismo fizeram-no sobreviver às muitas administrações do canal, do qual agora se despede.

Como é que o relações públicas da Marinha ganha visibilidade e vai parar à TVI?
Ter conduzido o caso Bolama, o navio que desapareceu no dia em que testou as redes, foi um factor determinante.
Na altura, o que foi mais marcante na sua metodologia de trabalho?
Quando finalmente se descobriu o navio afundado e a Marinha obteve as primeiras imagens, por iniciativa minha, essas provas foram mostradas a toda a Comunicação Social, e não apenas à RTP como chegou a ser sugerido. Era preciso pôr termo às especulações criadas em torno do desaparecimento do navio.
É nessa altura que a TVI o contacta?
Dias depois fui contactado pelo eng. Roberto Carneiro, presidente da administração da TVI, e o dr. Duarte de Cunha, membro da administração, que me convidaram para chefiar o Departamento de Relações Públicas da futura TVI.
Foi difícil decidir deixar 27 anos de Marinha?
Não tinha pensado acabar a minha carreira naval tão cedo. Fui para casa e consultei a família. E a minha mulher e os meus dois filhos declararam estar do meu lado fosse qual fosse a decisão. A segunda etapa era convencer o almirante Fuzeta da Ponte.
Como reagiu o almirante?
Não aceitou muito bem. Mas depois de me ouvir compreendeu a minha decisão. E, em Setembro de 1992, comecei a colaborar no projecto TVI.
Como foram as primeiras impressões do projecto?
De grande desorientação. Íamos entrar no ar a 20 de Fevereiro de 1993 e, em Setembro, nos edifícios Berna e Altejo, só se viam cabos e máquinas. Semanas depois, tudo parecia na mesma. E a pressão era enorme porque, se no dia 20 não conseguíssemos cobrir 50% do território nacional, a licença passaria, por incumprimento, para Proença de Carvalho.
E ainda faltava instalar a rede de emissão?
Como o aluguer da rede saía caríssimo optámos por ter uma rede própria. E foi uma odisseia montar as antenas por esse País fora, em terrenos cujos donos mal se conheciam ou estavam no estrangeiro. E depois veio o Inverno e, nas terras mais altas, os homens que montavam as antenas queixavam-se dos impedimentos levantados pelo frio e a neve...
Até que chegou o dia ‘D’?
Arrancámos a 20 de Fevereiro de 1993, como previsto. A RTP 1 estava com 61,4% de share, a RTP 2 com 17,6, e a SIC com 14,4%. Nós, TVI, tínhamos uns fraquinhos 6,6%. Em 1994 duplicámos os resultados. A SIC também, a RTP descia. Depois, entre 1996 e 1997, houve uma grande transformação, quando as instituições ligadas à Igreja se desvincularam da estação.
Como foram vividos os anos de crise na TVI ?
Todos os dias tínhamos indicações de que íamos falir. Todas as semanas nos diziam que os ordenados do mês não seriam pagos. Os anos de 1996 a 1998 foram muito conturbados. Houve três administrações: uma ligada a Roberto Carneiro e instituições ligadas à Igreja; depois veio um período de transição com o dr. Monjardino e a Fundação Oriente a tentar aguentar a situação; e em 1998, entre Junho e Novembro, fase em que os credores, depois de um processo que se arrastou pelos tribunais de Oeiras, tomam conta da TVI, entra o Grupo Sonae, o Grupo venezuelano Cisneros e a Lusomundo.
Há algum episódio desse período que mais o tenha marcado?
O período em que vivemos sem director de Programas. No dia 31 de Dezembro de 1997, Carlos Cruz, que tinha sido director de Programas durante seis meses, saiu porque não tinha conseguido atingir os objectivos propostos. E, no dia 2 de Janeiro de 1998, queríamos enviar uma grelha para a Imprensa e não tínhamos director de Programas. Como era possível?
Como ultrapassaram esse problema?
Não baixámos os braços. Organizámos uma comissão com o director de Informação (José Pedro Barreto), o director de Emissão (Luís Cunha Velho) e a subdirectora do Departamento Internacional de Compras (Margarida Pereira), e fomos fazer um levantamento do que havia em stock para manter a grelha a funcionar.
Foi um episódio discreto?
Muito discreto. Os credores não podiam saber que a estação estava em autogestão. E foi nessa altura que concluímos que precisávamos de uma novela.
Falamos da ‘Xica da Silva’?
A Manchete exibia, com imenso sucesso, a ‘Xica da Silva’. E lá fui eu ao Brasil, à Manchete, qual Egas Moniz, vestido de branco, explicar a uns senhores que mal nos conheciam, que nós, TVI, precisávamos muito da novela deles para sobreviver. Eles acreditaram na minha palavra, na minha determinação, e eu regressei a Lisboa trazendo na minha bagagem os dez primeiros episódios de ‘Xica da Silva’.
E como é a chegada de Paes do Amaral à TVI ?
No período de gestão da TVI pelos credores da Sonae e Lusomundo entra José Eduardo Moniz. Dá-se então um golpe inesperado: na assembleia geral de accionistas, que o tribunal obrigava a realizar, o tecto proposto foi de 12 milhões de contos. O que ninguém esperava é que os anteriores accionistas, liderados por Paes do Amaral, conseguissem 50% e mais um. Os credores da TVI não aceitaram e saíram. Moniz estava cá há três meses e Paes do Amaral manifestou toda a confiança nele.
Foi uma proeza o Monteiro Coelho ter sobrevivido a todas essas administrações?
Apanhei a administração ligada à Igreja, a Monjardino, à Sonae, a Paes do Amaral, e agora à Prisa... sempre à espera que me substituíssem por alguém da confiança dos novos administradores. Mas mantiveram--me no cargo porque perceberam que eu sempre defendi não as administrações, mas os interesses da estação.
