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Os Neo-Conservadores e a Pax Americana IN ipr

3 participantes

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Mensagem por Admin Sex Fev 20, 2009 8:53 am

João Marques de Almeida

Os Neo-Conservadores e a Pax Americana

Estudos Regionais
Segurança Internacional
Estudos Regionais - América do Norte

“History has given you an empire, if you will keep it” (Charles Krauthammer)



Na Europa e nos Estados Unidos, quando se discute a política externa americana, acaba-se inevitavelmente a falar dos “neo-conservadores”. Na maioria dos casos, são atacados, e por vezes com alguma violência. Do lado liberal, analistas como Michael Lind e John Ikenbery, acusam os neo-conservadores de defenderem uma política “imperialista”, a qual atraiçoa a herança liberal dos Pais Fundadores, como Roosevelt, Truman e Marshall, da ordem internacional criada após 1945. Curiosamente, a mesma acusação de “imperialismo” é feita pelos conservadores tradicionais do Partido Republicano. Para estes, os neo-conservadores “obrigaram” o Presidente Bush a trocar a “prudência realista”, que tão bons resultados trouxe à república americana, por “aventuras intervencionistas”, as quais irão certamente aumentar a insegurança dos Estados Unidos. Na Europa, aparecem interpretações que se apoiam invariavelmente em teses conspirativas e que associam os neo-conservadores a “lóbis judaicos”, à “indústria dos armamentos” e às “grandes multinacionais do petróleo”. E não se julgue que são apenas os grupos mais radicais que adoptam estas interpretações. Membros importantes de governos europeus, como Dominique de Villepin, já o fizeram publicamente. Quem são, então, os famosos neo-conservadores, donde vêm e o que pensam?

Antes de mais, os neo-conservadores devem ser vistos como uma corrente intelectual com um programa de política externa bem definido e que neste momento exerce uma influência considerável na administração americana. Existem, no entanto, divergências, entre os seus membros e não são uma espécie de grupo secreto e conspirativo que tomou o poder através de um golpe de Estado e que controla absolutamente o Presidente Bush. Aliás, as suas ideias sobre a política mundial foram, e são, amplamente divulgadas em jornais, revistas, conferências e seminários, e os seus defensores não as escondem. Pelo contrário, procuram promovê-las através do debate público, como de resto se deve fazer em sociedades abertas e pluralistas. Convém notar igualmente que muitos neo-conservadores iniciaram o seu percurso político na esquerda. Por exemplo, uma das grandes referências intelectuais do movimento, Irving Kristol, pertenceu aos círculos Trotskistas de Nova Iorque durante a sua juventude. O afastamento da esquerda americana deu-se no final dos anos 60, como reacção às críticas contra a intervenção no Vietnam e às transformações ocorridas no Partido Democrata, que o levou a abandonar a firmeza política e diplomática de velhos democratas como Truman e Kennedy, bastante admirados por muitos neo-conservadores. O profundo ódio ao comunismo soviético era o outro traço que caracterizava os criadores do neo-conservadorismo. A ruptura com o Partido democrático foi inevitável e, na década de 80, os neo-conservadores exerceram uma grande influência sobre a política externa do Presidente Reagan. Defenderam particularmente uma política agressiva, e com uma forte componente ideológica, contra a União Soviética, vista como o “império do mal”. O fim da Guerra Fria significou a vitória do “império do bem” e o resultado deveria ser a extensão da “hegemonia liberal” dos Estados Unidos. Todavia, a influência dos neo-conservadores diminuiu consideravelmente durante a Presidência de Bush Pai. Por exemplo, não foram capazes de impor, contra a posição dos conservadores realistas, como Colin Powell, James Baker e Bent Scowcroft, o derrube de Saddam após a Guerra do Golfo de 1991. Com a subida dos Democratas ao poder, em 1992, iniciaram a sua travessia do deserto. Todavia, começaram a preparar-se, durante as Presidências de Clinton, para o regresso dos republicanos ao poder.