Que mudou na TVI de inspiração católica para a TVI de hoje?
A inspiração cristã assustou muita gente, mas eu hoje pego na carta de princípios divulgada na altura e ela continua actual porque sublinha os valores humanos, a transparência da informação, a liberdade... é um código de ética que se mantém actual. Se calhar impõem hoje mais limites os espectadores que nos telefonam muito chocados porque viram o nu da Dalila Carmo do que as instituições religiosas da altura, que nunca interferiram.
Que trouxe José Eduardo Moniz à TVI?
Moniz veio pôr ordem nesta casa. Com uma vantagem tremenda, era um homem que tanto se fazia respeitar na Informação, como na Programação. Por ser jornalista era muito bem aceite por todos os seus pares na Informação. Se ele decidia que, no dia seguinte, o ‘Jornal Nacional’ só teria vinte minutos para que se pudesse transmitir o jogo do Real Madrid, toda a gente acatava a decisão. Quando ele propôs o ‘Big Brother’ chocou muita gente. Era uma loucura ter, durante vários meses, gente que ninguém conhecia fechada numa casa. A produção era caríssima, mas ele percebeu que era preciso rentabilizar o projecto e fazer ligações à casa, realizar galas, trazer familiares aos estúdios...isto gerou uma dinâmica fabulosa. Para proceder assim é preciso saber, ter feeling, escolher as pessoas certas, foi o que aconteceu com a escolha da Teresa Guilherme para o ‘BB’.
O Monteiro Coelho reforma--se esta semana. Quantas vezes adiou a decisão?
Tomei a decisão em Setembro e comuniquei-a ao José Eduardo e à administração. Mas eles não acreditaram. Antes do Natal voltei a lembrá-los de que estava de partida. Foi aí que perceberam que eu ia mesmo embora.
Como vai ocupar o seu tempo, no Ceará, Brasil?
Gostaria de fazer trabalho voluntário. O Ceará é uma região necessitada, cuja população tem muitas carências a vários níveis. A minha mulher, que domina o inglês, quer dar alguma formação gratuita e eu ajudarei no que for possível, na paróquia, na junta de freguesia local, onde mais útil puder ser.
TVI BRINCA COM FINAL DE ‘NINGUÉM COMO TU’
O EPISÓDIO DO COFRE
Recorda-se da cena em torno dos últimos episódios da novela ‘Ninguém como Tu’?
Foi engraçadíssimo. O grande enigma da novela era quem teria matado o António. A obsessão era tanta no final da novela que havia repórteres à porta da NBP.
Que um dia pensaram que transportava os últimos episódios da novela?
E pensaram porque, ao vê--los, puxei a gola do casaco, agarrei na minha pasta, pu-la contra o meu peito, e saí com ar comprometido. Ao verem--me naquele propósito fotografaram-me pensando que transportava o final do ‘Ninguém como Tu’.
E depois veio o episódio do cofre?
Contratámos uma empresa de segurança e foi um seu funcionário que, algemado à pasta com os últimos episódios da novela, os transportou até a um cofre da TVI. A cena foi bem reveladora do espírito que se vive nesta estação.
PERFIL
Monteiro Coelho nasceu em Lisboa há 63 anos. Entrou na Marinha com 19 anos. Andou embarcado, fez uma comissão na Guiné-Bissau e outra nos Açores. Nos últimos cinco anos dos 27 que cumpriu na Marinha, o comandante Monteiro Coelho foi nomeado seu porta-voz e chefe das Relações Públicas. 'Foi aí que conquistei alguma simpatia e até amizade com jornalistas como Eduardo Mascarenhas, Mário Bettencourt Resendes, Fernando Gaspar, Rosa Pedroso Lima..' recorda. Em Setembro de 1992 é recrutado para chefiar o gabinete de Relações Públicas da TVI, de onde se despede esta semana. Por razões de saúde da mulher vai viver para o Brasil. Na nova casa sobranceira ao mar vai ter tempo para ler, ouvir música e fazer jardinagem.
MEMÓRIAS DE UMA CARREIRA NA TVI
O ROL DAS CELEBRIDADES
Nos dezasseis anos e meio que trabalhou na TVI, Monteiro Coelho correu o Mundo e conheceu celebridades. Geraldine Chaplin foi quem mais o tocou. Pela 'extrema simplicidade', pelo 'orgulho que tinha em ser filha de Chaplin'. 'É uma mulher encantadora', recorda. 'Também gostei de ter conhecido Sean Connery, um homem de trato finíssimo. E David Attenborough, um contador de histórias', sublinha. Mas quem, pelas muitas exigências que colocou, ficou também na memória do Relações Públicas da TVI foi Gina Lollobrigida: ' O camarim teve de ser todo branco, o champanhe de uma marca, e a limusina com determinadas características'.
Eugénia Ribeiro
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=E1CECD92-A029-47DB-B796-0A5AA6B55C63&channelid=00000017-0000-0000-0000-000000000017

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Mensagem por Socialista Trotskista Sáb Jan 24, 2009 8:02 am

Que grande abada deu a TVI. De empresa falida, ao sucesso... E tudo foi uma questão de programação, em que misturaram POP (não há culto, nem catecismo, que impeça isso...), com o que interessava e assim conseguiram inculcar o resto.

O que interessava era dar "FOOD for THOUGHT", da forma que o cliente acha bem. Se alguém tem de comer, são os empresários e ainda bem que foi assim (podia ter sido assado, sair furado), para eles. Entre isto e loucuras pouco democráticas na subida de audiências desde militante base, até possivelmente primeiro-ministro, ou só ministro... não é venha o diabo e escolha, é longa VIDA ÀS TVI's do mundo.

Socialista Trotskista

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