Por um lado, usaram o espaço público para divulgarem as suas posições, ao mesmo tempo que criticavam violentamente a política externa de Clinton. As suas ideias apareciam regularmente na comunicação social. O “The Weekly Standard”, dirigido por William Kristol (fillho de Irving Kristol), tornou-se no bastião do neo-conservadorismo. Além disso, outras revistas como o “Commentary”, o “American Spectator” e, em menor escala, o “New Republic”, assim como jornais diários, o “The Wall Street Journal” e o “Washington Post, promoviam igualmente a agenda neo-conservadora. Paralelamente, esta agenda era igualmente defendida em conferências e publicações organizadas por “Think-Tanks” influentes, como o “American Enterprise Institute”, o “Hudson Institute”, o “Project for the New American Century”, e o “Washington Institute for Near East Policy”. Por outro lado, os neo-conservadores aumentarem o seu poder e influência dentro do Partido Republicano, continuando o trabalho iniciado durante a “revolução de Reagan”. Aliás, esta tomada de poder no Partido originou um sério conflito com os conservadores tradicionais, auto-intitulados de “conservadores constitucionalistas”, ou “conservadores realistas”, os quais acusam os neo-conservadores de serem liberais e mesmo sociais-democratas. Com a vitória dos republicanos em 2000, conseguiram regressar ao poder e colocaram alguns dos seus elementos em lugares importantes da nova administração. Paul Wolfowitz, sub-secretário da defesa, é o número dois do Pentágono. Logo a seguir na hierarquia da defesa aparece Douglas Feith. Lewis Libby é o chefe de gabinete de Dick Cheney. John Bolton é o sub-secretário de Estado para a segurança internacional e o controlo de armamento. Elliott Abrams é o responsável pelo Médio Oriente no Conselho de Segurança Nacional. Além disso, os conselheiros Richard Perle e James Woolsey, antigo director da CIA, desempenham também um papel importante na definição da política externa da administração republicana.

As ideias centrais dos neo-conservadores para a política externa dos Estados Unidos são a manutenção da hegemonia mundial, impedindo a formação de um mundo multipolar, o combate ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição massiça, as intervenções militares preventivas, e a promoção da democracia e do liberalismo. No início do mandato da actual administração, os neo-conservadores exerciam pouca influência sobre a política externa do Presidente Bush, dividido entre os seus instintos isolacionistas, e o realismo de Powel e de Rice. O isolacionismo levou-o a rejeitar tratados multilaterais, como o Tribunal Penal Internacional e o Protocolo de Kioto, mas o realismo provocou uma política de continuidade em relação a instituições internacionais como a ONU e a NATO. Tudo isto mudou com os ataques de 11 de Setembro de 2001 a Nova Iorque e a Washington. E aqui os neo-conservadores tiveram a grande oportunidade para promoverem a sua política externa. Simultaneamente, as alterações provocadas pelo 11 de Setembro permitiram que os elementos neo-conservadores convertessem figuras centrais da administração, como Rumsfeld e Cheney, à sua agenda política e diplomática. A crescente influência dos neo-conservadores é visível no Documento que formula a Estratégia de Segurança Nacional, publicado em Setembro de 2002. As principais doutrinas e ideias dos neo-conservadores, como as intervenções militares preventivas, o combate ao terrorismo e à proliferação de armas de destruição massiça, e a promoção da democracia e do liberalismo, foram aprovadas pela administração norte-americana. Esta agenda começou a ser aplicada com a intervenção militar no Iraque para derrubar um regime tirânico que usou armas de destruição massiça e que apoiou de um modo sistemático o terrorismo. Como afirmou William Kristol, no último editorial do “The Weekly Standard”, sobre o fim da Guerra do Iraque, e citando Winston Churchill, “isto não é o fim, nem sequer o princípio do fim, é apenas o fim do princípio”.

O primeiro ponto que os neo-conservadores defendem para “a nova era que está no princípio” é o reforço da hegemonia americana. Como afirma Charles Krauthammer num dos últimos números da “The National Interest”, após o 11 de Setembro, “o momento unipolar transformou-se na era unipolar”. O objectivo central dos Estados Unidos será manter a sua hegemonia, através do que Paul Wolfowitz chama “a dupla estratégia da prevenção”. É fundamental prevenir a emergência de, por um lado, grandes potências rivais e, por outro lado, potências regionais hostis aos Estados Unidos. Neste contexto de grande superioridade militar, Washington não pode hesitar em transformar-se no “polícia do mundo”, como declarou outro intelectual neo-conservador Max Boot. A vitória militar no Iraque reforçou consideravelmente a Pax Americana, usando as palavras de Thomas Donnelly, investigador no American Enterprise Institute. Aliás, é comum ver os neo-conservadores a proporem a fórmula Pax Americana para substituir o termo Guerra Fria. Nesta nova ordem internacional, será essencial “institucionalizar a unipolaridade”, ainda segundo Donnelly. Este objectivo está associado ao destino das Nações Unidas, mas aqui os neo-conservadores têm posições diferentes. De um lado, Richard Perle considera que após a crise do Iraque o Conselho de Segurança está condenado à irrelevância, e a ONU passará a dedicar-se a missões “humanitárias”. Outros defendem uma “ONU reformada”, onde a democracia e os direitos humanos se imponham ao princípio da soberania nacional. Ou seja, à semelhança da Aliança Atlântica e da União Europeia, as Nações Unidas passariam a promover os valores democráticos e liberais.

Em relação à política europeia, existem igualmente algumas diferenças entre os neo-conservadores. Se uma facção minoritária, liderada por Perle, considera que as “coligações de vontade” devem substituir a Aliança Atlântica, a maioria, onde sobressai Wolfowitz, continua a dar à NATO um lugar de destaque nas políticas de alianças dos Estados Unidos. Por exemplo, William Kristol e Robert Kagan têm defendido com alguma insistência nas últimas semanas que a NATO desempenha um papel vital na segurança da Pax Americana. No caso concreto do problema francês, também não há um consenso. Enquanto Max Boot ataca a “duplicidade francesa”, Kagan apela à administração americana para “resistir à tentação do castigo”. Num ponto, contudo, os neo-conservadores estão de acordo. Os países na Europa que mais têm a ganhar com a pax americana são os “atlânticos”, como a Grã-Bretanha, a Holanda, a Dinamarca, a Espanha e Portugal, e os antigos países comunistas, a famosa “nova Europa”.

Em último lugar, os “neo-conservadores” defendem com bastante empenho a estratégia da promoção da democracia. Num artigo publicado no “The National Interest”, ainda antes das últimas eleições presidenciais, Paul Wolfowitz afirmou que uma das principais lições da Guerra Fria é que a promoção da democracia deve ser sempre um princípio central da política externa americana. Foi o apego a este princípio que permitiu o triunfo sobre a União Soviética. Numa crítica directa aos conservadores realistas, considera que a diplomacia americana não pode, em caso algum, ignorar os valores liberais e democráticos. Aponta, como exemplos, o apoio dado por Washington nos anos 80 aos processos de democratização das Filipinas e da Coreia do Sul. Neste momento, o desafio é democratizar o Iraque e transformar politicamente o Médio Oriente, ajudando as correntes moderadas da Palestina, da Síria e do Irão a derrotar os sectores mais radicais. Esta será a questão crucial para os neo-conservadores. E o que está em jogo é a sua credibilidade política. Se conseguirem alcançar os seus objectivos, será um feito admirável. Se fracassarem, poder-se-á dizer o que Talleyrand um dia disse de Napoleão, a propósito da execução de um aristocrata francês, “é pior do que um crime, é um erro político”.
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Mensagem por Admin Sex Fev 20, 2009 8:59 am

Bush, dividido entre os seus instintos isolacionistas, e o realismo de Powel e de Rice. O isolacionismo levou-o a rejeitar tratados multilaterais, como o Tribunal Penal Internacional e o Protocolo de Kioto, mas o realismo provocou uma política de continuidade em relação a instituições internacionais como a ONU e a
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Mensagem por Viriato Sex Fev 20, 2009 9:06 am

Admin escreveu:
Bush, dividido entre os seus instintos isolacionistas, e o realismo de Powel e de Rice. O isolacionismo levou-o a rejeitar tratados multilaterais, como o Tribunal Penal Internacional e o Protocolo de Kioto, mas o realismo provocou uma política de continuidade em relação a instituições internacionais como a ONU e a

Absolutamente de acordo. Mas retirava o nome da Rice. Ao que sei, não valia nada. Era um bluff completo. E ao contrário de Powel, nunca se demarcou da vespa (com b e t). A sua perfomance na diplomacia foi o fracasso total.

E mais não digo que não gosto de ser má língua....


Última edição por Viriato em Sex Fev 20, 2009 9:30 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Admin Sex Fev 20, 2009 9:15 am

Num ponto, contudo, os neo-conservadores estão de acordo. Os países na Europa que mais têm a ganhar com a pax americana são os “atlânticos”, como a Grã-Bretanha, a Holanda, a Dinamarca, a Espanha e Portugal, e os antigos países comunistas, a famosa “nova Europa”.

CALMA
sE HOJE AINDA EXISTE iSRAEL PODEM AGRADECER AOS aÇORES
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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Sex Fev 20, 2009 11:37 am

Viriato escreveu:
Admin escreveu:
Bush, dividido entre os seus instintos isolacionistas, e o realismo de Powel e de Rice. O isolacionismo levou-o a rejeitar tratados multilaterais, como o Tribunal Penal Internacional e o Protocolo de Kioto, mas o realismo provocou uma política de continuidade em relação a instituições internacionais como a ONU e a

Absolutamente de acordo. Mas retirava o nome da Rice. Ao que sei, não valia nada. Era um bluff completo. E ao contrário de Powel, nunca se demarcou da vespa (com b e t). A sua perfomance na diplomacia foi o fracasso total.

E mais não digo que não gosto de ser má língua....


HA HA HA!!! A HILLARY vai ser um sucesso TOTAL!!! Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing Laughing
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